2# A LEGIÃO IRÁ REAGIR ᵐⁱʳᵃᶜᵘ...

بواسطة Fanfixionada

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💞› AUTORA: Gleysla Meireles 💞› GÊNERO: fanfic, romance, ficção, ficção adolescente, drama, ação, aventura. ... المزيد

♛ SINOPSE ♛
♕ NOVO ELENCO + AVISOS ♕
♕ KWAMIS + PERSONAGENS ♕
♕ RETROSPECTIVA ♕
➾ CAPÍTULO 0.0: Onde Tudo Começa
➾ CAPÍTULO 0.1: Onde Tudo Começa
➾ CAPÍTULO 0.2: Onde Tudo Começa
➾ CAPÍTULO 1: Tudo Mudou, Ou Talvez Não
➾ CAPÍTULO 2: Um Ano ou Dois
➾ CAPÍTULO 3: Choldraboldra¹
➾ CAPÍTULO 4: Enfim, Descobriram
➾ CAPÍTULO 5.0: Companheirismo
➾ CAPÍTULO 5.1: Companheirismo
➾ CAPÍTULO 7: Escolhas
➾ CAPÍTULO 8.0: Lados da Guerra
➾ CAPÍTULO 8.1: Lados da Guerra
➾ CAPÍTULO 9: Tormentos
➾ CAPÍTULO 10: Aliados
➾ CAPÍTULO 11.1: (Des)Conhecidos
➾ CAPÍTULO 11.2: (Des)Conhecidos
➾CAPÍTULO 11.3: (Des)Conhecidos
➾ CAPÍTULO 11.4: (Des)Conhecidos
➾ CAPÍTULO 12: Dark Grimalkin e Joana D'arc
➾ CAPÍTULO 13: Rena Rouge
➾ CAPÍTULO 14: Carapace
➾ CAPÍTULO 15: Amor Nostálgico
➾ CAPÍTULO 16: Novos Inquilinos
➾ CAPÍTULO 17: Memórias ao Vento
➾ CAPÍTULO 18: Novos Colegas

➾ CAPÍTULO 6: Circunstâncias

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بواسطة Fanfixionada

Algumas pessoas têm problemas de verdade
Algumas pessoas não têm sorte
Algumas pessoas acham que posso resolvê-los
Meu Deus do céu
Sou apenas humano, no fim das contas❞.
♕ Human (Rag'n'Bone Man)

{Contém 4.157}

     A ÁGUA FRIA me tranquiliza, renova minhas energias e faz dos machucados menos doloridos, apesar da ardência permanecer constante. No quarto, não ouço ninguém… O que é estranho, já que convivo com um kwami bastante tagarela. Invés disso, escuto o baque de socos na porta.

Eu estranhei de primeira pelo inusitado som, Plagg não é do tipo que bate antes de entrar, ainda mais porque kwamis podem ser intocáveis para qualquer objeto. Tentei deixar pra lá, mas os barulhos continuaram maiores. Afundo minha cara na água do chuveiro, o som se torna abafado e consigo até esquecer dessa sensação estranha que me sufoca cada vez mais.

— Plagg, é só entrar. Sabe que não precisa bater. — balbucio entre golfadas de água.

Quando abro meus olhos novamente encontro um vulto atrás de mim e uma dor abrupta me atinge na nuca, eu só consigo sentir o piso molhado do boxe abaixo de mim, enquanto a água ainda me banha e o vulto me encara imóvel.

Reabri os olhos assustado, estou na minha cama, no meu quarto. A porta de repente se abre sem eu perceber que tinha alguém prestes a entrar e, surpreendentemente, quem surge é Gabriel Agreste por detrás dela.

Meu pai sorriu tristemente ao encontrar meu rosto e me abraçou apertado como quem perderia um amigo.

— Que bom que está em casa... — disse preocupado. Ele se afasta, seus olhos cinzentos me encaram seriamente. — O que houve com você, afinal? Nathalie não me contou nada! Por que está todo machucado? Alguém fez isso com você? Você... Entrou numa gangue? Começou uma briga? — interrogou, abismado.

— Não, meu Deus, não! — digo surpreso pela enxurrada de perguntas. — Só tropecei e caí.

— Filho, vai mesmo mentir para mim? Logo eu, seu pai. — disse cruzando os braços.

