Tempo fora de lugar - Drarry...

By itsmgab1hx

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Como seria acordar num dia e não se lembrar dos últimos 7 anos da sua vida? Como seria acordar e perceber qu... More

A Dor de Cabeça é o Último dos Meus Problemas
Uma Visão de Dor
Lar Doce Lar
Proteja-os Com Sua Vida
O Inferno de Um Curador
Animar Alguém
Pesadelos e Laços do Coração
Tenha Minha Mente
Você Me Faz Sentir As Coisas Mais Estranhas
Quem Te Irrita Te Conquista
Construindo Pontes de Amor
Veneno
Eu Sou Um Curador
Guerras Nunca Feriram Alguém, Exceto Quem Morreu
Visgo
Vozes do Passado
A Melhor Prova de Amor é Confiança
Eu ainda não comecei a lutar
Quando tudo vem abaixo
Que você viva todos os dias da sua vida
A Vida de Althidia
Está Tudo Voltando Para Mim Agora - Último capítulo
Fontes Tiradas da Internet

Eu Não Posso te Ajudar se Você Não me Conta

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By itsmgab1hx

O professor Dumbledore apareceu lá à tarde. Harry se surpreendeu de vê-lo ali, mas rapidamente se deu conta de que o pesadelo que ele e Malfoy tinham vivido era mesmo uma visão, e essa era a razão por trás da visita do diretor. Isso já tinha acontecido antes, e usualmente era entre um e alguns dias antes de acontecer de verdade, o que dava à Ordem algum tempo para se preparar.

- Sirius e Remo vão vir aqui à noite. – Dumbledore disse quando se sentaram para o chá. Hermione e Rony; que certamente fora informado pela esposa sobre todo o acontecimento da manhã; estavam sentados em um sofá, enquanto Harry e Malfoy estavam no outro. Dumbledore conjurou sua poltrona favorita e sentou-se com uma xícara de chá fumegante nas mãos.

Quando Dumbledore mencionou Remo e Sirius, o coração de Harry pulou.

- Mas, se vocês pudessem, eu gostaria de ouvir a visão agora, então eu poderei voltar e entrar em contato com os bruxos necessários da Ordem. – ele continuou.

Malfoy consentiu com a cabeça. Harry pegou a mão dele – eles precisavam manter a imagem de um casal perfeitamente feliz (mesmo que um pouco estranho). Ele se assustou ao encontrar Malfoy tremendo, e lhe deu um aperto reconfortante. Malfoy lhe disparou um olhar, cheio de confusão e um pouco de agradecimento.

Então Malfoy começou a contar para Dumbledore o que vira. Harry estava feliz que fizera o loiro reviver a visão uma vez antes – não faria bem a ninguém ele se descontrolar e vomitar agora.

- Você reconhece algum dos trouxas? – Dumbledore perguntou depois que Malfoy terminara.

Malfoy fechou os olhos, tentando se lembrar. – Não. – ele disse, finalmente.

- Havia alguma coisa neles que pudesse dizer de onde ou quem eram?

Malfoy estava tremendo, seu rosto mais pálido que o comum, mas ele fechou os olhos de novo e tentou relembrar. – O homem, o que mataram por último... ele tinha uma arma no cinto. Eu sei porque a tomaram dele... E atiraram em alguma coisa, mas eu não pude ver em que foi...

- Algo sobre os outros?

Harry pôs uma mão no ombro de Malfoy. O loiro parecia próximo a um ataque nervoso, mas não protestou ao que Dumbledore continuou interrogando-o.

- Eles... eles todos tinham o mesmo cabelo... A mulher e as crianças... a família dele. Aqueles bastardos... mataram a família dele bem na frente dos seus olhos...

Malfoy tinha a cabeça apoiada nas mãos, e Harry tentou acalmá-lo fazendo círculos nas costas dele com os dedos. Malfoy passou as mãos pelos cabelos copiosamente num trejeito nervoso.

- Eu sinto muito por colocá-lo nisso, Draco, mas eu preciso saber. – Dumbledore disse. – Qual era a aparência deles? Cor de cabelo, altura, qualquer coisa específica.

