Estou esquentando minhas mãos em um copo de café enquanto caminho até meu carro. Esqueci as luvas na casa de minha mãe mesmo que ela tenha dito mil vezes o quão frio estava na rua me acusando de ser cabeça dura. Prometi que não esqueceria e disse que já sou um homem responsável de vinte e três anos, mas agora estou aqui dizendo para mim mesmo que da próxima vez vou ouvi-la ao invés de agir como um garoto mimado.
Caminho a passos largos até meu carro e esfrego uma mão na outra quando entro no meu sedan na tentativa de esquentá-las enquanto o aquecedor esquenta minha pequena lata velha. Acho que a primeira neve está muito perto e isso me deixa animado como não fico há muito tempo.
Dou um gole no café e tiro o cachecol. O interior do carro já está quente e minhas mãos não parecem mais dois cubos de gelo.
Olho pela janela e abro um sorriso quando vejo as luzes de natal piscando e as decorações tomando conta de toda rua.
Eu amo o natal. Amo mais do que qualquer data comemorativa no mundo. Não importa se pareço um garotinho bobo de dez anos de idade quando falo isso. Eu adoro a sensação de desempacotar os enfeites e montar a árvore, de trocar presentes, de juntar a família para comemorar a meia noite, mesmo que agora minha família seja só mamãe e eu, o natal me faz feliz como nunca.
Tiro meu celular do bolso e assim que o visor acende vejo cinco ligações perdidas de Yoongi, dou um longo suspiro e bato minha cabeça no volante devagar.
Min Yoongi é meu melhor amigo, bom, pelo menos era até três anos atrás quando resolveu namorar o cara por quem fui apaixonado desde a segunda série do ensino fundamental. Só de lembrar a imagem dos dois sorrindo felizes quando vieram me dar a notícia do namoro, na véspera de natal, meu estomago embrulha.
Não os culpo por isso. Nunca contei a ninguém sobre minha paixão secreta, primeiro porque quando era mais novo não entendia o que estava acontecendo, achava que o sentimento que tinha por Namjoon era pura admiração pelo cara incrível que ele é e depois, porque estava ocupado demais fingindo ser hétero e namorando garotinhas por ai. Segundo que quando cresci, tentei esconder ao máximo meus sentimentos porque imaginei não serem recíprocos. Mas mesmo que ninguém soubesse disso, não deixa de doer.
Quando Yoongi me contou o quanto estava feliz e que os dois iriam estudar em Chicago e morar juntos, coloquei o melhor sorriso falso que pude em meu rosto e comemorei com ele. Eu queria estar feliz de verdade, mas era simplesmente impossível, doía tanto que eu pensei que meu coração fosse explodir em mil pedacinhos. Me afastar de Yoon foi inevitável, não suportava ouvi-lo contar sobre seus encontros e toda felicidade com o cara que eu amei primeiro. Sempre que meu melhor amigo me ligava, inventava uma desculpa qualquer e conforme os meses foram passando, simplesmente paramos de nos falar, até alguns meses atrás, quando ele me ligou chorando durante a madrugada.
- Jungkook? – Prontamente abri meus olhos preguiçosos quando ouvi sua voz de choro. Yoongi gostava de se fazer de durão e não costumava chorar, pelo menos não na frente dos outros, então algo grave devia ter acontecido.
- Yoongi? – Levantei-me depressa da cama e liguei meu abajur checando o horário, devia passar do meio dia em Chicago – Aconteceu alguma coisa?
- Desculpa te ligar tão tarde – Ele disse em meio a soluços – Namjoon me deixou.
Me amaldiçoei em silencio por ter sentindo uma pontinha de felicidade ao ouvir aquilo. Mesmo que tenha dito para mim várias vezes que havia superado Kim, eu ainda o amava. Três anos haviam se passado, mas meu coração ainda acelerava ao simplesmente ouvir o nome de Namjoon como se ele tivesse sido tatuado em meu coração e eu jamais pudesse apaga-lo. Dei um tapa em meu próprio rosto e me xinguei baixinho.
