Melanie
Acordo me sentindo horrível, meu corpo inteiro dói, principalmente minha garganta de tanto gritar ontem.
Minha tia Rosa me traz um mingau e bastante água.
- Eu quero ver minha filha - digo rouca.
- Eu irei trazê-la - ela me garante.
Aceno e começo a comer.
Quando eu termino, ela vem com minha Gina.
Lágrimas enchem meus olhos ao ver meu bebê.
Ela me entrega Gina delicadamente.
- Oi minha filha - sussurro - Mamãe estava louca para te ver.
Minha pequena é tão linda, ainda não consigo dizer com quem ela parece.
- Você deve alimentar ela - diz tia Rosa.
Retiro a parte de cima do meu vestido, e guio a cabeça do meu bebê para meu seio, ela começa a sugar.
Sorrio feliz ao ver ela se alimentando pela primeira vez.
Escuto uma batida na porta. E depois Dante entra.
Ele se aproxima e se senta ao meu lado, encarando Gina.
- Oi - ele sussurra.
- Oi - digo de volta e sorrio.
- Ela é linda - comenta.
- Sim - confirmo.
Quando Gina termina de mamar, minha tia a leva, e ficamos apenas eu e Dante no quarto.
Ao olhar para ele sorrio genuinamente.
- Obrigada - digo.
Ele franze a testa confuso.
- Pelo quê?
- Por ficar ao meu lado, o tempo todo, não conseguiria sem você.
Ele segura meu antebraço gentilmente.
- Foi o momento mais lindo que eu já presenciei.
Faço uma careta.
- Foi o momento mais doloroso da minha vida - murmuro - E eu gritei pra caramba.
Nós dois rimos.
- Eu acredito que você quase quebrou minha mão - ele brinca.
- Desculpe por isso - digo sorrindo.
Ele acena e me encara seriamente de repente.
- Eu não queria tocar nesse assunto agora, mas...
- Não fale nada - digo impaciente.
- Melanie - ele diz.
O encaro.
- Silas precisa saber que a bebê nasceu, que você e ela estão bem.
- Eu preciso de tempo... - tento explicar.
- Você não pode se esconder para sempre.
Eu sei - penso para mim mesma. Eu gostaria de ficar aqui como se eu estivesse de férias novamente quando eu tinha 14 anos. Nenhuma preocupação, nada me impedia.
- Você tem que ser paciente, Dante - peço - Eu tenho que pensar em minha filha.
- Tudo que eu tenho sido é paciente com você - me diz - Mas eu tenho deveres com a bravta, minha lealdade...
- Foda-se sua lealdade - murmuro com raiva - Eu já te disse que isso é uma idiotice...
- É a minha vida que está em jogo - ele grita.
- Então, vá embora - digo sem pensar - Volte para seu irmãozinho.
Ele me olha magoado por um momento, em seguida sai do quarto sem dizer nada, e sem olhar para trás.
Eu não pensar nisso agora - reflito.
Lágrimas escorrem por rosto, coloco minha cabeça no travesseiro.
♧◇♡♤
Nonna vem me visitar.
Nesse momento, eu estou mais calma e com a mente mais fresca e decidida.
- A criança é uma cópia sua - ela diz.
Sorrio.
- Você acha?
- Sim - ela confirma - Ela tem o rosto decidido, determinado...
- O que isso significa?
- Quando você nasceu e eu olhei para você... eu disse a sua mãe que você seria uma mulher poderosa, destemida, decidida...
- Me desculpe se a decepcionei, nonna.
- Oh, minha criança - ela diz - Você não me decepcionou, ainda não pelo menos, você é jovem, ainda pode se tornar a mulher que nasceu para ser.
A encaro.
- Eu tenho medo - confesso.
- Seria tola se não fosse.
Aceno com a cabeça.
Ela se levanta.
Quando está na porta, ela se vira para mim.
- Uma última coisa, você não pode amar os dois.
Sei que ela está se referindo a Dante e Silas.
- Eu não amo - a asseguro - Eu amo apenas meu marido.
- Então, deve deixar muito claro para o russo que veio com você - diz e vai embora.
♧◇♡♤
Duas semanas depois:
- Alessandro - chamo meu primo. Ele está sentado, sozinho, na garagem.
Ele se levanta e acena.
- Tudo bem, prima?
- Eu preciso conversar com você - explico.
- Se for sobre o russo, ele não falou comigo nas últimas semanas.
Desde a minha briga com Dante, ele tem estado distante, e me evita totalmente, os únicos momentos em que o vejo são durante as refeições ou quando ele vai visitar a pequena Gina, mas ele fica breves momentos.
- Não é sobre ele - digo - É sobre negócios...
- Tudo bem.
Junto minhas mãos nervosamente.
- Eu... bem... o que eu... estou...
Ele me olha confuso.
- Relaxe, Melanie.
Aceno e mordo o lábio nervosa. Mas respiro fundo e me acalmo.
- Com a morte do meu irmão - começo - Meu pai está sem um herdeiro, eu sei que vai parecer loucura, mas eu quero o suceder.
- Não é loucura para mim - diz.
- Estou falando disso com você, porque gostaria que você fosse meu braço direito se isso chegar a acontecer, não é totalmente garantido, é só uma ideia, mas...
- Eu topo.
O olho surpresa.
- Sério?
- Sim - confirma - Se uma pessoa pode fazer isso, essa pessoa é você.
- Obrigada.
Ele acena e volta para o trabalho no carro.
♧◇♡♤
Quando estou entrando dentro da casa, Dante está saindo.
Ele passa por mim em silêncio.
- Pretende me ignorar eternamente? - pergunto.
Ele para, mas não se vira.
- Você é meu amigo, Dante - falo - Não faça isso comigo.
Ele se vira.
- Não use sentimentos para me manipular.
- Eu não manipulo você - digo ofendida - Eu estou sendo sincera.
Ele se aproxima de mim.
- Se eu disser que amo você? O que você diria? O que você faria?
- Eu...
- Diga - ele pede.
- Eu amo você - sussurro - Mas não como eu amo Silas, ele é meu marido... o pai...
- Por que ele não está aqui? Por que o mantém afastado? É algum tipo de jogo para você? Brincar com os sentimentos dos irmãos Nikov.
- Não, não! - falo alto - Você sabe que tudo que eu fiz foi para me proteger... para cuidar da minha filha.
- Não há perigo aqui - ele diz - Caso não tenha notado, está segura e não ligou para a porra do homem que você diz amar para dizer que a filha dele nasceu, e eu tenho acobertado você, mesmo que minha vida esteja sendo ameaçada.
- Dante, por favor, entenda meu lado - peço - Eu...
- Não posso falar agora - murmura - Eu posso dizer algo que vai te magoar.
- Por favor...
- Eu não quero falar com você agora - ele diz e se afasta de mim.
Meu coração dói ao vê-lo partir.
Não me deixe sozinha - penso tristemente.
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Próximo capítulo será narrado por Silas!
Aguardem.