NÓS | Jikook [CONCLUÍDA] (BET...

By SaikoMente

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[Concluida] No futuro os sentimentos foram exterminados após a extinção quase completa da humanidade. Sem Toq... More

PRÓLOGO (parte 1)
Tremor (Prólogo parte 2)
Ele (Prólogo parte 3)
Defeito
Incômodo
Aqui
Terno
Amigo
Abraço
Nublado
Gritos
TRAILER
Singular
Genuíno
Beijo
Tempestade
Luz
Distração
Não
Você
Eles
Vazio - Final
NÓS - Epílogo

Sono

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By SaikoMente

AGORA COMEÇOU CAMBADA

vcs vão ficar meio ???? com a linha do tempo, mas TUDO vai se ajeitar direitinho, amo?

|||


É como uma mão enfiada dentro do meu peito, apertando o meu coração. Sempre que o vejo. Sempre que vou para o apartamento. Sempre que chego ao trabalho. Sempre que ele está realmente diante dos meus olhos, e não é apenas a expectativa ilusória de estar de fato ali. A expectativa de ser real às vezes é pior do que Jungkook passar diretamente por mim no corredor.
Porque a expectativa me faz sentir sua mão. Seu abraço. O cheiro de seus cabelos. Me faz sonhar acordado.
Petulância chamar de sonho um pesadelo como esse. Porque assim que abro os olhos nada daquilo é real. Grito contra o travesseiro, meus olhos ardem pelas lágrimas. E não é sequer madrugada ainda.

Ele aprendeu a madrugada comigo.

Ele ama ler. Mas não ama falar. Eu aprendi a ler Jungkook.

Aqui. Na cabine eu sinto tudo de novo. Eu lembro eu até poderia ver se doesse um pouco mais. Abro a porta para lavar o rosto. Ele não veio, ele nunca vem.

|||

ANTES

_A ordem natural biológica apontava para a reprodução, e com ela o toque era essencial aos ancestrais. A última guerra que levou à Grande Extinção foi devastadora, e a Espécie, remanescentes dos estragos se separou, pelo que os ancestrais chamavam de dor. O encéfalo desenvolveu um sistema de proteção evolutivo contra as emoções, aperfeiçoado ao longo das décadas. Hoje, a raça limpa humana ou A Espécie garantiu suprimir e extinguir os danos do...

Desligo a televisão, percebendo o horário da aula coletiva. Até as 21 épocas, a espécie passa pelo aprendizado multidisciplinar, a qual direciona cada indivíduo para o cargo ideal.

_Um pouco de música, Siria. _Peço ao robô, que imediatamente começa uma das milhares de playlists, enquanto começo a me despir. A música é uma das maneiras de manutenção da ordem no organismo da Espécie, depois de conviver com os ancestrais desde o início de sua existência, foi integrada e mantida, minuciosamente selecionada. Instrumentos musicais não são livremente distribuídos. Eu nunca vi um. Mas faz parte da rotina ouvir um pouco do som que eles produzem, diariamente.

_Há falta de água, racione. _O robô recomenda. Todos os indivíduos possuem um em suas residências, assim como telas para os noticiários, documentários, atividades recreativas e informações. Um banheiro. Uma cozinha. O quarto. Todos os cômodos compactados, pequenos, do tamanho suficiente apenas par uma pessoa.

Minha ala é a J.

Cada indivíduo recém chegado recebe um nome com a inicial de acordo com a demanda, e sempre há o mesmo número de pessoas com determinada inicial.

Não somos muitos.

Siria recolhe as roupas, com sua altura miúda, batendo em meus joelhos. Eu mesmo recolheria, mas eles foram feitos para nos auxiliar em tarefas simples.

As mais complexas são confiadas apenas à Espécie.

Segurança, saúde, ciência, arte e auxiliares. O trabalho vai de seis da manhã ás seis da tarde, durante os cinco dias da semana. Após as seis, seguem as atividades complementares, para manutenção da saúde e bem estar da Espécie.

Existe a parte segregada de indivíduos, que tem o turno oposto ao restante.

Eu não sou defeituoso o suficiente para fazer parte dela, mas faço o tratamento necessário para contenção das atividades anormais em meu organismo. Medicamento diário, supressores. Nada mais. Levo uma vida normal, igual aos outros indivíduos.

E os pequenos defeitos me renderam algumas características a mais. Eu poderia fazer parte de praticamente qualquer grupo, porque desenvolvi meu sistema mais que os demais. Não me lembro como aconteceu, mas aos poucos descobri que poderia aprender rapidamente qualquer coisa, e que consigo dar forma ás memórias da Espécie com perfeição.

Há um padrão, e desde que você o siga, o funcionamento de todas as coisas será correto. Aprender isso foi fácil também.

Desligo rapidamente a água, saindo do lavabo e me secando, vestindo. Era quase oito e trinta, o horário da Mensagem.

_Os sentimentos destruíram o homem. Amor é ódio. Ódio é não ter escrúpulos. E isso leva á morte. Mas o Olho salvou A Espécie, que se tornou um só. Você se tornou apenas você mesmo. Salve A Espécie. Mantenha sua mente blindada. Não tocar. Não sentir. Proteger. Isso nos faz fortes. O Olho vê você. O Olho é você.

Ela vinha acompanhada do hino da Espécie, imagens ilustrando o passado da humanidade. Era diária, pontual, infalível. Decorada por todos.

Assim que termina, desligo todos os aparelhos, decidindo descansar. Teria um longo dia pela frente.

As características dos artistas me incomodam um pouco. Me fazem ter o que o laboratório chama de "sonhos" com uma frequência considerável. Fecho os olhos, começando uma meditação para esvaziar a mente e evitar esses eventos. Foi o que os cientistas me recomendaram.

_Os supressores. _É a voz de Siria. Estico a palma e o robô deposita as cápsulas em minha mão. Coloco na boca, elas desintegram sendo rapidamente absorvidas. Num instante adormeço. No outro dia a rotina se inicia ás cinco da manhã, pontualmente. Levantar, comer, me lavar, vestir. Trabalhar. Comer. Voltar ao trabalho. Sair.

Abro os olhos com o som do despertador, sentando-me na cama. É hora de recomeçar.

|||

_Bom dia. _Falo ao chegar á sala. Jimin acena com a cabeça, respondendo baixo. Sua mesa é ao lado da minha. Ligo a tela. Ele está criando o céu. Apenas as formas. Elas podem ser preenchidas por diversas cores. Laranja, rosa, roxo, azul.

E leva tempo para criar um espaço como esse.

Ele é artista, no entanto é extremamente habilidoso. As memórias dele devem ser aprimoradas.

_Tem alguma coisa no meu rosto? _Ele pergunta sem olhar para mim, ainda concentrado em sua tela. Só então noto quanto tempo passei o observando, mesmo que minha própria tela já estivesse ligada, aguardando os comandos.

_Não. _respondo, voltando á minha atividade. Isso acontece ás vezes. Acabo pensando por longos espaços de tempo. Inatividade não é aceitável, então me apresso em voltar ao que fazia.

Namjoon á nossa frente também recria com facilidade, ele e Taehyung tem um nível parecido de experiência. Me atento um pouco ao que realmente estava fazendo.

O meio dia chega, e todos se encaminham para o refeitório. Devagar, organizados.

"Devido á falta de água, aconselha-se um único banho ao dia, até que o racionamento seja solucionado". _Leio a notificação que chega à tela do relógio em meu pulso. Seria um incômodo limitar os banhos, mas é o necessário. Para cada necessidade, existe uma medida.

De volta á sala onde trabalho, percebo que fui o primeiro, em relação aos outros. Me aproximo de minha tela ligada, abrindo meu trabalho. Não exige tantas cores. É o céu, salpicado de estrelas.

