Flores de Inverno ♡ changki

By moonIighting_

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Um namorado perfeito, amigos de infância fiéis e sempre presentes, a perspectiva de ascender no trabalho. A v... More

Girassol
Narciso
Espinhos
Submerso
Crisântemo amarelo
Florescer
Luz
Competição
Fantasmas
Perdidos
Alguma coisa aconteceu
Mudança de planos
Azar
Confiar e esquecer
Flores de inverno
Surpresa!
Shin Hoseok
O começo de algo novo
Bom com segredos
Simples
Tempestade
Quente e frio
Inferno
Extraordinário
Cinco segundos
Caos
Sonhos
Despedaçado
Farol
Novidades
Diálogo
Quebra-cabeças
Raízes
Pisando em neve
Castelo de Pedras
"Mas..."
O dia
Paciência
Bom o bastante

Prólogo

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By moonIighting_


Lábios macios e úmidos o acordaram. Não era uma sensação nova; muito pelo contrário; a boca de Hyunwoo em seu corpo era uma constante em seus dias. Mas ser rotineiro não fazia com que Kihyun deixasse de sentir arrepios ao senti-lo tão próximo, acordando-o tão carinhosamente. Shownu acordá-lo com beijos gentis havia se tornado uma tradição entre os dois, assim como muitas outras que os dois haviam criado em nove anos de relacionamento.

Haviam se conhecido ainda muito jovens, na escola do bairro que ambos moravam. Na época, Kihyun ainda vivia grudado com Jooheon e Hyungwon, andavam em bando, como a maioria dos adolescentes. Era como se precisassem estar juntos, a personalidade de cada um deles estava diretamente vinculada com a identidade do grupo. Gostavam das mesmas coisas, viam os mesmos filmes, escutavam as mesmas músicas, tinham o mesmo vocabulário.

Hyunwoo, ao contrário, estava sempre sozinho, mergulhado demais na identidade do seu pai para criar uma própria. Andava com livros clássicos na mão, todos recomendados por sua família, que esperavam que Shownu fosse mais do que um herdeiro comum, queriam que ele fosse um intelectual, o melhor homem possível para gerenciar o império que estavam construindo na indústria de carros.

Foi exatamente os livros nas mãos daquele rapaz alto e quieto que chamaram a atenção de Kihyun, não o próprio Shownu, pelo menos não a princípio. O amor pela literatura era um dos poucos pontos da personalidade de Kihyun que não se cruzava com os interesses do grupo que participava. Seu tempo na biblioteca ou em sua casa lendo era algo muito particular seu, um dos poucos momentos em que estava completamente só. Pelo menos até o momento em que conheceu Hyunwoo.

Sentado no fundo da biblioteca, encolhido em seu casaco e se escondendo do barulho do pátio, Kihyun estava distraído em um dos romances de Jane Austen. Ele não era exatamente um rapaz romântico, gostava de pensar que o amor não era algo que mexia consigo, no entanto, durante aquela tarde, Kihyun havia se rendido a prestigiada escritora inglesa. Estava entretido na mundialmente famosa história de Elizabeth Bennet e Mr. Darcy quando pernas longas e fortes se chocaram contra seu corpo. Sua boca suja trabalhou mais rápido que sua racionalidade e ele já estava xingando o "desgraçado' que havia tombado em si.

Quando percebeu os olhos assustados de Shownu, seu corpo grande e forte retraído, e seus pedidos de desculpas repentinos, Kihyun imediatamente relaxou o rosto e sorriu divertido. Assim que Hyunwoo o questionou sobre a razão de seu divertimento, Kihyun disse em tom de brincadeira que Shownu reagiu como se tivesse pisado na patinha de um cachorro e que havia achado sua reação bastante fofa para um rapaz daquele tamanho.

