'Katherine?'
Aquela voz era impossível de não conhecer. Caroline.
Num impulso corri para a sua cama e abracei-me a ela, como se o mundo fosse acabar aqui e agora, e só a tivesse a ela para proteger, para cuidar.
Kat: Caroline, tinha tantas saudades de te ver assim, vivaa, princesa -afastei-me assim que as costas começaram a doer e sentei-me ao seu lado encarando-a, pegando também na sua mão.
Ela tossiu um pouco e presumi que lhe estivesse a custar a falar, afinal acordou ainda a pouco do coma. A sua expressão era um pouco confusa e dificil de decifrar.
Caroline: o que é que me aconteceu? - ela parecia um pouco aflita a falar, como se estivesse num barco no mar completamente á deriva. - porque estou aqui? nesta cama feia, neste quarto, e porque estás aqui com ele? - apontou para Hugo.
Pousei a mão na sua testa para a tentar acalmar.
Kat: ouve, calma querida. tu tiveste um acidente, quando ias a passar na passadeira com a Dona Ilda, um carro atropelou-te e ficaste em coma uns dias e agora acordaste. - pausei - quanto ao Hugo, bem, ele veio comigo quando soube que estavas aqui e hoje também.
Ela parou um pouco talvez para pensar e por fim falou, com um enorme sorriso. Um sorriso incocente tipico de uma criança da sua idade.
Caroline: ele é teu namorado?
Olhei para Hugo atrapalhada, e depois de novo para ela.
Kat: NÃO ! - quase gritei , ela riu ainda mais . - é um ... amigo.
Agora que penso, eu realmente não sei o que ele me é. Não o posso considerar bem um amigo, porque nós não nos damos propriamente bem, namorado também nao porque não o é. O que é ele então realmente? conhecido? vizinho? ahh, ele é mais importante que um mero conhecido, ele é o motivo das minhas preocupações e zangas, ele ajuda-me mesmo quando eu sou parva, ele está sempre lá mesmo eu nao sabendo, é como um anjo da guarda. Por isso não pode ser apenas um vizinho.
Acordei dos pensamentos, olhando Caroline, que estava com uma cara estranha .. um misto de preocupação e confusao, como se estivesse a ter algum flashback.
Kat: o que se passa querida? - abanei um pouco com ela, mas ela não tinha reação. Abanei mais ainda - o que se passa Caroline? fala por favor! - como anteriormente não obtive nenhuma reaçao da sua parte. Apenas ouvia a sua respiração inconstante. O meu coração começou a acelarar, eu não acredito que ela está outra vez a sentir-se mal, e se ela desmaia? e se ela nao aguenta e morre? porra, eu nao a posso perder.
Caroline: eu vi-o .. - olhei Hugo, que já tinha vindo para ao pé de nós e a encarava completamente confususo tal como eu.
Hugo: viste quem querida?
Caroline: o Homem que me atropelou. - as máquinas começaram a fazer sons, e levantei-me, o que se está a passar aqui? porque é que as maquinas estão a fazer estes barulhos? Ela não estava bem? tantas perguntas na minha mente sem resposta, que o melhor é mesmo estar calada.
Voltei a aproximar-me da cama, e ela cada vez lutava mais para conseguir respirar.
Kat: quem era? quem era Caroline? - as lágrimas já escorriam pela minha cara e eu nao me importava que as controlar. Precisava de saber quem era.
Caroline: aquele rapaz .. que uma vez levaste .. ao .. orfanato. o .. - antes de puder proferir qualquer outra palavra um bip mais profundo soou e ela fechou os olhos.
Mas de quem estava ela a falar? e porque é que eu nao fui ainda chamar um médico ou uma enfermeira? Corri para a porta, abrindo a mesma.
Hugo: onde vais?
Kat: Procurar o médico.
Caminhei por corredores sem saber por onde ia, acho que estava a ficar perdida e muito zonza, mas precisava de encontrar o médico dela. E assim que cruzei uma esquina, lá estava ele a falar com uma senhora, que presumo ser enfermeira, pois também a vi muitas vezes no quarto de Caroline. Caminhei num passo mais acelarado até ele.