Malfoy respirou fundo e falou em volume baixo. – Havia uma menininha... de no máximo uns três anos. Ela estava usando algum tipo de vestido, ou blusa e saia, eu não sei. Tinha também um menino, de uns sete ou coisa assim. Eu não lembro o que ele vestia... E então tinha a mulher... Ela era linda. Ela tinha cabelo comprido castanho escuro, quase preto, assim como seus filhos... O que mataram por último... tinha um cabelo muito mais claro, e também muito mais avermelhado... Ele tinha por volta de trinta e cinco anos, acho... Usava uma camisa que dizia alguma coisa como "Loja de armas de Londres" ou do tipo... Eu não consigo me lembrar...

Malfoy estava falando num murmúrio no fim, e quando sua voz morreu pela última vez, Harry disse, - Chega. Ele vai ter um colapso total se você não deixá-lo descansar agora.

Dumbledore assentiu com a cabeça e sorriu tristemente. – Obrigado, Draco. Vamos fazer nosso melhor para encontrar essa família e assegurar que ela não vai ser machucada.

Malfoy assentiu, mas não confiava o suficiente em sua voz para responder.

- Você deveria descansar. É possível que precisemos de você em campo dessa vez. Se os trouxas ficarem feridos, os dois vão ter que estar lá para curá-los.

Harry e Malfoy concordaram com acenos de cabeça.

- Bem, então eu vou voltando para a escola. – Dumbledore disse, se levantando. Ele fez a poltrona em que estava sentado desaparecer, e então continuou, virando-se para Draco. – Se você lembrar de mais alguma coisa, não hesite de ir até mim usando Pó de Flú. Eu também quero ouvir o que Sirius e Remo têm a dizer. – ele falou, virando-se então para Rony e Hermione. – E eu vou ver se Severo consegue vir visitá-los. Ele tem que ser cuidadoso, entretanto...- ele disse, mas para si mesmo do que para os outros.

Hermione sacudiu a cabeça em afirmação. – Nós vamos por Pó de Flú até o senhor à noite, não se preocupe, diretor.

- Bom. Agora, cuidem de si mesmos, todos os quatro. – Dumbledore recomendou.

- Nós cuidaremos. – Rony prometeu, com um pequeno sorriso. Harry concordou com a cabeça.

- Adeus, diretor. – ele disse, e o velho mago entrou no fogo, desaparecendo.

Hermione andou até a mesa e começou a limpá-la. Malfoy não se levantara quando Dumbledore se despedira, e ainda agora estava sentado com a cabeça nas mãos. Harry colocou uma mão no seu ombro. Ele imaginou brevemente se estava fazendo isso apenas para manter as aparências, ou porque isso estava confortando-o também. Um segundo depois, ele decidiu deixar a questão para qualquer outra hora que não fosse aquela.

- Vamos, Draco. – ele disse, e nessa hora se surpreendeu ao ver o quão facilmente o verdadeiro nome de Malfoy escorregava de seus lábios quando estava na presença de Hermione ou Rony.

- Ele vai ficar bem? – Rony lhe perguntou baixinho.

Para a surpresa de ambos, Malfoy o encarou. – Eu vou ficar ótimo, Weasley. – ele disse. – Só preciso descansar.

Harry sorriu para o amigo. – Ele vai ficar OK. – ele respondeu. – Você se importa se eu levá-lo para cima?

- Eu não preciso de uma babá, Potter. – Malfoy sibilou.

- Boa sorte. – Rony sussurrou para Harry. – Eu não te invejo quando ele está nesse humor. Na verdade, eu não te invejo de jeito nenhum, mas esse não é o ponto.

O ruivo deu um sorriso largo quando Malfoy lhe passou uma carranca e deixou o cômodo rumo à cozinha junto à sua esposa.

Harry pôs as mãos na cintura. – Levanta, Malfoy. – ele mandou num tom não-tão-gentil.

Malfoy o encarou. Finalmente, Harry deu a volta no sofá, o agarrou pelas axilas e o pôs de pé. – Anda. – ele ordenou, e para sua irreparável surpresa, o loiro andou. Eles fizeram seu caminho ao andar superior, através do corredor de belas pinturas, passaram pelas duas portas de cada lado e alcançaram o quarto que lhes pertencia.

Harry não ficou surpreso a ver Malfoy rumar direto para a cama. Sem trocar de roupa, Malfoy afastou as cobertas e mergulhou debaixo delas. Harry o observou até que o seu rosto se amenizou com o sono, e deixou o quarto em silêncio.

Ele desceu as escadas, pronto para se juntar a Rony e Hermione, quando os ouviu conversando.

