Ilha Fênix - Camren

By thamzCS

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Na teoria a Ilha Fênix é um campo de treinamento para adolescentes problemáticos. Porém os segredos da Ilha e... More

O Julgamento
Ilha Fênix
Cabine do Suor
Era isso que você queria ?/ Cabine do suor pt²
Temos 4 horas
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O Stark é um herói!

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By thamzCS

Olá seus gays e gayas kkkk que merda. Gente o cap de hoje está foda, espero que gostem ALTAS REVELAÇÕES HAHAAHAHAHHAHAHAHAH (RISADA MALÉFICA)
Parem de ser calados que droga eu amo responder vcs mas vc são quietos demais.

A fic tá em reta final. Eu não sei se faço mais capítulos só que um pouco menores ou poucos capítulos só que grandes tipo esse 7 mil palavras me amem seus arrombado. Compartilhem fazendo o favor PQ EU ME MATO AQUI PRA FAZER ESSES CAPS MARAVILHOSOS O MINIMO QUE EU MEREÇO É A GENTE BATER 2K kkkkk amo vcs

IG: Thamzcs

LEIAM THE TRUE SELF TA NA MINHA CONTA

sem revisão.

POV CAMILA

Eu estou aqui a não sei quantos dias, e cada dia que passa é um inferno a mais. Guardas vem aqui e eu sou espancada logo depois Stark vem tentar me convencer que o que eles fazem aqui é do bem é pra ajudar. Hoje eu já tomei minha surra e provavelmente daqui a pouco Stark está aí. Dito e feito.

- Ola, menina prodígio.

- Oi, Stark

- Lembra quando eu te disse que o duelo do Sargento Freeman e da Verônica Iglesias foi cancelado? - Sim, a alguns dias atrás ele veio me falar que o duelo foi cancelado por algo maior. Apenas assenti. - Então, nesta madrugada acontece o duelo com os Vampiros. Quem sobreviver sobe de patente.

- Morte. Matar. Morrer. Só isso se passa pela sua cabeça Stark ?

- Não fale assim comigo. Você não entende. Apenas os melhores sobrevivem, você é a melhor porém todo esse seu sentimentalismo te atrapalha.

- Não é sentimentalismo, é ter noção Stark. Eu não sou louca como você. Eu mato quem me ameaça.

- Você não mata os guardas que vem aqui.

- Eu estou morrendo. Como você quer que eu mate alguém ?

- Você matou seus pais senhorita Cabello.

- Você fale o que não sabe.

- O pior é que eu sei. Você não tem chances aqui. Se quiser sobreviver vai ter que se juntar a mim.

- Eu prefiro a morte.

- Sua namoradinha apanha todos os dias sabia? - Fechei os olhos e respirei fundo. - Ela começou um relacionamento com Davis, e ele agora é o braço direito do Parker. Você acha que ele é o pai?

- Eu não sei. - Fechei os olhos novamente.

- O Parker não perdeu a chance de se aproveitar dela e você sabe.

- Eu não sou nada dela Stark. O que ela faz ou deixa de fazer não é da minha conta.

- Você não sente mais nada por ela?

- Não. E acho que nunca senti.

- Acho que você já pode sair daqui não?

- Não sei.

- Você não pode ser disperdisada criança. Hoje daqui a algumas poucas horas terá o duelo contra os vampiros. Depois de amanhã eu venho te tirar daqui. Aí sim você entenderá o porquê de tudo isso.

- Todos vão participar?

- Sim, menos você.

- Até mesmo os Sargentos ?

- Sim, se eles não servem em combate não tem o porquê de ficarem ocupando lugar na minha Ilha.

- Você é louco. E por que você não vai para o combate também?

- Por que, eu que mando nisso tudo aqui. Sabe, levo uma vida muito simples, Camila que você poderia chamar de uma existência espartana. Conhece os espartanos?

- Vi o filme 300.

— Ah, sim, os corajosos trezentos nas Termópilas. Uma história eterna e uma parte importante da história humana. Há muito tempo é a favorita das forças especiais dos Estados Unidos: SEALs, Boinas, Rangers, Reconhecimento e Delta. É uma história com a qual todos podemos nos identificar: um pequeno grupo de guerreiros bem treinados, imensamente superados em número, esperando por reforços que nunca chegaram. — Um sorriso feroz surgiu em seu rosto. — Mas arrasando tudo enquanto esperavam. Aos espartanos, só a guerra importava. Todo o resto, dinheiro, joias, decoração de qualquer espécie, não significava nada. O estilo de vida simples deles me serve bem. Não desejo coisas bonitas: carros chamativos, casas caras, televisões de tela grande. Nada disso. Se arranjar essas coisas, sabe o que acontece?

Sacudi a cabeça.

— Nunca tive muita coisa.

O comandante juntou os dedos.

— Vou lhe dizer, então. Você adquire algumas coisas e depois quer mais. E mais. E mais. Para as pessoas comuns, possuir coisas bonitas fornece o único senso de poder que vão conhecer em toda a sua vida. A propriedade é venenosa, senhorita Cabello. Nunca acumule coisas apenas para tê-las e nunca confunda posses com poder.

Concordei. Fazia sentido.

Stark perguntou:

— Conhece a mitologia grega?

Encolhi os ombros fazendo uma careta depois do ato.

— Zeus? - Pergunto.

— O rei dos deuses, né? - Falei.

Isso valeu um sorriso.

— Correto. Ele vivia no topo do Monte Olimpo, de onde podia dominar o mundo dos seus adoradores, os seres humanos. Conhece a história de Prometeu?

Meneei a cabeça, negando. E revirando os olhos mentalmente.

— Quando o mundo era jovem — contou Stark —, a humanidade vivia em cavernas e levava uma vida simples, feliz, existindo só para adorar os deuses.

— Como Adão e Eva? - O comandante sorriu novamente.