Mas por ora, ainda é apenas um espaço vazio e escuro, como o que vejo á noite. Ainda está incompleto.

Por outro lado, o trabalho de Jimin pode levar muitas cores, apesar de mais complexo. Ás vezes ele permanece fazendo seu trabalho, mesmo quando todos saíram. "os detalhes dão vida" foi o que ele disse uma vez. Eu não precisei perguntar o motivo de ele querer ficar, ele soube a pergunta sem que eu a fizesse. Talvez eu seja óbvio.

_O que está fazendo na minha tela? _É a voz de Jimin. Me viro devagar, vendo sua expressão monótona.

_Nada.

Ele não faz nenhuma réplica, esperando. Me movi devagar de volta ao meu lugar, afinal sequer me lembro de ter parado diante da tela. Ah, sim. Cheguei, parei um instante, mas comecei a pensar e não voltei ao meu lugar. Acontece ás vezes.

Ele retorna ao trabalho, abrindo sua tela.

_Bom trabalho, Jimin. _Fala Taehyung. Ergo o olhar, para ver o rosto do colega ao meu lado.

_Obrigado, Taehyung. _Responde. Desvio o olhar para a minha tela por um instante, mas quando volto percebo algo diferente nele. Foi rápido demais. Uma fração de segundos. Eu não posso afirmar, só se afirma o absoluto.

Talvez eu tenha me distraído novamente. Com certeza foi isso.

Rapidamente o fim do expediente chega.

|||

Na hora de voltar, percebo que Jimin fica para trás. Ele deveria vir, mas ele fica de novo. Moramos na mesma ala, pela letra do nome. J.

Talvez fazer o céu seja muito mais complexo do que pensei.

_Boa noite, Siria. _Falo, ao entrar. Não participaria de nenhuma atividade, então posso simplesmente voltar ao apartamento.

_Boa noite, Jungkook. _Faço menção de ir ao banheiro, e o robô volta a falar. _Aconselha-se que não tome banho hoje, pelo racionamento. Há falta de água.

_Eu sei. _retorno, começando a me despir e me trocar. Como enquanto leio. Seleciono "mesa" e abro a tela de criação. Não poderia adiantar meu trabalho, mas era uma forma de não perder memórias, nem uma sequer. Eu tenho diversos rascunhos. Alguns são palavras que estão nas memórias, na minha mente.

Ouço passos no corredor. As paredes ao lado eram razoavelmente finas, uma delas ia de encontro ao corredor lateral, a frente era ao corredor da porta dos apartamentos, a posterior era a janela de vidro, na qual a Mensagem era exposta diariamente e a outra de Jimin. Consigo ouvir quando ele chega. São quase oito horas, ele quase perdeu a Mensagem!

Ele fechou a porta. Provavelmente tirou os sapatos. Deve se despir, trocar, comer e aguardar a Mensagem. Como trabalhou a mais, deve dormir logo, ou estudar mais as memórias para aprimorar sua habilidade.

Ele deve colocar música enquanto come? Ou ele lê? Talvez ate mesmo trabalhe nas memórias enquanto come.

Não me interessa muito.

Mas mesmo assim, pensando em tudo isso, acabei de perder algum tempo, porque a mensagem acaba de iniciar. Olho para a tela, me certificando de ouvi-la. Ela acaba, a janela volta ao normal. Mas eu não volto imediatamente á pintura. Meus olhos estão fixos na parede ao lado.

Me distraí de novo.

Tomo os supressores, com o lembrete de Siria. Num instante estou dormindo.

|||

_Bom dia. _Falo. Ouço o típico "Bom dia" baixo de Jimin, ao meu lado. Em seguida Taehyung. Namjoon.