- Mas é estranho. Há muito tempo que as visões não o fazem reagir assim tão mal. Quero dizer, é como se fosse na primeira vez, tudo de novo. – Harry escutou Hermione dizer.

- Bem, essa pode ter sido particularmente ruim, não pode? – Rony replicou. – Três pessoas mortas, e uma quarta sendo assassinada bem na frente dos seus olhos; não parece uma coisa que eu gostaria de ver.

- Ainda assim, tem alguma coisa neles... É como se eles fossem diferentes, de algum jeito. E você notou o quão perdidos eles ficam de vez em quando. Lembra quando eu pedi ao Harry pra pôr a mesa? Ele não sabia onde nada estava. E nenhum dos dois parece saber que eu estou esperando gêmeos, mas nós dissemos há mais de um mês.

Eles teriam gêmeos? Oh minha mãe, outro par de gêmeos Weasley era tudo o que Hogwarts precisava, Harry pensou com um sorriso divertido. Mas não era bom que Hermione enxergasse através da sua farsa tão facilmente.

- Certo, - Rony falou – siga o meu raciocínio. Eles têm agido estranho desde que acordaram do último coma de Cura. Mas o quê poderia ter acontecido com eles? Quero dizer, há tantos escudos e feitiços protetores aqui que nós teríamos sabido se alguém tivesse feito qualquer coisa a eles enquanto estavam apagados. Não se pode nem sequer aparatar nos terrenos do castelo. E sempre tinha alguém com eles enquanto estavam inconscientes, fôssemos nós ou fossem Sirius ou Rem'.

- Eu sei. – Hermione respondeu, e pareceu a Harry que ela estava mordendo o lábio e fazendo força para pensar. – Mas tem alguma coisa. – ela fez uma pausa. – Você se incomoda se eu for amanhã à biblioteca depois que Sirius e Remo forem embora?

Rony riu, e Harry estava prestes a fazer o mesmo. Algumas coisas nunca mudavam, ao que parecia. Então o ruivo parou de rir abruptamente, e Harry adivinhou que Hermione estava encarando-o.

- Eu não me incomodo, docinho. – Rony disse.

Harry se sentiu um pouco mal por estar bisbilhotando na conversa privada deles, e ele saiu de fininho ao que eles mudaram de assunto. Silenciosamente, para não atrair atenção para si mesmo, ele subiu as escadas e foi ao quarto que era dele e de Malfoy. Ele entrou no quarto sem fazer barulho, para não acordar o outro. O loiro precisava dormir – e Harry precisava de um tempo sozinho.

Tudo isso era uma bagunça, ele pensou, sentando-se numa cadeira próxima à janela. Eles estavam num lugar a que certamente não pertenciam, e as pessoas desse mundo estavam começando a perceber. A teoria de Malfoy sobre esse ser o futuro não parecia tão distante agora, pelas coisas estarem começando a formarem um quadro reconhecível. Entretanto, Harry ainda não sabia o que faria ele e Malfoy se envolverem, romanticamente, durante seus últimos anos em Hogwarts – mas essa era realmente a única peça do quebra-cabeça que não estava encaixando.

Rony e Hermione não estavam juntos no mundo real, mas Harry não tinha dúvidas de que eles se tornariam um casal mais cedo do que tarde. O jeito em que olhavam um pro outro, o jeito que provocavam um ao outro – Hermione e Rony eram verdadeiramente as únicas pessoas em Hogwarts que não estavam cientes do fato de que se amavam.

A Ordem existia ali, e tudo o que tinha acontecido na vida de Harry em casa tinha acontecido ali também, o que o fez duvidar da teoria da realidade alternativa. Voldemort matara seus pais, lhe dera sua cicatriz, ele vivera com os Dursleys, Hagrid, guarda-caça e mais tarde professor de Trato dos Animais Mágicos, viera e o salvara quando tinha onze anos, ele começara Hogwarts – todas essas coisas tinham acontecido tanto naquela realidade quanto na outra. Não era suposto que uma realidade alternativa fosse... alternada?

Além disso, Harry tinha visto no Profeta Diário daquele dia – lhe mostrara que, de fato, era sete anos mais tarde do que deveria ser.

Então, ele podia estar: a) no futuro; b) numa realidade alternativa e no futuro. O futuro sempre parecia voltar, não importava quantas vezes Harry torcesse as coisas em sua cabeça. Mas porque raios – e como – poderiam ele e Malfoy ir parar sete anos no futuro apenas por caírem um na cabeça do outro num jogo de quadribol?

