Fascínio

By TniaLopes727

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Obra devidamente registrada na Biblioteca Nacional. Direitos autorais - Tânia Lopes. Tema adulto. SINOPSE A o... More

Fascínio
Fascínio - Capítulo I
Fascínio - Capítulo II
Fascínio - Capítulo III
Fascínio - Capítulo IV
Fascínio - Capítulo V
Fascínio - Capítulo - VII
Fascínio - capítulo - VIII
Fascínio - Capítulo - IX
Fascínio - Capítulo X -
Bônus
Fascínio - Capítulo - XI
Fascínio - Capítulo - XII
Fascínio - Capítulo - XIII
Fascínio - Capítulo - XIV
Fascínio - Capítulo XV
Fascínio - Penúltimo e Último - Capítulos
Recado importante aos leitores!
Capítulo 21

Fascínio - Capítulo VI

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By TniaLopes727

[...]

     Enquanto isto, no andar superior, Vívian questionava a filha.

     _ Que história é esta de gravidez? Percebi que menstruou dias atrás.

     _ Menti para o Nathan. _ Júlia confessou entre as lágrimas.

    _ Que loucura. Isso não se faz, filha! Por quê?! Se quer sair de casa, até compreendo, afinal, as divergências entre você e seu pai chegaram a um ponto insustentável. Se for por isso, podemos arranjar um apartamento para você morar.

     _ Eu amo o Nathan, mãe! _ disse com voz alterada.

     _ Inventou uma gravidez para segurar um homem?! Você sabe que esta mentira não irá longe!

    _ Ele me ama! Tenho esperanças de que Nathan irá compreender a minha atitude. Penso em confessar-lhe a verdade logo após o casamento.

     _ Acabe com essa mentira hoje mesmo! _ aconselhou Vívian.

     _ Não posso, ele poderá desistir do casamento!

     _ Se este homem realmente a ama, irá entender.

     _ Não posso arriscar!

     _ Não vou deixar você continuar com isso!

     _ Por favor, mãe, pelo amor que sente por mim, não conte.

   _ Ah, minha filha _ Vívian abraçou Júlia com carinho e aflição. _ Prometa que, pelo menos, pensará em contar a verdade quanto antes possível.

     _ É só nisto que penso, mãe.

     Batidas na porta distraíram a atenção de mãe e filha. Júlia secou as lágrimas que insistiam em rolar por sua face.

     _ Pode entrar. _ convidou Vívian.

     Nathan apareceu no vão da porta, perguntando em tom casual.

     _ Posso interromper?

     Júlia disparou para os braços fortes, sendo acolhida de imediato.

     _ Acho que devo um pedido de desculpas a você Vívian.

Vívian foi rápida ao dizer:

     _ Se é pelo acontecido, não perca tempo pedindo desculpas. Você agiu corretamente.

   Ela se aproximou de Nathan, dando-lhe um beijo materno, antes de finalizar com os olhos marejados: _ Obrigada por ter defendido a minha filha. Você é o genro que toda a mãe sonha ter. Vou deixá-los a sós.

     _ Não! Por favor, fique._ ele pediu.

     Vívian parou vendo Nathan acomodar Júlia na beirada da cama.

     _ Júlia, eu tenho um compromisso em São Paulo. Inclusive já estou com a passagem em mãos, irei no primeiro voo de amanhã.

     Nathan voltou sua atenção à Vívian, pedindo:

     _ Será que você poderia ajudar Júlia nos preparativos do casamento?

     Nathan não captou o olhar apreensivo que Vívian lançou à filha, antes de responder:

     _ Claro.

    _ Estou pensando numa cerimônia simples, apenas para parentes e pessoas bem próximas. No estado em que Júlia se encontra, seria desgastante demais organizar algo grandioso _ ele acariciou a face de Júlia ao perguntar: _ Concorda comigo?

     _ Concordo. _ anuiu num sussurro.