Eu abro a tela que carrega o arquivo, e todos estão fazendo o mesmo. Como de costume, olho para as telas ao alcance de minha visão. Namjoon está trabalhando num animal. Não reconheço qual, ainda. Mas o desenho é cheio de curvas firmes. Olho para o de Jimin. Ainda está no esboço, sem cores. Taehyung recebeu o tema de águas, não me recordo qual tipo ele está fazendo. Os demais não consigo ver de onde estou, há um espaço considerável entre todos, para preservar o espaço pessoal e bem estar de cada um.

As curvas do desenho de Namjoon chamam minha atenção de novo. São marcantes, me lembram movimento. Eu não tenho acesso ás mesmas memórias que ele. Espero poder ver seu trabalho concluído com sucesso. Nem todos os trabalhos são concluídos com sucesso.

Quero ver o de Jimin. Sei que vai levar mais tempo, o perfeccionismo é característica de todos os seus trabalhos. Mas eu não tenho uma memória do céu como a dele. Meu céu ainda é um buraco negro.

_...ngkook?

Do que ele me chamou? Encaro Jimin, esperando que ele falasse. Ele me chamou apenas pela metade do nome?

_Não ouviu nada do que eu disse? Está tão concentrado em bisbilhotar o trabalho dos outros que ficou surdo de repente?

_Eu não estou bisbilhotando! _O asseguro rapidamente. Roubar é estritamente proibido. Roubar trabalhos, memórias e lembranças também não é aceito.

_Eu estava b... _Ele para no meio da frase, olhando ligeiramente para Taehyung. Então volta ao trabalho, sem falar mais nada.

Saio do trabalho no horário, haveria aula ás sete da noite, até as oito no prédio J. Meditação, provavelmente. Não me atento a quem fica pra trás dessa vez.

_Boa noite, Siria. _falo ao chegar. Sempre a deixo ativa, porque de alguma forma, faz parte da minha rotina, cumprimentá-la, como faço com os indivíduos.

_Boa noite, Jungkook.

_Sem banho?

_Há falta de água. O racionamento deve intensificar ainda durante a semana. O envio de água aos apartamentos também será afetado.

_Obrigado.

Me troco e como, aguardando o horário enquanto leio. Pouco antes das sete desço ao térreo, aguardando no salão. Sento, cruzando as pernas, ouvindo os comandos da tela. Respiração. Concentração. Movimento e equilíbrio.

Eram úteis em eventos incomuns, como tremores, racionamentos. E absolutamente necessários para alguém como eu, com alguns defeitos.

Abro os olhos, notando movimento mesmo quando o comando é de simplesmente respiração.

É Jimin, com suas roupas brancas para exercícios, idêntico ás minhas. A de todos. Ele não me olha de volta, então tenho algum tempo para observar o que ele faz. Senta, de pernas cruzadas, fecha os olhos. A coluna ereta, a postura impecável.

_Toque no chão, com a palma das mãos.

Eu ouço o comando, mas não faço imediatamente. Ele de olhos fechados, se inclina, de forma suave, mas absolutamente flexível, tocando até mesmo o rosto no chão. Faço o mesmo então, e quando toco o chão volto a olhar para ele.

Ele é como o desenho de Namjoon.

Fecho os olhos, voltando á aula.

Saio do térreo, seguindo a rotina e subindo de volta ao meu apartamento pelo elevador. Entro em casa, dando boa noite aos indivíduos que vejo. Olho de relance para o apartamento ao lado.

Já me troquei. Estou de olhos abertos, na cama. Não ouvi ele chegar. Ele fica depois, nas aulas coletivas também?

As horas passam. Não tomei os supressores ainda, e Siria espera quieta no canto do quarto, até que eu comande. Não ouvi a porta.

Abro os olhos, após um cochilo. Que horas são? Minha visão está embaçada demais para saber, e o sono já tomou meu corpo. É a porta de Jimin. Ele chegou agora. Quero saber que horas são, mas estou sonolento demais pra descobrir.

Ele já chegou.

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