Depois daquela conversa estranha, os dois se aproximaram de vez. Hyunwoo, aos pouquinhos, foi sendo introduzido ao grupo. Felizmente todos se conectaram de maneira intensa e verdadeira. Kihyun sempre via Shownu conversando por horas com Hyungwon, os dois entediam bem a pressão de vir de uma família rica e tradicional. Diferente do próprio Kihyun e Jooheon, que eram bolsistas e tinham pais menos conservadores.

Também era divertido ver Jooheon e Shownu falando sobre música, assunto do qual Kihyun normalmente fazia parte também. Anteriormente, Hyunwoo não teve muito contato com a música, afinal não era do interesse dos seus pais e avós que ele seguisse a carreira artística, mas Jooheon lhe apresentou aquele mundo e Shownu mergulhou nele de cabeça, finalmente construindo gostos próprios, sem a influência familiar.

Já com o próprio Kihyun, a relação era muito mais intensa e confusa. Eles não costumavam ficar muito tempo sozinhos ou, estranhamente, surgia uma aura de constrangimento e vergonha. Seus rostos ganhavam tons rosados, suas palavras saiam sem sentido e seus corpos pareciam energizados por uma sensação que ambos ainda não compreendiam. Demoraram a perceber que todos aqueles "sintomas" representava algo novo para ambos: o primeiro amor.

- Acordou distraído hoje. - Shownu o chamou, trazendo-o de volta ao presente e o fazendo sorrir enquanto contemplava o rosto mais maduro e bonito de quando ambos se conheceram.

- Estava pensando em como você era um bobão quando nos conhecemos. - Provocou, brincando, ao mesmo tempo em que estendia sua mão e acariciava a bochecha esquerda de Shownu. Com a ponta de seus dedos, ele conseguia sentir a aspereza da barba por fazer do seu namorado. - Quer ajuda com a barba?

Assim como Shownu acordá-lo com carícias gentis havia se tornado uma tradição para ambos, Kihyun ajudar Hyunwoo com a barba também era algo cotidiano para os dois. Poderia parecer bobo, trivial, mas eram aquelas pequenas delicadezas e gentilezas que faziam Kihyun e Shownu serem um casal tão apaixonado e calmo. Vê-los em conflito era tão raro quanto o alinhamento dos planetas ou o desabrochar de uma flor no inverno.

- Você sabe que sim. - Shownu respondeu amorosamente, inclinando o rosto para frente e deixando um selinho em seus lábios. - Você precisa mesmo ir para o trabalho hoje? A nossa viagem já é amanhã e eu preciso da sua ajuda.

- Já está tudo pronto para nossa viagem, bobinho. - Retrucou, rindo, apertando o biquinho que Shownu havia feito com os lábios e deixando um último beijo em sua boca carnuda antes de levantar-se da cama de uma vez, antes que fosse convencido pelos braços fortes e quentes de Hyunwoo e seu abraço aconchegante.

Na noite passada, Kihyun e Shownu haviam saído para a casa dos pais do mais velho e, graças a longe viagem de carro, estavam exaustos. A casa dos seus sogros ficava localizada no interior, bem longe da cidade e, consequentemente, bem longe do apartamento bonito e espaçoso que Hyunwoo e Kihyun dividiam. Eles tinham o hábito de visita-los toda semana; a mansão da família Son sempre bem iluminada, com cheiro de carne assada e sorrisos animados esperando-os toda quinta-feira. Para a surpresa de ambos, a família de Shownu não se opôs ao relacionamento deles. O mais novo ainda era chamado socialmente de "amigo da época de escola do Hyunwoo", mas era óbvio para todos os envolvidos que ambos eram um casal. Kihyun sempre imaginou que seria pior, afinal, a família Son era extremamente conservadora, mas ele era sempre tratado muito bem e isso era mais que o suficiente para si.