— Sim, e a Grécia antiga era o Jardim do Éden desses adoradores, até que alguém, não a serpente, mas um titã chamado Prometeu, destruiu o paraíso… com um presente. - Esse cara e os ataques de nerd dele.

— Uma maçã? - Debochei. Sim eu conhecia a história de prometeu. E a resposta para a pergunta dele é fogo. Mas é bom deixar ele achar que é inteligente. Stark balançou a cabeça, negando.

— O fogo. Prometeu roubou o fogo dos deuses, levou-o Monte Olimpo abaixo e o compartilhou com a humanidade. No início, tiveram medo das chamas, mas, quando Prometeu mostrou às pessoas como podiam cozinhar carne, clarear a escuridão e se manter quentes e secas até nas noites mais frias e úmidas, o fogo pareceu uma grande bênção.

— Mas foi na verdade uma maldição para alguns e uma dádiva para outros.

— Exato. Foi ambas as coisas. — O comandante inclinou-se para trás no gramado do lado de fora da Cabine. — Antes disso, Zeus havia prestado pouca atenção aos seus adoradores primitivos. Para ele, aquelas vidas eram tão breves e previsíveis como a vida das moscas domésticas é para nós. Mas acordou numa manhã no Olimpo, olhou para baixo e viu um mundo modificado. A humanidade havia abandonado as cavernas e agora vivia em casas, vilas, cidades, algumas com castelos no centro. As mulheres usavam roupas finas e joias, tocavam harpas de belíssimo formato. Os homens brandiam espadas e lanças, usavam armaduras brilhantes e elmos. Alguns usavam até coroas.

— Zeus ficou furioso. - Stark assentiu.

— Ele ofereceu três punições. Uma para Prometeu, que não vamos discutir.

- Tá.

— A segunda punição — continuou Stark — veio na forma de uma bela mulher e uma caixa dourada. Vamos deixar esta para depois também.

Encolhi os ombros involuntariamente, e soltei um resmungo. O comandante prosseguiu:

— A punição final foi a clemência. - inclinei a cabeça e estreitei um olho. Qual será a visão dele para a clemência como punição?

— Como a clemência pode ser uma punição? - Perguntei.

— Zeus sabia que, se deixada por conta própria, a humanidade puniria a si mesma, e consequentemente se autodestruiria com o presente nocivo. O fogo havia dado a eles não somente luz e calor, mas também ambição, imaginação e invenção. Veja, o fogo gerou a tecnologia, que permanece sendo tanto uma bênção como uma maldição, e com a qual ainda brincamos de deuses… e punimos a nós mesmos. Você entende? - Assenti.

—  Sim.

— Lamento pelas crianças de hoje — disse Stark. — Mimadas como pequenas divindades, são fracas e infelizes, não têm nada a que se agarrar, nada a cultuar além de seus próprios desejos. Nada mais é honrado. Nada é sagrado. Num mundo onde nada importa, elas são superalimentadas e deixadas no pasto. É assim que estamos destinados a viver? Não, é como as ovelhas estão destinadas a viver. E é como a maior parte das crianças é hoje, pequenas ovelhas gordas, contentes em seus campos de pastagem eletrônica. Passam a vida fitando telas de televisão e tagarelando em telefones celulares, absortas em video games e falando por horas a fio sobre nada na internet.

Era muita coisa para absorver. O que Stark estava dizendo parecia bastante verdadeiro, algo relacionado a tecnologia o fez ficar assim. Ou então ele é só um velho que acha que as pessoas tem que ver a morte para serem alguém na vida. Porém não discórdo do que ele disse sobre as "crianças" de hoje em dia.

— Mas — disse Stark, levantando um dedo — o que acontece quando uma criança não é uma ovelha? O que acontece quando ela se destaca do rebanho? Ela é punida. Se isso não funcionar, ela é medicada. Se isso não funcionar, ela é então aprisionada. E, se isso não funcionar, é enviada para mim.

— E se isso também não funcionar? — perguntei em forma de desafio.

— Sempre funciona. - Nem sempre pequeno gafanhoto. Com certeza, a Ilha Fênix não funcionava para alguns adolescentes. É claro que eu provavelmente só havia visto a pior parte, e muitos deles se adaptaram. E o destino de quem não se adapta é a morte provavelmente.

— Estava pensando na Grécia antiga e nos espartanos quando projetei este lugar — contou Stark. — Com 7 anos de idade, os meninos espartanos deixavam a família e recebiam um treinamento militar que chamavam de agogê. O treinamento era intenso, até brutal. Os meninos aprendiam a lutar e roubar para sobreviver. Infâncias eram destruídas, mas os sobreviventes emergiam como homens respeitados e guerreiros temíveis.

Me lembrei de 300, a parte em que garotinhos lutavam, o personagem principal ajoelhado em cima de algum outro menino, espancando-o. Stark disse:

— A Ilha Fênix é o agogê do século 21. Eu pego órfãos descartados pela sociedade e ofereço a eles uma vida significativa. O historiador grego Heródoto escreveu sobre os espartanos, inclusive os seus trezentos. Também escreveu sobre a fênix, uma ave semelhante a uma águia que tinha a capacidade de irromper em chamas, morrer e voltar à vida, renascendo das cinzas. Durante esse seu tempo na cabine do suor, você está sentindo que está ponto de irromper em chamas, não? Mas depois de amanhã quando eu te acolher completamente como estará: renascida. - Tinha acreditado nele. Seria Parker o único verdadeiro problema, um cachorro bravo no qual Stark agora havia colocado uma focinheira? Seria possível que a Ilha Fênix realmente fosse o melhor lugar para mim? O único lugar  que eu reconheceria minhas habilidades e me ajudaria a aproveitá-las ao máximo?

- Eu já vou indo senhorita Cabello. O duelo é daqui a 1 hora. E eu preciso estar lá para ver.

