— Nicki, você está aí? — A voz de Chris nos fez pular de susto.
Arregalei os olhos.
Estávamos fodidos se o mesmo nos visse aqui.
Todos os garotos decidiram invadir o banheiro feminino hoje, porra?
Bem, como apenas eu sabia a verdade, Sammy continuou tranquilo, me olhando divertido até.
— Ele foi corno duas vezes. — Sussurrou.
Tapei sua boca, tentando ficar séria.
— Olha, parabéns pela perfomance, foi maravilhosa. Esse namoro falso está me divertindo mais que o esperado. Eu preciso te chantagear mais vezes.
Samuel arqueou as sobrancelhas, voltando a sorrir vitorioso.
Eu não sei se agradecia ou batia em Chris pela sua boca grande.
— Você está aí ou não?
— Já estou saindo, caralho. Não posso trocar uma merda de um absorvente?
— Céus, hoje você está muito nervosinha. Sabia que não era atoa.
— É o banheiro feminino. Saia agora!
— Não está mais aqui quem falou, chata.
Depois de alguns segundos, chequei para ver se ele realmente havia ido embora. Vendo o local vazio novamente, fechei a porta da cabine.
— Algo a dizer, Rivera?
— Fique fora disso, Samuel. Não é assunto seu.
— Você só pode estar de brincadeira com a minha cara.
— Falo sério. Aquele papo de não se intrometer na minha vida pode começar agora.
— Oh, tudo bem. Se quiser eu vou até ele agora mesmo e o encho de porrada até confessar a verdade.
— Fique. Fora. Disso.
— Já que você não me deu opções. — Deu de ombros, pronto para sair dali. O puxei novamente, nervosa.
— Samuel, por favor. Eu te peço de todo o meu coração. Me deixe resolver isso sozinha. Por favor.
— Claro, Nicki. Com certeza vou te deixar nas mãos da porra de um sociopata que acha que pode manipular todo mundo. Vou fingir que não escutei que ele te chantageia, a obriga a namorar com ele e faz você fazer essas cenas ridículas em público.
Bufei, passando as mãos pelo cabelo.
— Não me obrigue a te contar. Não faça isso. — Praticamente implorei.
— NICKI!
— O QUE É?
— ME CONTA!
— POR QUE ESTÁ GRITANDO COMIGO?
— PORQUE SIM!
— PARA!
— PARA VOCÊ!
— Quantos anos você tem? — Murmurei, finalmente abaixando o tom de voz.
— Não muito menos que você, já que se acha a heroína de capa e espada e pretende salvar tudo e a todos sofrendo sozinha.
Eu não tinha mais argumentos, então decidi partir para algo mais agressivo, tentando distraí-lo.
— Quer saber? Vá a merda, Samuel. Você não deveria nem estar aqui de qualquer maneira.
— Vá a merda você! Não vou te deixar sozinha nessa.
— Vai sim!
— Não vou!
— Eu estou a um passo de voar em você.
— Se você não me contar em cinco muitos, eu vou até lá e o mando para o hospital a base de pontapé por estar fazendo isso tudo com você e atrapalhado nosso beijo.
— Que beijo? Não me lembro de beijo nenhum!
— Ah, não?
O capeta não me deu a chance de continuar retrucando, pois me beijou novamente.
E eu, como uma bela idiota, correspondi.
Ele me deu um selinho, separando nossas bocas, mas continuou com os lábios próximos aos meus.
Nicki, pode ficar vermelha, só não fique vesga!
— Linda, podemos continuar aqui, nos beijando o dia todo, mas eu realmente preciso que você desembuche.
Suspirei, decidindo falar logo de uma vez. Não me restavam mais opções desde que Miles confessou toda verdade sem querer.
Então, contei meus motivos a ele. No final, seus punhos estavam cerrados e seus olhos pegavam fogo.
— Eu vou lá matar ele de porrada, caralho.
Samuel praticamente voou para fora da cabine, me fazendo correr atrás dele e entrar na sua frente.
— Sammy, para agora! — Não adiantou, pois ele continuou correndo pelo corredor. Felizmente o sinal havia batido na hora e os alunos se aglomeravam ali, movimentando-se. Ninguém prestou atenção no meu ex-namorado enfurecido e nem em uma versão minha desesperada. — Por favor, não vale a pena! Primeiro precisamos pensar em algo para ferra-lo.
— Eu quero ferrar com a cara dele agora, Nicki. Esse doente fodido!
Coloquei as mãos em seu peito, subindo até sua nuca e acariciando. Percebi sua respiração ficando mais rápida, e isso não era nada bom.
— Está tudo bem. Você pode me ajudar desta vez, mas precisamos ser inteligentes. — O laboratório de biologia ao nosso lado estava vazio. O puxei para dentro do mesmo, continuando a falar: — Se você mostrar a ele que sabe a verdade, a peste vai te dedurar. Temos que pensar em algo para nos livrarmos dele de uma vez por todas, mas esse momento não é agora, então se acalme.
Wilk respirou fundo, assentindo.
— Tudo bem. Eu já tenho uma ideia de como podemos começar.
— Como?
— Brooklyn Harris.
— O que ela tem a ver, Sam? — Não pude deixar de alfinetar, imitando a voz da mesma.
Ele apenas rolou os olhos, prosseguindo:
— É a ex de Chris. Conversamos um pouco sobre tudo, ela me atualizou sobre que aconteceu em Los Angeles no tempo que eu estava fora e essas coisas, e pelas poucas vezes que tocou no nome dele, eu percebi o nojo em sua voz. Com certeza Brook tem algum podre dele para compartilhar ou pode nos ajudar a procurar.
— Brook? — Após sua segunda revirada de olhos, decidi deixar pra lá. — Tem certeza que podemos confiar nela?
— Ela não me pareceu alguém que cai de amores por aquele doido. Mesmo que não nos ajude, não vai contar nada a ele.
— Tudo bem. — Por fim, concordei. Eu não tinha pensando em nada até aquele ponto e queria me livrar disso tudo logo. Essa ajuda seria mais que bem vinda no momento. — O resto do grupo não pode saber. Eles vão ficar tão bravos quanto você e não quero que tenha a possibilidade de Chris ser um perigo para eles também.
— Fico imensamente agradecido que tenha carregado esse fardo de merda por mim. Sério, babe. Obrigado de verdade. Porra, eu... — Ele se perdeu em suas palavras, apenas me puxando para um abraço. Retribuí.
— Samuel, você está me sufocando. — Murmurei. Afrouxou o aperto, rindo fraco.
— Ainda usa? — Fiquei confusa com a pergunta por algum tempo, até olhar para o meu pescoço e ver o colar que ele havia me dado há meses atrás para fora da blusa. Um pouco constrangida, o "escondi" novamente, sem saber o que dizer. — Eu também. — Retirou o seu, me fazendo engolir em seco.
— Nós somos péssimos em superar as coisas. — Sussurrei com a voz falha.
— Você quer superar?
O sinal tocou novamente, demonstrando que era a última chance dos atrasados retornarem às aulas.
Salva pelo gongo!
— Tenho que ir.
Não esperei sua resposta, correndo.
Samuel Wilkinson me assustava mais que qualquer coisa nesse mundo.