Eu não podia ficar feliz, porra, Yoongi é meu melhor amigo.
Respirei fundo e passei por cima de meu orgulho. Naquela noite, passei horas e horas ouvindo meu melhor amigo falar sobre meu primeiro amor e fingi que aquela situação não doía como o inferno.
Nesses últimos meses Yoongi e eu voltamos a nos falar, mesmo que não como antes. Fazemos algumas chamadas de vídeo, falamos sobre nossos trabalhos, sobre família e às vezes o ouço chorar. Acho que somos amigos de novo, mas confesso que ainda dói ouvi-lo falar sobre Namjoon, talvez seja por isso que estou evitando suas ligações nos últimos dias.
Não é que não goste de Yoongi, mas falar com ele me deixa triste, ouvir suas lamentações e suas lembranças sobre Namjoon ferem meu coração e o natal está tão perto. Sei que sou um egoísta filho da puta por pensar assim, mas é minha data favorita do ano e quero me dar o direito de passar dois meses me sentindo feliz. Esses meses são muito importantes para mim e Yoongi pode esperar, pelo menos um pouco enquanto risco os afazeres de minha lista de natal.
Desde os dez anos de idade sigo algumas tradições natalinas. Não é nada demais, nenhum evento ou festa importante, são coisinhas que fazia com meu pai antes dele nos deixar e que levo para vida toda. Quando realizo cada um dos sete passos, é como se me sentisse perto dele de novo.
Os sete passos estão gravados em alguns guardanapos surrados que fiz questão de emoldurar. Meu pai os escreveu para mim em seus últimos dias no hospital, foi à forma que ele encontrou de se manter perto de mim mesmo depois de... Bem, depois de morrer.
- Você vai precisar ser forte, grandão - Meu pai passa os dedos pelos cabelos ralos e eu fecho os olhos os apertando em frustração. Odiava velo daquela maneira, tão frágil e vulnerável. Odiava saber que ele estava sentido dor e que eu não podia fazer com que parasse. Odiava a sensação de estar perdendo-o cada dia mais e odiava que ele estivesse falando sobre sua morte de forma tão natural.
- Você não vai morrer - Digo mais para mim do que para ele e papai abre um sorriso. Atrás dele as luzes de uma pequena árvore de natal piscam e eu sinto um aperto em meu coração ao lembrar que esse será nosso último natal juntos.
- Tudo bem, eu não vou morrer - Ele dá dois tapinhas ao seu lado na cama me chamando para sentar com ele e é o que faço prontamente- Vamos dizer então, que vou sair de viagem.
- Isso é ridículo, pai - Eu reviro os olhos, malcriado como sempre e ele dá uma gargalhada que ecoa pelo quarto. Eu amo o som de sua risada, me acalma e me dá certeza de que as coisas vão dar certo. Amo minha mãe, mas temos um relacionamento conturbado, papai é meu melhor amigo e tenho vontade de chorar porque sei que daqui um tempo não vou poder ouvi-lo gargalhar assim quando fizer algum comentário malcriado ou alguma piada sem graça. Odeio que eu esteja pensando nessas coisas ao invés de aproveitar meus últimos meses com ele, mas não é justo que ele vá embora tão cedo. Droga, era para ele poder me ver casando e tendo filhos ou sei lá, arruinando minha vida e não me abandonar aos quinze anos, mesmo que eu sabia que não é culpa dele.
- Então, quando eu for viajar - Ele continua e eu olho serio para ele e digo que não tenho mais cinco anos e peço para que me trate como adulto, mas começo a rir quando ele faz uma careta e então ele continua - Eu quero que você cuide bem de sua mãe, ela se faz de forte, mas nós sabemos que é uma manteiga derretida.