- Que horas são agora ?

- Duas da manhã. Tá mais escuro pois as nuvens estão pretas. Zeus estará assistindo a este show conosco.

POV NARRADORA

  Vinte e cinco minutos depois, ouvindo o ronco de um motor, uma silhueta masculina mergulhou no mato à beira da estrada. As luzes próximas cortaram a escuridão da madrugada e alguns caminhões cheios de adolescentes passaram. Ele se achatou no chão e escutou as vozes ruidosas, a excitação. Pareciam crianças numa excursão a um parque de diversões.
Quantos deles esperavam morrer?
Ficou satisfeito por não saber a resposta.
Então eles se foram, a silhueta continuou a correr. Havia saído pouco depois de ver Stark sair da Cabine da Cabello, levando algum tempo só para vestir uma farda negra e passar graxa de camuflagem noturna nas mãos, rosto e pescoço.
Olhou para o relógio e acionou a luz. Vinte minutos haviam se passado. Dali a mais 40, começariam a se matar. Quanto tempo até que começassem ?
Bem, antes de chegar à entrada da Base de Treino Um, fez uma curva pela floresta em direção ao lado do complexo mais próximo da cabine do suor ajeitando dois corpos mortos embaixo de um dos braços.
Rastejou para fora da mata à meia-luz da alvorada. Chegando à cerca, levantou a cabeça e esquadrinhou o complexo.
Um rosnado baixo escapou-lhe dos lábios.
Lá embaixo, um guarda vigiava o portão, metralhadora ao ombro. Outro estava na cabine em cima da torre de vigilância. Nada bom. Ele esperara que os guardas tivessem ido assistir ao duelo. Afinal, o que restava para vigiar?

Segundos depois, ouviu um sargento gritando ordens. Junto dos alojamentos, vários adolescentes limpavam o chão de cascalho e varriam as calçadas.

Percebeu que sabia por que estavam limpando em vez de espiar a grande luta com os outros. Eram pessoas decentes. O possível assassinato de um dos adolescentes devia ter sido o ponto de virada. Parker extirpara cada um dos que se recusaram a caçar o tal jovem. Agora, serviam para três coisas apenas: trabalhar como escravos, ser caçados e alimentar os tubarões. Que ideia pervertida.
Então, viu alguém mais lá embaixo: Davis. Como os outros, estava sendo forçado a trabalhar. Ele lembrou-se do garoto das conversar com a Cabello que o levaram até ali.

E lamentou não poder levar todos eles consigo, mas não havia tempo. Quanto mais rápido saísse da ilha, mais chances teria de alertar o mundo quanto à existência do lugar e, assim, ajudar todos eles. Só uma pessoa não podia esperar: Cabello. Se partisse sem ela, estaria tão morta quanto o tal jovem.

Seus olhos encontraram a pequena e escura cabine do suor. Mesmo no relativo frescor da manhã, a jaula estaria esquentando, o telhado metálico, estalando como um radiador. À sombra da cabine, ele formava uma sombra mais escura, uma massa informe. Nenhum movimento.
Sentia-se enjoado ao vê-la sofrendo assim.
Escalou a cerca facilmente, graças aos músculos. Chegando ao topo, jogou-se do outro lado e seguiu rastejando até o dispositivo torturador.
Camila estava na jaula, adormecida ou inconsciente, de costas para ele. Uma onda de compaixão e preocupação passou por ele. Sabia o que ela estava sentindo lá dentro. Conhecia não apenas a dor, mas também a profunda desesperança.

Sussurrou o nome dela.
Ela se agitou e virou, os olhos piscando — olhos que o fizeram sentir-se enfurecido ao notar que estavam roxos de hematomas —, e falou com uma voz que parecia a de uma velha.

— Zayn?

— Sim. Vou tirar você daí.

A garota fechou os olhos, depois abriu-os novamente.

— Você… é de verdade? - Zayn foi até o trinco.

— Sou de verdade, sim. Vamos embora, Cabello. Vamos cair fora desta parte ilha.

Ela resmungou algo.
Ele empurrou os pinos e a porta se abriu.

— Sinto que estou morrendo — disse ela.

— Sei que sente. Mas você vai ficar bem. — Esticou-se para dentro, tomou-a pela mão colocou os corpos perto dela, que devorou ambos os corpos e em segundos já parecia mais viva a ajudou a sair da cabine do suor. A garota estava quente ao toque e Zayn lembrou-se da febre que já sofrerá durante seu tempo na jaula. Antes de conseguir fugir da Ilha. Ela tremeu quando ele a puxou para um abraço rápido. Parecia muito pequena em seus braços. Ele olhou para baixo. Ninguém os notara ainda.

— Temos que nos apressar.

Levou-a para trás da jaula, seguramente longe das vistas, e entregou-lhe um cantil. Tinham pouco tempo, mas ela precisava de sangue.
Ela bebeu. Fez uma pausa. Deixou os olhos se fecharem. Bebeu um pouco mais. Quando voltou a abrir os olhos, disse:

— Não sei se adianta, Z. — A voz foi um sussurro áspero.

— Vamos. Sei como se sente. Já estive na jaula. Mas também sei que você é forte. Quando virem que foi embora, vão nos caçar. Temos que sair agora.
Ela sacudiu a cabeça.

— Acho que não consigo andar ainda.

— Eu carrego você. Mas você tem que tentar se curar logo.

Sacudiu a cabeça novamente.

— Vou tentar.

— Temos que ir para o outro lado da ilha. Tem barcos lá. Menina Cabello tem uma coisa que preciso lhe contar — começou ele, depois se calou.Ela tomou outro gole de sangue e se apoiou contra ele. — É sobre Dinah…

—  Harry conseguiu fugir. Ele tentou ajudá-la. Mas eram muitos. Ele fugiu. Quando voltou para resgatar ela... Ela estava estranha fizeram experimentos com ela.

