Tempo fora de lugar - Drarry...

Από itsmgab1hx

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Como seria acordar num dia e não se lembrar dos últimos 7 anos da sua vida? Como seria acordar e perceber qu... Περισσότερα

A Dor de Cabeça é o Último dos Meus Problemas
Uma Visão de Dor
Eu Não Posso te Ajudar se Você Não me Conta
Proteja-os Com Sua Vida
O Inferno de Um Curador
Animar Alguém
Pesadelos e Laços do Coração
Tenha Minha Mente
Você Me Faz Sentir As Coisas Mais Estranhas
Quem Te Irrita Te Conquista
Construindo Pontes de Amor
Veneno
Eu Sou Um Curador
Guerras Nunca Feriram Alguém, Exceto Quem Morreu
Visgo
Vozes do Passado
A Melhor Prova de Amor é Confiança
Eu ainda não comecei a lutar
Quando tudo vem abaixo
Que você viva todos os dias da sua vida
A Vida de Althidia
Está Tudo Voltando Para Mim Agora - Último capítulo
Fontes Tiradas da Internet

Lar Doce Lar

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Από itsmgab1hx

Remo e Sirius foram embora na manhã seguinte, usando Pó de Flú. Harry quase rira quando vira seu padrinho – "ressaca" estava claramente escrito na cara dele, quando entrara na cozinha e pedira café numa voz rouca e mau-humorada. Remo estava melhor, já que ele e Harry foram os que menos beberam na noite anterior. Rony já tinha saído para trabalhar e Draco ainda estava dormindo, sobrando apenas Hermione e Harry para se despedir de Sirius e Remo.

- Vamos ver vocês em breve, eu acredito. – Hermione disse. – Eu não tenho nenhuma dúvida de que Dumbledore vá colocar vocês dois em campo dessa vez.

Remo sacudiu a cabeça em concordância. – Eu também acredito nisso. – Então ele pegou Sirius pelo braço e o guiou até a lareira. Ele estava murmurando sob a respiração sobre nunca mais beber de novo. – Sim, sim. – Remo disse. - O dia em que isso acontecer vai ser aquele em que eu não vou mais me transformar.

Sirius o encarou com uma carranca, e eles desapareceram nas chamas.

Hermione e Harry voltaram para a cozinha. – Você quer alguma coisa pra comer, Harry?

Ele sorriu. – Você pode se sentar, Mione. Vou pegar eu mesmo. Quer alguma coisa?

Hermione balançou a cabeça. – Eu não tomo café desde que fiquei grávida, lembra? – ela disse. – Eu iria apenas botar tudo pra fora, de qualquer jeito.

- Não está melhorando? – Harry perguntou, fazendo força para dizer coisas que não fossem suspeitas. O Harry do mundo de Hermione certamente saberia que ela não estava mais tomando café.

Ela balançou a cabeça de novo. – Não. Mas eu realmente queria que estivesse. Estou ficando tão cansada de enjoar a cada dez minutos.

- Mas talvez tudo isso valha a pena quando os gêmeos nascerem? – Harry perguntou, escolhendo as palavras com cuidado para que ela percebesse que ele sabia que ela esperava gêmeos. Enquanto isso, ele pegou a manteiga na geladeira para passar no pão que estava torrando.

Ela ficou olhando-o por um momento, uma expressão confusa no rosto, antes de mascarar seus sentimentos e dizer num tom brando: - Definitivamente vai valer a pena.

A torradeira soltou um apito, e a torrada pulou.

- Talvez você pudesse tomar um copo d'água? Ou leite? – Harry ofereceu.

Hermione sorriu. – Sim, tá bem. Eu acho que vou ser capaz de segurar um copo de leite aqui dentro.

Alguns instantes depois, Harry estava mastigando ruidosamente a sua torrada, enquanto Hermione bebia um copo de leite aos golinhos. Os dois ficaram em silêncio, olhando a chuva que caía mais uma vez através das grandes janelas. Harry estivera certo – as nuvens grandes e escuras que estiveram no horizonte agora estavam sobre eles, e caindo.

- Draco ainda está dormindo? – Hermione perguntou finalmente, depois de quase cinco minutos de silêncio confortável.