Kat: venha rápido. A Caroline..
Médico: o que se passa? acalme-se .
Respirei fundo, para conseguir falar.
Kat: eu nao sei, ela começou a ficar com falta de ar, e as maquinas fizeram bip, e ela desmaiou.
Médico: oh meu deus. - ele e a enfermeira começaram a correr e eu fiz o mesmo. Só espero que não seja nada grave. Não a posso perder.
--
Médico: tenha calma, está tudo bem. Ela não se pode esforçar muito, porque tem 4 anos e anda a tomar muita medicação e como ficou muito agitada, a ter essa recordação desmaiou. Mas está tudo bem, o batimento cardiaco está a estabilizar e dentro de pouco tempo ela acorda. - suspirei, enquanto o senhor de bata branca que me tinha acabado de me dar esta maravilhosa noticia guardava o seu material de examinar a minha pequena.
Kat: uff, ainda bem. eu nao a posso perder. - olhei para a cama onde Caroline repousava. A sua cara de anjo era visivel. Uma cara que sempre me relaxa dos meus problemas, ela é o meu anjo. Sorri. E acho que o médico reparou pois comentou a seguir.
Médico: é mesmo importante para si nao é?
Olhei-o, e assenti de leve com a cabeça. Hugo estava ao meu lado, e mais uma enfermeira, estava a guardar uns materiais ao pé da cama de Caroline.
Kat: muito mesmo. o meu sonho é adota-ta e poder chama-la de filha. - um enorme sorriso cresceu-me ao dizer aquilo. Era realmente bom eu conseguir o que acabei de dizer, e no que depender de mim vou lutar até ao fim, ate estar entre quarto tabuas no cemitério. - Olhei-a
médico: eu aconselho-a a ir para casa.
Abanei negativamente com a cabeça.
Kat: nem pensar, fico aqui com ela.
Medico: ouça, nao vai ficar a fazer nada, por isso o melhor é mesmo ir descansar. o seu namorado leva-a e amanha vem para cá de novo, fresca para mostrar a Caroline que esta a lutar por ela.
Ah? Namorado?
Kat: namorado? - franzi a sobrancelha.
Medico: sim, ele não é seu namorado? - virou a cabeça na direçao do .. Hugo. Asério, ele tambem? isto foi combinado ou que?
Olhei Hugo, que olhou o chao totalmente envergonhado como eu.
Kat: de todo, não! é meu ... amigo. - dei de ombros.
Médico: seja como for, faça o que disse, e até amanha. - ele riu abandonando assim a sala.
Aproximei-me da cama da Caroline baixando-me para ficar á sua altura, e acariei-lhe o cabelo. Como ela é linda.
'Dona Katherine?' olhei a voz que tinha falado, a da enfermeira, que estava agora ao meu lado. Ela olhou para o fundo da sala onde Hugo estava a olhar pela janela, e depois para mim de novo. 'não o perca, ele gosta muito de si, acredite' .
sem me dar tempo sequer de respirar, virou costas e saiu da sala, com a sua mala do material. E eu presumo que tenha ficado com cara de tacho. Ah? o que se acabou de passar? eu e o Hugo? naoo, nuncaa .. ou será que ? ... ah, não não não. Nunca.
---
O carro estacionou em frente a minha porta de casa. Acabei agora de chegar a casa, com o Hugo, depois de quase a força, ele me convencer a vir para casa. Talvez tenha razão, eu tenho de descansar, e lá com a Caroline, não ia fazer nada, ela está bem, so precisa de recuperar e nada de esforços. Mas pelo caminho vim tambem a pensar, o que sera que ela estava a dizer, e obtive uma resposta. Lembrei-me de uma vez levar lá um ex namorado meu, nada muito sério, mas também nada que se esquecesse do dia para a noite. E ela conheceu-o, agora a minha pergunta é ..porque é que o James atropelou a Caroline?
Hugo: vais dormir aqui? - ele disse acompanhado por um riso de nariz. ai aquela voz, era como musica para os meus ouvidos.