Thematic

By jikoowings

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Jimin nunca escondeu o fato de ter uma queda enorme por garotos tatuados e cheios de piercings pelo corpo; na... More

Sua temática é linda

Eu sou temático

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By jikoowings


Feira Literária - Universidade de Seul

Sala 06 - Bloco 09

Temática Harry Potter

Os alunos no quarto semestre de Literatura Inglesa corriam de um lado para o outro atrás de figurinos e acessórios para deixarem a sala de aula com o clima de bruxos — apesar de estar repleto de trouxas. Organizaram-se entre si, há uma semana, quem levaria os livros e os filmes da saga, e discutiram brevemente sobre como ficaria a decoração do cômodo não muito grande.

Esse ano a Feira Literária veio mais tarde devido à demanda dos professores em relação aos estudos árduos de seus queridos alunos, fazendo com que a própria organização, geralmente perfeita, desorganizasse um pouco. Acontece que sete dias não era o suficiente para fazerem um trabalho perfeito como fizeram no ano anterior, com a temática de Wuthering Heights (O Morro dos Ventos Uivantes); mas isso não quer dizer que, com muita pressão e determinação, não sairia algo bom em apenas uma semana.

De fato, o resultado estava superando o esperado pelos alunos e professores com a linda divisão da sala onde deram vida a um mundo mágico que todos ali conhecem e admiram: o mundo do Harry Potter.

As cadeiras foram todas tiradas para fora, deixando apenas algumas mesas onde os livros e filmes estavam dispostos alinhados e intercalados, com as versões de colecionador, britânica, americana, traduzida e ilustrada, junto às miniaturas dos personagens principais ao lado das varinhas mágicas do querido Professor Dumbledore e a de quem-não-deve-ser-nomeado, ou, para os mais íntimos, Lord Voldemort.

Acima das mesas posicionadas contra as paredes, haviam desenhos recortados perfeitamente entre a correria dispostos entre uma janela e outra; nas paredes era possível ler, em letras de formas legíveis e bem desenhadas, os nomes das casas na língua original em que o livro foi escrito nas cores de cada uma, junto ao símbolo que os representam (por exemplo, uma serpente ao lado de Slytherin - Sonserina).

Logo na porta de entrada, para ganhar atenção do público, havia um mancebo onde cachecóis amarelos, verdes, vermelhos e azuis estavam pendurados indicando as casas do castelo, além de uma ou duas capas pretas para que os visitantes pudessem vestir rapidamente para uma ou outra foto. E, ah, claro... uma vassoura "voadora" bem ao lado da lousa, junto a um quadro mágico (comprado por um professor em uma viagem à Orlando) e uma mesinha forrada por um tecido branco, onde um caderno — o diário de Tom Riddle — estava, ao lado do Mapa do Maroto.

Na grande lousa branca estava escrito em cores e letras legíveis, porém que lembravam muito a fonte utilizada nos títulos dos livros, a seguinte frase:

Bem-vindos ao mundo dos bruxos!

Os alunos estavam todos vestidos como alunos de uma das casas, recepcionando os convidados e mostrando-lhes cada canto da linda sala. Sentavam-se para jogar xadrez juntos, beber o famoso e britânico chá da tarde, e fazer algumas brincadeiras de adivinhação, as quais diriam a que casa que eles pertenceriam. E assim que os visitantes saíam da sala, eram presenteados com as tão esperadas Cartas de Hogwarts.

Park Jimin era um dos alunos que recepcionava os visitantes com o sorriso alegre no rosto, sempre arrumando os óculos de grau e afrouxando aos poucos a gravata amarela e preta. Era um dos poucos alunos representando a casa Lufa-Lufa -- e com muito gosto, vale ressaltar.

Apesar de estar preocupado com a sua coleção de livros do Harry Potter estar em mãos desconhecidas, forçava-se a não pensar em qualquer possibilidade de um de seus preciosos ser roubado ou estragado ao caminhar pela sala ao lado de uma caloura de Literatura Inglesa, mostrando-lhe o Castelo de Hogwarts desenhado por ele mesmo na lousa, abaixo da frase de boas vindas.

Ele nunca foi de se sentir completamente orgulhoso de algo que faz, por sempre achar que poderia fazer melhor (nenhum pouco perfeccionista, certo?), mas esse castelo ficou tão bonito que ele mostra para cada pessoa que entra na sala mágica. E, bem, os elogios que recebe, tanto pelo figurino impecável quanto pelo desenho perfeito, apenas alimenta seu ego.