Harry abriu um grande sorriso e virou-se para ela. – Como um bebê. Eu acho que ele vai estar meio que de ressaca, que nem o meu caro padrinho estava, quando acordar.

- E que nem o meu marido provavelmente ainda está. – Hermione riu. – Ele sempre bebe quando está com vocês, garotos, e na manhã seguinte eu estou presa com um marido de ovo virado. E aí ele jura que nunca mais vai beber, mas nós dois sabemos que da próxima vez que for com vocês ele vai vir passado. – ela sorriu – E eu estaria lá com todos vocês se não fosse minha... condição.

O sorriso de Harry alargou, contudo ele estava surpreso. Hermione bebia antes de ficar grávida? A imagem de limpa, pura e rata-de-biblioteca mudara levemente, então.

As escadas estalaram, sinalizando alguém se aproximando. Harry levantou os olhos para encontrar Draco.

- 'Dia. – ele disse numa voz baixa e rosnada que parecia muito mais com a de Crabbe ou Goyle do que a sua própria.

- Bom dia. – Harry disse, animado, decidindo torturar Draco um pouquinho. Um Draco de ressaca não era algo que ele tivera chance de provocar muito freqüentemente, e era óbvio que seria muito mais divertido do que encher o saco um Draco bêbado.

O loiro se encolheu ao ouvir a voz alta de Harry, e se deixou cair na cadeira ao lado de Hermione.

- Tem café? – ele disse numa voz rouca. Harry estava um pouco surpreso; ele não sabia que Draco bebia café.

- Saindo rapidinho. – Harry falou na mesma voz animada de antes. – Gostaria de alguma coisa pra acompanhar? Torradas? Ovos? Bacon? Qualquer coisa?

Ele viu o rosto pálido de Draco ficar ainda mais branco com a simples menção de comida. O loiro sacudiu a cabeça em negação e a apoiou nas mãos, suspirando. Hermione se levantou e foi até um dos armários. Ela pegou algumas pílulas lá dentro, então voltou e as deu a Draco.

- Tome. – ela instruiu – Vai te fazer se sentir melhor.

Draco pegou as pílulas e engoliu.

- Oh, - Hermione adicionou. – Elas provavelmente têm alguns efeitos colaterais, desde que foram os gêmeos Weasley que as criaram.

O sonserino a encarou, como se ponderando se devia correr pro banheiro e tentar vomitar o remédio. – Que efeitos colaterais? – ele grasnou, finalmente achando sua voz.

- Bem, - Hermione respondeu – eu não sei de verdade; eles não me disseram.

Então ouviu-se um barulho estalado, e fumaça começou a sair das orelhas de Draco. Ele olhou ao redor ferozmente, e colocou as mãos nas orelhas, mas teve que tirá-las porque a fumaça era quente. O vapor o cercou, e tudo o que Harry e Hermione puderam ver por alguns segundos foi uma grande nuvem. Quando ela se dissipou, ela voltou a mostrar Draco.

Bem, quase Draco.

Um Draco com orelhas, rabo e bigodes de gato.

Harry riu mais do que rira em anos. Logo ele estava dobrado em dois, apontando e rindo da cara de Draco. O loiro em questão ainda não havia se dado conta das mudanças até agora.

- Aaah! – ele gritou quando viu sua cauda e sentiu os bigodes no seu rosto. – O que vocês fizeram comigo?!

Hermione estava segurando o riso histericamente – Isso... isso vai passar... tão logo a sua re...ressaca teria passado. – ela disse por entre os ataques de riso – Você ganhou isso no lugar da ressaca, como substituição.

- Você teria sido um gato muito fofinho! – Harry riu.

As bochechas de Draco ficaram escarlate-cintilantes, e ele ventou para fora do aposento. Harry e Hermione o acompanharam com os olhos, ainda rindo com força.

- Eu não recebi um agradecimento. – Hermione falou, ainda tentando segurar o riso. – Eu pensei que ele estaria feliz em se ver livre da ressaca.

- Oh, eu acho que bem lá no fundo, ele está agradecido. – Harry disse, e depois remendou – Você viu o nariz dele mexendo?

E eles entraram num outro ataque de riso.