   _ Assim que eu voltar de viagem, sairemos à procura de um apartamento, de preferência já mobiliado. Coisa temporária, até decidirmos onde iremos morar, se aqui ou em São Paulo. Bem, já está na minha hora, vou pegar minha bagagem.

     _ Mas, para quê pegar a bagagem se você só viajará amanhã? _ perguntou Júlia.

     _ Vou passar a noite em um hotel.

     _ Vou com você! _ disse resoluta.

     _ Você não irá comigo. Ainda não.

     _ Não acredito que pretende me deixar aqui sozinha! _ protestou, com veemência.

     _ Você sabe que não estará sozinha. Sua mãe e seu irmão não contam?

     _ Nathan, meu filho, não tem sentido você ir para um hotel! _ disse Vívian.

     _ O que não tem sentido é eu ficar nesta casa após ter...

     _ Deixe de bobagens! Claro que você não só pode, como deve ficar! _ insistiu Vívian.

     Júlia explodiu indignada:

     _ Eu é que não vou permanecer nesta casa. Não sem você! E, no período em que você estiver viajando, ficarei na residência de Renata.

    _ Isso não! Quero você aqui ao lado de sua mãe! Assim viajarei mais tranquilo. _ ele se acomodou ao lado dela: _ Ouça, doçura, serão apenas alguns dias! E você terá tantas providências a tomar em relação à cerimônia, que nem perceberá o tempo passar. Está bem? _ beijou-a e dirigiu-se à porta, porém, antes de se retirar, informou:

    _ Vou deixar um talão de cheques e cartões de crédito. Gastem o que for preciso. _ lançou um olhar meigo à Júlia, tranquilizando-a: _ Passarei por aqui para me despedir antes de seguir para o hotel. Enquanto isso, aproveite para descansar um pouco.

     Assim que a porta foi fechada, Vívian falou:

     _ Ele é um homem digno, filha, não merece ser enganado.

    _ Eu sei, Nathan é maravilhoso. É tudo que uma mulher deseja. Quanto ao fato de estar sendo enganado... ah, mãe... que Deus me ajude!

     Vívian prensou os lábios, com expressão carregada.

     _ Espero que sua atitude não resulte em profunda dor de perda, filha. Vou descer para ver como está o clima no restante da casa.

     Júlia tomou um banho e optou por usar um vestido de verão. Escovou os cabelos com vigor, deixando que os fios sedosos caíssem livremente sobre seus ombros. Passou uma maquiagem leve. Ao se ver pronta, refreou a vontade de ir até o quarto de hóspedes. Mesmo diante de tanta preocupação, vibrava com a sensação de se sentir amada e protegida. Mal conseguira acreditar quando vira Nathan esmurrar seu pai. E tudo só para defendê-la.

     Batidas na porta fizeram com que o coração de Júlia acelerasse, antevendo a entrada de Nathan.

     _ Entre!

    _ Olá..._ cumprimentou-a com um sorriso maravilhoso, enquanto trancava a porta. _ Deixe eu olhar para este quarto... hã-hã! Brinca com bonecas ainda?

     _ Descobriu meu segredo! _ murmurou, sorrindo.

     Nathan se instalou a seu lado, emendando a brincadeira.

    _ Esta cama é um pouco estreita para dois. Pensando bem, já passamos pelo teste do estofado. Com certeza tiraremos de letra!

     Júlia não conseguia desprender os olhos do rosto marcante de seu futuro marido.

     _ Por que ficou tão séria de repente? _ quis saber acariciando o queixo dela.

     _ Quero gravar esta imagem. Assim, quando me sentir só...

     _ Venha cá. _ pediu puxando-a para seus braços para, então, capturar-lhe os lábios.

     _ Ah, Nathan! Sentirei tanto a sua falta. Quando voltará?

    _ Provavelmente na sexta-feira. E não pense que só você sofrerá com isso. Eu também sentirei saudades. Olhe! _ tirou o relógio de pulso e o entregou a ela dizendo: _Fique com ele até eu voltar, assim lembrará de mim.