Deixou Shownu na cama, descansando por mais alguns minutos, enquanto corria de um lado para o outro, se arrumando para o trabalho e organizando a casa, guardando objetos fora do lugar, lavando dois pratos que haviam ficado na pia e organizando as roupas que haviam deixado pelo chão na noite anterior. Ele odiava que sua casa ficasse desorganizada, fora de ordem. Shownu já havia proposto que eles contratassem alguém para ajuda-los com a arrumação do apartamento, mas Kihyun se recusava. Gostava de cuidar do seu lar, mesmo que às vezes resmungasse sobre isso pelos cantos, fazendo Hyunwoo rir baixinho.

Estava quase completamente pronto: uma calça social lisa, acompanhada de uma blusa branca e um blazer escuro por cima. Os cabelos estavam bem arrumados e ele se olhava no espelho num misto de orgulho e ansiedade. Pegou as folhas de um livro sobre a mesa. Não um livro qualquer, mas o seu livro. Ele havia entregado o manuscrito para seu chefe há algumas semanas e não havia recebido resposta alguma. O homem nunca havia ido com a sua cara, sempre querendo que ele fosse ofuscado em seu papel de editor. Kihyun deveria imaginar que o homem nem ao menos leria sua história, portanto, aquele seria o dia em que Yoo Kihyun iria buscar apresentar seu livro para a editora chefe da empresa. Sabia que era arriscado, mas Kihyun sempre sonhou com uma carreira de escritor e, agora, aos vinte e cinco anos, Yoo sentia que deveria correr com ainda mais vontade atrás dos seus sonhos.

Quando voltou para o quarto, o rosto iluminado de animação e as pernas bambas de medo, ele encontrou Hyunwoo ainda na cama. Seu namorado ainda de cueca, com os olhos inchados de sono fechados. Kihyun sentou-se ao lado do homem na cama, acariciando seu rosto, o que fez Shownu abrir os olhos, arregalando-os em seguida ao ver Kihyun já completamente vestido.

- Não precisa me levar ao trabalho hoje, amor. - Garantiu, tentando tranquilizar o mais alto. Era uma rotina Shownu leva-lo ao trabalho, ir tomar café e depois seguir em direção à empresa na qual administrava. Mas Hyunwoo parecia tão exausto e Kihyun não poderia se atrasar hoje. Precisa entregar seu trabalho de anos para a chefe do departamento antes que seu próprio chefe chegasse.

- Mas... Tem certeza? Não vai ficar chateado?

- Claro que não. Eu ligo para você e te conto as novidades. Se der tudo certo, vamos sair hoje para comemorar, sim? - Shownu imediatamente aceitou sua sugestão, balançando a cabeça em afirmação e então puxando o rosto de Kihyun para perto. O homem deixou um beijo em sua testa, lhe desejou boa sorte e disse que o amava carinhosamente antes de voltar a fechar os olhos e dormir quase que imediatamente.

Kihyun sorriu, retribuindo aquele "eu te amo", sem nem ao menos imaginar que seria o último por um longo tempo.

Os passos de Kihyun eram apressados pelas calçadas estreitas do bairro em que ficava a editora que trabalhava. A cada passo que dava em direção ao prédio charmoso que passava oito horas do seu dia, Kihyun se sentia mais e mais ansioso. Várias perguntas passavam em sua mente, sua confiança se desvaecendo aos pouquinhos, as páginas do livro pesando em suas mãos suando de nervosismo, enquanto ele se perguntava se aquela obra realmente estava boa ou se seus amigos apenas eram gentis demais para lhe falarem a verdade.

Não, definitivamente não. Tentou se convencer. Seus amigos com certeza eram protetores demais para deixarem que ele fosse com um livro ruim na chefona da empresa. Eles o alertariam, o ajudariam nos pontos ruins, seriam as pessoas que ele conhecia e confiava. Respirou mais aliviado com aquele pensamento, parando na calçada e esperando que o sinal fechasse. Durante aquele pequeno instante, Kihyun abriu seu celular, checando as mensagens e rindo ao ver Jooheon mandando uma mensagem no grupo na qual todos os amigos participavam.