Eu faço que sim com a cabeça e sinto um nó se formar em minha garganta. Estamos mesmo tendo aquela conversa. Estamos mesmo nos despedindo.
- E quero que você não fique triste por muito tempo - Ele bagunça meus cabelos numa tentativa torta de ser carinhoso, odeio quando ele faz isso, mas dessa vez não reclamo e me culpo mentalmente pelas vezes que ralhei com ele porque não queria que bagunçasse meu cabelo - Você pode chorar, está tudo bem, se quiser chorar até dormir eu não vou me importar, mas não pode durar muito, porque você precisa viver e sua mãe precisa de você - Eu balanço a cabeça novamente e tento segurar as lágrimas que ameaçam pular de meus olhos - Eu sei que estou pedindo demais pra você, sei que era pra estar do seu lado e te apoiar, mas você vai ser o homenzinho da casa agora.
- Eu não sou nenhum homenzinho, sou um homem feito - Eu respondo enquanto sinto uma lágrima teimosa rolar por meu rosto e então meu pai me puxa para ele e me abraça forte, como nunca fizemos antes. Esse abraço tem um sentimento tão profundo e doloroso que não conseguimos dizer nada. Afundo meu rosto em seu peito e me permito chorar um pouquinho em seus braços, devia estar sendo forte, mas não consigo, antes de Namjoon e Yoongi ele é meu melhor amigo, não consigo imaginar minha vida sem ele.
Ficamos por um bom tempo assim, tanto que nem pude contar e então me afasto devagar para olhar em seus olhos escuros. Ele ainda está sorrindo, mas posso ver as lágrimas brilhando em seu rosto.
- Vai ser uma droga sem você. Quem vai fazer meus biscoitos de gengibre? Quem vai me lembrar das nossas tradições? - Eu dou uma fungada limpando as lágrimas com a manga de meu moletom.
- Sempre soube que você só me usava para fazer aqueles biscoitos - Ele diz com seu bom humor inabalável. Mesmo em um momento como esse ele consegue me fazer sorrir - Vamos combinar o seguinte. Você tem uma caneta aí? - Me levanto e vou até minha mochila tirando uma caneta azul de meu estojo, a entrego a meu pai e em seguida ele pega um guardanapo ao seu lado e começa a rabiscar algo nele.
- O que é isso? - Pergunto impaciente e ele faz um ''shhh'' para mim enquanto enche o guardanapo com seu hangul mal desenhado e então passa para outro e depois outro.
Espero alguns minutos em silêncio e o vejo dar alguns sorrisos enquanto escreve. Aproveito para prestar atenção nos detalhes de seu rosto, não quero me esquecer de nada quando ele se for. Não quero aceitar que meu pai vai morrer, mas depois de nossa conversa a dor e a realidade me atingem e não consigo mais fingir que ele vai se recuperar e vamos voltar a ser uma família feliz.
Passo os olhos por seus cabelos escuros, antes meu pai tinha tantos fios quanto eu, mas agora os dele estão ralos por causa da quimioterapia. Conto duas pintinhas próximas ao seu olho esquerdo, lembro de ver mamãe acariciando essas pintinhas enquanto dançava com ele depois da ceia de natal, eu sempre os provocava dizendo que aquilo era nojento, mas a verdade é que eu achava linda a forma como os dois ainda se amavam depois de tanto tempo. Seguro o riso quando olho para seu nariz, grande como meu e motivo de piada na maioria dos jantares em família, seus lábios finos e os dentes de coelho que também herdei. Sou mesmo muito parecido com ele, todos dizem isso, mas só agora consigo notar as semelhanças. Respiro fundo e engulo as lágrimas, já chorei demais na frente dele, preciso mostrar que posso ser forte.
- Aqui está - Papai me desperta de meus pensamentos e me entrega os guardanapos. Neles estão listados alguns tópicos e um título que diz: 7 passos para um bom natal (versão final). Mas antes que eu possa ler, ele me impede - Leia quando chegar em casa, quero assistir um filme de natal com você.