     Júlia pegou o objeto com extremo carinho depositando-o sobre o criado-mudo. Em seguida abriu uma gaveta, de onde tirou uma delicada corrente com um pingente e seu nome gravado. Ao colocá-la no pescoço dele, falou:

     _ Espero que não a tire daí. Confiarei em você!

    _ Prometo que só tirarei quando estiver nos braços de outra! _ brincou, tendo como resposta um tapa de amor. Sorriu satisfeito, para então garantir: _ Tolinha, não haverá outra, esqueceu que estou enfeitiçado?

     Júlia fez trejeito de menina manhosa ao reclamar:

     _ Você só viaja amanhã e eu estou sendo obrigada a me despedir hoje.

     Ele meneou a cabeça, lançando um sorriso mais que atraente.

     _ Ok, espertinha! Irá comigo para o hotel.

     _ Sério?!

    _ Também não estou gostando da ideia de passar as próximas horas sem você. Mas terá que acordar bem cedo, pois não vou deixá-la sozinha no hotel.

     _ Combinado! Eu te amo.

     _ Repete! _ sussurrou ofegante.

     _ Eu... _ Júlia interrompeu a frase diante a eminente vontade de beijá-lo.

   _ Vamos sair daqui. Quero amá-la sem pressa e sem corrermos o risco de uma interrupção indesejável. _ ele pediu com sofreguidão.

    Em pouco tempo deixavam a casa dos pais de Júlia. Almoçaram no restaurante do hotel, e ficaram no mesmo quarto que haviam ocupado na noite anterior.

     Amaram-se sem pressa, fizeram planos, sorriram em momentos de total descontração e voltaram a se entregar de corpo e alma.

     Júlia acordou sentindo alguém beijando sua barriga.

     _ Acordamos a mamãe!

     Ela sentou-se de súbito, com as palavras de Nathan ecoando em sua consciência torturada.

     _ Calma, querida! Não se assuste, estava apenas...

    _ Eu sei, já passou. _ limpou a garganta, passando a mão pelos cabelos emaranhados. _ Vou tomar uma ducha rápida. Não quero atrasá-lo.

     Nathan ficou estático, vendo-a se afastar de modo súbito, sem compreender a reação de descaso.

     Uma hora depois, chegavam ao aeroporto. Nathan estacionou o automóvel e girou a chave na ignição, fazendo seu suspiro ecoar no silenciar do motor. Júlia começava a se mover para desembarcar, quando ouviu:

    _ Vamos nos despedir aqui mesmo, será menos triste._ ele segurou a mão delicada levando-a aos lábios._ Sentirei sua falta.

     _ Eu também. _ Júlia começou a sentir seus olhos sendo inundados por lágrimas.

    _ Ei! Serão apenas alguns dias e não anos! Vamos lá, pare de chorar. _ murmurou, enquanto passava os dedos pela face dela.

     _ Como sempre, você tem razão.

     _ Ouvi direito? _ rosnou com um sorriso meigo compartilhado por ela.

     _ Vamos para o lado prático. _ disse ela.

     _ Essa é minha Júlia! Que lado prático?

     _ O carro, em qual locadora alugou? Posso entregá-lo para você.

    _ Não. Você está sem condução. Quero que use este automóvel até minha volta. _ fitou-a no fundo dos olhos ao pedir: _ Júlia, evite confrontos com seu pai. Ignore qualquer provocação que venha da parte dele.

     _ Você sabe que não tenho sangue de barata!

    _ Este é o meu medo _ tomou o rosto dela entre as mãos, insistindo: _ Prometa que vai pelo menos tentar! Querida, você não pode esquecer que está carregando o nosso bebê. É nele que terá que pensar antes de agir!

     Júlia olhava-o séria, sem conseguir emitir qualquer som.

     _ Você é responsável pelo nosso filho... ou filha.

