Dois homens, um coração (Roma...

By Strange-Boy

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(COMPLETO E REVISADO) A vida não está lá aquelas coisas para Arthur Cavill. Com 24 anos de idade, ele acaba d... More

Prólogo
1 - O pior dia do ano?
2 - Sozinho
3 - Arthur volta a trabalhar
4 - Não ouse
5 - Basta
6 - Um recomeço na vida
7 - Presos
8 - A Salvo?
9 - Tarde Demais
10 - O Impossível
12 - Coisas inesperadas
13 - Boas ações
14 - Feliz ano novo?
15 - Nova vida, novas fases
Epílogo
Outras obras

11 - Sou uma boa pessoa quando você está perto

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By Strange-Boy

Eu acordei e estava sozinho no sofá da sala. Na verdade, quando eu dormi? Não me dei conta de nada. Por um momento, estava me sentindo normal e então me lembrei do meu livro, agora perdido. Maldito Mark... Maldito seja. 

Levantei e notei que já era manhã do dia seguinte. Procurei por Christopher a casa toda, mas nenhum sinal dele. Tinha ido embora. Imediatamente me lembrei daquela noite de sexo casual que eu tive. Obviamente quando você se envolve desta forma descompromissada com alguém, não espera nenhuma paixão ou algo do tipo, mas a pessoa te deixar na manhã seguinte é algo totalmente arrogante. 

Não tive nenhuma noite de núpcias com Christopher, porém, havia pedido a ele pra ficar comigo. Talvez tivesse entendido errado, achou que apenas pela noite fosse o suficiente. A verdade é que eu ainda estava carente, precisando de um ombro pra chorar. Eu perdi algo que significava muito pra mim e não sabia se eu seria capaz de perdoar Mark algum dia. 

Telefonei pra Sel. 

— Oi, bebê. E aí?

— Eu tenho péssimas notícias, Sel...

Contei tudo a ela, que quase não acreditou. 

— Se eu der de cara com esse garoto na rua, eu juro que eu...

— Ah, não se meta em encrenca, ainda mais por mim, por favor. 

— Por você eu faço de tudo, amigo. Eu e você pra sempre, lembra? — ouvi isso e sorri do outro lado da linha. — O que você vai fazer agora? — ela perguntou.

— Eu não sei... Agora, pelo menos, eu...

— Hum?

— Eu quero encontrar o Christopher.

— Oi!? 

— É, Sel, ele...

— Ele o quê?

— Calma! Se você me deixar falar... Ele tá diferente agora. Tem sido uma pessoa legal e me ajudou muito ontem à noite. Me fez companhia e eu acabei adormecendo, agora não sei porque ele foi embora, não sei se aconteceu alguma coisa...

— Isso não me cheira bem, Arthur. Parece que você tá caidinho por ele. 

— Não. — menti, mas falei naturalmente, pois queria negar até pra mim.

— Não sei não. — ela riu.

— Olha, se você acredita ou não, já é com você.

— Ai, calma, cara, só estava te enchendo! 

— Preciso ir agora. Vou tentar encontrar ele pra ver se aconteceu algo.

— Vai lá, beijos.

 Tomei uma ducha rápida e bem quente. O frio estava demais lá fora e ainda nevava um pouco. Escovei meus dentes depois de comer torrada com manteiga e vesti meu agasalho, uma calça jeans e calcei minhas botas.

Liguei para o número dele e então para seu escritório. Ambos estavam fora de área. Então, o que me restava era ir até a sua casa. Foi um pouco chato para me lembrar o caminho, mas como tenho a memória boa, consegui lembrar de todo o percurso.

Lá estava eu, frente ao portão.

Olhei para o lado, havia um interfone. Então, toquei.

Uma câmera colocada bem alto no muro fez um barulho bem sutil. Ao fitá-la com cuidado, parecia que estavam dando zoom com ela bem na direção do meu rosto.

— Senhor Cavill, que prazer em tê-lo aqui. — disse Sebastião pelo alto falante. — Em que posso ajudar?

— Olá, senhor. Bom dia. Ahn... — estava com vergonha. 

— Pode dizer, senhor, não há problema.

— O Christopher está? 

Um silêncio de segundos permaneceu até que o portão abriu.

— Entre. — Sebastião disse. 

Obedeci. Caminhei por todo aquele grande jardim até chegar na entrada da casa, onde Sebastião me esperava em pé em uma postura exemplar de um mordomo. 

— Oi. — sorri meio torto.