Os músculos de Zayn relaxaram um pouco, como se o fato de não ser mais a portadora das notícias sobre Dinah tivesse tirado um peso de suas costas.

Conseguiu sorrir um pouco em forma de conformo. E Cabello olhou para cima.

— Tá legal. Estou com você. Menina Cabello… seja forte.

Se fosse um filme pensou Zayn, seria Lauren quem estaria aqui, ela a beijaria e diria alguma frase de efeito. Ele porém apenas sorriu e a ajudou a caminhar. Então, percebeu seu erro.
A cerca.

A garota não poderia subi-la naquela condição, e ele não poderia levá-la com segurança para o outro lado. Por que não havia pensado em trazer uma corda?

— Tá legal — disse. — Temos que atravessar o portão.

Ela olhou para ele como se ele estivesse louco, e talvez estivesse.

— Nunca nos deixarão passar — afirmou Camila.

Zayn tentou parecer confiante.

— A gente consegue. Vem. — Passou o braço dela sobre os próprios ombros e envolveu- lhe a cintura com um braço. Enquanto desciam em direção ao portão, a tensão foi se formando em seu corpo. — Vou tentar convencer o soldado a nos deixar ir. Se tivermos que correr, vá pra esquerda e entre na mata o mais rápido possível.

Henshaw, o comediante não oficial da Força Fênix, de repente tirou a arma do ombro e apontou-a com a velocidade de um relâmpago.

— Epa! — disse Zayn, forçando uma risadinha. — Henshaw, vá com calma.
O soldado baixou a metralhadora e ofereceu um sorriso perplexo.

— Z Matador?

— Sim, sou eu — respondeu o rapaz, tentando manter a voz natural.

Reconheceu a arma de Henshaw de suas idas ao campo de tiro com Stark: uma AK-47 7.62 mm, uma metralhadora grande do tipo “não mexe comigo” com uma câmara lotada de balas. Lembrou-se de Stark explicando que, se a merda um dia batesse no ventilador, ele preferiria estar com uma AK a qualquer outra coisa.

— Z — uma garota com sotaque inglês chamou do topo da torre de 6 metros de altura. — Que diabo está fazendo aqui? Voce não estava morto?

Ele ergueu o olhar. A arma de Cheng estava sobre o parapeito, não apontada para ele, mas também não atirada sobre o ombro dela.

Acenou, respondendo:

— Stark me mandou. — Depois, moveu-se em direção a Henshaw, fora do campo de visão direto de Cheng. Indicando Camila com a cabeça, disse: — Esta menina é minha amiga. Ele disse que eu podia levá-la pra ver o duelo. Já que ela seria cuidada dele de qualquer forma. E eu estava em uma missão especial, voltei agora.
Henshaw assentiu e jogou a metralhadora por cima do ombro.
Zayn tentou parecer relaxado.

— E essa pintura no rosto? — perguntou o soldado. — Planeja chegar escondido de Parker?

Zayn forçou uma risada, esperando que soasse melhor para o outro do que soara para ele.

— Stark acha que isso pode assustar o sargento um pouco.

— Tomara. Ei… me faça um favor e mate o cara, falou? Quando cheguei aqui, ele dificultou tudo pra mim. Quebrou meu braço, me jogou na cabine. Cara, foi uma droga. — Sorriu.
— Além disso, apostei 50 dólares em você a anos passados. E você sumiu. Quero meu reembolso.

— Parceiro! — disse Zayn. Ergueu o punho fechado e o chocou contra o do outro, como se fossem velhos amigos. Camila afundou contra ele e, durante um segundo, o garoto temeu que ela pudesse sucumbir ao Alpha interior. Pois ele conseguia sentir a tenção e a força que a garota fazia para se controlar. Quando um Alpha não desenvolvido passa muito tempo sem comer e fraco. Depois que ele come, principalmente carne humana o Alpha tenta sair para poder ter mais comida não se importando com quem seja. E o fato de Camila ser híbrida tem o fato do vampiro que ela controla dentro dela também querer sair. Por isso nesse momento tem duas feras, insaciáveis querendo controlá-la juntas. E esse era o plano de Stark.

— Tô doido da vida por não assistir à luta — comentou Henshaw. — De todos os dias pra montar guarda, este é o pior. É muito azar.

— Ei, Z — chamou Cheng. — Precisa de um jipe? Ela não parece capaz de chegar muito longe.

— Não, valeu — respondeu ele. Se Cheng chamasse um jipe, tudo viria abaixo. — Stark me mandou que eu levasse ela andando. Vai entender. Estou perto dele o tempo todo e ainda não entendo tudo.

— Nem eu — concordou Henshaw. — O homem é profundo. Profundo como o meio do Oceano Pacífico. Não dá pra prever o Ancião.

— É bem isso — concordou Zayn.
Henshaw deu-lhe um tapa no ombro
.
— Não deixe a gente atrasar você.

— É — respondeu Zayn. — Não quero chegar atrasado ao funeral de Parker.
Henshaw riu.

— Z Matador! Eu devia ter apostado 100.

Ele alcançou o botão vermelho que abriria o portão, mas fez uma pausa quando Cheng se debruçou no parapeito e gritou:

— Espera um pouco. — Sua voz soou diferente. Afiada. Zayn se retesou. — Tem uma coisa que não faz sentido aqui. Como é que ninguém nos informou disso?

— Pra quê? — retrucou Z. Deslizou o braço da cintura de Camila e estendeu as duas mãos num gesto de perplexidade inofensiva. — Stark sabe que vocês me conhecem.

Os olhos de Henshaw se estreitaram. Inclinou a cabeça um pouco.

— Agora que eu parei pra pensar, como você chegou aqui, Zayn?