     Nathan levou a mão ao ventre dela: _Tente dormir nas horas certas; alimente-se bem. Nem ouse "pensar" em bebidas alcoólicas. E, pelo amor de Deus, evite seu pai! Pelo menos até eu voltar. Enfim, posso viajar tranquilo?

     _ Pode. _ sussurrou, puxando o ar _ Ah, Nathan, não sei explicar, mas estou sentindo um aperto no peito. A impressão que estou tendo é de que você não vai retornar; pelo menos, não tão cedo.

     Nathan puxou-a para seus braços.

    _ Que bobagem é essa?! Na noite de sexta, estaremos exatamente assim, agarradinhos! _ ele esboçou um sorriso, encorajando-a ao ânimo. _ Muito bem! Agora vamos ao "meu" lado prático. _ esticou o braço ao banco de trás, pegou sua pasta executiva; retirou caneta e papel. Anotou o telefone de sua residência em São Paulo, do escritório e do celular. Ao entregar o papel nas mãos de Júlia falou num sussurro:

     _ Assim poderá me localizar, sempre que desejar.

     _ E a saudade apertar. _ ela emendou, lançando-se a ele.

    _ Isso mesmo! Até... doçura. _ beijou-a apaixonadamente e saiu do carro, caminhando a passos largos, sem olhar para trás.

    Júlia limitou-se a observá-lo, enquanto piscava para que as lágrimas não embaçassem a triste visão de Nathan se distanciando até desaparecer no interior do aeroporto.

    Com um suspiro entrecortado, Júlia lançou as pernas para o lado, passando para o acento do motorista, e girou a chave na ignição. Antes de engatar a ré, inspirou profundamente, sentindo o aroma amadeirado que ficara impregnado no interior do automóvel. Chegando em casa, sentiu alívio ao constatar que seu pai já havia saído para o trabalho. Às onze horas da manhã o telefone tocou. Júlia gritou do alto da escada, avisando que ela mesma atenderia.

     Pegou o fone com a esperança de ouvir a voz de Nathan.

     _ Alô! _ proferiu sentindo falta de ar.

     _ Por que está tão ofegante?

     _ Nathan?! Eu descia os degraus, imaginando ser você...

     _ Meu Deus, Júlia! Será que serei obrigado a relacionar o que você pode e o que não pode fazer, enquanto grávida? Não passou por sua cabeça que poderia tropeçar e rolar escada abaixo?

     Silêncio.

    _ Ei, aindaestá aí? _ perguntou em tom carinhoso, num pedido camuflado de desculpas, pela bronca que acabara de dar: _ Fale comigo, doçura. Nem bem cheguei em São Paulo, e estou morrendo de saudades.

     O coração de Júlia quis saltar do peito.

     _ Também sinto saudades.

     _ Seu pai estava em casa quando você chegou?

     _ Não. Já havia saído.

     _ Ótimo... preciso desligar agora, estão me esperando na sala de reuniões. Ligarei à noite.

     _ Está certo, um beijo.

     _ Não está faltando algo como... eu te amo?

     _ Sou louca por você!

     _ É... também serve. Um beijo, feiticeira!

     Na hora do almoço, Júlia ficou um pouco apreensiva com a chegada de seu pai, mas, para sua surpresa e alívio, ele a ignorou por completo.

    Como prometera, Nathan ligou naquela noite. Na terça-feira, Júlia e sua mãe começaram a jornada dos preparativos para a cerimônia. Nathan ligou tarde da noite, e, em determinado momento da conversa, deixou Júlia sufocada de remorso ao falar do bebê. No dia seguinte, Vívian acordou-a cedo, e ficou surpresa quando a filha arranjou uma desculpa esfarrapada para não sair de casa.

     _ O que há? _ Vívian perguntou, captando que algo estava errado.

    _ Não posso continuar com isso, mãe! Você tinha razão, não é justo o que estou fazendo com Nathan.

    _ O único conselho que posso lhe dar nesse momento é que espere pelo retorno dele, para, então, enfrentar o problema.