— Como vai, senhor?

— Eu vou... indo. E o senhor?

— Vou bem. — Sebastião sorriu. — Infelizmente Christopher não me contacta desde ontem à noite, então não sei onde ele está ou quando vai chegar em casa, Arthur.

— Ah, que pena... — fiquei muito desapontado. Por que ele não disse nada pra mim? Achei que estávamos começando a criar algum laço, sei lá... Parece que Arthur se ilude mais uma vez na vida.

Ia embora, mas antes, precisei dizer algo a Sebastião.

— Olha, me desculpe mesmo por aquele dia que saí daqui de um jeito muito... peculiar.

Sebastião riu.

— Não se preocupa, garoto. Está tudo bem. O senhor Mason tem uma personalidade muito complicada. É difícil de compreendê-lo muitas vezes, então não te culpo.

— Mas o senhor queria tanto que eu ficasse aqui ainda assim. Por que insistiu tanto, Sebastião?

— Olha... — Sebastião olhou para o lado, como se estivesse prestes a contar uma mentira ou ao menos omitir a verdade. — Eu só queria que ficasse, acho que você faz uma boa companhia para o patrão. Ele precisa de amigos, sabe? Talvez assim mude. 

— Entendo... — suspirei. — Bom, eu quero mesmo ser amigo dele, se puder. Parece que ele está mudando.Queria falar com ele, mas não sei onde ele está.

— Mesmo? — Sebastião sorriu imensamente.

— Sim.

— Ótimo. Se eu tiver notícia dele, te aviso, está bem?

— Está bem, Sebastião. Muito obrigado. Agora preciso ir.

— Até mais, garoto. Cuide-se.

Acenei com minha mão direita e sorri de lado. Dei meia volta e retornei pra minha casa. 

Vi filmes, fiz pipoca, mexi no celular mas as horas se arrastavam. Estava num tédio imenso e ainda magoado por ter perdido meu precioso livro. Era de noite e então uma ligação pro meu telefone me surpreendeu. Levantei da cama correndo pra pegar o celular que estava carregando na sala. 

Era um número que eu não conhecia. 

— Alô!?

— Senhor Cavill? 

— Sim... quem fala? — não havia reconhecido a voz.

— É o Sebastião. Christopher me ligou.

— Ah, é mesmo? — sorri. 

— Sim. Ele está no pier da cidade, senhor.

— Nossa. — fiquei preocupado. — Mas o que ele faz lá a essa hora? E tá muito frio.

— Ele comentou comigo, mas são assuntos confidenciais, desculpe. Se quiser ir lá, de qualquer forma...

— Eu vou sim, muito obrigado, Sebastião. Como conseguiu meu número!?

— Christopher tinha anotado, senhor. 

— Ah, sim. Tudo bem. Boa noite, Sebastião!

— Boa noite, até mais. — finalizou a ligação.

Salvei o número dele no meu telefone e me agasalhei de novo pra sair. Além de frio, continuava nevando...

Estava escutando música no meu celular, porém com apenas um lado do meu fone de ouvido. Cismava em fazer isso enquanto estava na rua pra não me distrair e ficar atento aos sons. Também fazia isso pra poder conversar com as pessoas enquanto escutava minhas músicas.

Fazia tanto frio que nem as luvas ajudavam muito a aquecer minhas mãos, então andava com elas guardadas nos bolsos.

Ao chegar no pier, Christopher estava discutindo com uma moça. Fiquei observando de longe, não querendo me intrometer. Após uns dez minutos (sim, eu fiquei esperando esse tempo todo e talvez esperasse até mais, o quanto pudesse) Christopher pegou o celular da moça e o jogou na água. Ela gritou e deu um tapa em seu rosto.

— CRETINO! — ela gritou e saiu correndo, chorando. Então, entrou em seu carro e foi embora.

Christopher apoiou os dois cotovelos no suporte de madeira e ficou encarando a água.

Decidi me aproximar. 

— Arthur!? — exclamou assim que se virou e me viu. Provavelmente escutou meus passos. — O que faz aqui?

— Estive te procurando o dia todo. — falei ao parar na frente dele.

— Ah, eu tive problemas. Precisei sair logo de manhã e parece que só agora consegui resolver. — se virou de volta para o apoio de madeira. 

Fui até ao seu lado.

— Se quiser me contar. — me apoiei no suporte de madeira também.

O lago estava lindo. Havia parado de nevar e algumas estrelas apareceram no céu. Elas estavam refletidas na água de uma forma majestosa. Era uma visão maravilhosa.