Talvez fosse um sonho.

Um sonho péssimo, estranho e elaborado, mas mesmo assim um sonho.

Todavia, Harry não achava que fosse. Parecia real demais para ser um sonho, e ademais, ele tinha sentido dor lá – esse devia ser um sinal de que aquilo não poderia ser um sonho.

Não, era real o suficiente. E se era real, ele não poderia simplesmente abrir os olhos e estar de volta em casa – ele tentou abrir seus olhos fechados, mas não foi de nenhuma utilidade; ele ainda estava sentado próximo à janela no mesmo quarto de antes, e Malfoy ainda estava dormindo na cama logo atrás dele – então tinha que haver um outro modo. Harry se recusava a ser um garoto de dezesseis anos enclausurado num corpo de vinte e três e ainda perder metade dos seus anos de juventude. Ele se recusava terminantemente.

- Tem que ter um caminho de volta. – ele murmurou para si mesmo.

Do lado de fora da janela passarinhos voavam, completamente desligados dos problemas no mundo de Harry. Ele de repente se viu saudoso da sua velha Nimbus 2000 – ele queria voar! Não tinha voado desde que chegara àquele mundo esquisito, e agora tudo o que queria fazer era subir nos ares e competir com os passarinhos pra ver quem voava mais rápido, longe dos problemas no chão.

Ele andou até o armário, abrindo as portas e esperando que sua vassoura estivesse lá. Ele afastou as roupas, e – havia uma vassoura! Mas não era sua Nimbus 2000, definitivamente, e menos ainda sua Firebolt.

Campeã, estava escrito simplesmente em letras douradas no lado do cabo.

Harry se abaixou e a pegou. Era leve como uma pena em suas mãos, perfeitamente balanceada e com a espessura ideal para ser confortável para segurar. Ele correu os dedos pela empunhadura, e viu que "H. Potter" estava escrito numa letra pequena, bem no fim do cabo.

- Impressionante. – Harry sussurrou para si mesmo. – Absolutamente impressionante.

Ele fez seu caminho até o andar inferior. Hermione e Rony estavam na sala de estar – Hermione estava, o que não era nenhuma surpresa, lendo um livro; Rony parecia estar escrevendo um relatório para o Ministério da Magia, pelo pergaminho ter o selo do Ministério no cabeçalho.

- Eu vou lá fora voar um pouquinho. – Harry avisou.

Hermione levantou o olhar e acenou com a cabeça. – Tudo bem.

- Nos vemos mais tarde. – Rony disse, e Harry já estava na porta.

Ele estivera do lado do castelo apenas uma vez antes – fora quando se dera conta de que realmente era um castelo. Parecia antigo, e era construído em pedra. De fora não parecia lá muito confortável, mas Hermione e Rony asseguraram que o lugar tivesse todos os luxos de uma casa moderna. Eles tinham também, claro, lotado a casa com utensílios mágicos. De cara, Harry imaginara como demônios os dois tiveram dinheiro para comprar uma casa daquelas, mas aparentemente, eles não tinham comprado tudo sozinhos. Dumbledore precisava de um segundo Quartel-General, fora de Hogwarts, para a Ordem, e a casa dos jovens Sr. e Sr.a Weasley era isso. Óbvio, além disso havia o fato de que Rony e Hermione estavam ganhando um ótimo dinheiro no Ministério, então eles possuíam a maior parte do castelo.

Ele tinha duas torres, uma de cada lado. O quarto de Harry e Malfoy era do lado esquerdo, enquanto o de Rony e Hermione era no direito. Debaixo de onde os anfitriões ficavam – entre outras coisas – havia os quartos onde Harry e Malfoy tinham ficado quando estavam inconscientes. No meio do castelo havia o saguão de entrada com duas escadas de cada lado, e atrás dele havia a sala e a cozinha. Por todos os lados à cerca do castelo haviam gramados, e florestas mais além.

Harry montou em sua vassoura, curtindo totalmente o sol fraco e a brisa fria de Novembro. Chovera todos os dias desde que chegara naquele mundo, até hoje. Ainda havia grandes nuvens escuras no horizonte, e ele sabia que choveria de novo, de noite, ou talvez no outro dia.