Suspiro a contragosto. De uma hora pra outra ele adorou usar a palavra "pai" para qualquer coisa, mas antes era apenas alguém que morava comigo sob o mesmo teto. Passei esses últimos anos acostumado a sua hostilidade, sua frieza, então receber algo tão amável quanto esse gesto é tão... Irreal.

— Não é nada, pai. 

Levanto-me da cama ainda dolorido, meus curativos recém colocados estão ardendo, mas não faço movimentos bruscos. Encaminho-me ao sofá devagar. Não sei por que ou como vim parar aqui, mas não acho que seja um sonho.

Ele me acompanhou, sentando-se no sofá, na esperança de se aproximar de mim. Seu cabelo loiro agora estava mais claro como platina, mas seus olhos permanecem os mesmos: indubitavelmente frios como o Monte Everest.  

Embora seja esquisito, ficamos um ao lado do outro ansiando algo que não veio. Eu queria que ele falasse, mas parecia que Gabriel esperava o mesmo de mim. Um desconforto me subiu à espinha. Era como se estivesse ao lado de um estranho, uma pessoa que posso ter conhecido, mas não parecia mais ela.

— Sabe, Adrien, estive pensando. Agora que me mostrou ser capaz de cumprir com sua agenda diária, e as aulas curriculares, decidi que te colocarei num colégio ainda melhor do que o Jacques de Trémeuse. — determinou encarando a TV, ao invés de mim.

Olho-o descrente do que ouvia. Como assim outro colégio? Fiz vários amigos desde Françoise Dupont, por que justamente agora ele decidiria isso?

— O quê? Não! Eu não...

— Ora, não era isso que desejava antes? Ir à escola?

— Sim, eu queria, mas…

— Pois então? Irei realizar e será num lugar muito melhor do que aqui, além disso Tsurugi-san e sua filha também irão conosco. — diz sem rodeios, meu fôlego sumiu por alguns instantes e pensei ter desmaiado ali mesmo.

— Você não pode estar falando sério...

— Adrien, alguma vez me viu brincar? — ralhou arqueando a sobrancelha.

— Você não pode fazer isso! Não agora que... — me calei antes que dissesse o que não devia.

Ninguém pode saber que sou Chat Noir, mas se ninguém souber como vou conseguir salvar Paris?

— Que... O quê? — perguntou franzindo a testa.

— N-nada.

— Adrien, o que está me escondendo? Sabe que não há segredos entre nós, não é?

— Não, claro que não... É só que tenho amigos aqui e não posso simplesmente me desfazer deles! — falei levantando-me do sofá subitamente para encará-lo.

O movimento rápido me machuca, faço uma careta de dor. Ele suspira pela minha teimosia e endireita a postura, parecia conversar com uma criança de sete anos pela expressão de superioridade que me encarava.

Ouço batidas na porta e Nathalie ressurge por detrás dele, porém, estava akumatizada. Ela entrelaça suas mãos por cima do colo, seu olhar azulado está opaco e vagava por todo cômodo à procura de algo precioso.

— Você não tem muitas opções, Adrien... — comentou ele, ajustando seu pequeno óculos no rosto.

— Senhor, o encontrei. — respondeu Nathalie, segurando Plagg pelas pequeninas pernas.

— ... Ou devo dizer, Chat Noir?

— Adrien, corre! Fuja enquanto pode! — gritou o kwami atravessando as mãos dela como um fantasma passa por paredes.

— Nathalie, as janelas! Feche as janelas! — esbravejou meu pai correndo em direção do kwami, porém, o interceptei antes que pudesse conseguir.

Embora eu saiba que paredes não atingem kwamis, a minha atuação faria eles acreditarem.

Plagg retirou o anel e saiu como um fugitivo rumo à Ladybug, pelo menos lá ele estaria seguro. Saí de cima de Gabriel quando finalmente vi que meu amigo não estava em perigo, Nathalie segurou-me pelos pulsos e amarrou minhas mãos.

Não compreendia o porquê dela estar fazendo o que ele pedia, até porque akumatizados obedecem apenas ao Hawk Moth.

— Por que fez isso Adrien? Ele estava encurralado! Ele estava tão perto! — brigou ele, levantando-se do chão.

— Perto? Perto de quê? Pai, o que está acontecendo aqui? — debati apavorado por seu reação incomum.

