O sol bateu-me na cara fazendo com que ficasse desconfortável e abrisse os olhos lentamente, virei-me esperando encontrar Zayn, mas nem um sinal dele, a não ser o seu cheiro. Peguei no meu telemóvel vendo que ainda faltava um bom tempo até Bonnie me vir buscar. Voltei-me para um lado e para o outro tentando adormecer, mas a ausência do rapaz de olhos castanhos estava-me a torturar. Foda-se. Quando é que comecei a depender dele?
Levantei-me ainda um pouco a calambear devido ao sono e desci encontrando, provavelmente, uma das figuras mais adoráveis de Zayn. Os seus cabelos, mesmo sendo curtos, faziam-lhe questão de deslizar pela sua cara angelical. A sua boca estava um pouco aberta, talvez para respirar, mesmo não tendo problemas respiratórios, o seu vicio de fumar às vezes fazia-lhe a mesma coisa quando estamos constipados, obriga-o a deitar todo o ar que tem nos seus pulmões pelos seus lábios um pouco secos. Uma coisa que venero tanto nele. Talvez, por fazerem um belo contraste com os meus lábios macios.
Ajoalhei-me perto da sua cara, desviando os seus cabelos e dando-lhe um suave beijo na sua cara, em consequência Zayn acordou. Esqueci-me que ele tinha um sono muito leve.
"Bom dia" A sua voz embriagada de sono e a sua respiração quente faziam-me arrepios. Oh e o quanto eu amava arrepios.
"Olá" Dei-lhe um outro beijo rapidamente, mas desta vez nos lábios. Zayn ficou admirado, porém não disse nada. "Porque vieste para aqui?"
"Estavas me a deixar duro... outra vez" O safado ficou sério, mas assim que viu que fiquei corada, riu-se um pouco.
"Podias-me ter acordado" Falei meio a medo (?)
"E tratavas do meu doí doí?" Ri-me de leve com o nome que ele deu ao seu "problema"
"Viamos o que se poderia fazer" Respondi dando-lhe um beijo nos lábios ao qual ele respondeu.
"Não queres ver agora?" Deu um sorriso matreiro e sentou-se fazendo com que eu ficasse a altura do seu pénis.
"Por muito que essa proposta seja agradável" Levantei-me apoiando as mãos nas suas pernas. "Vou ter que sair"
"Mas hoje é sábado" Ele disse um pouco desiludido.
"Não é o primeiro sábado que passamos separados, afinal sempre o fizemos assim"
"Oh, eu sei, mas passei que como... tu sabes" Suspirou.
"Fazemos assim: eu vou comprir o que tenho com a Bonnie, mas podes preparar o almoço, combinado?"
"Hmhm"
Provavelmente, ficamos ali durante mais uns cinco minutos a trocar saliva e não digo que não tenha sabido bem, porque definitivamente foi maravilhoso.
"Estás pronta?" Bennett perguntou dando-me a mão.
"É a primeira vez que venho aqui desde que estou casada" Admiti apertando os dedos dos pés.
"Podemos adiar" A minha melhor amiga sugeriu.
"Não" Balancei a cabeça negativamente, entrando dentro do cemitério.
"Afrodite, podemos voltar noutro dia"
"Não, eu vou, podes ficar lá fora, ok? " Dei-lhe um suave beijo no topo da cabeça.
Bonnie assentiu e saíu, sei o quanto ela odeia entrar em cemitérios, não que eu gostasse, mas eu tinha uma razão forte para estar ali. Andei até encontrar a campa de meu irmão, Alaric. Sentei-me no chão passando a mão pelas letras da sua lápide, com a sua data de aniversário errada. Soltei um sorriso quando pensei que se ele estivesse aqui, provavelmente só iria fazer piadas.
"Estou cansada disto" Sussurrei, esperando que ele me ouvisse. "Tenho 17 anos e estou casada, meu deus" Passei as mãos pelo cabelo. "Mas acho que poderia ser pior. Poderia estar casada com um velho barriguda e saíu me na rifa um rapaz todo bom que sabe dar bons orgasmos" Ri-me com a minha expressão. "Porque é que não me contas-te, Alaric? Eu poderia ter-te ajudado ou até estar preparada para isto. Eu não sei o que fazer e se eu correr o risco de me apaixonar como tu? Porque, vá lá, não é nem um pouco difícil apaixonar me por Zayn, ele é como um ... deus" Suspirei sentindo algumas lágrimas a escorrer-me pela cara. "Tenho tantas saudades tuas" Beijei a minha mão passando-a novamente na sua lápide.