— Nossa, já é oito e meia! — A caloura diz espantada, chamando sua atenção. — Eu preciso ir... vou ter prova de Introdução à Literatura agora.

— Oh! Com a professora Mina? — Perguntou o veterano, acompanhando-a até a porta. Ela assente, levemente nervosa pela avaliação. — Não se preocupe, ela é muito legal e uma ótima professora. Tenho certeza que se sairá bem!

— Obrigada, oppa. — A garota sorriu, curvando-se levemente em respeito. — Posso tirar uma foto com você? Realmente adorei seu figurino e... lufa-lufa é minha casa preferida de toda a história.

Jimin não respondeu verbalmente, apenas assentiu com um sorriso enorme no rosto. A garota pegou seu celular e abriu a câmera frontal, posicionando-se ao lado do mais velho, que rapidamente e delicadamente tirou o aparelho das mãos da dona e tirou a foto, deixando que seu sorriso largo aparece e seus olhos se fechassem minimamente.

Assim que devolveu o celular, entregou-a a famosa carta e despediu-se brevemente com um aceno. Virou-se para o lado oposto, caminhando entre os visitantes e colegas de classe até que estivesse ao lado da mesa de bebidas, observando a sala cheia de curiosos e fãs da saga. Novamente, sentiu-se orgulhoso por sua turma ter administrado o pouco tempo ao fazer um trabalho digno para Harry Potter.

J.K. Rowling, talvez se estivesse ali, estaria tão orgulhosa quanto ele.

Aproveitou o momento de observação para averiguar seus preciosos livros de colecionador, rezando para não ter nenhuma criança chata fazendo dobras nas páginas ou pessoas malucas ao pontos de levá-los ou sujá-los. Mas, assim que colocou os olhos na mesa repleta de livros e filmes, notou apenas uma pessoa, um garoto, em frente ao móvel.

Parou de respirar por um milésimo de segundo ao notá-lo entretido no livro em suas mãos, a versão ilustrada de Animais Fantásticos e Onde Habitam. Analisou bem a figura, ainda distante do garoto, sentindo o coração disparar com a beleza estonteante do homem.

Talvez seja sua tara por caras tatuados ou o encanto nos olhinhos arregalados e o sorriso bonito no rosto enquanto deslizava os dedos pelas páginas, não sabia dizer; mas aquele homem prendeu sua atenção de uma maneira que não conseguia mais tirar os olhos dele.

Era simplesmente tão, mas tão, bonito. Desde as botas pretas até os cabelos negros e bagunçados... A calça jeans escura e apertada realçando as coxas e a traseira — não que ele tivesse olhado para aquela parte em específico —, a camisa tão negra quanto seus cabelos que deixavam-no com o peitoral ainda mais estufado, o rosto lisinho e branquinho. Tão lindo.

Os braços fortes cobertos de tatuagens, algumas preto e cinza e outras coloridas, deixava-o ainda mais bonito nos olhos do Park. E as tatuagens que pintavam seu pescoço fazia com que os pensamentos de Jimin voassem para longe, imaginando todos os possíveis desenhos presentes naquele corpo másculo, perguntando-se internamente se, por acaso, haveriam mais tatuagens escondidas debaixo das roupas.

Foi inevitável soltar um suspiro bobo ao analisá-lo de longe. Enquanto o garoto estava encantado pelo livro ilustrado (este que queria tanto comprar, mas não achava em lugar algum), Jimin encontrava-se encantado pela beleza divina deste.

O suspiro só se prolongou quando o garoto, talvez percebendo olhares nada discretos em sua direção, virou o rosto à procura de quem tanto lhe encarava. Assim que visualizou melhor o rostinho alheio, Jimin sentiu o coração disparar novamente, pois aquele cara era, com toda certeza do universo, o seu tipo ideal. Tatuagens pelo corpo todo e, como se isso não bastasse, piercings estrategicamente perfurados em sua pele de porcelana.

O Park não conseguiu desviar o olhar, não agora que tinha a oportunidade de ver o rosto completo do desconhecido. Ficou ainda mais fascinado ao visualizar, de longe, o piercing no nariz e um no final da sobrancelha, além dos diversos espalhados em ambas as orelhas. Notou então, quando o garoto colocou a língua para fora para umedecer os lábios, um pontinho metálico bem no meio do músculo aveludado. E, sinceramente, aquele fato recém-descoberto só fez com que sua atração — e talvez um pouco (ou muito) de tesão — aumentasse.