— Acho que quem me deve explicações é você, Chat Noir. — desconversou cruzando os braços.

Sinto-me desnudo e vulnerável, meu próprio pai estava me ameaçando e ele sabia como deixar alguém indefeso e prepotente. Nathalie malmente encarava-me e tinha a vaga ideia de que nem estava em suas melhores faculdades mentais.

— O que você fez a ela? Por que está assim? — rosnei furioso me aproximando dela com cautela, a Sancoeur fitava o tapete aveludado sem qualquer reação normal.

— Sua lealdade se tornou menos importante quando suas emoções falaram mais alto, ela estava fadada a isso, mas logo, logo devolverei ao normal. — respondeu com amenidade caminhando até nós dois.

Como assim ele vai devolver?

— Por que está fazendo isso? Sou seu filho, sua família! — exclamei assustado.

— Porque é preciso. Depois, verá que estive certo. — sorriu amargamente, em seguida, saiu do quarto junto de Nathalie que lhe seguia como um robô.

— O que vai fazer se eu não quiser sair daqui?! — gritei. — Porque não sairei de Paris nunca!

Ele me olha da soleira da porta, suas mãos enluvadas de branco estão para trás e entrelaçadas.

— Então, terei que fazer da pior forma possível. E, tenha a certeza, de que nunca quis que chegasse a esse ponto. — disse suspirando profundamente.

Vejo ele tatear e mexer em algo por dentro da luva, talvez um anel. Sinto uma nova onda de tensão em meu corpo, estremeço do nada e, do mesmo jeito que surgiu, acaba desaparecendo deixando um rastro de calmaria e conformidade pelo meu corpo inteiro. Ele começa a reagir sozinho. Ele caminha lentamente até a cama, e de lá, deito-me como se nada tivesse acontecido. Era como se não fosse eu de verdade.

Me sentia um fantoche.

— Vocês, chamem por ela! Estarei esperando no escritório. E você... — apontou para Placide que estava por trás da porta. — Cuide disso.

Disso…

Agora sou apenas uma "coisa".

Assim que ele sai, o segurança adentra meu quarto como um verdadeiro animal feroz e me desestabiliza com um úmido pano no rosto. Tudo começou a girar, pude notar vagamente sua feição arrependida do que fazia antes que eu desmaiasse por completo.

Olho em volta, estou novamente naquele borboletário. Aquela voz não está mais aqui, mas a cápsula continua ali... Só que aberta.

Há um corpo deitado lá, uma mulher, mas não consigo reconhecê-la. Como se uma nuvem embarçasse minha visão. Apesar de não conseguir vê-la direito, é alguém linda. Seu cabelo loiro está arrumando numa trança lateral, e seu corpo está vestido com um terninho feminino.

 Aproximo-me devagar, seu rosto parece sereno apesar de estar desacordada. Ela é tão familiar...

— Me admira que não a reconheça.

— Você de novo. — bufo, revirando os olhos.

Aquela voz reaparece, ela continua fina e irritante. Só que, dessa vez, ela não somente permanece escondida.

Uma luz azulada resplandece diante de mim, iluminando aquele lugar por completo. Uma pequena forma surge na minha frente, um kwami na forma de um pavão.

— Quem é você? — indago surpreso.

— Bom, isso já não me admira. — riu revirando os olhos amarelados sobre a esclera preta.

— Que lugar é esse?

— Você logo saberá. — diz enigmático.

— Não, eu quero saber agora!

— Nossa, não me lembrava do quanto você é tão impulsivo! Bem, não devia me surpreender. Você não é o único, afinal.

Ele parecia se divertir com aquilo.

— Eu vou perguntar só mais uma vez, quem é você? — ameaço furioso.

— Acho que você me perguntou mais do que uma vez. — brincou.

Minha paciência já estava no fim, eu não sabia o motivo daquela reunião, mas aquela mulher adormecida tinha algo haver com isso.

— Não se preocupe, eu só vim me certificar de que estava na hora. Agora, não precisa mais vir me visitar.

— Te visitar?! Se certificar? Eu mal te conheço, e olha que com certeza saberia disso!

Ele começa a rir.

— Tolinho, não é com você que estava me referindo. — seus olhos desviam-se para alguém por trás de mim.