— Não viu o que houve agora pouco, viu? — Christopher me perguntou com um olhar preocupado.

— Vi sim, desculpe. 

Ele estava lindo. Na verdade, como sempre. Usava uma jaqueta verde e seus cabelos, embora curtos, dançavam com o vento. Não estava com barba e sua pele me invejava. 

— Bom, eu ia te contar de qualquer forma. — ele deu de ombros e continuou. — Eu já tive vários casos com as mulheres, sabe? Sempre que eu queria me satisfazer sexualmente, tinha alguém pra isso. 

Não seja ridículo, Christopher... estava começando a te admirar! 

—  Nunca quis me envolver amorosamente com alguém, até porque nunca senti absolutamente nada por nenhuma pessoa. Nunca precisei disso. 

— Então você não é um homem pra ter um relacionamento sério? 

— Não sei. Não podemos dizer nada do futuro com certeza. 

— Bom, então... por favor, pode continuar. 

— Então. — ele limpou a garganta pra então prosseguir. — Essa mulher, após uma noite que tive com ela, tirou fotos minhas bem... comprometedoras. 

— Ah, não... — lamentei.

— Sim. Então, ela ameaçou distribuí-las por todos os sites possíveis e isso me prejudicaria muito, minha imagem seria muito prejudicada e isso com certeza iria afetar a ViennaLife.

— Claro, eu imagino...

— Então ela ficou me ameaçando por meses.

— Como?

— Eu tinha que pagar ela toda semana. Pagar pra ela ficar de boca calada e não vazar as fotos. Então eu continuei fazendo, mas isso tinha que parar, então...

Fiquei olhando pra ele. 

— Então eu a procurei hoje o dia todo pra dar um fim nisso de uma vez por todas, depois que ela me ligou de manhã cobrando mais um pagamento. Eu ainda estava na sua casa.

— Nossa, Christopher. Isso é demais.

— Finalmente consegui me encontrar com ela aqui no pier, agora, à noite. Precisei vir pra cá porque dessa forma pude pegar o celular dela e jogar na água.

Um silêncio predominou por alguns segundos, mas da forma mais natural possível, nos olhamos e começamos a gargalhar alto.

Eu nunca tinha visto ele rindo, feliz assim, desta forma. 

Eu não podia mais negar, realmente estava apaixonado por ele. Isso era um grande problema pra mim...

Christopher olhou pra baixo numa feição muito pensativa.

— Arthur, como me encontrou aqui? Eu queria ter te avisado antes de sair da sua casa, queria ter te contado sobre isso tudo, mas... mas foi tudo tão rápido. Eu precisava mesmo resolver tudo isso.

— Ah, tudo bem. O Sebastião, ele... me avisou. Eu tinha pedido a ele. Queria te encontrar, lembra?

— Ah, sim... liguei pra ele mais cedo pra que ele me desejasse sorte. — ele disse e eu sorri. —Sabe, ele e você são as pessoas com quem gosto de conversar. 

Passou mais um breve silêncio e decidi perguntar algo que estava me encucando. 

— Não vai sentir falta daquela moça?

— Certamente não. — ele riu após responder. — Eu não sinto falta de moça nenhuma, na verdade. 

— Como assim?

— Não sinto mais vontade de seguir esse estilo de vida. 

— Por que não?

Ele me olhou, mas não era como um olhar qualquer. Foi penetrante, como se quase conseguisse tocar na minha alma.

— Sabe, sou uma boa pessoa quando você está perto. — sorriu. 

Eu ri.

— Você não parece aquele chefe arrogante de antes. 

— Ah, Arthur, eu... — ele suspirou e saiu da posição de apoio que estava, ficando em pé de forma esguia e continuou a me olhar. — Você consegue transmitir coisas pra mim que eu não consigo explicar. Faz com que eu queira ser uma pessoa totalmente diferente. Você tem seus pensamentos, seu jeito de agir, viver, se comportar e eu percebo que eu queria ser tudo isso também, como você. Não adianta eu tentar lutar mais. Você está fazendo com que eu me torne uma pessoa boa, sabe? Igual a você. 

Eu tinha ficado sem palavras e possivelmente com as bochechas coradas. 

— É bondoso, simpático, tem um bom coração. — sorriu meio desengonçado. 

— Ora, assim como você.  — respondi com sinceridade. 

— Eu? Não sou nada assim.