Passei aquela noite com ele no hospital, uma das últimas antes dele ir embora. Assistimos a um filme bobo em que uma garota se apaixona por um príncipe, típico clichê de natal. Papai dormiu antes do final e eu fiquei acordado assistindo seu peito subir e descer lentamente, rezando para ter mais tempo com ele. Pouco depois disso o câncer em seu pulmão piorou e dentro de dois meses papai se foi.
Os dias que sucederam sua morte foram os piores de minha vida. Uma vez o médico perguntou a meu pai qual o nível da dor que ele sentia em uma escala de zero a dez e papai, corajoso e forte como era, sempre media suas dores até o número sete, mas quando o vi deitado no caixão, tive certeza que a minha dor ultrapassava o número dez.
Yoongi e Namjoon fizeram moradia em minha casa durante bastante tempo, não sei o que seria de mim se não fosse eles e no meio de tanta dor, acabei esquecendo os guardanapos no fundo de minha mochila, foi Namjoon que os achou em um dia frio de inverno, enquanto procurava uma caneta para anotar a receita dos biscoitos de gengibre.
- Kookie - Ele diz segurando alguns papéis na mão, a princípio tudo que consegui reparar foi na forma doce que meu apelido soava saindo de seus lábios grossos. Nessa época eu já sabia que o amava, mas insistia em fingir que gostava de mulheres e que Namjoon era só um bom amigo para mim.
- O que foi? Eu sei que preciso limpar minha mochila - Digo quando vejo os papeis em sua mão - Mamãe vive dizendo que ela parece uma lixeira, mas não vou usá-la tão cedo, então...
- Acho que você vai gostar de ler isso - Ele me entrega os guardanapos com cuidado e olha para mim apreensivo. Quando finalmente me dou conta do que eles são, deixo um ''oh'' sair de minha boca e sinto meu coração pulsar violentamente em meu peito - Você quer que eu saia?
- Não - Digo depressa. Meu coração continua batendo tão forte e quase tenho certeza que Namjoon pode ouvi-lo. Um nó se instala em minha garganta e respiro fundo antes de ler o conteúdo - Por favor, fica.
Fico olhando para os guardanapos fechados em minha mão e Namjoon abre um sorriso tímido me incentivando a ler, então peço que ele se sente ao meu lado. Duas covinhas aparecem em suas bochechas enquanto ele sorri, fazendo meu coração se acalmar mesmo que por pouco tempo. Ele tem esse poder sobre mim, enquanto Yoongi me irritava e me fazia querer chutar seu traseiro magro, Namjoon me acalmava e fazia meu coração se aquecer. Eu amava os dois, mas de formas completamente diferentes.
Respirei fundo antes de continuar. Era a última coisa que papai fez para mim, era a letra dele naquele pequeno pedaço de papel e eu sabia que era algo importante, então olhei para Joonie mais uma vez buscando um pouco mais de coragem e ele entrelaçou seus dedos nos meus e me senti mais confiante.
Passei meus olhos pelo papel, era bom ver algo novo feito por meu pai, mesmo que não fosse novo de verdade, era algo que eu nunca tinha lido e me fazia sentir que ele estava aqui, de alguma forma. Foi o que ele me disse no hospital, que daria um jeito de estar comigo e ele estava cumprindo sua promessa.
Enchi meus pulmões com todo ar que pude e comecei a ler.
7 passos para um bom natal (versão final)
01 - Decorar uma árvore bem bonita (não deixar sua mãe por enfeites de macarrão) - Do uma risada ao ler isso e Namjoon sorri comigo. Mamãe amava os enfeites de macarrão que fiz na segunda série. Eram dois anjos mal pintados com as asas preenchidas com macarrão quebrado. Nos primeiros anos era até fofo, mas eles estavam velhos e feios e papai dizia que eles estragavam a estética da decoração e eu concordava, mas mamãe os achava lindos e os colocava sempre na árvore.