Na imaginam, Im Changkyun - um novo amigo de Jooheon e apenas conhecido dos outros membros do grupo - trajando apenas um avental, cozinhando algo no forno. O detalhe da foto era a bunda de Changkyun completamente para fora. Kihyun respondeu apenas "Visão do inferno", brincando. Jooheon logo enviou um "Changkyun disse que vai chorar". Sabendo que era apenas deboche da parte dos mais novos, Kihyun apenas riu e bloqueou o celular, guardando-o novamente no bolso.

Atravessou a rua com tranquilidade, parando em frente a uma padaria e comprando um café forte. Ainda tinha mais alguns minutos antes de sua chefe chegar; poderia se dar aquele pequeno "luxo". Estava encostado no muro da padaria, observando a movimentação sempre frenética daquela região repleta de empresas, as pessoas indo e vindo de seus trabalhos, sempre ocupadas. Havia certa harmonia naquele caos: os mesmos sons de carros buzinando, as pessoas conversando com seus colegas de trabalho, o som da risada dos mais bem-humorados.

Sendo assim, quando algo "quebrou" aquela harmonia, logo a atenção de Kihyun foi desviada. Escutou um miado baixinho, mas próximo. Quando procurou de onde saia aquele som, Kihyun percebeu, com certa surpresa, um gatinho no meio da sua. Não havia carros próximos, mas o animalzinho não se movia, miando dolorosamente. Kihyun não demorou a perceber que a patinha dele estava quebrada e ele agonizava de dor no meio da rua, passando completamente despercebido para as outras pessoas.

Aproveitando que a rua ainda estava vazia e o sinal fechado, Kihyun deixou o copo de seu café quase vazio sobre uma mesa, andando em passos rápidos em direção ao meio da rua. Equilibrou seus papéis em um único braço, agachando-se em frente ao animal ferido e tentando pegá-lo no colo. Ao contrário do que esperava, o gato não pulou sobre seu colo, mas se afastou um pouco, assustado.

- Eu não vou machucar você. - Kihyun disse em tom de voz baixinho, estendendo sua mão em direção a cabeça do bichinho. Após alguns segundos de desconfiança, o gato esfregou sua cabeça contra a mão estendida de Kihyun, o fazendo sorrir aliviado. Ele demorou alguns instantes para conseguir colocá-lo no colo, afinal o animal estava machucado e Kihyun não queria piorar a situação.

Mas aqueles instantes lhe custariam muito caro.

Ainda estava focado apenas no animalzinho - Kihyun já pensava como convenceria Shownu a adotá-lo e pensava em nomes fofos para o bichinho - quando escutou uma buzina próxima. Próxima demais. Assim que ele ergueu seu rosto e olhou para trás, Kihyun teve tempo apenas de abraçar o animal contra seu torso e ver a lataria vermelha do carro que estava há poucos metros de distância. Não conseguiu erguer-se, nem mesmo rolar no chão. O carro o atingiu tão fortemente que o barulho ensurdecedor do seu corpo sendo lançado pelo veículo, finalmente, fez com que o caos daquela rua tivesse apenas um único foco.

Uma multidão o cercava; carros buzinavam e o senhor que havia o atropelado parecia chorar ao seu lado, enquanto alguém gritava para que ligassem para a emergência. A visão de Kihyun estava nublada, apenas conseguia ver rostos apavorados. Ele demorou alguns segundos para perceber que seu corpo era o que estava causando tanto pavor. Perguntou-se como estava, perguntou-se se sobreviveria aquilo e, estranhamente, também se perguntou quem ficaria com o gatinho caso ele se fosse.

Não teve respostas para aquelas perguntas. Apenas caiu em um sono profundo, sua dor sendo substituída por uma sensação pura e gélida de vazio e escuridão. Kihyun estava caindo em um buraco escuro e, apesar de não saber disso, ele ainda demoraria muito tempo para sair daquele lugar. Mesmo após seu despertar.



Oi, meu amores! Eu espero q gostem da história! Eu não sei direito mexer nesse site, mas vou me esforçar pra aprender! Obrigada por lerem <3

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