Estivemos neste portão a noite toda.
Lá de cima, Cheng disse rapidamente:

— Mantenha o portão fechado, Henshaw. Vou informar. Não quero me queimar por causa disso.

Zayn plantou um direito forte no rosto de Henshaw. Este nem viu o soco chegar e caiu de costas contra a torre, escorregando para o chão, inconsciente antes mesmo de perceber que fora atingido.
Zayn estapeou o botão vermelho. Com um clique metálico, o portão começou a se abrir lentamente.

— Vem! — disse, puxando Camila pelo braço.

Cheng gritou:

— Pro chão, Malik! De cara pra baixo, ou eu estouro a porcaria da sua cabeça.

Ele empurrou Camila contra a torre de guarda e se achatou na parede junto dela, fora da linha de fogo de Cheng. Mas de onde estavam até a floresta eram mais de 30 metros de espaço aberto, uma verdadeira zona de morte.

— Do que está falando, Cheng? — gritou Z. — Tá tudo numa boa.

Cheng não respondeu. Então, ele a ouviu falar no radiotransmissor:

— Todas as unidades! Todas as unidades! Aqui é Cheng na Base de Treino Um. Temos uma invasão em curso. Malik e a menina da cabine do suor. Repito…

Zayn sentiu-se congelar. Chegara tão longe, arriscara tudo e agora o plano desmoronava. Olhou novamente para o trecho de área descoberta, a zona de morte. Não havia jeito de escapar. Cheng os partiria ao meio.

— Z, sabe usar aquela arma? — Camila apontou para a metralhadora junto de Henshaw, que permanecia inconsciente.
O rapaz assentiu e agarrou a arma da terra. Nem lhe ocorrera apanhá-la — nunca quisera atirar em ninguém —, mas precisava usá-la agora. Depois de colocar o seletor no modo automático e engatilhar a metralhadora, arriscou esticar-se rapidamente, olhou para cima e viu a linha escura do cano de Cheng sobressaindo no parapeito de torre. Ele inclinou-se para fora apenas o bastante para avistar claramente a silhueta negra da metralhadora dela e puxou o gatilho.
O barulho foi inacreditável. A arma escoiceou o ombro dele cinco, dez, quinze vezes — impossível saber —, e um espigão brilhante de fogo brotou do cano. Balas ganiram contra o metal e fagulhas explodiram lá no alto.

— Corra — disse para Camila.

- Eu não posso... AAAAAAH - Gritou e ele viu ela cair de joelhos e seus olhos mudando de cor. Ele estava ficando todo preto com a Iris vermelha.

- VAI, AGORA MENINA CABELLO.

Ela saiu cambaleando em direção ao portão. Zayn, sem saber se havia atingido o cano da arma de Cheng ou não, disparou outra rajada de balas no ar.
Não se debruce, a mente dele implorou à garota da Força Fênix. Não queria matá-la!
Enquanto ele olhava para a estrada, Camila desaparecia na escuridão da floresta. Ótimo. Ela tinha conseguido. Zayn retrocedeu para longe da torre e continuou disparando.
A distância, nos alojamentos, o estalo seco de um único tirou cortou o ar.
Z viu um sargento instrutor, talvez a uns 70 metros de distância e correndo diretamente para ele, braço estendido, pistola na mão.
O sargento atirou de novo e uma bala resvalou na torre. Zayn cravejou o chão entre eles com balas, e o homem se jogou no chão.
Retrocedendo pelo portão, Z atirou contra a torre para desencorajar Cheng a se aproximar do parapeito. O ar era uma explosão de ruído, fogo cegante, fumaça e cheiro de pólvora. Estava a meio caminho das árvores quando o ferrolho travou no fundo da arma e ele soube que o pente estava vazio. Largou a metralhadora e correu pela escuridão.
Quando chegou à mata, tiros explodiram atrás dele. Balas penetraram na terra à sua esquerda e atingiram as árvores com estrépito. Uma delas chegou tão perto que uma lasca de madeira saltou, fazendo-o encolher-se. O garoto se meteu mais profundamente na floresta. O tiroteio mascou as árvores atrás dele, não tão perto dessa vez, e então parou. Zayn pôde ver Camila adiante, embrenhada na mata, a ponto de cair a qualquer momento.
Alcançou-a, tomou sua mão e os dois prosseguiram lado a lado. Ela estava emitindo uma espécie de gemido, um som áspero, mas ele não soube dizer se estava ofegando ou chorando. Um pensamento terrível lhe ocorreu.

— Acertaram você?

— Não — respondeu ela. — Acho que não.

Apertou a mão dela.

— Você se saiu muito bem lá.

A garota nada disse. Só continuou, aos tropeços.
Ele apontou para a escuridão.

— Deve haver uma trilha adiante. Eles esperam que a gente vá na outra direção, para a estrada. Este caminho vai nos levar direto pra cima. É bem íngreme.

— Íngreme? Zayn, desculpe, mas eu não consigo. — De repente, ela deixou de correr. — Estou acabada. E só vou deixar de estar quando sucumbir e eu não pretendo fazer isso. — Camila começou a cair, mas ele a amparou.

— Peguei você — disse. Abaixou-se e a envolveu nos braços. — Sinto muito se isso dói. Mas agora eles sabem, e nós temos que ir o mais rápido possível.

E começou a correr.
Camila era muito leve. Os braços dele eram fortes, as pernas, velozes. Mesmo os olhos pareciam mais aguçados, e ele percebeu que era capaz de se localizar pela floresta só com a luz turva da manhã que caía por entre as árvores.
Era hora do Plano B.
Na verdade, o plano A — entrar furtivamente e levar Camila para longe sem alertar ninguém — nunca tivera chance de sucesso. Zayn achava que havia apenas se iludido ao pensar que poderia funcionar porque, sem aquele fiapo de duvidosa esperança, nunca teria se atrevido a tentar o resgate. E, ao senti-la nos braços, ah, estava tão feliz por ter ido. Se iam morrer agora, pelo menos morreriam nos próprios termos, livres, lutando, juntos.

Então, Plano B. Pretendia se livrar dos perseguidores ao tentar algo inesperado, levando-a por cima da serra e descendo pelo outro lado, onde a ajudaria a se esconder perto da praia. Então, procuraria um barco. E, se o encontrasse a tempo — Ah, por favor, que isso não seja mais um plano fora da realidade, pensou —, contornaria a ilha para buscar Camila. Era sua única chance.
Continuou a correr.
O chão se inclinava bruscamente para cima. Ao longe, ouviu tiros e gritos.
A essa hora, Parker estaria se gabando e chamando-o de covarde, e Stark estaria fervendo de raiva com a suposta traição de Camila.
Agora, os dois distribuiriam armas e invadiriam a floresta.
Estava aberta a temporada de caça.
Zayn colocou Camila gentilmente no chão ao lado da árvore caída. Os músculos do rapaz latejavam de cansaço e ele estava ensopado de suor, mas havia conseguido… cruzara a serra carregando a garota e descera do outro lado. A meros 15 metros de distância, a selva dava lugar a uma faixa estreita de praia arenosa, além da qual o mar azul e cintilante se estendia na beleza da infinitude: uma piada cruel. O sussurrar suave das águas chamava por Zayn, convidando-o, em sua exaustão, a deitar-se ao lado da sua quase filha. Relaxe, a maré sugeria. Durma… esqueça…
Sem chance
.
O rosto de Camila estava corado de febre, mas os olhos agora cinzentos eram duros como pedras.

— Você tem que ir. Eles vão chegar a qualquer segundo. Ouça.

Gritos e assobios se aproximavam. Seriam os mesmos caçadores que ele havia despistado ao subir a encosta? Ou outro grupo?

— Vou escondê-la aqui — disse ele —, debaixo desta árvore. Vou procurar o barco e, quando encontrar, vou dar a volta na ilha e pegar você. — Apontou para um longo braço de rocha que se estirava como um píer natural sobre a água. — É assim que vou encontrá-la. — Forçou um sorriso, com o qual esperava demonstrar mais otimismo do que sentia. Pelo menos,
o tempo que tinha passado com Stark lhe dera essa habilidade.

— Tá legal, mas neste momento, meus amigos podem estar morrendo — respondeu Camila. E ele a olhou com a expressão dura — Tudo bem. Eu vou sucumbir. Apenas saia, e salve meu filho. — E havia algo em sua expressão e voz, algo calmo e satisfeito, mas triste e reservado, que lembrava a ele o tom que a mãe de Camila, que estava com câncer, usava quando ela era mais jovem, quando os dois conversavam sobre o futuro, tagarelando sem a menor preocupação sobre Natais que jamais passariam juntos, como ambos sabiam. A recorrência desse tom na voz de Camila o entristecia profundamente.
Mais gritos soaram na mata. Sim Stark não havia impedido o duelo. Crianças jovens estavam se matando, e entre eles estavam Lauren e o filho da Camila o desespero a tomou.

- Vá, por favor. Cuide dela, cuide do meu filho se algo acontecer. Eu já posso ter perdido a DJ não vou perder eles.

- Eu não posso, não vou te deixar. - Ele insistiu.

- Eu fiz um plano Malik. E você me jurou que ia seguir, e nesse plano a vida dela era o principal. Eu sei o que eu tenho que fazer. Eu sei todo esse mapa de cor. Eu vou para aquela casa e quando eu chegar lá eu quero meu filho e minha mulher lá também.

- Sua mulher? - ele ri.

- É, ela só ainda não sabe. - As vozes estavam mais próximas. - Eu te amo Z e obrigada por tudo, você sim é meu irmão. Não o Freeman.

- Eu te amo criança. Você será minha eterna menina Cabello.

Cobriu a garota com folhas de palmeira, tentando não pensar nas aranhas. Deu a ela o último cantil, segurou-lhe as mãos e olhou em seus belos olhos cinzentos, sentindo um nó na garganta. Ela era tudo o que lhe restava no mundo.

— Vou voltar pra você, tá? Prometo. Vou tirar vocês desta ilha. Tá bem? -Ela assentiu.

— Sei que sim. Agora, vá. Eles estão quase aqui.

Pelos ruídos, pareciam prestes a irromper da floresta a qualquer instante. Zayn ouviu alguém gritar o seu nome o da Camila.
Loucura.
Passou o polegar na bochecha dela. Não havia lágrimas.

— A gente vai se ver de novo. Prometo.

— Eu sei. — O sorriso dela foi tão forçado quanto o dele. — Agora, vá.

Ele correu de volta para a mata fazendo uma curva acentuada, flanqueando os caçadores e novamente seguindo para a montanha. Precisava mostrar a eles onde estava e aonde estava indo. Precisava levá-los para longe do esconderijo de Camila. Pelo menos por enquanto. Enquanto corria ele se lembrou do sacrifício que fez pela garota. E agora a mesma pode morrer.

FLASHBACK ON
POV ZAYN

- Z me ajuda!

- Desculpa, cara. Lute contra o Ancião, você vai ganhar dele. Lembre de tudo o que eu te falei, e tudo o que vivemos com Stark. Eu não posso deixar aquela criança escondida aqui para sempre.

- Não faz isso. É uma criança não tem futuro. Não me deixa.

- É sua irmã cara. Você pode não considerar. Mas é uma criança. Você viverá como um herói aqui. Ganhe dele e a criança será enviada ao mundo real. Ela poderá viver com sua mãe.

- Eu não vou salvar uma criança idiota! Aquela criança é uma aberração. A idiota da Sinuhe saiu daqui e deixou essa praga aqui.