02 - Patinar na neve - Patinar era algo que nós dois fazíamos com frequência no inverno. No começo era um programa meu e dele, mas eventualmente Namjoon e Yoongi se juntaram a nós e o dia vinte de novembro se tornou um dia dos garotos. Era uma das coisas mais divertidas para mim, estar com três das quatro pessoas que mais amava em uma pista de gelo enquanto nos estabacávamos e riamos como completos idiotas.
03 - Fazer biscoitos de natal (não economizar na cobertura) - Os biscoitos foram nossa primeira tradição. Vovó nos ensinou depois que papai e eu devoramos um pote cheinho deles quando eu tinha seis anos. Meu pai aprendeu a receita e me ensinou, era nossa diversão preferida, mesmo que mamãe odiasse porque não sabíamos comer moderadamente e papai tinha colesterol alto.
04 - Assistir filmes de natal (o sábado inteiro e não pode estar sozinho, não tem graça assistir a filmes de natal sozinho) - Tentei esconder essa parte de Namjoon, mas ele já havia lido e deu uma gargalhada gostosa ao ver minha cara de pânico. Eu costumava caçoar de quem assistia comédias românticas, principalmente os clichês de natal, mas a verdade era que eu gostava. Os outros meninos da minha idade diziam que era coisa de mulherzinha e eu acreditava que precisava provar para eles que era um garoto descolado e legal, então agia como um babaca fazendo piadinhas chatas. Mas quando chegava em casa, assistia os filmes com papai e as vezes até chorava.
Dou um longo suspiro e a saudade de papai aperta em meu peito um pouco mais forte. Namjoon olha para mim e dessa vez não consigo sorrir, então ele leva sua mão até a minha e a aperta devagar. Joonie é ridiculamente sensível, ele sempre sabe o que estou sentido e do que preciso para me acalmar, isso é o que mais gosto nele. A única coisa que Namjoon não se dá conta, é que é o amor de minha vida. Balanço a cabeça afastando esses pensamentos e volto minha atenção aos guardanapos.
05 - Comprar os presentes (nada muito caro e de preferência adicione algo feito à mão para quem quer que seja, presentes feitos a mão tem valor sentimental maior) - Definitivamente essa era minha parte preferida. Nós sempre comprávamos alguma coisa, algum CD de rock para mim, maquiagem para mamãe ou alguma ferramenta para papai que gostava de dar uma de marceneiro às vezes, mas os presentes feitos por nós eram a melhor parte. Papai e eu passávamos algumas noites produzindo pulseiras, cartões, brinquedos e qualquer coisa que conseguíssemos fazer decentemente e colocávamos dentro das caixas. Mamãe sempre chorava de emoção e era a melhor sensação do mundo ver meu pai andando por aí todo orgulhoso com uma pulseira mal feita que eu mesmo produzi.
Estava ficando mais difícil ler aquelas coisas. De certa forma era bom, se eu não pensasse muito, podia fingir que papai passou em meu quarto de manhã e me entregou a lista para que a completássemos no feriado, mas eu sabia que não ia acontecer, a saudade estava ficando insuportável, as lembranças dos natais com papai estavam muito vivas e dezembro estava chegando, me lembrando de que ele não estaria comigo dessa vez. Eu podia sentir as lágrimas chegando e tenho certeza que Namjoon notou, porque ele passou seu braço por meus ombros e me apertou forte em um abraço desajeitado. Segui para o próximo item.
06 - Foto em família (com suéter temático, por favor) - Talvez essa parte me fizesse torcer o nariz às vezes. Odiava usar aqueles sueters, mas até que era legal olhar para a lareira e ver nossa coleção de fotos bregas enfileiradas quando chegava em casa. Papai até tinha algumas na carteira, ele dizia que era nossa forma de eternizar o natal e se ele gostava, eu fazia sem reclamar - muito.