Mais tarde, Harry encontrou Draco no quarto dos dois. Ele estava olhando pela janela, seu rosto torcido numa máscara raivosa. Harry não achava que ele estava ciente do seu rabo chicoteando de um lado para o outro, e até mesmo esse movimento estava cheirando a fúria de longe.

- Se sentindo melhor, Draco? – Harry perguntou. Ele não podia se impedir de provocar o outro rapaz.

Draco deu a volta de um só movimento e o encarou. – Essa foi uma ótima diversão pra você, não foi, Potter?

- Bem, - Harry respondeu – você tem que admitir que é hilário te ver com orelhas de gato e um rabo.

- Você acha isso engraçado?! Eu posso te dar um rabo e umas belas orelhas também. Talvez aí eu dê umas boas risadas. – Draco disse com força.

Harry parou de sorrir ao ver o quão irado Draco estava.

- Nossa, Draco, - ele disse – é apenas engraçado.

- Eu não acho! – Draco berrou – Você sabe quantas vezes eu fui humilhado nas últimas trinta horas?! Eu caí no chão, "gritando e esperneando" nas suas próprias palavras, eu chorei, eu tive você me confortando, eu dormi perto de você, eu vomitei, eu te disse coisas sobre mim mesmo que só o cretino do Dumbledore sabia, eu fiquei bêbado, eu dormi perto de você uma maldita segunda vez e finalmente você decidiu que nada disso era suficiente, então você me deu orelhas de gato e um rabo! Eu esqueci de alguma coisa?!

Harry ficou olhando para o loiro enquanto ele fazia sua acusação, e quando o outro terminou, ele apenas ficou calado. O rabo de Draco continuava chicoteando de um lado para o outro de um modo agourento, como se ele estivesse olhando para uma presa. Os seus olhos prateados mirraram, e se encheram de lágrimas, mas Harry sabia que dessa vez Draco não se permitiria chorar.

- Você foi bravo, Draco. – Harry disse. – Você viu toda aquela morte e tortura e...

- E o que eu fiz?! – Draco gritou – Eu fui lá e vomitei. Eu, o herdeiro dos Malfoy, fui lá e vomitei depois de ver alguém sendo torturado!

- O que você quer dizer com isso?! Você trocou de lado! Qualquer pessoa normal teria ficado doente de ver o que você viu. – Harry estava tentando manter a razão, mas estava ficando insuportavelmente irritado com o comportamento de Draco.

- Eu não sou uma pessoa boa! Eu fui criado desde que nasci para ocupar o lugar de meu pai no círculo íntimo de Voldemort! Até mesmo o Lord das Trevas em pessoa me disse que eu seria "o mais perfeito dos meus Comensais da Morte, mais até que o seu pai". Eu não sou um cara legal e santinho como você!

Harry o encarou. – Você não é assim. – ele disse baixinho – Você não é mau.

- Eu não sou mau?! – o loiro interrompeu de novo – Potter, não há nada que seu seja mais do que mau. Você não me observou nesses anos todos? Você não me escutou? Eu estava orgulhoso do meu pai quando eles torturaram aqueles trouxas na Copa Mundial de Quadribol. Eu queria me juntar a ele naquela hora; eles tinham tudo o que eu sempre sonhei: poder, e o medo das pessoas.

- Você não é mau. – Harry disse outra vez, mesmo que ele estivesse começando a perceber que Draco não o ouviria, não importava quantas vezes lhe dissesse – Se você fosse, não teria virado a casaca.

Draco o olhou com olhos apertados em raiva e frustração. Harry se virou para a porta antes que o loiro pudesse começar a gritar sem parar de novo. Ele estava pra abrir a porta e ir embora, quando se lembrou do motivo de ter vindo até ali. – Nós estamos nos mudando depois do almoço.

- Mudando? – Draco cuspiu, e não foi preciso olhar o sonserino para captar a raiva.

- De volta pro nosso próprio apartamento. – Harry disse, tentando parecer indiferente. – Eu conversei com Hermione. Aparentemente nós vivemos juntos em num lugar perto de Londres. Vamos para lá usando Pó de Flú ainda hoje.