Dou meia volta.

Meu corpo se petrifica. Minha respiração se prende em minha garganta, e meus olhos acabam estáticos com as pessoas a minha frente.

— Kyoko e... Félix?

Minha namorada e meu primo britânico me olham estranho, ela assustada e ele conformado. Atrás deles, aquela mesma mulher se ergue como Frankstein. Seus olhos esverdeados nos olham sonolentos.

Félix a olha de soslaio, seus olhos verdes como os meus estão arregalados. Já minha namorada estava em estado de choque, mas em posição de defesa também.

— Parece que finalmente você acordou, titia. — Diz meu primo.

Minha voz some, parecia ter sido retirada de mim. Sinto estar hiperventilando, tudo girando, tudo ficando escuro, tudo tão... Irreal.

— Ma... Mamãe?

Acordo agitado e suando. Não sabia ao certo quantos minutos fiquei desacordado, mas não estava mais em meu quarto. A sala onde me encontrava era totalmente branca, semelhante aos cenários de manicômio na TV sensacionalista, a porta lacrada ressoa pela minha audição e vejo uma mulher jovial, porém, um pouco mais velha do que eu, adentrar com um sorriso dócil no rosto pardo.

— Olá, me chamo Miranda Clear. Sou sua enfermeira particular! — falou animadamente.

— Minha... Enfermeira? — sussurro confuso, ainda estava sob efeito de algum anestésico.

— Ah, pobrezinho. Ainda está sentindo os efeitos do remédio. — cochichou pondo as mãos sobre as próprias bochechas.

— Quem é você de verdade? — perguntei entre dentes.

Sua feição dócil imediatamente sumiu no momento em que perguntei isso, o sorriso amável de antes deu espaço ao amargor de alguém impassível e medonho.

— Eu já falei! Sou sua enfermeira! — exclama com uma feição instável, sua pálpebra tremula e seu nariz é torcido. — Estou sendo responsável pela sua comida, higiene, remédios e tarefas, já que você não está exercendo muito bem essa função... Adequadamente. — ela esboçou uma risada de escárnio.

— Nathalie... — sussurrei apavorado. — O que fizeram com ela?

— Ela? Nada. Nathalie continua a mesma antipática de sempre. — diz indiferente.

Elas… Se conhecem?

— Se eu fosse você me deixaria ir... As pessoas vão me procurar, eu sou famoso...

— Bem, você deixou de ser um pouquinho desde que saiu das capas de revistas e se tornou uma inteligência artificial para todos. — debochou. — Sinto lhe dizer, mas... As pessoas não precisam mais de você.

— Eu tenho muitos amigos... Eles vão me achar...

No mesmo instante pensei em Marinette, Nino e Kyoko. Eles certamente iriam me procurar, não descansariam até me encontrarem.

— Então… Eu não contaria muito com isso, sabe? Seu pai é esperto, ele e sua mãe postiça vão dar um jeito nisso. Não é como se eles fossem amadores...

Mãe postiça? Do que ela está falando? Nathalie e meu pai estão juntos desde quando?!

— Ah, você não sabia disso? Que pena... Quer dizer, que lástima. — Diz rindo, como se tivesse contado uma piada.

— Olha, eu não te conheço e se eu tiver feito algo que te magoou então sinto muito... — digo sentindo o efeito sumir aos poucos.

Ela solta uma gargalhada escandalosa, uma que de longe foi a mais aterrorizante que já ouvi. Nas mãos dela estava uma estranha maleta preta que combinava com seu jaleco branco e sua vestimenta formal.

Seus olhos são de um verde claro quase anêmico, próximos do azul-claro de um céu veranil. Seu longo cabelo encaracolado estava tingido de rosa-bebê, e seus lábios finos são pintados de uma cor puxada para o vermelho intenso.

Tão diferentes daquela mulher que havia visto em sonho, seu olhar vibrante, seu cabelo dourado e liso caídos sobre o ombro.

Aquela mulher... Era mesmo minha mãe?

— Sabe, na verdade, eu não sou bem uma enfermeira. — balbucia me tirando dos pensamentos. — Isso é mais um papel que aceitei. Na realidade, sou uma cantora em ascensão. Eu não tinha muitos patrocinadores, nem um agente, e ninguém queria me dar uma chance, mas Gabriel Agreste disse que me ajudaria se fizesse um trabalhinho sujo antes.