07 - Ceia (por favor, nunca passe o natal sozinho ou chorando, é minha única exigência, só pode chorar se for de felicidade. Eu prometo que vou estar com você de alguma forma, quero que você seja feliz e que se lembre de mim com um sorriso no rosto, natal é o nosso momento, mas quero que você o divida com as pessoas que ama. O dia em que você nasceu, foi o mais feliz de minha vida. Nunca fui bom em muita coisa, mas tenho orgulho de ter sido um bom pai. Sinto muito por não estar com você nos momentos importantes em minha vida, isso dói muito mais que esse maldito câncer, mas eu sou muito feliz por ter vivido quinze anos maravilhosos com você. Por favor, não sofra muito e cuide de sua mãe, saia, faça novos amigos, bata menos no Yoongi e aprenda algo com Namjoon, espero que você continue sendo meu garoto incrível quando crescer. Eu te amo muito, muito, muito, espero que sempre se lembre disso. Feliz natal, para sempre).
Depois de ler as últimas palavras, não consegui mais me conter, as lágrimas finalmente vieram e chorei tanto que encharquei o moletom de Namjoon. Joonie ficou comigo a noite toda, acariciando meus cabelos enquanto eu soluçava em seu colo. Quando finalmente adormeci, ele me colocou em minha cama e foi embora, deixando um bilhete avisando que passaria mais tarde para ver como eu estava.
Depois daquele dia, o natal passou a ser algo entre Namjoon, Yoongi, mamãe e eu. Nós quatro seguimos à risca os sete passos todos os anos. Comprávamos os enfeites, decorávamos a casa, fazíamos os biscoitos, assistíamos os filmes, tudo sempre juntos. Mamãe pulava alguns passos, mas os dois estavam sempre ao meu lado. Ficamos conhecidos como os três mosqueteiros do natal, patético, mas eu gostava. Nossa amizade cada ano ficava mais forte e isso era muito importante para mim, mesmo que não falasse muito para eles.
Era tudo perfeito, até o dia em que os dois apareceram em minha casa para contar sobre a mudança e do namoro. Foi tudo tão repentino. Lembro até hoje da sensação do meu coração sendo despedaçado, senti que estava perdendo meus melhores amigos e meu amor naquele dia. Depois disso, éramos só mamãe e eu, mas ainda era minha data preferida do ano, o momento em que mais me sentia feliz.
Para os outros o natal pode ser uma data como outra qualquer, mas para mim é a época do ano em que eu me sinto próximo ao meu pai. O natal é como meu carregador de energias e por mais que amasse Yoongi, manter contato nessa época do ano não me faz bem, então ele pode esperar.
Mando uma mensagem de texto para ele avisando que estou no trânsito e digo que ligo mais tarde, mas não vou ligar, não nos próximos dias.
AEEEEEEE, FINALMENTE PORRA!
Agora é sério, sei que Namkook é um shipp flop (o que acho muito injusto, porque todo mundo sabe que o Namjoon foi o primeiro amor do Jungkook), mas eu me dediquei muito escrevendo essa história, então espero que leiam e gostem dela tanto quanto eu gostei de escrever.
Queria agradecer a minha esposa linda dona do meu coração mais conhecida como arroba jiminswhy, a julia arroba namjwonie e a Suelen por lerem com antecedência e aguentarem meus surtos de insegurança e bloqueios criativos. A Misha por ter feito essa capa amorzinho e a vocês que estavam esperando essa fic devido aos meus surtos no twitter.
Eu postei o prólogo hoje, mas começo a postar os capítulos ''de verdade'' dia 19, vão ser 7 capítulos, um por dia, até o dia 25, então espero vocês lá, oquei? Ta oquei.
Por enquanto é isso, obrigada todo mundo e até mais <3