O desconhecido era simplesmente maravilhoso, um dos caras mais bonitos que Jimin teve o prazer de conhecer — ou observar. Era fato que homens tatuados e com piercing eram seus preferidos, os que mais lhe atraíam, mas por estar na Coreia do Sul, era praticamente impossível encontrar alguém que realmente fizesse seu tipo.

Porém, ele finalmente encontrou.

Um homem alto, musculoso na medida certa, com coxas e nádegas (aparentemente) durinhas, braços e pescoço tatuados, com piercings espalhados pelo rosto, cabelos levemente bagunçados pelo vento, uma boquinha linda e olhos profundos; e que, de quebra, era apaixonado pelo mundo da literatura inglesa (caso contrário, ele não estaria em uma feira literária, certo?).

Queria aproximar-se e puxar um assunto qualquer sobre o universo incrivelmente mágico de Harry Potter ou qualquer coisa do tipo, mas não queria parecer muito invasivo. O desconhecido parecia estar bem entretido com o livro até o momento que analisava-o e não queria atrapalhar de forma alguma. Mas ele parecia ser tão interessante quanto as histórias de Cassandra Clare, e não poderia perder uma oportunidade dessa.

Quando teria a chance de conhecer, novamente, um cara maravilhoso, tatuado e com interesse em literatura? Sua resposta ficaria entre o nunca e o raramente, o que era decepcionante.

Essa foi a primeira vez que viu alguém, naquele estilo, interessado por livros e histórias. Também foi a primeira vez, em anos, que se viu realmente encantado por alguém. Não que Jimin seja virgem ou anti-social, muito longe disso; o Park, mesmo sendo um dos melhores alunos da turma, vivia em baladas e festas universitárias, bebendo e conhecendo novas pessoas, beijando e, às vezes, transando com outras.

De modo geral, Park Jimin não tinha nada de tímido. Sempre foi muito extrovertido, curioso e amigável, ganhando a confiança e amizade de desconhecidos muito facilmente. Seu melhor amigo e colega de classe, Kim Namjoon, sempre afirmava que Jimin era a alegria da festa devido aos sorrisos e flertes descarados, risadas e danças sensuais.

Nunca teve vergonha de falar sobre ou fazer sexo, na verdade, sempre foi muito aberto em relação à assuntos como este. Também não tinha vergonha, talvez um pouco de medo das reações alheias, de dizer que era bissexual com muito amor e orgulho.

Mas, apesar de conhecer muitas pessoas e beijar quem quisesse, Jimin sempre foi muito seletor em relação à quem se relacionava. Por ser um homem bonito, com a mente e o corpo de dar inveja, tinha alguns esperando uma chance com o galanteador do quarto semestre de Literatura. Entretanto, há uma grande diferença em querer ter uma chance, e realmente ter uma; e a grande maioria daqueles que esperavam um "sim" em resposta, recebiam um "não" adorável e gentil, com um pequeno sorriso e um breve pedido de desculpas. Afinal, Jimin era muito bondoso e com um enorme coração.

Quase impossível de não ter uma paixãozinha.

Ele sempre negava as declarações de meninos e meninas, pois não gostaria de iludi-los com seus sentimentos. Por isso, sempre selecionava à dedo com quem iria ficar, e, principalmente, com quem passaria a noite. Se não encontrasse alguém interessante a esse ponto, simplesmente dava um fora da boate e voltava para sua casa, pois transar não era uma necessidade, e sim uma vontade. Tanto que ele não sentia muita falta de calor humano quando ficava meses sem alguém para transar, por isso eram poucos que conheciam seu outro lado. O lado que ele deixava aparecer apenas quando estava entre quatro paredes com seu parceiro ou parceira.

Jimin não deixava esse seu lado transparecer muito em seu dia-a-dia, já que não era de interesse de ninguém. Então sempre tinham uma visão fofinha e angelical do garoto de bochechas salientes e cabelos loiros, que geralmente utilizava os óculos de armação para fazer suas leituras e estudos diários. De fato, essa visão não estava, de todo, equivocada. Porém, também não estava, de todo, correta.

Ele costumava dizer à Namjoon que tinha duas personalidades: a sua normal, rotineira; e a de quando estava com tanto tesão que mal percebia o que dizia ou fazia. Ambas as formas eram naturais, a diferença é que em uma ele tinha cem por cento de sanidade, e na outra.... nem tanto.