Ele deixou o chão lentamente, pegando o jeito da nova vassoura. Era fácil de pilotar; apenas a diferença no seu peso fazia-a se mover um pouco diferente. Harry tentou um mergulho, e então, apenas um segundo antes de bater no chão, ele embicou a vassoura para cima e subiu com tudo de novo. Era tão fácil, e ele se sentia tão livre. Pela primeira vez em dias, ele sentiu os problemas desaparecerem. Eles pareciam tão pequenos dali, comparados com os céus sem fim, e com o sol vermelho-sangue baixando atrás das florestas.

Os pássaros voaram e cantaram ao redor dele, e ele os seguiu, feliz.

Ele fingiu estar escrevendo no ar, e soletrou "Harry" em letras tamanho família. Qualquer pessoa que estivesse olhando pensaria que ele era louco, mas Harry apenas se sentia alegre. Ele era livre.

Ele não aterrisou mesmo depois do sol ter se posto e dos céus terem ficado quase completamente escuros. Seu cabelo estava uma zona depois de tanto tempo voando, e suas bochechas estavam rosadas. Um sorriso enorme estava atarraxado no seu rosto, e ele se sentia como se estivesse pronto para começar a pular e cantar.

- Harry!

Ele viu Hermione parada à porta do castelo. Ele correu um pouco, imaginando porque ela o estaria chamando.

- Sim? – ele perguntou quando estava perto o suficiente.

- Venha pra dentro, Snuffles e Rem' estão aqui. – ela lhe disse.

Aparentemente eles não tinham parado de chamar Sirius de "Snuffles" quando mais alguém pudesse ouvi-los. Contudo, Harry duvidava que qualquer um que não devesse estar perto do castelo estivesse ali.

Uma vez que estavam dentro de casa, Harry tirou suas botas. Quando ele se virou, alguém o apertou num abraço de quebrar as costelas.

- Harry! É tão bom te ver, menino. – Sirius disse, contente.

- Menino? Eu sou mais alto que você. – Harry respondeu com um grande sorriso. Pelo canto do olho, ele continuava observando Rony e Hermione; eles apenas permaneceram sorrindo, então Harry subentendeu que esse era o tipo de coisa que o "Harry deles" diria.

- Sim, sim, você tem estado assim já há um tempo. Me diga, você não ligaria se eu cortasse suas pernas pelos joelhos pra você ser mais baixo que eu de novo, ligaria? – Sirius brincou.

- Eu não sei se ligaria, mas tenho quase certeza que Draco não ficaria exatamente feliz com você se fizesse isso. – o afilhado replicou, tentando seu melhor para dizer coisas que soassem como um Harry de vinte e três anos.

- Ah sim, e falando nele, onde é que está esse seu namorado? – Sirius perguntou, olhando ao redor. Quando ele o fez, Harry conseguiu ver Remo. O lobisomem não mudara muito desde a última vez que ele o vira nem casa; ainda usava as vestes batidas, seu cabelo ainda era um pouco rebelde, ainda que agora fosse mais salpicado de cinzento do que antes, e ele parecia tão amigável quanto Harry se lembrava.

- Rem' – Harry disse, lembrando-se de usar o apelido dele. – Que bom vê-lo de novo.

- Você está melhor do que quando te tiramos de lá. – Remo lhe sorriu.

- Eu realmente espero que sim. – Harry disse. – Pelo menos não estou todo quebrado e inconsciente dessa vez.

- Bem, acho que devemos ir para a sala. – Hermione falou. – É um pouco mais confortável do que ficar aqui na soleira da porta.

- Sempre atenda à dama. – Sirius sorriu e rumou para a sala, onde estavam antes de Harry voltar do seu vôo. Remo e Rony o seguiram, enquanto Hermione se virou para Harry.

- Por que você não vai chamar o Draco? – ela sugeriu. – Eu acho que o ouvi lá em cima mais cedo, então acredito que ele esteja acordado. Só não demore muito.

Harry concordou. – Eu vou tentar. Mas nunca se sabe, ele pode precisar de um pouco de... conforto. – ele falou, um tantinho sugestivo, se esforçando para ser o Harry que Hermione esperava que ele fosse.

Hermione pareceu um pouquinho chocada. – Harry! – ela exclamou, mas estava sorrindo, então Harry sacou que era um bom sinal.

- Eu volto num instante. – Harry prometeu. Hermione assentiu e seguiu ser marido e seus amigos até a sala de estar, enquanto o moreno ia subindo as escadas. – Malfoy? – ele chamou ao abrir a porta.

