POV Emma
- VAMOS...LÁ...ACORDAR!
O Zazza e a Rose são uma seca. São nove horas, já começou o novo episódio do Phineas e Ferb e eu aqui. Comecei a saltar na cama e a cantar para ver se as belas adormecidas acordam, mas está difícil.
- Ems, dois minutos! - Gritou o Zazza, agarrando-se à Rose que enterrou a cara na almofada.
- 1, 2, já está! - Foi rápido, porque é que eles continuam a dormir?
- Isso são segundos, Emma. - Explicou a Rose, rindo baixinho.
Segundos? Como assim? Vêm depois dos primeiros?
- Rose, o que são segundos?
- Emma, é tão cedo! Dorme!
Não é cedo! Cedo é quando eu vou para a escola e o Zazza vai para o trabalho, fazer seja lá o que for que ele faz. Eu sei que a Rose também lá está, mas quando lhe perguntei se eles davam beijinhos durante o trabalho eles não responderam e riram muito. Ao que parece só brincam aos primeiros-socorros… será que existem segundos-socorros?
- Rose, podemos ir brincar aos primeiros-socorros antes do almoço? O que vai ser o almoço? Zazza, podes fazer douradinhos? Tenho fome.
Ele resmungou baixinho e levantou a cabeça, todo despenteado.
- Pinguças, tiras-me do sério, juro! - Saltei para o colo dele e dei-lhe um beijinho na bochecha porque sei que ele gosta muito.
- Zayn, temos um dia inteiro para brincar com a Rose!
- Eu acho que ela gostava de dormir um bocadinho mais para poder brincar com energia…
- Ou pode comer Estrelitas, eu vi na televisão que dá energia…
A Rose riu baixinho. Ela não está a dormir, está a fingir! As pessoas não riem quando dormem!
- Rose, queres Estrelitas? - O Zazza come uns cereais para adultos, flocos de “areia”, acho eu, uma vez eu provei mas parecem folhas de papel em cima do leite, por isso espero que a Rose prefira os meus, que têm formas giras e sabem a mel. - Rose, gostas de mel, não gostas?
Por alguma razão eles começaram a rir às gargalhadas…vá-se lá perceber os adultos.
- Bom dia, Emma. - Cumprimentou ela, esfregando os olhos e dando-me um beijinho na bochecha, como as mães dos filmes. Depois virou-se para o Zayn e eu juro, juro, juro que os olhos deles pareciam as lâmpadas dos pinheiros no Natal.
- Olá. - Disse ele, sorrindo tanto que eu tive medo que o sorriso lhe saísse da cara… mas também ele tem as bochechas grandes, não deve haver problema.
- Olá. - Respondeu ela, sorrindo igual. Ok, alguém me explica porque é que todo o mundo sorri?
- Olá. - Pus o meu sorriso mais esticado e esperei por alguma explicação, mas eles só riram de novo. Isto vai ser bonito…agora não percebo nada!
- Emma, tapa os olhos.
Porquê? Ok, ele manda. Mas ele não sabe que eu espreitei e que o vi a dar um beijinho à Rose. Aquele malandro…
*
Quando estávamos a tomar o pequeno-almoço, enquanto a Rose comia as Estrelitas, o tio Borhan apareceu em casa. O Zazza já me ensinou que devemos ser sempre simpáticos para as pessoas e por vezes podemos dizer uma mentirinha pequena para fazê-las sentir melhor, por isso foi o que eu fiz:
- Olá tio Boo, foste atropelado por um carro do lixo? Parece… mas mesmo assim estás muito bonito. - A parte da mentirinha foi a última. Ele riu um pouco mas não muito…não parece feliz como nos últimos tempos. Está todo encharcado e cheio de terra, como se tivesse andando a fazer “croquetes” no meio dos montes.
- Olá Emma, enfiaste a cabeça na boca de um dragão? Parece…mas mesmo assim estás muito bonita. - O Zayn e a Rose riram, mas eu não percebi até sentir uma mão a fazer-me festinhas no cabelo, endireitando-o. Oh. Eu não tenho culpa, mas quando eu acordo ele fica todo de pé como uma esfregona de pernas para o ar.
O Zazza perguntou-lhe onde ele esteve mas o tio Boo não quis responder e disse que ia para o quarto… eu acho que ele está com vontade de chorar, mas ele nunca chora. Ele também nunca bebe água, por isso deve ser essa a explicação… nunca vi ninguém chorar cerveja!