— Ah, é sim. Tudo o que você sempre precisou foi enxergar isso. Enxergar que existia tudo isso embaixo dessa armadura que você mesmo construiu ao seu redor. 

Christopher abaixou a cabeça e percebi que algumas lágrimas escaparam. 

— Está tudo bem? Foi algo que eu disse? — perguntei.

— Não, não. Estou bem. — ele limpou o rosto com a manga da jaqueta. — Só é difícil, sabe? Ser uma pessoa sozinha, assim. Sem os pais desde que eu me lembro ter vindo a esse mundo...

— Ah, não, não está sozinho. Você tem o Sebastião, tem as pessoas que trabalham com você e que se importam com você... e você tem a mim, Chris. 

Ele levantou a cabeça e se aproximou de mim. O vento soprava mais forte, mas isso não nos atrapalhou. 

— Chris? — ele me perguntou com um sorriso e então percebi que eu havia acabado de chamar ele por um apelido, mas saiu de uma forma tão natural... 

— Posso te chamar de Chris? — eu ri. 

— Acabou de inventar um apelido pra mim. Ninguém nunca me chamou assim antes.

— Nunca? Uau, me desculp...

— Eu gostei muito. Chris é bom.   — ele me interrompeu, ainda sorrindo. — Mas por favor, me diga... Então eu tenho você? É isso? É verdade mesmo?

— Claro. E eu tenho você também, não é? — sorri. 

— Arthur, acho que foi a única pessoa que conseguiu enxergar quem eu sou de verdade quando nem eu mesmo podia enxergar. 

Cheguei mais perto dele na tentativa de um abraço. 

— Eu não sei o que está acontecendo comigo. Toda essa mudança... — ele me dizia. — É muito estranho. Dá medo, mas...

Parei e fiquei atento, o escutando.

— Mas o quê?

— Se está aqui comigo, não tenho mais medo. — ele disse e eu gelei.

De repente, ele segurou meu rosto com suas duas mãos, sem luvas, frias como blocos de gelo e estalou um grande beijo nos meus lábios. Depois, ficou me olhando com os olhos arregalados, assustado. Então, ele riu e balançou a cabeça, colocando a mão na testa. 

— Não... Não posso fazer isso. Me desculpa, Arthur. Você é um menino. 

— E o que tem de errado nisso!? — Exclamei. Não acredito que eu estava me decepcionando com ele mais uma vez. Quando tudo parecia estar indo bem...

Senti que ia começar a chorar, então me virei e preparei os passos para ir embora com uma sensação horrível.

Então, Christopher me segurou pelos braços e me virou.

— Para com isso! — exclamei, assustado.

— Me desculpa, Arthur. Me desculpa. É muita coisa nova pra mim. Muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.   — ele dizia com sinceridade e tristeza no olhar. — Ainda preciso aprender muito com você, mas por favor, não desiste de mim.  

Meu corpo relaxou e segurei em seus braços de volta, logo antes dele me beijar. Me rendi. Dessa vez, o beijo foi calmo, sincero, natural e apaixonante. E óbvio, agora era um beijo de verdade. Sentia sua língua se entrelaçando com a minha, sentia sua respiração ofegante o tempo todo. Ele estava nervoso, talvez com vergonha, mas demonstrava amar esse momento.

A quem eu estava enganando? Eu estava amando também...

Ele me segurava cada vez mais forte, mas sem me machucar. Segurava como se eu fosse algo precioso que ele não pudesse perder de forma alguma.

A música que eu escutava no fone, naquele momento, parecia se encaixar perfeitamente com o que eu estava sentindo ali. Parecia coisa do destino. 

(Aurora - Gentle Earthquakes) 

Quão fria pode ser uma lágrima na pele quente?
Tão delicado, começa violentamente
Dentro deste universo eu estarei perdido
Me movendo dos rios para o topo das montanhas

(...)

  Como um suave terremoto, se intensifica
É como se meus pulmões estivessem respirando fogo

(...)

A  maneira fascinante como você muda suas cores
A beleza feia e perfeita de nós
Com uma combinação de roxo e rosa
Os únicos traços do nosso amor florescendo 

  Na décima primeira hora
Finalmente uma flor escondida
No último momento
Finalmente se abre

  Partes do corpo torcidas movendo-se em sincronia
Vendo um raio cair nos olhos do meu amor
Todas as flores crescem em um campo exuberante
Todo amor conectado se torna um escudo humano  

FIM DO CAPÍTULO!

Próximo em breve

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