O loiro estava sentado no chão com as costas apoiadas no lado da cama. A cama estava uma bagunça; parecia que Malfoy tivera pesadelos, pelo estado surrado de todos os arredores do lugar onde se deitara. Malfoy estava olhando uma moldura, mas Harry não podia ver a foto que ela continha. O outro levantara o rosto quando ouvira a voz de Harry, mas não disse nada. Ele voltou a olhar para a moldura e seu conteúdo, íris vazias.

Harry se sentou ao seu lado.

- O que é isso? – ele perguntou, já que ainda dali não conseguia ver a foto.

- Nós. – Malfoy respondeu com simplicidade, e mostrou-lhe a fotografia.

Eram eles. Eles felizes. Harry tinha os braços passados em torno de Malfoy, e ambos estavam com sorrisos largos e acenando para a pessoa com a câmera. Pelo jeito ela tinha sido tirada no meio do verão, pelo céu azul atrás deles e por estarem vestindo apenas finas camisetas de algodão.

Mas por que Malfoy estava sentado no chão com uma foto dos dois em mãos, olhando-a como se estivesse tentando memorizá-la?

- Malfoy, o que foi? – Harry perguntou por fim, não tendo achado nenhuma resposta boa ele mesmo para a sua pergunta.

Malfoy deu de ombros. – Somos nós. – ele disse. – Estamos felizes. Por que estamos felizes juntos? Quero dizer, o que poderia nos fazer felizes juntos? Nós nem mesmo gostamos um do outro. - sua voz era crua, tediosa, como se ele não se importasse de uma maneira ou de outra, mas ainda como se ele estivesse um pouco curioso ao mesmo tempo.

- Eu não sei. – Harry respondeu. – Mas nós não temos tempo pra pensar nisso agora. Sirius e Remo estão lá em baixo com Mione e Rony e querem te ver. Está nessa?

Malfoy o olhou duvidosamente. – Por que, pelas barbas de Merlin, eles querem me ver?

- Esse não é o nosso mundo, Malfoy. Aqui, eles te aceitaram, assim como Mione e Rony. Oh,- Harry adicionou com um pensamento posterior. – só pra você saber, Mione está esperando gêmeos. E ela está meio que percebendo que nós não somos quem dizemos ser.

- Essa garota sempre foi esperta demais para o seu próprio bem. – Malfoy murmurou. – E outro conjunto de gêmeos Weasley? Justamente do que precisávamos.

Harry se levantou. – Não seja ranzinza. Você precisa agir do jeito que o Malfoy desse tempo faria. Eu não acho que seria uma boa idéia tentar explicar que nós realmente somos Harry e Draco, só que não aqueles com que eles estão acostumados. Não pense que vai dar tudo certo...

Malfoy o encarou. – Você vai continuar a fazer isso?

- Fazer o quê? – Harry perguntou, abobado.

- Me chamar de Draco, ao invés de só "Malfoy" o tempo todo. – o loiro disse. - Mesmo quando Rony e os outros não estiverem perto.

Harry encarou de volta. – Você quer que eu te chame pelo seu primeiro nome?

Malfoy fez que "sim" com a cabeça, olhos fixados numa sujeira qualquer no chão. Harry poderia jurar que viu um leve rubor passar pelo rosto dele, todavia ele não podia realmente entender o porquê.

- Tudo bem. – ele disse. – Mas então você vai ter que me chamar de Harry ao invés desse negócio de "Potter" toda hora.

Draco assentiu. – Trato.

- Trato.

Houve um silêncio desconfortável por alguns segundos, até Harry dizer: - Eles estão nos esperando lá em baixo. Pronto pra encarnar o namorado de novo?

Relutante, Draco consentiu. – Eu ainda acho que esse Sirius está só fingindo. – ele murmurou. – Ele vai me matar durante o meu sono na primeira chance que tiver...

Harry ignorou o murmúrio de Draco e se concentrou em ficar no humor certo para ele também encarnar o namorado do loiro mais uma vez. Ele – não, eles – tinham que encenar suas partes direito. Como dissera a Draco – não seria uma tarefa fácil explicar para Rony, Hermione, Sirius, Remo, Dumbledore e todo mundo mais que aparecesse que eles eram Harry e Draco, apenas não aqueles que as pessoas conheciam. Não, isso não acabaria lá muito bem, Harry adivinhou.