Meu corpo volta a estremecer. Um sentimento agonizante se apossa de mim e sinto que estou prestes a desmaiar outra vez.

— Relaxe, não vou te machucar a menos que não colabore comigo. — ameaçou se aproximando com seringas preenchidas por líquidos transparentes.

— Não! Me largue! Não! — grito apavorado.

Só então percebo que estou preso a uma cama dura, e meus protestos não adiantam de nada por causa daquelas cintas feitas de couro em volta de mim.

Ela se enfurece.

Meus olhos se enchem de lágrimas quando sinto um soco em meu rosto, ele estala alto por todo o quarto. Eu sentia minha bochecha doer pelo ato e me machucava ainda mais por saber que foi meu próprio pai que a chamou para cuidar de mim.

— Foi meu pai que te chamou, não é? — murmuro.

— Quem diria, você não é só um rostinho bonito. — diz sarcástica. — Agora, seja um bom menino e fique quentinho. — mandou sentando-se ao meu lado e injetando o tal líquido dentro do meu pescoço.

Ele ardia tanto quanto meu rosto, aquela seringa contém uma agulha grossa e machucava mais do que nas vezes em que doei meu sangue. Miranda mantinha o sorriso no rosto, seu cabelo rosado era amarrado num coque apertado, mas que não impediam que aparecessem alguns fios teimosos para fora.

Eram brancos como a neve.

— O que... Ele quer... Comigo? — vocifero com dificuldade na língua.

— Ah, nada demais. Só te dopar até que não consiga mais distinguir a realidade. — respondeu distraída com os inúmeros utensílios pontiagudos.

— Está blefando... Meu pai nunca iria fazer isso...

— Seu pai é um tremendo falso! Ele só quer te usar, Adrien. Desde que você surgiu, seus pais só queriam uma coisa, um filho. Então, quando tiveram a oportunidade fizeram um desejo. Só que... Isso custou caro.

— Do que... Você está falando?

— Esqueça. Logo, logo você nem lembrará disso mesmo.

— Miranda... Por favor, me solta. Eu faço qualquer coisa!

— O que eu quero é o poder da fama! — decretou convicta. — Mas... Você até pode me ajudar em algo.

Seu sorriso malicioso me faz tremer.

Tenho que acreditar que Plagg conseguiu encontrar Ladybug e que ela saberá o que fazer. Ela vai me salvar. Eu acredito nisso. Eu confio nisso. Eu necessito acreditar nisso.

— Não se preocupe mon amour (meu amor), vamos ser grandes amigos, já que ficará comigo por muito, mais muito tempo! — diz retirando seu jaleco mostrando as diversas tatuagens que residiam seus braços.

Ergui a vista. Não queria ver o que ela me faria, nem queria dissuadi-la mais. Lágrimas desbotam descontroladamente e caíam como cachoeiras. Nervosismo e pânico caminhando lado a lado. Sua risada repercutindo nesse quarto aparentemente impenetrável.

No fim, eu só enxergava as acolchoadas paredes branco-gelo, e as fracas luzes amareladas que nos circundam numa bolha de tensão e terror.

Eu queria gritar... Mas ela me apagou.


Se passou quanto tempo? Semanas? Não, acho que meses. Se passou exatamente dois meses desde que fiquei enclausurado dentro de minha própria casa, Gabriel se comunicava comigo por meio de interfones colocados nos cantos do quarto e me alimentava pela portinha de cachorro, enquanto que a maluca da Miranda me enchia de drogas até não me aguentar em pé.

Meus dias começaram a ficar mais acinzentados do que o normal e a esperança de que alguém venha me salvar acabava por virar pó. Minha mente era o meu único bálsamo. Minha única escapatória. Só que esse escape não me livrava da presença esmagadora de Miranda.

A pseudo-enfermeira Clear me contava suas histórias de infância para passar o tempo, dizia como foi sofrido viver com pessoas que lhe achavam estranha e medonha, e também sobre seus relacionamentos fracassados que não duravam uma semana.

Não fazia ideia de onde, ou como meu pai a conheceu, mas ela sabia fazer seu trabalho bem feito. Miranda me drogava bastante, mas num segundo depois me deixava lúcido.