Ficou tanto tempo divagando sobre o garoto tatuado de olhos brilhantes, imaginando quais seriam os desenhos espalhados pelo corpo esbelto do mais alto, que sequer percebeu ser observado de volta. Foi descoberto encarando-o na cara dura e nem notou. O desconhecido encarou-o de volta, esperando qualquer reação do pequeno, mas ao vê-lo tão hipnotizado por seu corpo riu baixinho, sentindo as bochechas corarem levemente.

Continuou jogando olhares constrangidos, mas admirados, ao loirinho do lufa-lufa, esperando que ele notasse-o e aproximasse-se, já que ele não teria coragem o suficiente para tal coisa. Não sabia chegar perto de pessoas bonitas, muito menos conversar com elas, pois sempre falava alguma merda. Sempre.

— Hey, Jeongguk. — Quase pulou do lugar ao ouvir a voz grossa de seu melhor amigo chamando-lhe. Estava tão concentrado no loirinho bonito.... — Podemos ir embora? Não aguento mais ver livros na minha frente, sério. Preciso de descanso e todos esses livros estão me dando ainda mais sono.

Jeongguk, o garoto até então desconhecido por Jimin, revirou os olhos ao ouvir um dos melhores amigos implorando para irem embora. Acontece que o baixinho agora encarava-lhe mais intensamente, deixando seu corpo completamente arrepiado e seu coração levemente disparado. Não queria ir embora, não sem ter, pelo menos, o número do baixinho.

— Ah... eu queria ficar, hyung. Coloquei meu nome na lista do sorteio de Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, e você sabe o quanto eu queria esse livro. — Falou, apelando para as feições fofas que conseguia fazer. Taehyung, seu amigo, revirou os olhos e deu a volta pela sala, dizendo que esperaria no estacionamento da Universidade. Já Jimin riu baixo ao ver o tal Jeongguk fazendo graça para poder ficar mais um pouco.

Jeongguk, com medo de estressar muito o amigo e até mesmo de perder a coragem momentânea, decidiu aproximar-se com passos lentos e cautelosos até o menor, pronto para puxar um assunto qualquer. Suas mãos suavam em seu bolso, e seus lábios eram constantemente maltratados pelos próprios dentes à medida que chegava mais perto do garoto, que parecia ser ainda mais bonito pessoalmente.

E Jimin, assim como Jeongguk, sentia o nervosismo subir pelo corpo ao vê-lo aproximando-se de si. Da mesma forma que o tatuado, ele não pode evitar analisá-lo ainda mais ao tê-lo tão pertinho. Observou a cicatriz na bochecha esquerda e a pintinha abaixo do lábio inferior, e sorriu.

Tão perfeito com suas pequenas imperfeições.

— Olá... — Jeongguk murmurou, corando forte ao ter a atenção do outro para si. Jimin sorriu, pois achou a coisa mais adorável do mundo a forma que as bochechas alheias ficavam rosadas e se levantavam em um sorriso pequeno.

— Olá. — Respondeu, ainda sorrindo, deixando que seus olhos se fechassem levemente. Aproximou-se mais um pouco do tatuado, e continuou. — Tudo bem...? Jeongguk, certo?

— Sim, sim... — Riu baixo, já percebendo que seu amigo havia chamado-lhe alto demais (ou, talvez, Jimin tenha prestado atenção em cada mínimo detalhe em si durante aquele meio tempo). — E você é...?

— Park Jimin, capitão do time de quadribol do Lufa-Lufa! — Falou animado, recebendo uma risadinha em troca.

— Prazer em conhecê-lo, capitão. — Respondeu, percebendo o brilho nos olhos de Jimin ao proferir tais palavras. — Hm... será que eu teria a honra de tê-lo como meu guia pelo castelo?

— Será um prazer, Jeongguk.

O Park logo acompanhou o visitante pela sala, mostrando-lhe cada cantinho e explicando cada decoração, mesmo tendo uma ideia de que Jeongguk já sabia do que se tratava. Sorria feliz enquanto mostrava os seus outros livros da saga, e então o seu Mapa do Maroto, comprado em uma viagem que ganhou de aniversário de maioridade.

Mostrou então o castelo desenhado por si, dizendo com muito orgulho que havia feito em cima da hora e que esse foi o melhor resultado que conseguiu alcançar. E em todo momento, o tatuado elogiava a turma e, principalmente, a ele, deixando-o cada vez mais encantado pelo garoto.

