Melanie
- Seus pais estão aqui - anuncia Gina.
- Mande-os entrar, por favor - digo.
Eu estou sentada na sala de estar. Respiro fundo, não sei como me despedir, como falar com eles.
- Filha?
Levanto meu olhar e vejo minha mãe.
- Mama - abro os braços.
Ela me abraça apertado por um tempo, depois se afasta para olhar para mim. Ela coloca as mãos em minha barriga.
- Meu neto está crescendo - ela diz orgulhosa.
- Sim - confirmo.
Papa e Ricardo entram. Eu os abraços também.
- Eu estou feliz que vocês vieram - murmuro.
- Nikov disse que era importante - diz meu papa.
- Sim, eu... nem sei como contar isso, é uma longa história, mas minha vida está em perigo - digo de uma vez.
Os três me olham pasmos.
- Quem ousa ameaçar você? - pergunta mama.
- O que diabos está acontecendo? - pergunta papa.
Ricardo fica em silêncio.
- Os Tyrone's.
Papa faz um som de nojo e raiva, quando diz:
- Malditos irlandeses.
- Acalme-se meu pai - diz Ricardo, falando pela primeira vez - Nos conte toda a história, irmã.
- Certo.
Narro para eles os acontecimentos, começando quando eu e Silas fomos para a ópera, depois nossa viagem a casa do lago e o ataque a propriedade.
- Oh, meu Deus - diz mama - Você está bem, caro?
- Sim, agora eu estou - respondo.
Papa se exalta.
- Como esses irlandeses ousam? Eu vou...
- Papa - peço - Tenha calma, precisamos pensar antes de agir.
- E agora? - pergunta Ricardo.
Suspiro.
Olho bem para minha família, como eu sinto falta deles, de seu apoio. Eles sempre confiaram e respeitaram minhas decisões, mas vai ser difícil dizer que eu irei para a Rússia.
- Eu conversei com Silas, e nós decidimos, que para minha segurança e do bebê - coloco as mãos na barriga - Eu irei para a Rússia, por um tempo.
Eles me encaram em silêncio por alguns segundos, processando a informação.
Minha mãe é a primeira a reagir.
- Por quê? Você pode ficar protegida aqui.
- Eu também pensava assim, mas invadiram a casa no lago onde estavamos, não posso sair sem seguranças e mesmo assim isso não é suficiente... - olho para eles melancolicamente - Por favor, tentem entender, se fosse apenas por mim eu ficaria e encararia isso de frente, mas eu tenho que me preocupar com o bebê.
Eles encaram a minha barriga por alguns segundos.
- Caro - diz papa - Nós confiamos em sua decisão.
- Sim - concorda Ricardo - Você e o bebê são prioridade agora.
- Obrigada - olho para minha mãe.
- Eu discordo - ela diz - Sua família está aqui, seus amigos e as pessoas em quem confia. Quem você conhece na Rússia?
- Mama - digo tristemente - Não diga isso, não torne tudo mais difícil, por favor.
Ela se levanta e se afasta.
- Eu sou sua mãe - ela diz de costas para mim - Eu sinto que você deve ficar.
- Serão apenas 5 meses - digo - A senhora nem vai perceber que eu parti... e quando menos esperar, eu estarei de volta com seu neto. Aceite minha decisão.
Ela se vira para mim e vejo lágrimas escorrendo por seu rosto.
- Eu confio em você, em sua decisão - ela diz por fim - Tenha cuidado, caro.
Sorrio e caminho até ela. A abraço apertado.
- Eu te amo, mama - sussurro.
- Eu te amo, caro - ela sussurra de volta.
Após um tempo abraçadas, nos afastamos.
- Fiquem para jantar - peço.
Eles aceitam.
♧◇♡♤
Depois do jantar, quando minha família vai embora. Vou até meu quarto organizar algumas coisas. Meu braço ainda dói, mas já consigo movimentá-lo normalmente.
Estou em meu closet separando alguns casacos e cardigans quando Silas entra.
- Ei - ele diz.
- Oi - digo e dobro dois cardigans.
- Como foi com seus pais?
- Horrível - admito - Mas no fim eles entenderam.
Ele acena.
- Você tomou a melhor decisão.
O encaro.
- Será? Me afastar de todos é a melhor decisão? Foi uma decisão?
Ele suspira, e passa a mão no cabelo impaciente.
- Se você não quiser ir, não vá, mas não diga que eu estou te obrigando - murmura - Eu te dei duas porras de escolhas.
- Duas escolhas? Ser uma prisioneira ou ser uma fugitiva, essas são as escolhas? Sério?
Ele me encara chateado.
- Por que você quer brigar comigo? Eu não preciso disso.
- Me desculpe - digo ironicamente - Discutir a porra do meu futuro te deixa chateado? Eu só devo aceitar como uma boa esposa... ou espere... como a criança que eu sou, certo?
- Se não quer ser vista como criança, não aja como uma - ele grita.
- Não grite para mim - grito para ele - Grite para a porra da sua vagabunda.
- Do que você está falando?
- Serena - falo - A sua amante ou ex-amante que você colocou nessa casa, e na madrugada fica declarando seu amor eterno a você.
- Você ouviu nossa conversa?
- Sim - digo.
Ele balança a cabeça.
- Então sabe que eu não quero nada com ela.
- Eu não sei nada, Silas - admito - Esse é o problema, desde que nos casamos, eu nunca sei de nada sobre você ou sua família. Eu estou doente de tudo isso.
- Esse é mundo em que vivemos - ele diz simplesmente - Você vai ou não para Rússia?
Nos encaramos por segundos intermináveis, mas por fim eu digo:
- Eu irei.
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Gente, desculpem a demora. Infelizmente o capítulo ficou curtinho, é porque estou sem tempo, apenas estou postando por vocês que realmente estão gostando da história. Logo logo novo capítulo e dessa vez maior para recompensar vocês.