Midnight

By Mary-Lim

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JeongHan só queria fugir de seu passado. Ir para a cidade grande estudar e trabalhar para ter uma vida indep... More

Cap I
Cap III
Cap IV
Cap V
Cap VI
Cap VII
Cap VIII
Cap IX
Cap X
Cap XI
Cap XII
Cap XIII

Cap II

209 15 28
By Mary-Lim


"Mais uma vez espero que gostem e se possivel me digam o que estão achando e/ou o que posso melhorar.

        ~Boa leitura"



       

               Encostado na porta de seu pequeno apartamento JeongHan ficou parado ouvido ao redor tentando identificar qualquer coisa que identificasse que havia sido seguido, mas não pode ter certeza de nada. Ainda ouvia carros passando na rua, algum vizinho bravo com o filho e um casal brigado, talvez aquele outro barulho fosse sua vizinha com o mais novo namorado? Fez careta com um grito mais alto, ninguém merece.

               Com um suspiro se deitou cair sentado no sofá, a mochila escorregando para o chão. Não era possível que realmente tinha visto aquela coisa e o pior. Não era possível que não tivesse feito nada. Quer dizer, de dentro do ônibus ligou para a delegacia e deu o endereço contado achar ter presenciado um assassinato, mas isso foi tudo.

               O rosto do homem assustado ainda aparecia em sua frente toda vez que fechava os olhos, queria ter feito algo por ele, tentava dizer para si mesmo que não podia ajudar, mas isso não diminuía a culpa. Talvez devesse ter ido a delegacia dar um depoimento ou algo assim.

               Mas o que diria?

               "Então, senhor policial, eu acho que vi pessoas que mais pareciam animais atacando um homem que agora está todo despedaçado e sangrando no chão de um beco a poucos metros de onde eu trabalho. Ah e eu tive que correr deles e pra isso coloquei o flash do celular nos olhos vermelhos deles. Eu não tinha mencionado isso? Pois é. Eles tinham olhos vermelhos." Quem acreditaria em uma conversa de maluco daquela.

               Respirou fundo recostando no sofá e encarando o teto. Precisava deixar isso de lado. Não podia fazer mais nada do que já tinha feito e isso era tudo.

               Seu corpo se contraiu involuntariamente de susto fazendo a caneta pular de sua mão quando ouviu a batida na porta. Não tinha conseguido dormir desde que chegou e por causa disso decidiu estudar um pouco. Mas a cada barulho que ouvia no corredor o deixava em alerta achando que os assassinos podia tê-lo encontrado e estavam ali para destruir a única testemunha.

               Por mais que repetisse para si mesmo que pessoas não... Comiam pessoas em um beco, ainda continua pulando e daquela vez haviam batido em sua porta. Já devia ser noite agora, não podia dizer já que tinha ficado o tempo todo com a cortina do quarto fechada, e odiava estar sozinho.

               Naquela manhã decidiu não ir a aula e enquanto ligava para JunHui para avisar que não pegaria carona com ele ficou pensando se não devia o chamar para passar a noite ali. Mas quando não encontrou uma desculpa plausível para o pedido deixou de lado. Não tinha como, e não queria, contar o que tinha visto a ninguém seria melhor assim.

               Soltou a caneta quando ouviu a batida novamente e pulou da cama empurrando os óculos para cima no nariz. Estava com fome, mas a paranoia dizia que até mesmo pedir comida em algum lugar podia trazer aqueles animais em sua porta. Não tinha problemas com sangue ou cadáveres, afinal estava acostumado a vê-los nas aulas da universidade, mas a cena que viu era muito mais que um corpo morto. Era a brutalidade ali bem representada em frente aos seus olhos e mesmo que fosse forte para esse tipo de cena tinha vomitado na noite anterior, e ainda agora uma sensação ruim apertava seu estomago o fazendo ficar enjoado. E agora tinha alguém batendo em sua porta e até onde sabia podia ser qualquer um, inclusive aqueles monstros, não ajudava a sensação a diminuir.

               Nas pontas dos pés descalços para não fazer barulho saiu do quarto e atravessou a pequena sala, fazendo uma pequena pausa para alcançar uma faca de pão esquecida sobre o balcão da cozinha Sabia que não era a melhor das armas, mas era melhor que nenhuma. Além do mais como estava escuro provavelmente não saberiam que estava ali e poderia dar uma espiada no olho mágico antes de saber quem era. Não podia ser JunHui ele sempre ligava antes de aparecer. Passou os dedos pelos cabelos que deviam estar uma bagunça por não ter penteado depois do banho e tirou os fios da frente dos olhos para conseguir espiar pelo pequeno furo na porta.