Levantei-me e saí dali o mais rápido possível, quando cheguei perto de Bonnie, parecia que tinha visto um fantasma, o que não me admirava se isso fosse verdade.
"Achas que aquilo de destino de inimigas é verdade?" Perguntou já olhando para mim.
"Não, nem sabia da existência disso" Soltei um pequeno riso.
"Devias acreditar" Deu-me um sorriso e afastou se de mim. "Espero-te no carro"
Gritou e eu fiquei sem fazer puta de ideia do que se estava a passar e virei-me para onde ela estava a olhar.
"Claro, só podias ser tu" Revirei os olhos e Samantha chegou-se mais perto de mim. "Olha aqui, se vens pedir desculpa..."
"Desculpa?" Ela interrompeu-me e começou-se a rir. "Por ter tido o melhor orgasmo da minha vida, principalmente sabendo que podias ouvir?"
"Mais alguma coisa?" Perguntei já com a raiva a subir pelas minhas veias.
"Sim. Mas por agora deixa me só te dar um aviso" Juntou-se mais perto de mim, mexendo no meu cabelo e sussurando ao meu ouvido. "Não foi a primeira vez e não será a última"
Para mim, aquilo foi a gota de água, a raiva tinha se apoderado completamente de mim, puxei os seus cabelos com força e com a outra mão agarrei no seu queixo ficando-lhe as unhas, ela fez um ruído de dor.
"Descansa, eu vou estar atenta" Lambi um pouco os seus lábios e dei um sorriso cínico.
Larguei os seus cabelos e corri até ao carro de Bonnie, por muito que tenha saído de lá como uma "vencedora" não me senti assim, só queria chorar.
[ Z A Y N ]
Acabei de meter a mesa e esperei ansiosamente por Afrodite, desde a última noite que andava desnorteado por ela, o desejo é muito, mas sei que não se entregará a mim tão facilmente e simplesmente, tenho que ser paciente. Valeu a pena esperar dois meses, ouvi-la gemer o meu nome foi como música para os meus ouvidos. Ah e como eu gosto de música.
O barulho da porta a bater pesadamente fez-me despertar dos meus pensamentos e deixar cair um copo no azulejo frio. Merda.
"Afrodite, és tu?" Perguntei dirigindo-me até à entrada.
"Eu odeio-te, odeio-te tanto" O seu rosto estava molhado e presumi que estivesse estado a chorar. Vê-la nesta estado dava-me um aperto no coração.
"O que se passa?" Tentei agarrá-la, mas ela imporrou me. Caralho, a miúda tem força.
"És a pessoa que eu mais odeio neste mundo Malik" Gritou andando até à cozinha.
Mas que porra é que se passava com ela?
"Andas-te a beber?"
"Andei" Riu-se com a sua própria resposta. "As tuas mentiras"
"És capaz de me explicar o que é que tens?" Aumentei um pouco o tom da minha voz.
"Vou-te dar uma pista, começa com S e até agora a única coisa que saber fazer é mandar me à cara que o meu marido fode bem" A sua cara estava vermelha, mas definitivamete não era de estar corada.
Samantha? Oh não, o que é que ela foi fazer?
"Afrodite" Suspirei passando as mãos pelo cabelo.
"Não. Desta vez não há Afrodite nem meio Afrodite" Gritar, gritar, gritar, era o que ela fazia. "Porra Zayn, tens sempre que estragar tudo?" As suas lágrimas não paravam de cair e o aperto no meu coração era cada vez maior.
"Ouve me" Agarrei-a pelos pulsos.
"Larga-me, larga-me, larga-me estúpido" As suas pequenas mãos batiam-me e até houve uma que acertou na minha cara.
A respiração de rapariga à minha frente começou a ficar irregular, as suas mãos foram até ao seu pescoço arranhando o um pouco dando a parecer que alguém a estivesse a sufocar.