Na sala, Remo e Rony estavam conversando enquanto Hermione e Sirius pareciam estar discutindo... trato de bebês? Harry imaginou se tinha cera entupindo seus ouvidos.

- Ah, aqui estão vocês, rapazes! – Remo exclamou quando Draco e Harry entraram na sala.

Harry viu Draco sorrir timidamente atrás de si, e pegou a mão dele nas suas. Tinha que manter a farsa. Era apenas para a encenação. Mesmo.

Sirius se aproximou e deu a Draco um grande abraço; no estilo daquele que dera a Harry. Draco, entretanto, era bem menor que Harry, e pareceu assustado quando o grande padrinho de Harry o apertou nos braços. Harry apenas sorriu para ele.

Draco e Remo apertaram as mãos como velhos amigos, mas não se abraçaram. O jovem sonserino ficou muito feliz com isso.

- Querida, quanto tempo até o jantar ficar pronto? – Rony perguntou à sua esposa.

- Se vocês meninos me ajudarem pondo a mesa, vai estar pronto em alguns minutos. – Hermione respondeu.

Todos os quatro garotos – garotos de acordo com Hermione, ao menos – começaram a pôr a mesa.

- Eu já vi vândalos mais bem organizados do que isso. – Hermione sussurrou para si mesma quando viu tanto Sirius quanto Rony pegando pratos, o que era o porquê de repentinamente haver pratos para doze pessoas ao invés de seis.

Draco pegou copos para todos, enquanto Rony foi buscar vinho ao invés de pegar os pratos.

Depois de um tempo, a mesa realmente foi posta, e todos se sentaram. Eles falaram sobre tudo que existe entre o Céu e a Terra, e gastaram um bom tempo discutindo nomes de bebê. Hermione torceu seu nariz para a maioria deles.

- Sarah? – ela disse – Você realmente daria à sua filha o nome de Sarah?

Sirius pareceu levemente magoado. – Sim, eu gosto desse nome.

- Eu gosto desse nome também. – Rony disse. – Mas é muito comum.

- E você, Remo? – Hermione perguntou, virando-se para o lobisomem. – Como você chamaria uma filha?

- Bem, considerando o fato de que com certeza, por várias razões, eu nunca vou ter um filho, eu nunca pensei muito sobre o assunto. – Remo replicou em tom baixo. – Mas se algum dia eu tivesse uma menininha minha, provavelmente eu a chamaria de Rachel.

Hermione e Rony assentiram, pensativos. – Rachel é um nome legal. – Rony disse. Sua esposa continuou quieta. – E você, Harry? – ele continuou – Como você chamaria sua filha?

Harry vestiu uma expressão pensativa. Como ele nomearia uma criança? – Eu gosto de Amber. – ele disse, por fim.

- Você vai chamar nossa filha de Amber. – Draco disse. – De jeito nenhum.

- Então o que você sugere, amor? – Harry perguntou, irritadiço.

Agora era a vez de Draco de parecer pensativo. – Jade.

- Jade é bom. – Remo disse. – Eu gosto desse nome. É doce. Eu poderia chamar minha filha de Jade.

E assim continuou. Eles sugeriram nome após nome, mas sempre tinha alguma coisa que alguém não gostava. Quando eles acabaram com nomes para bebês, passaram a fiar fofocas – o que era levemente surpreendente, contando que a maioria esmagadora das pessoas ao redor da mesa era de homens.

- Isso só prova que os homens gostam de fofocar tanto quanto as mulheres. – Hermione disse em triunfo.

Eles também falaram sobre a visão de Draco, fazendo com que Sirius e Remo ficassem completamente inteirados sobre ela. Esse tópico, todavia, deprimia os ânimos, por isso eles o deixaram tão rápido quanto puderam.

Eles permaneceram sentados conversando até muito depois de terem terminado de comer. Eles continuaram tomando vinho – todos menos Hermione – e pela meia-noite, estavam todos bem mais do que um pouquinho embriagados. Hermione se despedira deles quando eles saíram da cozinha rumo à sala. Agora os cinco homens estavam espalhados ao redor do fogo. Sirius e Remo estavam juntos num sofá, parecendo mais que confortáveis. Rony estava sozinho na poltrona agora que sua esposa o deixara. Draco estava nos braços de Harry no outro sofá, quase dormindo.

- Aw, - Rony disse – eu estou cercado de casais bonitinhos.

Sirius abriu um sorriso largo e puxou Remo mais para perto dele. Harry, fingindo estar mais bêbado do que realmente estava, perguntou: -É... Há quanto tempo vocês estão juntos agora?

- Vamos ver... – Sirius disse e começou a contar nos dedos. – Zseiz anos.

- Ooh, ele tá bêbado! – Rony falou, sua voz triunfante. – Acho melhor o levarmos pra cama.

- Eu não tô cansado. – Sirius disse, indignado.

- Eu sei de um que está cansado. – Remo disse. – Mesmo tendo dormido o dia inteiro, de acordo com as minhas fontes.

Ele apontou para Draco, que estava mesmo dormindo ou muito perto disso, com um pequeno mas contente sorriso nos lábios, aconchegado nos braços de Harry.

- 'Cês dois são um casal tão prefeito... resfeto... – Sirius disse.

- Você quer dizer perfeito. – Remo corrigiu.

- É izo que eu djize. – Sirius respondeu. – Resfeto.

- Certo. – Remo disse, se levantando relutantemente. – Vamos pra cama. Você vai ter um inferno de dor de cabeça amanhã de qualquer jeito, então se você ao menos dormir um pouco, deve estar capaz de funcionar amanhã. Boa noite pra todo mundo.

- Bvoa noixe. – Sirius disse, enquanto seu namorado o levava para fora da sala.

- Bem, então. – Rony falou. – Eu acho que nós devíamos ir indo para a cama também.

Harry assentiu. – Draco? – ele chamou suavemente. O loiro gemeu e murmurou alguma coisa que soou como "Eu não quero levantar ainda, mãe". Harry sorriu para si mesmo. – Draco, acorde.

Draco abriu os olhos com relutância e viu Harry pairando sobre si. – O quê, Potter? – ele perguntou, irritado. – Por que eu não posso dormir em paz?

Harry abriu um sorriso maroto. – Porque você está: a) no sofá da sala dos Weasley; e b) deitado no meu braço, e eu quero ir pra cama, então você precisa levantar pr'eu poder sair daqui.

Draco murmurou pra dentro do sofá: - Isso aqui é bom o suficiente pra eu dormir, por que não pra você?

Rony ficou de pé. – Vejo vocês amanhã. – ele disse.

- Sim. – Harry respondeu. – Boa noite.

- 'Noite. – Rony saiu do cômodo, deixando Harry e Draco para trás.

- Levanta. – Harry ordenou a Draco. – Eu não vou te carregar pro nosso quarto dessa vez.

- Por que não? – ele reclamou, ainda para dentro do sofá.

Harry não respondeu. Ele apenas tirou do lugar o braço que Draco estava usando como travesseiro, e como resultado, o loiro caiu do sofá para o chão.

- Pra quê você fez isso?! – ele rosnou, parecendo irritado, fulo e só um pouquinho bêbado.

- Eu estou indo pra cama. – Harry disse a ele – Você pode dormir no chão se quiser.

Ele saiu. Ao que tinha terminado de subir as escadas, ele ouviu Draco se levantar do chão, e então vieram os passos; logo, ele assumiu que o sonserino o estava seguindo para o quarto. Muito ruim, ou então Harry teria a cama toda só para ele.

A casa estava silenciosa agora. Sirius e Remo estavam dormindo num dos quartos de hóspedes debaixo do quarto de Rony e Hermione, o que era diretamente do outro lado do castelo, então mesmo se eles ainda estivessem acordados, Harry não seria capaz de escutá-los. Ele se despiu e se atochou dentro do seu pijama, antes de se atirar na cama. Poucos minutos depois ele ouviu a porta abrir e viu Draco entrar. O quarto estava todo escuro, exceto pelo luar vindo através da janela, e Draco não ligou as luzes, então Harry olhou a suave luz prateada da lua brincar com o corpo do outro. A pele pálida e os cabelos loiros brilharam, fazendo-o parecer um fantasma, ou qualquer outra coisa do outro mundo.

- Ouch! – Draco sibilou, não soando assim tão fantasmagórico. Ele pareceu acertar seu dedão em alguma coisa no piso, por ele continuar murmurando pragas e xingamentos sob sua respiração. Então ele finalmente terminou de se trocar e deitou na cama, cuidando para ficar do "lado dele".

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Qual a sensação de ser um fantasma? [©mxshackles, 2018]