               Do outro lado da porta viu de forma distorcida um homem jovem. Não era muito alto, talvez da sua altura. Apesar de parecer ter um corpo forte, não era nem um pouco parecido com os que havia visto na outra noite.

               -Hey! Sei que está aí pode me atender? – a voz inesperada o fez estremecer.

               -Quem é? – tentando acalmar o estado de alerta que seu corpo imediatamente entrou, se continuasse com tanto medo assim acabaria tendo um ataque cardíaco.

               - É a polícia... – JeongHan deu um passo pra trás com a revelação, por que tinha um policial na sua porta – Sou detetive. – a voz grave de um homem continuou do outro lado como se o fato de ser detetive mudasse algo – Ligaram do seu número para comunicar um assassinato... – ele fez uma pausa – Pode abrir aqui pra gente conversar? – bateu de novo com mais força parecendo irritado e JeongHan de um passo para trás

               Merda, praguejou várias vezes baixinho. Definitivamente agora não parecia ter sido a melhor ligar para a polícia. Claro que a coisa da chamada anônima deveria o cobrir, mas algo não tinha sido do jeito que pensou e agora tinha um suposto detetive em sua porta.

               -Como vou saber se é da polícia de verdade? – perguntou tocando as pontas dos dedos na porta tentando ver através do olho mágico novamente e o viu bufar impaciente.

               -O que acha de abrir a porcaria da porta? - a impaciência bem visível no tom da voz.

               -E se for um dos assassino?

               -Se eu fosse um assassino não chamaria na sua porta, iria logo derrubar ela, ou te esperar até que saísse de casa.

               Claro que aquilo fazia sentido, mas não desistiria tão fácil.

               -Poderia também fingir que é policial e me matar aqui para parecer um acidente ou algo do tipo.

               Pode ouvi-lo suspirando do outro lado enquanto remexia nas roupas e então algo escorregou por baixo da porta. JeongHan pegou o cartão e acendeu a luz, seus olhos tiveram certa dificuldade de focar, mas quando conseguiu viu que o documento ali tinha a insígnia da polícia assim como o nome "Choi SeungCheol", uma identificação como detetive e uma foto da pessoa parada pé do outro lado de sua porta. Não achava que aqueles series do beco seriam tão inteligentes para pensar nesse tipo de detalhe ao se passar por policiais.

               Escondendo a faca no cós da calça soltou a corrente da porta e a destrancou. A pessoa em sua frente fez JeongHan ficar parado o encarando por algum tempo. Definitivamente a foto da identificação, e a imagem do olho magico, não fazia jus. Além do mais aqueles jeans escuros e camiseta preta sob a jaqueta da mesma cor não o fazia ter muita cara de policial.

               -O que está fazendo aqui? – disse depois de um breve momento de choque.

               -Como eu disse sou detetive. – pegou a identificação ainda na mão do dono da casa e a guardou de volta no bolso interno da jaqueta – Estou tentando descobrir o que aconteceu na outra noite e parece que você é nossa única ligação com tudo. – sem esperar ser convidado o detetive passou por JeongHan e entrou no apartamento.

                -Está investigando o que aconteceu?

               -Talvez deva me contar o que aconteceu. – parou em frente ao balcão que separava a sala da cozinha e cruzou os braços – "Tem uma pessoa morta no beco", não é uma boa definição. – ele colocou a gravação que tinha no celular com a voz de JeongHan falando sobre o ocorrido em tom baixo e embolado já que tentava não ser ouvido pelos passageiros do ônibus.

               -Havia sangue pra todo lado e aqueles caras... – fez careta tombando a cabeça para o lado – Estava comendo ele.

               -Comendo quem? – a sobrancelha escura foi erguida.

               -O homem. Ele passou correndo por mim enquanto eu tentava chegar ao ponto de ônibus, eu fiquei preocupado e entrei no beco para ver se ele estava bem.

               -Espera. Deixa eu ver se entendi. Você viu alguém ser perseguido e em vez de correr ou ligar para a polícia você foi atrás dele, pra depois chamar a polícia?

               -Ah... É.

               Parou de falar percebendo que ele olhava para todo o lado na pequena casa. Seu apartamento não era grande com sua pequena cozinha e sala no conceito aberto, nem mesmo tinha espaço para uma mesa de jantar e as poucas refeições que já tinha divido com amigos e sua mãe quando vinha visitar era no balcão que dividia os dois ambientes. A sala mal cabia um sofá médio, que ficava de frente pra TV e uma mesinha de centro. Ao lado do balcão da cozinha ficava a porta de seu quarto que também não era muito grande e cabia basicamente sua cama de casal, um guarda roupa assim como a porta do banheiro, uma janela grande, e a única do lugar, e uma estante cheia de seus livros de medicina que comprava aos poucos com o trabalho no The Church.