Apenas para me encher de perguntas.

Ela insistia numa tecla que eu nunca soube de verdade: a identidade de Ladybug. E por um tempo, eu realmente achei que não soubesse. E isso era bom! Afinal, o segredo estará guardado.

Porém, no mesmo dia em que fui sequestrado, ela desistiu do interrogatório e tentou hipnose comigo... E conseguiu acessar minhas memórias apagadas.

Eu nunca entendi o motivo que ela queria saber, até porque a única pessoa que desejava saber disso era Hawk Moth, então Miranda me surpreendeu ao confessar seu verdadeiro patrocinador.

— Lembra que eu te disse... Que não sou uma enfermeira...?

Concordo lentamente.

— Entãooo... O que não te falei foi quem me contratooou!

— Foi meu pai, não?

Ela nega sorridente. Às vezes, quando parecia que não estávamos sendo vigiados, ela utilizava as drogas nela mesma.

— Hawk Moth. — ela riu pondo as mãos na boca. — Mas o melhor vem agora... Eles são a mesma pessoaaa!

Meus olhos, que antes já pareciam cair na sonolência, voltam a abrir e crescer. Uma agonia conhecida se apossa, me engole e devora meus sentidos.

Esse tempo todo… Meu Deus, todo esse tempo Gabriel sempre viajava, dizendo ser à trabalho, mas eu sempre sentia que havia uma grande mentira nisso. Ali, escondida entre as paredes, por trás da voz arrogante dele e dos olhos melancólicos de Nathalie.

— Nathalie... Ela sabia disso?

— Ah, ela sempre, sempre, sempre soube disso. Seeempre! — exclamou.

Antes, eu achava que ele fazia essas viagens por causa da minha mãe. Talvez, Gabriel quisesse procurá-la, mas não queria me iludir com a chance de ela não vir junto. Nathalie o acobertava nessas decisões, tentava defendê-lo de tudo, mas isso... Isso...

— Surpreso? Eu imaginei que sim. Afinal, eles são sua família. — sua feição risonha nunca se desmancha quando se trata da minha ruína.

Minha sanidade, minha lucidez, é minha única amiga aqui. Sem ela, certamente me perderia nos jogos de Miranda. Mas a droga... Argh, essa maldita droga me deixava vulnerável.  Hoje, por exemplo, não faço a mínima ideia se sabem da minha existência, ou se a polícia resolveu arquivar o meu caso.

Sinceramente, eu pensava que a delegacia local pudesse me auxiliar como plano B, caso Ladybug não soubesse de minha localização.

E mais uma vez estive enganado.

Eles não vieram, ninguém veio. Nem polícia e, tampouco, Ladybug. Eu estava literalmente sozinho.

— Ah, vamos lá! Nós somos amigos Adrienzinho. Entre nós não existem mentiras! Você é o Chat Noir, eu sou uma cantora. Regarde, minou (veja, gatinho)! — exaltou-se.

— Nós não somos amigos! — sibilei entre dentes.

Ela avança e aperta minhas bochechas violentamente com uma das mãos. Seus olhos me analisavam com raiva, repúdio e inveja, mas depois se suavizam e sua velha aura alegre retorna ao seu rosto. É assustador.

— Ora, deixe de modéstia. Agora vamos comer! — anuncia, dando meia-volta e trazendo uma bandeja de comida.

Abocanhei tudo como um animal sedento por carne fresca que não comia há dias, ela riu batendo palmas pela colaboração que lhe proporcionava ao consentir comer o que me entregasse. Depois de algumas semanas, eu acabei aceitando sua presença ao meu lado e, como seu papel exigia, ela tinha o direito de sair e entrar quando quisesse, mas sempre trazia algo do mundo lá fora para mim.

Clear me alimentava, me banhava e me consultava com inúmeros comprimidos coloridos dos quais o nome nem lembro mais. Eram tantas palavras embutidas, tantos momentos, que eu só conseguia abrir a boca e engoli-las como água.

— Voilà! Por aqui acabamos. — diz bem humorada. — Viu só, Adrienzinho. Ser um bom garoto tem suas vantagens. — comentou acariciando meu cabelo.

— Quando ele virá me ver? — pergunto seriamente, ela sabia bem a quem eu me referia.

— Vejamos, ele disse que viria te visitar amanhã. — balbuciou contando nos dedos mentalmente.

Suspiro amaldiçoando toda a existência do universo, e desejando que raios partissem sua cabeça e me liberassem dessa prisão a domiciliar. Contudo, o máximo que meu inocente desejo realizou foi deixá-la ainda mais animada para injetar mais daquelas drogas em mim, não faço ideia de quantas agulhadas recebi ao longo desses dias e o quão destruído devo aparentar.

— Foi isso que você me disse semana passada, e semana retrasada... E ele não veio.

— Foi mesmo? Nossa, deve ter sido erro de cálculo. — sorriu dando de ombros. — Mas não se desanime, ele virá. Amanhã, Adrienzinho, com certeza amanhã. — alegrou-me tocando meu ombro.

Eu podia sentir meus ossos se sobressaltando sob a pele pálida, meu cabelo caindo gradativamente e minha faísca de esperança se esvaindo junto da minha vida.

Eu podia sentir... Como quando notamos que a chuva vai acabar em algum momento.

— Adrien... — uma voz grossa reverbera pelas caixas de som. Gabriel. — Se quer tanto me ver devia ser obediente e diria como conseguiu seu miraculous, assim tudo isso acaba.

Ele parecia adorar me ver deteriorando a cada minuto dentro desse cubículo e me perguntar a mesma questão: como e quem me entregou o anel.

— Ótimo, faça seu jogo Adrien... Só não garanto que ganhará algo de produtivo com isso. Você sabe que agora que sei quem é a portadora da joaninha, graças a sua cooperação, Paris inteira vai sofrer as consequências. Então, por que não me dizer de uma vez se sabe que vai perder de qualquer forma?

— Eu… Não… Vou dizer… Nada!

— Certo, você é quem sabe. Miranda.

— Sim, senhor! — diz fazendo continência.

— Tem carta branca para suas... Aulas.

— Obrigada pelo trabalho, senhor Agreste. Prometo não desapontá-lo. — respondeu eufórica.

O som de chiado foi ouvido por nós dois, o que significa estarmos sozinhos outra vez.

— Qual vai ser o ensinamento do dia? Como desmembrar um músculo? — digo ainda prostrado na cama.

— Ah, você vai adorar! Tive maravilhosas ideias na vinda pra cá, ainda mais assistindo sua querida Ladybug lutando com mais outro akumatizado... Sem você! — riu apreciando cada palavra recitada.

— Vamos acabar logo com isso, Miranda. — bufo, inclinando-me para o lado.

Ela suspira profundamente inconformada pela minha falta de ânimo, depois que me conformei da minha posição como cobaia de suas experiências as respectivas reações de horror não me pertenciam mais, o que lhe deixava extremamente chateada e mais incentivada.

— Desta vez, não vou tocar em nenhum só fio de seu cabelo. — contou sentando-se ao meu lado. Um sorriso maldoso ganhou forma em seu modesto rosto delicado.

— Isso é mais algum outro joguinho? Como assim? — indago arqueando a sobrancelha.

— Eu percebi que você não tem apreciado tanto os meus cuidados como antes, tinha algo que te fazia voltar à inércia. Então, hoje, vou atormentar essa sua cabecinha linda! Vou descobrir na marra o que está impedindo nosso progresso. — sorriu mordendo o lábio inferior.

— Hipnose de novo… — vocifero me debatendo.

— Exactement, chère chaton (Exato, querido gatinho)! — comemorou saltando da cama para a cadeira improvisada de plástico.

Voltei a me debater sem parar naquele projeto de cama, mas sua voz parecia ter vida própria. Uma mancha arroxeada incorporou seu corpo inteiro e notei que ela tinha aceitado os poderes de akumatização para promover suas "aulas".

— Apenas relaxe, tudo vai acabar rapidinho. — falou tocando meu rosto e abaixando minhas pálpebras lentamente até que a única coisa que pudesse vislumbrar fosse suas madeixas rosadas caindo sobre mim.

Continua...

Que tenso hein! O que será que aconteceu nesses dois meses?
Esse capítulo cortou meu coração, detesto machucar personagens, mas foi preciso. 🤧

Desde já peço que votem e comentem. Saber que estão gostando é o combustível para continuar! 🧡

•••

PRÓXIMO CAPÍTULO: ESCOLHAS

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