     _ Não, mãe. Estou ansiosa por saber se ele entenderá.

     _ Não está pensando em contar a verdade por telefone, não é? _ perguntou aflita.

     _ É exatamente isto que farei. De hoje não passará!

     _ Não entendo você! Quando teve oportunidade, não falou, agora...

     _ Estou me sentindo sufocada com essa mentira entre nós!

   _ Lavo as minhas mãos, filha! _ disse Vívian, antes de se retirar do quarto com semblante carregado.

     Quando o telefone tocou naquela noite, Júlia sentiu-se arrepiar.

     _ Alô.

     _ Júlia? Você está bem? _ perguntou preocupado ao perceber o tom triste na voz dela.

     _ Tudo irá depender da conversa que teremos agora.

     _ Pelo amor de Deus! O que está acontecendo?! Seu pai...

    _ Não, o meu pai não tem nada a ver com isso. É um assunto nosso. Nathan, antes de tudo, nunca esqueça que te amo! _ o choro invadiu-a com violência.

     _ Aconteceu algo ao bebê?! É isso? Fale Júlia! _ perguntou tenso.

     _ É esse o ponto, Nathan.

     _ Perdemos nos...

     _ Não perdemos o bebê. Na verdade, ele nunca existiu.

     _ O quê? Você só pode estar brincando!

     _ Não estou brincando. Inventei o bebê num momento de desespero, por amar você!

     _ Você me fez de palhaço?! Júlia, eu falei do bebê aos meus pais! Ao meu irmão! Você não tinha esse direito! _ trovejou indignado.

     _ Por favor, me perdoe. _ pediu, sentindo um aperto no peito.

    _ Perdão? Você brinca com a vida das pessoas e simplesmente diz... por favor, me perdoe?! Você não passa de uma garota leviana, mimada e terrivelmente egoísta!

     _ Amo você, Nathan. Você me ama! Eu o quero como marido e pai dos meus filhos!

     Ele riu com sarcasmo, antes de jorrar:

    _ Cínica! _ puxou o ar, para conseguir falar claramente: _ Ouça bem, mocinha, procure outro otário para jogar seu papo furado sobre casamento e filhos, porque, comigo, só terá isso em sonhos, "meu bem"! _ ele bateu o telefone.

     Júlia perdeu a noção do tempo, olhando o fone em sua mão, em completo estado de choque. Aquela se tornou a noite mais triste e longa de sua

    Os dias foram passando e a esperança de Júlia se transformando em profundo desalento. Tentara localizar Nathan por telefone, deixando vários recados que de nada adiantaram.

     Na segunda-feira, Júlia estava mais que ansiosa, afinal, contava com o retorno dele. Com certeza, Nathan não era o tipo de homem que deixaria um problema afetivo transpor seu lado profissional. Por volta do meio dia, viu sua esperança se esvair ao saber que Nathan havia transferido a responsabilidade dos negócios ao irmão.

    Na quarta-feira, Thiago apareceu para o jantar. Vívian o convidara com segundas intenções, numa tentativa de ajudar a filha.

     O jantar transcorria em clima harmônico, até Osmar perguntar:

     _ E então, Thiago, quando seu irmão voltará?

     Thiago limpou a garganta, demonstrando o desconforto que sentia.

     _ Bem... devido aos últimos acontecimentos _ olhou de relance para Júlia, logo voltando a falar, parecendo estar pisando em ovos: _ O senhor está sabendo, não?

    _ O que sei é que ele havia pedido a mão da minha filha em casamento e, depois disso, simplesmente desapareceu! _ finalizou, estalando os dedos.

     Júlia sentiu o estômago revirar. Thiago fitou-a intensamente, antes de inquiri-la:

     _ Você não contou a eles?

     Vívian explodiu:

   _ Você sabe, "sim", Osmar, de tudo que está acontecendo! Ou pensa que não percebo você ouvindo atrás das portas?

