Capítulo 7.

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POV Zayn

- Flash back on (3 anos atrás) -

- …deixe-me esclarecer-lhe uma coisa, caro Estevão, eu estou-me nas tintas para os seus anos de serviço. O Sr. Dr tem vinte anos de serviço, e eu alguns meses, mas eu sei do que sou capaz e não lhe admito que questione as minhas capacidades novamente, estamos entendidos? - Clareei a minha voz e suspirei demoradamente, rabiscando sobre um post-it sobre a mesa. - Como diz, tem idade para ser meu avô, mas o patrão sou eu. Tenha um bom dia.

Desliguei o telemóvel e lancei-o sobre a secretária, aborrecido.

Já estou aqui há uns meses e eu ainda não consigo perceber por alma de quem o meu pai me deixou a mim na frente da empresa, não consigo. Ele tem o meu irmão mais velho, os meus primos, os seus amigos de confiança, ele tem Elaine…e ainda assim, ele escolheu-me a mim, que com os meus 22 anos tenho a meu cargo a gestão de uma multinacional. 

Enterro o rosto nas mãos e deixo-me ficar assim por uns minutos.

Eu sou capaz. Eu sou capaz. Eu sou capaz.

Às vezes fico algum tempo a pensar na vida que eu tinha há uns meses atrás. Meses? A mim parecem-me ter passado anos desde que eu era apenas um miúdo preocupado em passar o último nível de um jogo qualquer para a ps3. E eu já não me reconheço. Para onde terá ido esse miúdo? E quem é esta pessoa que está a surgir em seu lugar?

Eu sou capaz.

De uns meses para cá, desde que o meu pai decidiu demitir-se misteriosamente das suas funções da empresa e entregar-mas a mim, eu tenho de repetir esta frase várias vezes ao dia. Parece que tudo o que eu faço implica uma prova de competência da minha parte, de como eu não sou um puto a quem o pai meteu uma cunha, mas sim alguém capaz de responder com seriedade a este desafio.

Eu sou capaz.

Toda a gente acredita que sim. Acho que também eles deixaram de reconhecer o miúdo de há uns tempos, pelo menos já quase ninguém me trata como tal. Quase. Pessoas como o Estevão ainda questionam a decisão do meu pai. Não mais do que eu. Mas no geral, eles acreditam que eu sou capaz. Eles têm expetativas, e não fazem por menos para esticá-las ao máximo. Eles levam-me ao limite, e por isso eu tenho de repetir para mim mesmo que sim, que eu sou capaz… porque se eu não o fizer, nem eu mesmo vou acreditar nisso.

 - Zayn, anda, vamos tomar um café. - Ela desperta-me deste pequeno devaneio e em troca lanço-lhe um sorriso cansado.

- Vamos.

Levanto-me pesadamente da secretária e acompanho Elaine até ao bar. Lá conversamos um pouco e milagrosamente eu sinto-me melhor. Elaine faz-me sempre sentir melhor.

- Obrigado, El. - Digo sinceramente, pegando as suas mãos entre as minhas. Um anel de noivado brilha no seu anelar e eu sorrio ao olhá-lo. - Está quase.

Ela desenha um sorriso radiante no rosto e leva a mão livre à barriga redondinha.

- Está mesmo.

*

(nove meses depois)

- Peter! É hoje! - Ando nervosamente de um lado para o outro no corredor, esperando por Elaine, juntamente com Peter.

Eu nem me acredito que os nove meses passaram tão rápido.

Emma.

Não é o nome mais lindo do mundo para uma bebé?

- Zazza, quem vir o teu nervosismo todo pensa que o pai és tu! - Brinca Elaine, arrastando a mala atrás de si, que logo lhe é retirada das mãos por Peter, passando-lhe a mão em torno da cintura.

Love WingsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora