Claro que eu não iria insistir muito para que ele fosse se não ele acharia que não o queria ali e isso não era verdade.
Enquanto ele estava no banheiro, eu peguei o travesseiro extra, um cobertor e o colchão inflável que havia comprado um tempo atrás pensando que poderia precisa-lo um dia, caso recebesse a visita das minhas irmãs que diziam tanto que viria em breve, mas nunca apareciam, mas hoje finalmente ele seria utilizado. Depois que estava arrumado e pronto, eu sentia um peso enorme em meus ombros e uma dor forte em minha lombar, então resolvi deitar e espera-lo, mas o remédio começava a fazer efeito e logo comecei a pegar no sono.
No meio da noite, acordei toda suada, sinal que estava melhorando da febre, mas também sentia calor, então quando fui arrancar o cobertor de cima de mim percebi que havia algo pesado sobre a minha barriga, quando forcei minha visão para enxergar melhor, vi que era um braço, o braço de Taekwoon especificadamente, que estava todo torto ao lado da cama com o seu braço por cima de mim, eu acabei dando uma risada baixa para não acorda-lo e com cuidado tirei o seu braço e o arrumei corretamente no colchão, ele deu uma mexida, mas continuou a dormir.
Minha garganta estava seca então levantei para pegar um copo de água, ao estar em pé percebi que estava realmente melhor, mas a tosse e os espirros ainda estavam frequentes, então tinha que ter muito cuidado para não acordar Taekwoon com eles.
Na ponto do pé fui até a cozinha e enchi um copo d'água, a bebi lentamente sentindo arranhar um pouco a garganta, como odiava ficar doente. Assim que terminei, lavei o copo e a guardei no armário, ao me virar acabei levando um susto e gritando ao ver uma figura parada no escuro bem atrás de mim.
- Calma, sou eu.
- Eu achei que estava dormindo. – disse com a mão sob o meu peito sentindo meu coração batendo rapidamente.
- Vi você levantando e vim ver se está tudo bem.
- Podia ter feito um barulho ou qualquer coisa, quase me matou do coração. – disse rindo.
- Desculpa.
- Tudo bem, na verdade, me desculpa por ter te acordado.
- Não me acordou, na verdade eu acordava quase toda hora para ver se a sua febre estava melhor.
- Obrigada. – disse sem graça. – Creio que estou melhor, não sinto mais tanta dor no corpo e nem calafrios. Você pode dormir sossegado agora.
Ele concordou e voltamos para o quarto, eu me deitei em minha cama e ele no colchão.
- Boa noite, Taek.
- Boa noite, Alexia.
E um silêncio se fez no quarto, as únicas coisas que éramos ouvidas muito atentamente era a nossa respiração, e de vez em quando a minha tosse, eu me virei e tentei dormir, mas por alguma razão comecei a me sentir ansiosa e não conseguia pregar os olhos e pelo o barulho do colchão, nem mesmo Taekwoon.
- Posso ligar a tv? – Perguntei depois de um tempo me mexendo sem sono e tendo certeza que também estava na mesma situação.
- Por favor.
Peguei o controle e liguei a televisão, vasculhei os canais, mas não havia nada empolgante que pudesse me fazer pegar no sono, então coloquei em um sistema de streaming, rolando pela a grade percebi que havia muitos filmes de terror, rolei rapidamente pela a barra de rolagem evitando-os.
- Vamos ver um filme desses? – perguntou Taekwoon.
- Terror?
- Sim.
- Eu queria algo para dormir e não para nunca mais dormir. – disse rindo.
- Alguns desses são tão ruins que dá sono.
- Tem certeza?
- Funciona com alguns dos meninos.
- Bom, podemos tentar, mas se não funcionar se prepara em ter uma garota medrosa em cima de você.
- Será um prazer.
A sua resposta inesperada acabou deixando o meu rosto quente, esperava que não fosse possível que ele visse o meu rosto vermelho.
Procurei entre o catálogo o filme que continha a sinopse mais clichê e dei play. No começo estava tudo bem, bem normal no mundo do terror, mas quando o filme já estava na metade já havia perdido a conta de quantos sustos já havia tomado, mesmo sendo bem previsível, e para ajudar eu escutava a risada de Taekwoon toda vez que saia um grito agudo da minha garganta.
Ao final do filme eu estava sentada enrolada no cobertor, roendo as minhas unhas de nervoso, eu sabia que não era uma boa ideia ter visto um filme daquele, mas fui na onda de Taekwoon e agora eu não dormiria mesmo.
Ele pegou o controle e colocou em uma série que eu não conhecia e tentei focar nela, mas qualquer barulho do lado de fora me assustava e por algum motivo na escuridão que vinha da cozinha, do banheiro e do canto do quarto eu sentia que havia alguém me observando.
Acabei nem pensando direito quando me joguei para o colchão do Taekwoon e o abraçando.
- Eu sei que talvez te passe gripe assim, mas eu não vou dormir sozinha.
Ele acabou rindo e me abraçando. Quando os seus braços me envolveram, eu senti meu corpo todo arrepiar e uma sensação estranha em meu estomago.
- Não se preocupe, eu vou te proteger.
- Jura?
- Pela a minha vida. – disse beijando a minha testa.
Abraçado com ele acabei me sentindo mais tranquila e relaxei, deitada em seu peito ele acariciava os meus cabelos, logo eu estava bocejando enquanto assistia ao que passava. Estava tão bom estar ali naquele momento que eu apenas queria congela-lo e o aproveitar o máximo possível, não que com Hongbin fosse ruim, mas com Taekwoon era tão diferente, mais intenso, tão mais talvez surreal que eu estava triste em saber que logo seria de manhã e ele teria que ir.
Fechei os meus olhos e fiquei quietinha sentindo os seus batimentos cardíacos, ouvindo a sua respiração e sentindo a sua pele quente sobre a minha enquanto os seus dedos brincavam com os meus fios de cabelos, até o momento que os desceu até o meu rosto e acariciou a minha bochecha, talvez ele pensasse que eu estivesse dormindo já que ele sussurrou baixinho:
- Eu te amo tanto, baixinha, te ver assim só me faz te querer mais ainda. Por que me tortura assim?
Ouvi-lo fez o meu coração doer e de alguma maneira eu queria chorar, mas forcei para que as lagrimas ficassem em seu devido lugar e ele continuasse pensando que eu já estava no mundo dos sonhos. Ele só não sabia que estar com ele era como estar em um sonho.