    _ Ouviu isso, Thiago? _ perguntou Osmar com ironia. _ Só assim consigo saber das coisas que acontecem em "minha" casa, ouvindo atrás das portas! _ lançou um olhar fulminante à esposa, dizendo: _ É claro que já sei sobre mais esta palhaçada que a "sua" filha aprontou! _ voltou a olhar para Thiago: _ E lhe digo uma coisa, meu rapaz, não me leve a mal, mas foi bem feito para o seu irmão aprender. Bem que tentei avisá-lo!

     Henrique até então calado, esbravejou:

     _ Se para saber das "coisas", você é obrigado a ouvir atrás das portas, meu pai, deve ser por...

     _ Cale-se Henrique! _ ordenou a mãe: _ Já basta seu pai e sua irmã ficarem brigando entre si!

     Thiago passou o guardanapo nos lábios, e pediu licença ao levantar.

     _ Desculpem-me, mas está na minha hora.

     _ Eu o acompanho até a saída. _ disse Vívian: _ Júlia, venha comigo.

     Júlia limitou-se a assentir com a cabeça, seguindo logo atrás de sua mãe e Thiago. Ao chegarem à sala, Vívian pediu:

     _ Thiago, espere só um minuto, por favor, há duas coisas que quero que entregue a seu irmão. Júlia lhe fará companhia até eu voltar.

     Antes mesmo de ver a mãe desaparecer no topo da escada, Júlia pediu:

     _ Thiago, por favor, interceda por mim, peça para ele me ouvir! Amo seu irmão.

    _ Você brincou com fogo, Júlia. Nathan é um homem de personalidade forte. Duvido que ele a perdoará por tê-lo enganado.

     _ Mas...

     _ Entenda, você brincou justamente com o ponto fraco dele: filhos! Siga meu conselho, esqueça o meu irmão.

     O retorno de Vívian cortou a difícil conversa.

     _ Aqui estão, o talão de cheques e alguns cartões de crédito. Entregue-os a Nathan, por favor.

     _ Entrego, sim.

   Thiago estendeu a mão numa despedida a Vívian. _ Desculpe por ter tumultuado o seu maravilhoso jantar.

     _ Eu é que peço desculpas pela cena que foi obrigado a assistir.

     Júlia percebeu o olhar de pesar que Thiago lançou ao estender-lhe a mão.

     _ E a você, peço desculpas por não ter alimentado suas esperanças. Faltaria com a realidade, se fizesse isso.

     Júlia correu escada acima, sem se importar que isso deixava à mostra todo o seu sofrimento.

     Duas semanas se passaram sem que Júlia conseguisse amainar sua dor. Certa noite, olhava para o relógio de pulso que Nathan deixara num momento de extremo carinho.

     Os ponteiros indicavam uma hora da manhã. Uma lágrima borrou o visor do relógio, enquanto se torturava tentando imaginar o que Nathan estaria fazendo naquele exato momento.

     Cansara de ligar para o celular dele, sempre desligado ou fora de área. Nas poucas vezes que conseguiu completar, a ligação foi interrompida assim que identificada a origem da chamada. Num impulso, pegou o fone. E entre ligar para a casa ou celular, resolveu insistir na última alternativa.

     Júlia estremeceu quando ouviu o aparelho dando sinal de chamada; lutava contra o receio de Nathan desligar ao ler o número no visor.

     _ Alô...

     A voz grave e sonolenta fez com que o sangue de Júlia corresse como lava nas veias.

     _ Nathan..._ foi impossível disfarçar a voz chorosa. _ por favor, não desligue...

     Silêncio.

     Ela cerrou os olhos, sentindo um forte tremor ao ouvi-lo inspirar profundamente do outro lado da linha.

     _ Sei que errei, mas tem de acreditar quando digo que te amo! Volte para mim, por favor, volte! _ terminou num murmúrio angustiado.

     _ Não.

     _ Você disse que nunca me abandonaria. _ o choro tornou-se intenso.