Ele deixou o quarto, seus ombros levemente caídos. Parecia que tinha um peso pendurado nos seus ombros, e ele sabia o que esse peso era. Nos últimos dias, Harry passara a confiar, mesmo que só um pouco, em Draco, e de repente estava tendo uma briga feia com ele – isso era enervante. Especialmente quando ele não sabia o que fazer sobre isso. Draco não o escutaria. O loiro devia ser seu inimigo, não seu amigo. Não alguém em quem confiar. Harry não conhecia Draco direito; não sabia como lidar com nenhuma das coisas que ele acabara de lhe gritar.

Suspirando, ele desceu as escadas. Hermione estava numa das salas menores, de estudo pelo que parecia, trabalhando. Ela lhe disparou um olhar e perguntou: - Vocês estavam brigando?

Harry confirmou com a cabeça, mas tentou parecer indiferente.

- Pelo quê?

Harry parou um momento, e se pôs a pensar. – Eu não sei de verdade. – ele suspirou – Draco acha que tudo o que aconteceu, a visão, ele chorando e tudo mais, é humilhante. E ele não gostou nem um pouco quando rimos dele no café da manhã.

Hermione franziu as sobrancelhas. – Eu devo falar com ele? Quero dizer, aquilo não era pra magoá-lo. Eu só pensei que faria bem a gente rir um pouco.

Harry pôs sua mão no ombro de Hermione. – Nós provavelmente precisávamos daquelas risadas, Draco só realmente não gosta quando rimos da cara dele. Se você tivesse feito isso comigo, eu duvido que estivéssemos aqui agora.

- Ainda assim, talvez eu devesse conversar com ele.

Harry sacudiu a cabeça. – Ele precisa de algum tempo sozinho pra desafogar, agora.

- Vocês vão mesmo embora hoje à tarde?

Harry assentiu. – Sim. Eu disse pra ele, parece que está tudo certo. – bem, não era uma mentira completa. Draco não dissera muito sobre irem para o seu próprio apartamento.

- Eu vou aprontar o almoço à uma, então nós vamos até lá à uma e meia ou duas horas. Tudo bem? – ela perguntou, e Harry sorriu.

- Parece bom pra mim. Então você vai vir conosco?

- Sim. – ela respondeu. – Eu estava pensando em ir para a biblioteca depois disso, então eu vou com vocês. O Rony vai continuar no Ministério, mesmo.

Depois de mais alguns minutos de papo, Harry pegou um livro de uma das estantes e se sentou na sala de estar para ler. Era um livro trouxa, mas Harry não se importava. Era o único tipo ao qual tivera acesso durante sua convivência com os Dursleys. O que estava lendo agora se chamava "Cinzas de Ângela", e falava sobre a criação de um menino pobre numa cidade da Irlanda. Era muito bom.

- Você está relendo esse livro de novo? – Hermione perguntou quando saiu do seu estudo, três horas atrasada para começar a fazer seu almoço.

Harry olhou para ela, então para o livro, e de volta para sua amiga. – Hm, sim. – ele disse, incerto. Obviamente, seu contraparte mais velho já lera esse livro antes.

Hermione deu de ombros. – É um bom livro. Você pode levá-lo pra casa se quiser.

Harry sorriu. – Obrigado. Não tem jeito d'eu terminá-lo agora mesmo. – Ele fechou o livro e se seguiu Hermione até a cozinha. – Posso ajudar em alguma coisa?

- Eu vou fazer salada para nós, então é você pode ir cortando a alface pra mim, por favor. – Hermione disse.

- Claro. – Harry disse e começou a fazer o que lhe fora pedido.

Outros vinte minutos depois, o almoço estava na mesa. A salada tinha presunto, tomate, pepino e outros legumes. Hermione chamara por Draco na escada, e ele apareceu no andar inferior alguns minutos mais tarde, mas se recusou a olhar para Harry. Todo mundo à volta da mesa ficou muito quieto enquanto comiam. Draco mal tocou seu prato, o que deixou Harry um pouco preocupado. O loiro não tinha tomado café e agora só ficava brincando com a comida? Por fim, ele deu de ombros mentalmente, e ligou esse fato à ressaca que Draco ainda estaria sofrendo se não fossem as pílulas – orelhas, cauda e bigodes ainda estavam em seus postos.

