Depois do longo dia de trabalho, eu termino o expediente oficial – já que sei que provavelmente terei que trabalhar até depois do horário hoje - lendo o contrato dos Golveias em minha mesa. Preciso admitir que Gael fez um bom trabalho. Nós somos os maiores privilegiados do projeto. Talvez o Senhor Golveia soubesse que a Riviera jamais se relacionaria com a Golveia Engenharia.
Peço para Aline pedir para Matheus, o advogado da empresa, vir até minha sala buscar um documento para análise e repassamos rapidamente os meus compromissos para a tarde. Assim que desligo, Gael entra em minha sala com duas pastas grossas nas mãos.
- Bom dia. – Ele fala, me entregando os documentos. – O projeto B-5 da Rochedo. Só falta a sua liberação.
- Obrigado. – Eu falo, pegando os documentos e deixando de lado na mesa.
- Esse aqui é o projeto dos Golveia. – Ele diz, me estendendo a pasta ainda mais grossa. – É extenso e você provavelmente vai precisar de ajuda. Eu estou atolado de trabalho, mas dei uma olhada e vi que Júpiter é especialista justamente nessa área, então ela provavelmente será a mais adequada. – Gael declara e vejo um pequeno sorriso em sua boca.
- Se eu não te conhecesse melhor, eu acharia que você aprovou esse projeto simplesmente para me colocar sozinho numa sala com Júpiter. – Eu digo, cerrando meus olhos em sua direção. Gael finge choque.
- Eu nem sonharia. – Ele diz, me dando as costas e saindo da sala sem cerimônias.
Leio o B-5 e checo todas as informações. Quando me dou por satisfeito, assino tudo e deixo na pilha de liberação que será recolhida por Aline. Em seguida, abro a pasta dos Golveias e folheio as páginas, plantas e simulações. Respiro fundo. É um projeto extenso e de fato não conseguirei fazer tudo sozinho dentro do prazo. Gael, seu bastardo.
Pietro bate a minha porta e observo o homem franzino caminhar até a minha mesa.
- Mandou me chamar, Senhor Riviera? – Ele pergunta, parando em minha frente.
- Sim. – Respondo. – Preciso que você análise esse documento e faça uma emenda com tudo de importante que possa vir a nos prejudicar ou beneficiar. – Digo, entregando o contrato em suas mãos. Ele pega e concorda com a cabeça
- É só isso. Obrigado. – Eu o digo e observo caminhar até a porta apassos lentos. Ligo para Aline, a libero e peço para que ligue para a senhoritaWitkowski e peça para que ela venha até a minha sala. Desligo rapidamente e vouaté o banheiro onde lavo o rosto e passo as mãos molhadas pelo cabelo. Ir aobarbeiro. Anoto em minha lista de afazeres mentais. Assim que volto parameu escritório batidas firmes ecoam pela porta. Respiro fundo e falo para elaentrar.