     _ E você mentiu estar grávida! _ despejou impaciente. _ Quer... quer parar de chorar?!

    _ Não... con... sigo. _ sussurrou, demonstrando dificuldade em respirar, devido ao choro e ao nervosismo.

    _ Ah, Deus! _ Nathan resmungou, fingindo enfado, quando na verdade, começava a travar verdadeira luta interior: _ Inspire, Júlia, e solte o ar bem devagar.

     A simples orientação serviu como um bálsamo às feridas de Júlia.

     _ Por favor, me dê uma chance, apenas uma!

     _ Não costumo voltar atrás em minhas decisões.

     _ Estamos falando de sentimentos, não de negócios!

    _ Não me deixo envolver apenas por sentimentos, aprendi isso a duras penas. Aproveite a amarga experiência como um aprendizado para sua vida futura. Seja ela com quem for.

     _ Não consigo me ver ao lado de outra pessoa que não você.

     _ Sinto muito, mas comigo não será possível.

     _ É a sua última palavra?

     O tom da voz de Júlia fez com que Nathan engolisse em seco. Um receio repentino e nada bem vindo instalou-se nele.

    _ Júlia, tenho milhões de coisas a resolver logo cedo... Não posso me dar ao desfrute de ficar jogando conversa fora, em plena madrugada. Passe bem! _ bateu o telefone, tendo a certeza de estar totalmente entregue àquela mulher. Sabia que acabaria voltando para os braços dela, mas não de imediato.

     _ Se você realmente me ama, doçura, vai me esperar. _ murmurou recostando-se no travesseiro.

     Henrique passava em frente à porta do quarto da irmã, quando a ouviu soluçar.

     Bateu levemente na madeira maciça.

   _ Júlia, você está bem? Posso entrar? _ perguntou ao mesmo em que girava a maçaneta. Aproximou-se, condoído ao vê-la entregue ao pranto. Sentou na beirada da cama, puxando-a para um abraço fraterno.

     _ Por que não desabafa comigo? Ah, maninha, eu avisei a você que com Nathan as coisas seriam diferentes.

     Aos poucos Júlia foi se acalmando e criando coragem para relatar a conversa que acabara de ter com Nathan.

     Henrique ouviu-a pacientemente, para então falar:

     _ Vou lhe dar um conselho. Não o procure mais!

     _ Mas, Henrique, eu amo Nathan! Não quero perdê-lo.

    _ Se continuar correndo atrás, se humilhando, aí sim o perderá! Sei o que estou dizendo; nós homens cansamos das mulheres que ficam no nosso pé. _ ele segurou o rosto da irmã, com as mãos em concha: _ Ouça, você errou, sim, e feio! Mas também não cometeu nenhum crime. Se Nathan a ama, de verdade, irá voltar!

     _ Será?

    _ Tenho plena certeza. Claro que isto não vai acontecer de hoje para amanhã. Ele irá dar um tempo _ piscou matreiro. _ Tempo movido pelo ego, entende? Aliás, dona Júlia, você se apaixonou por esse homem justamente por ele ser do jeito que é, durão, determinado... genioso. Estou errado?_ ela negou com a cabeça, exibindo um tímido sorriso.

     _ E se ele não me procurar? _ perguntou, ainda cercada por insegurança.

     _ Se isso acontecer, será porque ele nunca a amou. E, nesse caso, não valeria tanta humilhação. Correto?

     _ É, você tem razão. Nunca havia sofrido assim por um homem. Dói demais!

    _ Eu sei, mas você vai aprender a lidar com essa dor. Um dia iremos dar boas risadas de tudo isso. Agora tente dormir. _ ele a ajudou a se deitar e cobriu-a com o lençol. Já se retirava quando ouviu seu chamado:

     _ Hum?

     _ Obrigada pelo conselho.

     _ O primeiro é gratuito. Já o segundo, costumo cobrar caro. _ brincou antes de fechar a porta atrás de si.

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