               -É seu? – apontou o livro de genética perdido sobre o balcão junto com vários pacotes de comida pronta.

               -Sim.

               -Faz medicina? – ele ergueu as sobrancelhas como se fosse difícil acreditar nesse fato.

                -Sim, por quê?

               Por que do nada estava na defensiva? Não tinha que dar explicações a ele, mas ainda assim sentiu a necessidade de empinar o queixo em forma de desafio quando o respondeu. Mordeu o lábio olhando para os dedos folheando o livro por um momento e então encolher os ombros como se não importasse.

               -Sabe o problema?... – fez sinal que queria saber seu nome.

               -JeongHan.

               -O problema JeongHan é que não tinha nada lá.

               -O que está dizendo? – mordeu o lábio inclinando a cabeça para o lado.

                -Fomos no endereço que você deu e não encontramos nada. Nenhum morto, nenhum assassino, nenhum sangue. – apertou os olhos e por um instante pareceu mais alto que era, mais ameaçador – Quando vi isso tudo tive que vir até aqui te ver pessoalmente. O que pensa que somos? Brincadeira?

                -Mas eu vi... – foi interrompido pela mão dele sendo erguida.

                -O que estava fazendo naquela parte da cidade?

                -Eu trabalho lá. – cruzou o braço voltando a entrar no modo defensivo – Algum problema com isso?

                -Não exatamente. Mas aquele bairro não é conhecido por ser o mais decente.

                -E só por isso um assassinato pode ficar impune?

               -Eu não disse isso. – ele pareceu mais tenso e menos irritado – Mas o fato de não ter nada lá não ajuda muito a esclarecer sua história.

               -Olha. – suspirou – Eu vi o que vi. Havia cerca de seis caras grandes usando roupas pretas correndo atrás de um outro menor. No beco eu vi aqueles de preto se alimentando do outro. – fez uma careta – Foi uma das cenas mais nojentas e estranhas que vi na vida. Eu devia ter entrado lá? Claro que não. Eu devia ter ligado para a polícia em vez disso? Com certeza sim. Mas isso não muda o que eu vi e arrepender de minhas decisões agora não vai me ajudar em nada. Se não tinha nenhum assassinato lá... – encolheu os ombros – Eu não faço ideia do que aconteceu. A única coisa que posso te dizer é que estou com medo. Apavorado. Pulo a cada vez que ouço um barulho por que tenho medo que seja um dos assassinos vindo atrás de mim. Se vai me acusar de alguma coisa faça isso logo, por que preciso estudar pra uma prova e você está me atrapalhando. – respirou fundo quando terminou.

               Sabia que ninguém iria acreditar no que havia contado e se não tinham encontrado nada no beco o que o detetive Choi estava fazendo em sua casa?

               -Não vou te acusar da nada. – os olhos do detetive estavam apertado o estudando e quase teve certeza eu viu um mini sorriso no canto dos lábios dele – É só que... – suspirou novamente passando os dedos pelos cabelos escuros – Quer saber? Vou ver o que posso fazer. Talvez tenham matado o homem lá e desovado em outro lugar... – ele estava mesmo tentando encontrar uma explicação para a maluquice que estava acontecendo? – Não se preocupe. Se esses assassinos existem de verdade vou pegá-los.

               Estudou o rosto dele tentando encontrar algum traço de humor de quem estava tentando rir de sua cara, mas só encontrou preocupação. Preocupação de verdade. Talvez misturada com um pouco de confusão.

               -Acha que podem vir atrás de mim? – perguntou limpando a garganta.

               -Eu... – ele apertou os olhos e mordeu a parte de dentro da boca – Não sei. Nem sei se existem mesmo, mas enquanto houver uma chance remota de algo ter acontecido vou investigar.

               -Obrigado. – revirou os olhos.

               -Olha não estou chamando e mentiroso nem nada disso, mas tem que concordar comigo que é difícil acreditar em um relato como o seu quando nem se tem uma cena de crime não acha?

               -Mas como poderia ter sumido tudo que eu vi. - sua mente lhe davam respostas para aquelas perguntas, mas ainda assim não queria estar certo.

               -Eu não sei. – encolheu os ombros – Talvez fossem vampiros ou algo assim e o sangue virou areia no final de tudo.