Depois do almoço, Harry subiu para o quarto que dividia com Draco fez a limpa – com ajuda de mágica, claro. Ele concluiu que as roupas no armário pertenciam mais a Hermione e Rony do que a ele, e eram para ficar no castelo em ocasiões como essa – quando Harry e Draco precisavam de cuidados médicos, ou então quando estavam passando um tempo lá por qualquer outra razão. Ele também checou o armário do loiro, mas pelo que viu o outro já tinha esvaziado-o. A única coisa que trouxe para baixo consigo foi sua vassoura, sua Campeã, porque ele achou que essa era a única coisa que realmente lhe pertencia, já que tinha seu nome nela.

Quando chegou no andar de baixo novamente, viu que Hermione vestira grossas capas, fazendo-a parecer levemente menos grávida do que era. Levemente.

- É meio de Novembro. – ela disse. – Eu achei que seria uma boa eu não congelar no meio do caminho para a biblioteca.

Harry sorriu e assentiu com a cabeça. – Damas primeiro? – ele falou e apontou para a lareira. Ele estava um pouco nervoso; o que deveria dizer para entrar no fogo? Ele precisava que Hermione fosse antes, assim ele e Draco apenas precisariam repetir o que ela fizesse.

Hermione suspirou. – Não fique surpreso se eu vomitar quando chegar ao Ninho. – ela disse.

O Ninho? Bem, esse era um nome para se dar a uma casa, Harry pensou.

Ela pegou uma pitada de Pó de Flú de jogou no fogo. – O Ninho! – ela disse claramente. Então pisou nas chamas e desapareceu.

Harry ficou olhando Draco, com uma expressão de completa indiferença no rosto, fazer a mesma coisa, antes de pegar o livro que estivera lendo e atirar o pó no fogo.

O mundo começou a girar em torno dele com rapidez, e a sala desapareceu, até que tudo à sua volta era um borrão. Então ele viu os rostos de Hermione e Draco na sua frente, e ele foi atirado na direção deles. Aterrisou estirado e com o rosto amassado contra o piso de um cômodo grande, e sua vassoura e seu livro caíram de sua mãos.

- Uuf.- Harry murmurou.

- Francamente, Harry. – Hermione falou. – Qualquer um pensaria que você, depois de todos esses anos, deveria saber viajar com Flú.

As bochechas de Harry ficaram um pouquinho rosadas, mas então ele voltou sua atenção para o aposento onde se encontrava. O chão era macio por ser coberto por um enorme e macio tapete azul, igualzinho àquele no seu quarto no castelo Weasley. As paredes também eram parecidas com as do castelo; azul-claras. Mas acabavam aí as similaridades, entretanto. Esse cômodo era muito mais esparsamente decorado; simples era definitivamente a sua descrição. Havia um sofá branco, com três almofadas azul-marinho, e uma mesa baixa de vidro. Bem no meio da mesinha havia um vaso alto com uma única rosa vermelha dentro.

Atrás do sofá, assim como do outro lado da lareira, havia grandes janelas, e Harry pôde ver uma sacada além delas. Estava, como sempre, chovendo lá fora.

Em ambos os outros lados, estavam portas. Uma delas estava aberta, e Harry viu um corredor, mas não muito mais do que isso. Aquele lado da sala tinha também uma mesa de madeira, com papéis caprichosamente empilhados sobre ela. Uma cadeira que parecia muito confortável estava próxima à mesa.

- Bem-vindos à sua casa. – Hermione deu um sorriso largo. – A Gina veio aqui mais cedo pra dar uma geral nesse lugar.

- Agradeça a ela por nós. – Harry disse. Draco ficou quieto.

- Bem, - Hermione disse, quando os rapazes começaram a olhar ao redor. – Eu acho que tenho de deixar vocês dois sozinhos agora. A Gina deve ter abastecido a geladeira também, se tiverem fome...

- Nós vamos ficar bem. – Harry lhe assegurou. – Obrigado por tudo.

Hermione sorriu. – Às ordens. – ela respondeu, se virou e passou pela porta que levava ao corredor. Ela se guiou facilmente através do apartamento – afinal de contas, ela estivera lá antes, ao contrário de Harry e Draco. O Garoto que Sobreviveu seguiu sua amiga até o que parecia ser a porta da frente.