- A SINUHE IA MORRER CARL!!. Ela não tinha escolha, ela ainda tentou levar a criança. Mas o Stark nunca deixaria.

- O Stark é um herói. Ele só quer nosso bem.

- Ele te convenceu de algo que você sabe que não é verdade. Ele e Parker são culpados pela morte do Ross e do Campbell. Eles quase mataram a Octávia.

- Você está me traindo. Tudo por uma criança.

- Eu estou salvando uma vida que não é a sua. E você está bravo, você não é mais o Carl de quando chegamos aqui... Cuide da Octávia. E diga que eu a amo, mas tenho que fazer isso.

- Eu não direi nada. Seu verme.

- Se cuide aqui Carl... E espero que você volte a ser o cara que era quando chegamos aqui. Cuide da Octávia, ela vai ser a única que você terá aqui. Eles vão achar que foi você que salvou essa criança. E que eu morri, os únicos que saberão disso serei eu, você e Stark. Eu vou proteger essa criança e irei achar a outra que também faz parte da professia eu cuidarei das duas e voltarei para te salvar.

- Quando você voltar aqui, saiba que apenas um de nós dois saíra vivo.

Suspirei me levantei e voltei a correr, fui até a casa, e sai daquela ilha com ela.

FLASHBACK OFF

POV CAMILA

Os gritos se aproximavam. Vinha um coro de uivos sedentos de sangue. Era como se estivesse sendo caçada por uma alcateia. E não era isso mesmo? Dois meses antes, eram só um punhado de adolescentes azarados; que não se conheciam mas esse lugar os transformou em outro tipo de fera.

Fechei os olhos sentindo meu Alpha interior e a outra fera sanguessuga .e dominando. Minha dor cessou, tomei mais um gole do sangue que tinha no cantil e me levantei de supetão. E então tudo ficou escuro e eu só sabia de uma coisa. Eu tinha que chegar na casa.

POV NARRADOR

Montanha acima ela correu, usando os troncos de pequenas árvores como degraus. Na corrida pelo declive ela subiu a montanha tão rapidamente quanto pôde, o que não era pouco.
Então, um tiro de rifle estalou pelos ares e uma bala passou zunindo por uma pedra próxima. Ela se jogou no solo rochoso assim que uma rajada de chumbo mascou as árvores acima. Subindo pela colina, saiu da clareira e penetrou de novo na cobertura relativa da floresta. Mais tiros soaram lá embaixo, no entanto Camila sabia que tinham poucas chances de vê-la, menos ainda de acertá-la, agora que estava entre as árvores novamente.
Tiroteio significava membros da Força Fênix. Haviam recebido os mesmos tratamentos que Zayn dizia ter recebido. Alguns podiam correr  rápido mas não tão rápido quanto ela; outros, provavelmente, quase ainda mais rápido que os outros.

Por fim, as árvores escassearam, ela galgou o declive íngreme e viu-se na borda mais baixa da longa cordilheira de pedra que corria como uma espinha exposta pelo centro da ilha. Ela correu para o espaço aberto. Dessa posição vantajosa, ouviu o que soou como mil vozes se aproximando.
A cordilheira rochosa devia ter três metros de largura. À esquerda, o chão dava lugar ao céu, uma janela para as copas das árvores dezenas e dezenas de metros abaixo. A vastidão vazia.
Olhou para a direita, procurando pela trilha do caminho íngreme que Zayn havia falado que ele e Stark haviam usado, e…

— Lá está ela!

Surgiram na colina, parecendo caçadores da Idade da Pedra, seis rapazes sem camisa carregando lanças. Por um segundo, Camila não reconheceu nenhum deles, em parte porque tinham os rostos cobertos de lama como se fosse pintura de guerra, mas principalmente por causa das próprias faces, tão distorcidas pela sede de sangue que os seis pareciam mais animais que os garotos que ela um dia tinha conhecido.

— Iá, iá, iá! — alguém, Fay, pensou Camila, gritou ao atirar uma lança.

A saída deles da floresta foi tão abrupta que Camila quasr ficou paralisada. No momento em que viu
a lança voando para ela, quase teve o rosto talhado. Por instinto, desviou a cabeça para a direita, como se estivesse escapando de um soco veloz, e a ponta da arma passou junto de seu ouvido.
Poderia tê-la matado.

Não havia para onde fugir. Eram seis deles, cinco com lanças; o sexto — sim, Camila viu, era Fay, que sempre tinha lhe parecido meio tímido, mas agora lembrava um lobo faminto rodeando a presa — tirou uma grande faca do cinto. Estavam a menos de nove metros, aproximando-se rapidamente. A cordilheira era um caminho aberto e rochoso; se ela corresse quer para a frente, quer para trás, os caçadores a pegariam. Mas ela não ia correr. Não ainda.

— Tá morta, Hollywood! — gritou alguém.

- Sabe, vocês sempre me pareceram meio frouxos. - A voz grossa de Camila soou. Sua voz estava rouca e mais grossa do que nunca, afinal eram esses os efeitos que sucumbir ao Alpha traziam.

- Ela sucumbiu - alguém sussurrou.

- Sim, sim. Mas vocês não me deram escolha porra. E isso me irritou muito. Por que eu tenho pessoas, uma em especial para cuidar, e vocês estão me impedindo de fazer isso. - rosnou - Lado esquerdo. - falou olhando os animais que estavam posicionados a sua esquerda. - Boa morte. Lado direito, vou resolver um problema com seus amigos e então nós voltaremos a brincar de pega-pega. - Ela estava olhando para o lado direito, ela ouviu o som da lâmina de uma lança cortando o vento. Virou o rosto rapidamente segurando a lâmina a menos de 1 cm do mesmo. - Tsc, Tsc, Tsc. Eu que começo. - Suas presas saltaram e seu rosto ficou medonho. Se antes, uma Camila desamparada ocupava aquele corpo. Agora um monstro com apenas 5% de controle. Esse 5% que estava sendo usado de forma sádica.