- Zazza, o que tem o tio Boo?
- Eu acho que é um coração partido… - Disse a Rose. - Só não sei por quem.
- Oh, pois. Se calhar é pela Dona Leila… ela não gosta muito dele, sabes? Talvez ele goste dela e fique triste por ela não gostar de forma igual!
- Emma, sua tontinha!
- Ou então é pela Tris…
- Pela Tris? – A Rose riu muito alto e eu acho que isso quer dizer que ela não acredita em mim, mas eu acho que tenho razão desta vez.
- Sim, ele foi a correr ter com ela no jogo… quando eu caí do baloiço na escola o Theo também correu assim, sabes?
- Emms, ele correu assim porque estava preocupado, como nós todos… - Ai este Zayn não percebe nada sobre o amor, só o tempo que demorou a entregar um autocolante…
- Zazza, ele olha para ela como o tio Niall olha para a última bolacha do pacote.
- Emma, onde vais buscar essas ideias?!
Um dia a Tris e o tio Boo ainda vão casar, e todos me vão dar razão. Eu posso ser pequenina, mas às vezes pareço saber mais que eles todos juntos. Além disso, do amor percebo eu…afinal de contas eu vi todos os filmes da Disney!
*
- Rose?
O Zayn foi buscar bolinhos para o lanche e eu estou no parque com a Rose a brincar às cabeleireiras. Eu gosto da Rose porque me deixa penteá-la com pauzinhos a fingir de escovas… as pessoas grandes não gostam muito destas coisas, a Susi diz sempre “Ai Emma, ainda ontem lavei o cabelo, nem penses que vou sujar!” mas a Rose deixa…
- Diz, querida.
- Tu vais casar com o Zayn?
Ela ficou muito vermelha como um morango e a Susi já me explicou que isso acontece porque o vermelho também é a cor dos corações, e nós ficamos vermelhos quando falam da pessoa que está lá dentro. Eu não percebo muito isso, porque o Zayn foi buscar bolinhos, ainda há pouco estava aqui, por isso não pode estar dentro do coração da Rose ao mesmo tempo, pois não? Além disso ele é muito grande, não pode caber… enfim.
- Eu não sei Emma, ainda demora tempo para saber isso…
- É que nos desenhos animados as pessoas casam e têm… bebés.
- BEBÉS?!
- São tipo nós, mas pequenos, cor-de-rosa e choram muito… - Às vezes acho que ela me enganou e é só uma criança mais alta, parece não saber tanta coisa…
- Eu sei o que são bebés, Emma.
- O Zayn diz que eles nascem dos vasos, como as flores, mas eu não me acredito, porque eu já vi a Dona Leila regar os vasos muitas vezes e eu nunca vi sair bebés de lá de dentro… às vezes até faço buraquinhos na terra, porque eles podem estar lá para o fundo, não é? Mas eu nunca vi nenhum…
A Rose está a rir outra vez. Eu juro que vou deixar de falar com eles, só sabem rir de mim!
- Ele mentiu, não mentiu?
- Mentiu.
- Então de onde vêm os bebés?
- Bem…quer dizer… eles… então…há uma sementinha e…
- Tipo aquelas que a Dona Leila planta?
- Não! Quer dizer… eu…pois. Bem, e depois o pai tem de plantar a sementinha…
- O Zazza não tem jeito para jardinar. Ele uma vez afogou um girassol… e se ele afogar o bebé!? Rose! Não deixes ele afogar o teu bebé, rega-o sempre tu!
Ela está muito estranha…está a mentir-me! Oh, chegou o Zayn…
- Zazza, a Rose está a explicar-me como vais fazer o vosso bebé.
Ok, nem sabia que ele conseguia abrir assim tanto os olhos.
- O nosso bebé?!
- OH! Eu não… oh meu deus, Zayn! Fala com ela!
- Eu?!
Qual é a cena com os bebés?! Por que é que ninguém explica?! Aposto que o tio Boo explicava!
- Ok, então estás a ver as fadinhas? Elas...
- Zazza, não mintas.
- Emma, tu ainda és muito pequena, quando fores mais velha nós falamos sobre isso, sim?
- Quando eu tiver idade para ir à discoteca?
- Como é que sabes o que é uma discoteca?!