- Eu sei que posso ir com Pó de Flú até a biblioteca, mas eu acho que vou andar dessa vez. Eu preciso me exercitar. – Hermione se ergueu nas postas dos pés para dar a Harry um beijo na bochecha. – Dumbledore provavelmente vai entrar em contato com vocês hoje à noite. – ela continuou. – Ele deve ter uma equipe pronta agora.

Harry assentiu com a cabeça, e se despediu da amiga. Ao que ela foi embora, ele decidiu explorar o apartamento. Draco desaparecera em algum lugar, provavelmente resmungando onde quer que estivesse.

Havia uma porta aberta, em frente à porta da rua. Ela levava a uma cozinha bastante grande, com uma "meia-ilha", e três suportes no outro lado dela para ocupantes. Além disso havia uma mesa com duas cadeiras em cada um dos seus lados mais compridos. Toda a mobília era feita de madeira; a mesa e as cadeiras eram de alguma árvore clara, enquanto os suportes altos eram feitos de alguma coisa mais escura. Acima da meia-ilha estavam os armários, feitos com portas de vidro. Harry olhou através deles, assim como nas gavetas, e memorizou onde cada coisa estava. Facas, garfos, dois diferentes jogos de pratos, copos combinando, e uma vasta coleção de utensílios de culinária. Parecia que as versões mais velhas dele e de Draco gostavam de cozinhar.

Ele tinha gostado do que vira do apartamento até ali. Os cômodos pareciam ter diferentes cores temáticas – a sala de estar era predominantemente azul, com a ocasional quebra dada pelo branco e pela madeira. O corredor era vermelho encarnado, com fotos penduradas nas paredes, mas Harry não tivera tempo de estudá-las quando seguira Hermione. A próxima coisa que faria seria observá-las.

A cozinha tinha paredes amarelo-pálidas, e cerâmica num laranja suave contrastando com o marrom claro do piso.

Harry voltou ao corredor. Agora, quando ele tinha tempo para examinar as fotografias, ele viu que era uma gama vasta de imagens dele e de Draco, assim como de seus amigos. Hermione e Rony apareciam em muitas, e seus "eu's" fotográficos sorriam e piscavam ao que o moreno passava por eles. Havia fotos da gangue na praia, na floresta, no castelo Weasley, em Hogwarts... Harry parou e ficou olhando para aquelas da formatura deles. Harry, Rony, Hermione – e Draco. O sonserino era o único que não estava sorrindo para a câmera. Harry achava que podia ver alguns machucados no seu pescoço e no lado do seu rosto, todavia Draco fizera o seu melhor para escondê-los.

Harry imaginou se fora logo antes da formatura que Lúcio seqüestrara seu filho único e o torturara. Hermione não dissera nenhuma data específica, nem mesmo um ano. Isso daria sentido às fotos, por explicar o motivo de Draco ter ferimentos – e o porquê dele poder estar com Harry tão abertamente. O pai de Draco estaria morto, então, deixando o filho livre para fazer o que bem entendesse.

A meio-caminho no corredor havia um par de grandes portas de madeira, formando uma espécie de portal, levando a um cômodo. Harry as abriu com curiosidade.

O Quarto Principal era uma visão aterradora. Paredes em carmesim profundo, com várias pinturas presas a elas. Bem em frente a Harry havia uma cama enorme – a maior que já vira em toda a sua vida. Depois da cama estava uma janela grande, do mesmo tamanho daquelas na sala – elas começavam no chão e chegavam quase até ao teto. Cortinas em vermelho escuro com motivos em dourado caíam ao redor da janela. Não havia dúvidas de que o quarto era inspirado nas cores da Grifinória.

Porém, o que fez Harry se retirar do quarto antes que pudesse memorizar como ele era foi Draco. Ele estava sentado de costas para a porta, olhando para fora através da grande janela. Harry não podia ver seu rosto, mas ele adivinhou que o loiro estava vestindo sua máscara de indiferença novamente. O garoto não se virou quando ele entrou, assim como não se virou quando ele saiu.

Harry voltou à sala de estar, recolheu o livro e sua vassoura do chão e se sentou pesadamente no sofá.

