Caí no pranto mais profundo da minha vida. Meu coração estava dilacerado, por que doía tanto? Uma coisa me sufocava. Me arrependi do dia que eu conheci esse homem.
Se eu pudesse voltar ao tempo eu jamais teria me envolvido com ele, nunca teria trabalhado para aquela família de idiotas.
Eu os odeio tanto, tanto! Me deu conta que era o irmão dele que estava comigo. Me soltei dele, num empurrão.
- Ei! Eu não lhe fiz nada! Calma!
Eu enxugava meu rosto com as mãos. Me posicionei para sair e fui impedida por ele.
- Eles ainda estão esperando a ambulância, espere um pouco, eu vou ajudar você sair daqui sem ser vista.
Ele tinha razão. A última pessoa que ela queria ver na vida era Jack! Aquela era a última vez, nunca mais queria ter o desprazer de olhar aquele rosto lindo que tanto lhe fez sofrer.
As lágrimas caíram pelo seu rosto novamente, tentei encobrir com as mãos. Ódio, ódio...
- Dessa vez até machucaria minhas mãos e daria umas boas porradas no Jack, para ele nunca mais fazer uma mulher linda assim chorar.
Ele se aproximou e me abraçou novamente. Não me desvencilhei, eu me sentia tão impotente.
Abandonada era a palavra mais correta, eu não tinha pai, mãe, minha irmã vivia o melhor momento da vida dela e eu estava ali... amparada pelo irmão do namorado que me deixou para socorrer a ex, que está grávida!
Se há quase quatro meses atrás alguém me disse isso eu com certeza o chamaria de maluco!
Mas essa era a realidade que eu enfrentava no momento. Alguns minutos depois eu saí com Frank, ele me encaminhou pela porta dos fundos, onde só May estava lá, ela me olhou com pena... eu odeio esse sentimento.
Desviei o olhar e segui frank, o carro dele já estava estacionado bem próximo. Graças à Deus não encontrei com mais ninguém.
- Onde vocês moram?
Ou morava... essa conjugação era a mais adequada no momento. Dei o endereço à ele. E fiz todo o caminho em silêncio, meu sexto sentido nunca falhava, eu sabia que algo bom não iria acontecer.
Só não sabia que seria tão ruim assim. O que eu vou fazer da minha vida? Eu não posso mais continuar com esse homem! Cada dia uma briga, uma decepção...
Iria para casa da irmã? E atrapalharia a lua de mel deles? E esperar que em poucos dias Jack chegaria lá, pedindo mil desculpas e dizendo que tudo ia ser diferente? E em menos de vinte e quatro horas Jéssica infernizar tudo novamente? Não! Aquele tinha sido o ponto final.
Tinha a casa deles em Los Angeles, mas morar sozinha numa casa cheias de lembranças seria pior!
A cabeça estava doendo, não mais que o seu coração. Ele parou em frente ao prédio e disse:
- Entregue! - Me olhou por um tempo, e disse: - Não tome uma decisão de cabeça quente que você possa se arrepender mais tarde. Espere ele chegar, tentem conversar, briga não leva a lugar nenhum. Você sabe o que você significa para ele!
- Sou apenas mais uma para a coleção dele.
- Não, não é! Já falamos sobre isso. Meu irmão jamais compraria um apartamento num lugar tão caro e bonito se ele não tivesse disposto a ficar a você.
- É alugado.
- Jack odeia aluguel.
- Que seja! Meu relacionamento com seu irmão acabou, e dessa vez foi definitivo.
- Bom, está entregue! Pense bem.
- Obrigada! Você nem parece que nasceu naquela família!
- Sempre tive a impressão que sou adotado! - Ele nunca perdia o senso de humor. Me despedi e saí do carro.
Entrei no edifício luxuoso, raramente eu entrava pelo hall. Sua suntuosidade impressionava. Aquilo nunca fez parte da minha realidade. Peguei o elevador, fiquei pensando em quantas vezes tínhamos pego aquele elevador, nos amassos quentes, que sempre terminava em sexo ardente. Meu corpo estremecia e o meu coração doía.
Cheguei ao apartamento, me encostei na porta e fui descendo, um choro copioso e sofrido...
Papai, mamãe! Me deem uma luz! Eu não aguento mais...
Segurei minhas pernas com as mãos, deixei minha cabeça repousar sobre elas.
Pensa, pensa, pensa, pensa, pensa....