               -Serio isso? – deu a ele seu melhor olha de tédio – E desde quando vampiros faz o sangue de suas vítimas virar areia?

               -Tem razão. – ele sorriu olhando para o outro.

               De repente JeongHan parecia muito consciente do olhar do detetive. Ele era bonito e tinha aquela aura séria e adulta, provavelmente não se envolvia com jovens universitários, menos ainda quando era "o jovem" e não "a jovem", talvez tivesse até uma namorada ou uma jovem esposa o esperando em casa, mas naquele momento JeongHan deixou a mente viajar e imaginar como seria a sensação de tocar a pele dele e quem sabe ser tocado de volta. Os olhos encontraram os dele e em sua mente uma imagem se formou. Nela estavam deitados em sua cama em meio aos livros JeongHan podia sentir o toque quente em sua pele que se arrepiou os lábios colaram aos seus e o jovem suspirou e quando o detetive Choi piscou voltou de seu delírio percebendo que havia suspirado fora de suas fantasias quando encontrou as sobrancelhas dele erguidas em uma expressão clara de que tinha sido pego.

               Parte daquela tensão que sentiu com a imagem desapareceu como se tivesse ganhando um banho frio, mas não pode livrar do coração batendo desesperado no peito, nem do formigamento que parecia espalhar por seu corpo quase como uma cócegas. Aquilo no canto dos lábios do detetive era a insinuação de um sorriso? Qual as chances de existir um detetive que lia mentes? Ou será que havia sido óbvio demais ao encará-lo enquanto pensava aquelas porcarias?

               -Isso é tudo detetive Choi?

               -SeungCheol.

               -O que?

               -Me chame de SeungCheol.

               -Acho que não te conheço pra isso.

               JeongHan viu o que parecia um pequeno sorriso se formar nos lábios bonitos novamente, a escuridão daqueles olhos o atingiu de tal forma que quase suspirou mais uma vez. Parecia tão escuros e distantes, mas ao mesmo tempo calorosos como se pensasse algo nada a ver com o que estavam fazendo naquele momento. Em algum lugar daqueles olhos identificou um sofrimento de quem já tinha vivido horrores indescritíveis e supôs que talvez ele tivesse feito parte do exército ou algo do tipo antes de terminar como detetive. Sabia que essas coisas as vezes aconteciam apesar da pouca idade que ele parecia ter.

               -Senhor Choi é o meu pai. E eu te chamei pelo nome.

               -Isso não me convence. – continuou resolvido – De qualquer forma agradeço por se interessar em ver o que aconteceu. Não precisava ter aparecido aqui.

               Ainda achava estranho a coisa de terem rastreado uma ligação anônima e a levado a sério o bastante para mandar o detetive ali, se não havia nada no beco poderiam pensar que era apenas um trote e não esforçar tanto para descobrir algo. Tentou deixar aquilo de lado. No fundo sabia que a presença do detetive ali tinha sido o que mais precisava no momento.

               -Pelo que eu vi você precisava sim que eu viesse aqui. A coisa de pular com barulhos. – ele sorriu de novo – E estou só fazendo meu trabalho. Não vai custar nada investigar um pouco mais sobre isso.

               O dono da casa o acompanhou até a porta a abrindo para ele sair. Por um instante, olhando para os ombros largos do detetive pensou no que aconteceria se o convidasse para passar a noite ali. Provavelmente seria completamente inapropriado e JeongHan nunca teria coragem de o pedir para ficar, mas ainda assim não conseguiu deixar de imaginar como seria. E se sentiu-se tenso quando ele parou logo que passou por si. Será que tinha dito algo em voz alta? As vezes fazia isso de pensar em voz alta quando não devia.

               O detetive parou e girou os calcanhares.

               -Posso perguntar que perfume está usando?

               A pergunta um tanto inesperada e até mesmo intima pegou JeongHan completamente de surpresa o deixando ainda mais tenso. Sentiu as bochechas ficando quentes pensando que realmente ele podia ter percebido os rumos de seus pensamentos mais cedo e agora estava brincando, como JunHui fazia com as garotas no The Church.

               -Não gosto de usar perfume.

               -Sério? – mais um meio sorriso ergueu o canto dos lábios dele e JeongHan se encolheu um pouco quando se aproximou até chegar bem perto de seu pescoço e inalou – Você tem um cheiro bom.

               E foi com esse comentário estranho que o detetive Choi seguiu em direção as escadas do terceiro andar onde JeongHan vivia o deixando parado na porta sem entender o motivo daquela frase.



~aquilo de sempre vote comente e faça uma autora feliz <3~

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