Que bagunça aquilo era. Hermione estava na biblioteca, procurando por sabe-se-lá-o-quê porque ela suspeitava da verdade – que Harry e Draco não eram as pessoas que se faziam acreditar. Harry não tinha nenhuma dúvida de que se ela realmente tentasse, os desmascararia com facilidade. Essa seria uma coisa ruim? Talvez se Hermione descobrisse a verdade ela pudesse ajudá-los a voltar para casa? Porque certamente Harry e Draco não estavam chegando nem um pouquinho mais perto de voltar para sua própria casa e deixar aqueles corpos para aqueles que deveriam habitá-los.

Harry esticou e flexionou os dedos – dedos que não lhe pertenciam. Era esquisito olhar no espelho e ver um estranho. Bem, havia os olhos e a cicatriz familiares, mas ainda... o reflexo era um estranho. Era um tantinho mais fácil olhar para todo mundo mais; Hermione, Rony e Draco tinham mudado, mas ainda eram eles. Ele imaginou se Draco pensava do mesmo jeito – que Harry parecia mais consigo mesmo do que Draco achava que parecia.

Esse mundo era... estranho, para dizer o mínimo. Hermione e Rony estavam casados. Ele sabia disso há uma semana agora, mas ele ainda tinha que se adaptar à situação. E Hermione ainda estava grávida de gêmeos. Ela sendo mãe não devia ser tão esquisito – mas Rony como pai? Harry estava tendo grandes dificuldades para imaginar isso.

Dumbledore não mudara muita coisa, para o seu alívio. Ele ainda sustentava os longos e brancos cabelos e barbas, as ocasionais – tá, mais que ocasionais – vestes e chapéu coloridos. Seus olhos azuis ainda brilhavam com traquinagem e divertimento noventa e oito por cento do tempo.

Sirius e Remo também já tinham quase as mesmas caras quando Harry os vira pela última vez, o que os fizera mais fáceis de reconhecer. Eles não tinham mudado muito – exceto pelo fato de que eram amantes. Harry imaginou brevemente o quê teria feito eles se descobrirem – e então imaginou se todo mundo agora era gay. Sirius e Remo, Draco e Harry daquele tempo... O Garoto que Sobreviveu de repente se deu conta de que a imagem dele e de Draco como amantes não o fazia mais querer vomitar. Em verdade, era quase uma idéia boa ter alguém para estar junto, amar e ser amado.

Isso, contudo, não iria acontecer tão cedo. Draco não estava falando com ele, e Harry não tinha dúvidas de que se o loiro não queria fazer as pazes, então eles passariam por um longo tempo antes de conseguirem conversar civilizadamente um com o outro.

- Potter, acorda!

Harry acordou do seu devaneio e olhou ao seu redor. A sala estava vazia, então de onde...

- No fogo, Potter. – disse a mesma voz aborrecida.

Harry se virou e quase voou um metro no ar. – Professor Snape!

O Mestre de Poções de Hogwarts lhe passou um olhar desconfiado. – Já faz um certo tempo que você não me chama assim, Potter. – Snape disse.

- Hm, desculpe. – Harry falou. – Eu estava desligado, só isso.

Snape lhe atirou outro olhar pontudo, mas Harry estava surpreso em constatar que não tinha aquela porção de desgosto que o Mestre de Poções sempre agregara aos seus olhos quando focava Harry. O Snape na realidade a que Harry estava acostumado, em seis anos, jamais dissera qualquer coisa que soasse sequer remotamente amigável. Então Harry achou que a razão de Snape agora estar sendo legal devia ter alguma coisa a ver com Dumbledore forçá-los a manter a paz, pelo bem da Ordem.

- Eu já falei com o diretor. – Snape disse. – Ele quer que você e Draco venham a Hogwarts amanhã; eles acham que localizaram a família da visão.

- O diretor tem um plano? – Harry perguntou, escolhendo as palavras com cuidado.

Snape assentiu. – Vai haver uma reunião aqui amanhã à tarde que você e Draco devem atender. Eu fui chamado, assim como os gêmeos Weasley, e alguns outros membros da Ordem. Rony e Hermione receberam ordens de manter o Ministério longe do nosso caminho, então eles estão trabalhando nesse caso, mas isso é tudo o que sei. Dumbledore vai nos botar em dia amanhã. Ele parece achar que estamos dispondo de tempo.

- Eu confio completamente no diretor. – Harry disse.