- Foi o Theo que me disse.
- Esse moço…
- Zazza, o Theo regou as flores do infantário...ele vai ter um bebê? Eu sou a namorada dele...ele vai ser o meu bebê também?
- Não!!! Ok, chega! Vamos lanchar!
Ele e a Rose trocaram olhares e sorriram, por isso eu acho que não falta muito até ao Zazza plantar um bebé.
*
- Oh, não podes dormir cá outra vez?
- Não posso minha querida, o Gato tem saudades minhas.
- Vai buscá-lo e traz para aqui, o Zazza não gosta de gatos, mas ele gosta muito de ti por isso deve deixar se tu pedires "por favor"!
- Outro dia a Rose vem de novo, está combinado?
- Sim... manda beijinhos ao Gato.
- Ok princesa, dorme bem!
Ela estava a chegar à porta e eu lembrei-me de uma coisa.
- Rose?
- Diz.
- Se tu casares com o Zazza eu posso dormir no meu quarto para tu dormires como ele, como os casados, está bem?
Ela ficou vermelha outra vez e disse:
- Está bem, Emma, está bem.
*
POV Rose
Assim que saímos do quarto da Emma ele acompanhou-me até à porta com a mão entrelaçada na minha. Vai ser difícil ficar um dia inteiro sem o ver, logo agora que passámos tanto tempo juntos.
- Então, casamentos, bebês... hoje foi um dia em cheio... - Ele está ligeiramente constrangido mas a mim só me dá vontade de rir.
- Parece que sim.
- Se te sentires mal com isto eu...
Antes que ele acabasse a frase eu ergui-me nas pontas dos pés e encostei os lábios aos dele, beijando-o carinhosamente. Há uns meses atrás, este momento aterrorizar-me-ia de morte e provavelmente fugiria assim que a qualquer criança começasse a falar nestes assuntos, mas a verdade é que ao lado dele já nada me parece da mesma forma, e isso faz-me sentir assustada mas feliz ao mesmo tempo.
- Ok, talvez não bebés, mas definitivamente quero "plantar" algo contigo.
Ele arregalou os olhos e um sorriso divertido formou-se no seu rosto enquanto encaixava os braços em torno da minha cintura.
- Com que então…raízes...quem diria.
- É, eu acho que estragaste quem eu era antes de te conhecer.
A expressão dele ficou subitamente alterada e quando voltou a falar os seus olhos fixaram os meus com intensidade:
- Eu não quero que mudes por mim. Às vezes penso que nunca na vida merecia estar com alguém como tu: precisas de alguém suficientemente louco e incomum para te dar uma história digna de um livro, e eu, bem, eu sou o cúmulo da vulgaridade; não tenho mais que isto para te oferecer. Não há nada de extraordinário na forma como te amo, Rose. É só amor, infinito, inacabável, mas é só amor, sem floreados complexos, sem histórias dignas de Hollywood, sem artifícios… isto sou eu, e é tudo que tenho para te oferecer. Consegues lidar com isso?
Fiquei em silêncio por uns segundos a digerir a forma como ele se vê e como me vê a mim, e finalmente quando falei as lágrimas já me escorriam pelos olhos.
- Não voltes a falar de ti como se não fosses a pessoa mais especial e única que já conheci, e não voltes a achar que por alguma razão, eu precisaria de alguém que não tu para ser feliz. Se há coisa que aprendi contigo é que até as coisas mais comuns podem ser infinitamente extraordinárias, como uma subida à torre Eiffel….Tudo bem, é algo que todo o mundo faz, mas essa foi a nossa vez e por isso foi diferente de todas as outras: e o teu amor por mim pode ser igual a tantos amores que por aí andam, mas é nosso, e por isso é único, e eu não o queria de outra forma.
Respirei fundo antes de retomar e olhei-o bem nos olhos quando proferi, finalmente, as palavras que pulavam no meu peito:
- Zayn, da forma mais comum, mais vulgar, e ao mesmo tempo mais única e extraordinária… Eu amo-te.
E pronto, já disse.
*
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N/A : Pessoal, obrigado gigante por todo o apoio *_* Eu responderei a tudo assim que tiver tempo mas ando mesmo num corropio por isso vim só mesmo postar o capítulo que acabei agorinha de escrever! Espero que gostem dele tanto quanto eu! :)
OBRIGADO DO CORAÇÃO <3