Lanças foram jogadas em sua direção. Ela segurou todas e jogou no chão. E então atacou. Haviam quase 5 guardas de cada lado. Os que estavam do lado direito. Assistiram a um mini massacre. No começo os garotos apresentaram medo. Depois raiva, pois seus amigos de loucura estavam mortos. Cabello sugou até a última gota de sangue de todos os corpos. Desviando dos ataques dos garotos do lado direito. Depois que terminou Camila deu as costas para eles. Olhou por cima dos ombros e disse :

- Quem me pegar primeiro ganha um biscoito.

Correu três passos e saltou para o vazio. Os gritos de surpresa rasgaram o ar atrás dela enquanto seu corpo desabava em direção às árvores. A adrenalina desacelerou o momento, dando-lhe tempo para pensar, absurdamente, que isso tudo era como um filme. Como quando o herói desesperado escapava da morte certa ao se jogar de uma grande altura — um penhasco, ponte ou avião. Só que, nos filmes, os heróis saltavam na água…
Camila, não.
Chocou-se contra as folhas das copas mais altas primeiro, bateu em algo duro e rangeu os dentes quando o que quer que fosse, tronco ou galho — não conseguia distinguir o lado de cima do de baixo naquele momento verde e veloz —, golpeou-lhe as costelas como um punho gigante. Caindo de novo, girou no ar aberto, os pensamentos reduzidos a um fio de pontos de exclamação enquanto agarrava loucamente os galhos. Tudo ao redor era um borrão verde raiado de luz solar que brilhava entre os ramos mais altos. Suas mãos se agitaram, caindo por galhos e troncos, mas não acharam apoio. Sentiu que uma unha era arrancada do dedo, mergulhou numa queda livre aterrorizante, raspou a canela em algo duro como aço e agarrou um galho menor, que se dobrou com a força da queda.
O galho queimou-lhe a mão, mas ela segurou firme, mesmo quando o peso do corpo deu um puxão, e sentiu como se o ombro fosse se rasgar do resto. Então, o galho se partiu e ela recomeçou a cair. Conseguiu manter os pés abaixo de si e dobrar os joelhos ao chocar-se contra o solo da floresta.
As pernas receberam a maior parte do impacto. Camila tentou rolar com a queda, mas bateu o ombro com força no chão. Ficou deitada por um segundo, ferida. As costelas estavam quase certamente quebradas. Um ombro parecia deslocado, enquanto o outro sangrava moderadamente. A mão ardia, uma linha vermelha rasgada na palma onde ela segurou o galho. A canela latejava e o tornozelo pulsava de dor. Apesar de tudo isso, um jorro de alegria a encheu de entusiasmo — quase havia morrido, mas estava viva! —, e ela se levantou.
Tinha conseguido. Havia pulado de um penhasco, despencado no meio das árvores e sobrevivido à queda no chão. Ergueu os punhos em direção ao céu e agradeceu a alguém que habita o céu por aquela porção de maravilhosa sorte.

Acima dela, tudo eram sombras verdes. Pôde ouvir os garotos lá no alto, gritando e rindo, sem dúvida acreditando que ele tinha se matado.
Ótimo, pensou. Que achem isso mesmo. Só que não. Virou se para cima e gritou.

- Estou esperando as madames. Ou a gente já acabou a brincadeira?

Os garotos de cima do penhasco se olharam surpresos. Camila deu as costas ao despenhadeiro e levou um segundo para se recompor. À frente, através de um vão de selva espessa e desconhecida, estava o oceano. Precisava seguir naquela direção, mas virar à direita. No fim, chegaria à praia e, se seu senso de direção estivesse intacto, acabaria bem do lado de fora do Acampamento Força Fênix. Sua única esperança era a de que os membros da Força tivessem abandonado os alojamentos para ver o duelo e depois entrado na floresta à sua procura.
Entrou mancando na floresta desconhecida. Sentia sua costela voltando ao lugar e isso doía
O trajeto foi mais lento do que gostaria.

Por aquele canto da ilha, e ela encontrava obstáculos inesperados o tempo todo: uma cerca natural de rochas na base do pico central, uma armadilha de árvores destruídas pelos ventos, uma verdadeira muralha de espinheiros. E, logo abaixo de um córrego onde parou para beber água e descansar o corpo dolorido, um pântano escuro lotado de mosquitos e moscas que picavam.
Por fim, encontrou uma trilha estreita sulcada na terra. Onde quer que o caminho se bifurcasse, ela virava à esquerda rumo ao acampamento, e, assim esperava, aos barcos e à liberdade.

Quando chegou à clareira ao pé da montanha e ouviu grunhidos.
Um gemido escapou de seus lábios quando, onde a clareira terminava num trecho de floresta sombria, formas negras se moveram.
Mais grunhidos. Um assobio. Um guincho.
Um grande porco-do-mato irrompeu das árvores, as presas brancas brilhando.
Camila correu na direção oposta.
A clareira terminou assim que ela conseguiu firmar o passo. Viu-se voando pelo ar quando o chão sumiu, não num penhasco abrupto, mas numa encosta esparsamente arborizada. Chegou ao chão correndo, caiu, rolou e, contra todas as chances, ergueu-se correndo outra vez. Aves grasnaram alto no ar, como se sentissem a dor que rasgava o corpo agredido da garota. Folhas e ramos bateram nela enquanto se precipitava colina abaixo, esperando, a qualquer momento, sentir as presas do porco talhando suas pernas. E nessa pequena brincadeira ela se perdeu.

Gostaram das novidades? Temos um vilão que foi revelado neste cap prestem atenção. E podem amar o Zayn pq ele é meu amorzinho. Tchauzin

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