Snape sorriu. Harry não podia se impedir de pensar que aquilo parecia estranhíssimo no rosto pálido dele. – Assim como eu, Harry. – o professor respondeu.

- Ah, - Harry falou, lembrando-se de algo. – Você poderia me fazer um pouco mais de Poção Althidia? Estou quase sem.

Harry estudara os frascos em seu cinto e memorizara seus nomes. Assim que tivesse tempo, ele descobriria exatamente para o quê cada uma das poções servia, então poderia usá-las corretamente num campo de batalha. A Poção Althidia era a única da qual não dispunha de grandes quantidades. Ele assumira um grande risco ao concluir que Snape fazia as poções para ele, mas não conseguia acreditar que era ele mesmo quem as preparava – Poções definitivamente não era a sua melhor matéria em Hogwarts.

- Já estou trabalhando nisso. – Snape replicou. – Você me pediu antes da última operação, como deve se lembrar. Vou tê-la pronta para você quando chegar aqui amanhã.

- Obrigado, Severo. – Harry disse, assumindo um novo risco. Ele esperava sinceramente para que "Severo"; ou quem sabe "Sev"; era como ele devia chamar o professor. Pareceu certo, por Snape não o olhar estranhamente dessa vez.

- Só diga a esse seu vidente pra estar em Hogwarts por volta das dez amanhã, e você pode vir lá pelo meio-dia. A senha para o escritório do diretor é "Snickers", ainda que eu não faça idéia do que isso quer dizer.

Harry riu. – É um chocolate trouxa. – ele explicou quando Snape começou a parecer irritado.

Snape murmurou alguma coisa como: - O diretor e seus doces...

- Te vejo amanhã, então. – Harry falou.

O Mestre de Poções deu adeus, e com um "puf!", sua cabeça desapareceu das chamas. Harry se levantou, recolheu sua vassoura – que novamente tinha caído no chão – e seu livro e fez seu caminho até a cozinha. Ele não queria ir até o quarto, porque sabia que Draco ainda estaria lá, ainda ignorando-o completamente.

Ao invés disso, ele resolveu preparar o jantar para eles. Achou macarrão num dos armários, e frango congelado no freezer. Uma vez na vida, ele ficou grato pelos Dursleys o terem feito cozinhar toda noite desde que tinha oito anos de idade, já que agora ele sabia fazer isso melhor do que a maioria dos estudantes de Hogwarts.

Em um piscar de olhos a cozinha começou a cheirar maravilhosamente a macarrão ao molho de frango. Harry pôs a mesa para dois, cortou legumes e serviu água para beberem. Então, ele finalmente chamou o sonserino.

Draco apareceu alguns minutos depois. Suas orelhas de gato e cauda tinham sumido, Harry notou.

- Jantar? – Harry perguntou, e Draco assentiu, mas não disse nada. Ele sustentava uma expressão de completa indiferença quando se sentou do lado oposto ao de Harry. Ele pôs a comida no prato e começou a comer de vagar. Harry ficou observando-o pelo canto do olho, e imaginou se o loiro estava comendo mesmo ou só cutucando o jantar de novo.

- Você precisa se alimentar. – Harry disse, depois de ficar olhando Draco jogar a comida de um lado para o outro no prato por vários minutos.

- Você não é minha mãe. – Draco murmurou de volta sem encará-lo, e sem fazer esforço algum para levar a comida do seu prato para a boca.

- Você não tomou café e... – Harry começou, mas Draco o cortou antes que pudesse terminar.

- E isso foi culpa de quem?! – o sonserino perguntou amargamente.

- Draco, eu já disse que sinto muito sobre isso..

- Eu não quero saber se você sente muito! – Draco falou, e Harry pôde ouvir a irritação na voz dele crescer. O moreno estava ficando igualmente raivoso com o comportamento infantil do outro garoto.

- Você pode, por favor, apenas comer?! – Harry perguntou, sua voz ficando mais alta.

- Não! – Draco berrou. – Eu não quero a sua maldita comida! Eu não quero nada que venha de você!

Com isso, Draco se levantou e ventou para fora da cozinha. Harry ouviu as portas do quarto se abrirem e depois serem batidas com um sonoro "bang!". Tudo o que ele pôde fazer foi suspirar para si mesmo e continuar a comer.

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