"Afrodite olha para mim" As minhas mãos foram até à sua cara fazendo com que ela olha-se para mim. "O que é que se está a passar?"
Pegou bruscamente na minha mão e levou-a até ao seu peito em cima do seu coração, o seu ritmo cardíaco estava acelarado, demasiado.
"Isto doí" Falou com alguma dificuldade.
"O que é que eu faço? Por favor, diz-me" O meu desespero era total e conseguia sentir os meus olhos a encherem se de água.
"Faz isto parar" Umas gotas começaram a cair da sua testa misturando-se com as lágrimas. Estava a suar.
"Eu não sei o que fazer, precisas de me ajudar" Apertou mais a minha mão. "Eu vou ligar à Bonnie, espera"
Balançou a cabeça negativamente, eu não sabia o que fazer e Bennett era a única solução. Mesmo não sendo médico, sabia que pelos seus sintomas ela estava a ter um ataque de pânico, o problema é que eu não sabia como lidar com ele. Já tinha visto nos filmes que quando isto acontece, eles beijam-se, mas acho que isso é só para dar um toque romântico. Porém o meu desespero era tanto que eu fiz-o. Eu beijei-a.
As suas mãos que antes agarravam a minha camisola com força, começaram a largá-la lentamente, a sua respiração começou a ficar regular e depois de passar uma mão pelo seu peito confirmei que o seu ritmo cardíaco estava a diminuir. Eu não acredito que isto resultou.
"Desculpa" Passado alguns minutos em silêncio, Afrodite sussurrou.
"Tudo bem" Passei as mãos na cara. "Vai descansar, já lá vou ter"
Assentiu sem reclamar e subiu as escadas. Peguei no seu telemóvel e liguei para a sua melhor amiga, só ela me podia ajudar.
"E foi isto" Expliquei tudo assim que Bennett entrou.
"Tu beijas-te-a?" Perguntou chocada.
"Mas foi só isso que ouvis-te caralho ?" Gritei-lhe.
"Vem cá" Puxou-me a mão e sentou nos no sofá. "Sabes como é que se trata de um ataque de pânico?" Não sei como é que me conseguia falar com uma voz calma depois de ter gritado com ela. Fiz que não com a cabeça e continuou. "Há duas maneiras: ou distrais te do que te está a atromentar" Fez uma breve pausa. "Ou enfrentas os teus medos"
"E tu pensas que é a segunda hipótese"
"Bem.. Analisando o vosso tempo juntos, sim" Ela suspirou.
"Tudo bem" A minha voz saíu calma. "Vou levá-la ao médico"
"Não acho que seja necessário, afinal Afrodite já está bem"
"Agradeço a tua preocupação, mas ela é minha mulher e se está com medo de mim, eu quero saber" Levantei-me levando Bonnie até à porta.
"Ok, mas não vás a um hospital ... normal"
Assenti e despedi-me dela. Marquei uma consulta para o Dr. Peter, médico de à muitos anos e ele fez questão que fosse lá agora.
"Onde estamos?" Afrodite perguntou assim que entrámos.
"Numa clínica" Respondi-lhe tirando o casaco dos seus ombros.
"Não, por favor Zayn" Os seus olhos começaram a ficar molhados. "Prometo que não volta a acontecer"
"E se voltar Afrodite? Eu não saberei o que fazer"
"E se doer?"
"Não vai doer, eu estou aqui" Abracei-a dando-lhe um beijo na testa.
"Acho que já sabe que a sua mulher tem medo de si" Boa, esqueci-me que este estúpido não tem papas na língua.
"Sim. Sim, eu sei" Suspirei.
"Então o que é que lhe fez?" Sentou se de frente para mim.
"Nada. O meu pai fez e ela provavelmente, pensa que eu lhe irei fazer o mesmo"
"O Sr. Afonso nunca teve consciência do que fazia"
"Pois" Respondi secamente. "O que é que eu posso fazer, doutor?"
"Só vejo uma solução" Viu algum dos seus papeís.
"Que é?" Bufei por não me ter dito logo a resposta.
"Tem que fazer com que ela se apaixone por si "