De repente como um estalo, tive uma ideia! Peguei minha bolsa e peguei meu celular. Sthefanie! Ela tinha que me ajudar. Olhei as horas era pouco mais de onze da noite, com o fuso horário, lá devia ser duas da madrugada. Mas é sábado, ela não deve estar dormindo, torcer para não atrapalhar nada.
Fiquei decepcionada, ao ver que não tinha nenhuma mensagem ou ligação de Jack! Óbvio que ele não estava preocupado com ela, o foco dele era a megera. Foco Angel! O celular deu dois toques que Sthefanie atendeu do outro lado entusiasmada.
#Ligação On
- Eu não acredito, não acredito que tive a honra de receber uma ligação da minha amigaaaa! - Thefy gritava do outro lado da linha, o barulho muito alto de música denunciava que ela estava na balada. Ai que saudade dessa vida!
- Thefy estou precisando muito de você! - minha voz saiu como um fio do outro lado.
- Vishe! O que o "senhor dono do mundo" aprontou dessa vez? - Ela falou séria.
- Eu só preciso de um lugar para ficar, por uns tempos!
- Claro! Venha amiga! Eu ainda estou morando sozinha! E confesso que é um saco! Quando você vem?
- Vou procurar o primeiro voo e estou embarcando!
- Xiii! A coisa tá feia mesmo!
- Muito! Por favor não conte pra ninguém que eu estou indo!
- Deixa comigo!
- A gente se comunica por mensagem! Bjs
- Bjs minha Barbie! Te cuida!
#Ligação Off
Procurei na internet o próximo voo para Miami. Achei! Uma e meia da manhã. Eu não tinha desfeito a mala. Daria tempo de embarcar! Comprei e corri para o quarto.
Cheguei no quarto, meu coração bateu forte... eu tinha que ser forte! Abri o zíper lateral e tirei o vestido e joguei-o em cima da cama, junto com a calcinha.
Tomei uma ducha rápida. Arrumei meu cabelo, que estava completamente desalinhado. Fiz um rabo-de-cavalo, procurei uma roupa e encontrei uma calça folgadinha cinza e uma blusa preta, calcei o tênis e peguei mais algumas outras coisas que coloquei numa mala menor.
Peguei todos meus documentos e coloquei numa bolsa a tira color. Saí do quarto sem olhar para trás. Eu não ia aguentar, seja forte Angel!
Desci uma mala por vez, não ia correr o risco de cair estatelada no chão do jeito que eu era destrambelhada.
Pedi para o porteiro chamar um táxi. Quando cheguei à portaria ele já estava a posto me esperando.
- Vai viajar senhorita? - O porteiro perguntou.
Sabia que tinha o dedo de jack por trás.
- Sim.
Me limitei a dizer. Entrei no táxi e parti para o aeroporto.
Cheguei cedo, esperei um pouco antes de embarcar. Meu lugar era próximo da janela, meu estômago reclamava, só então me lembrei que a minha última refeição tinha sido no almoço.
Minha cabeça doía insistentemente, meus olhos estavam pesados. Adormeci...
Acordei com o aviso sobre a conexão, droga!
Tomara que demore! Mas infelizmente demorou. Tomei um suco e um lanche que não demoraram no meu estômago.
Se não tivesse corrido para o banheiro, tinha vomitado tudo no saguão. Me olhei no espelho, eu estava péssima! Lavei meu rosto, e esperei que aquele mal-estar passasse.
Merda! Ele não passa!
Vomitei tudo novamente, talvez fosse o nervosismo, eu nunca guinde passar mal!
Quando finalmente me senti melhor, me voo já estava prestes a sair. Saí correndo desesperada.
Não precisava de mais um imprevisto na minha vida.
Mais algumas horas de voo, olho para a janela do avião, e céu, limpo e claro, anuncia que chegamos a linda Miami! O mar azul, me trazia tranquilidade, eu amava cidades litorâneas, afinal como uma boa garota californiana, eu amava praia.
Pouco tempo depois o avião pousou. Minha cabeça ainda doía muito, como se tivesse vários tambores batendo em conjunto.
Desci da aeronave, o mal-estar tomou conta de mim novamente. Andei devagar, vi Thefy acenando efusiva do outro lado, mas tudo estava ficando tão escuro, girando.
Thefy se aproximou com rosto preocupado.
- O que foi Angel?
- Eu não estou bem...
Foi a última coisa que eu falei, antes que tudo ficasse escuro...
A noite eu volto!
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