Assim que terminou a pequena turnê pela sala, decidiu fazer o teste do Chapéu Seletor, para saber em qual casa ele pertencia. Contou ao mais alto que, quando ele o fez, o chapéu (ou o site online) ficou em dúvida entre Lufa-Lufa e Grifinória, mas colocou-o na primeira casa no final.

Entre risos e sorrisos, finalmente terminaram a sessão de perguntas e respostas, restando apenas esperar o resultado — o qual não demorou muito para chegar. De acordo com o site Potterhead, o chapéu teria colocado-o para a casa de Sonserina, após analisar cada uma das respostas dadas pelo garoto tatuado. Jimin riu baixinho, e concordou levemente com o resultado, dizendo que isso não era ruim.

Também sempre amou a casa de Sonserina devido a sua compaixão para com Draco Malfoy e Professor Snape. Talvez tenha sido algum plano do destino ao colocar alguém tão atraente e fascinante em sua frente.

Logo após receber o resultado do site e uma breve troca de palavras, Jeongguk pediu para que Jimin tirasse uma foto sua sobre a vassoura enquanto vestia o cachecol verde e a capa preta. Mesmo rindo muito, a foto foi tirada duas ou três vezes, arrancando sorrisos de ambos.

Foram apenas interrompidos quando foi anunciado o vencedor do sorteio — que, por acaso, não foi Jeongguk — e, logo em seguida, por Namjoon, que chegou para perto das duas figuras perdidas em um universo paralelo, avisando que já passava das nove e meia e que a sala teria que ser esvaziada e limpa. Jimin estava pronto para se despedir, com um pesar no coração por não ter trocado nem um beijinho com o tatuado, quando Jeongguk rapidamente prometeu que ajudaria na limpeza. Pouco se importava, naquele momento, com a carranca de Taehyung em seu carro.

Começaram, junto aos demais alunos, a retirar as decorações e organizar a sala novamente. Sinceramente, dava uma dorzinha no coração ver todo o trabalho que tiveram sendo jogado ao lixo, literalmente. Por isso, Jimin tratou de pegar algumas decorações e levá-las consigo em sua mala, onde seus livros estavam todos guardados após uma leve inspeção em cada um deles.

Jeongguk também pediu permissão para pegar uma ou outra decoração que teria a lixeira como destino, carregando em suas mãos a decoração de Sonserina e a armação de óculos redonda sem lente. Também pediu para que a lousa não fosse apagada, já que as letras e o castelo estavam tão bem feitos, que seria quase um crime apagá-las após somente três horas.

E, assim, terminaram de organizar, colocando as cadeiras e mesas de volta em seus devidos lugares. Jimin pediu, ou praticamente implorou, para que Jeongguk cuidasse de suas coisas (principalmente de seus preciosos livros) enquanto ele se trocava no banheiro masculino. O tatuado esperou-o, segurando sua mala e decorações, por cerca de meia hora até que ele reaperecesse no corredor.

E, nossa... quando ele voltou para perto do garoto tatuado, foi quase impossível para Jeongguk não abrir a boca e arregalar os olhos com tamanha beleza. Jimin estava, agora, com um shorts jeans até os joelhos, deixando suas pernas roliças bem marcadas, e uma camisa manga longa de listras pretas e brancas, a qual cobria o começo de seus short. Além disso, havia um boné sobre seus fios loiros sedosos, e o óculos ainda presente em seu rosto deixava-o mais adorável e fodidamente maravilhoso.

— Vamos? — Jimin perguntou, quebrando o silêncio que se instalou entre eles. Sorriu largo, de uma forma que Jeongguk sentiu seu corpo se arrepiar inteirinho. — Ainda tenho que pegar o ônibus até a estação de metrô...

— Vai pegar ônibus e metrô com esse monte de coisa pra carregar? — Perguntou indignado. A mala estava tão pesada, sem contar a mochila que ele levava nas costas. — Eu estou de carro, pode ir comigo se quiser. — Sugeriu após ver Jimin assentir a pergunta anterior.

— Não vai atrapalhar? Sabe... sair do seu caminho?

— Claro que não! — Respondeu, sorrindo doce. — Na verdade, eu ficaria muito feliz em ter sua companhia por mais tempo, hyung.

Jimin arqueou a sobrancelha com o modo que foi chamado, mas logo sorriu ao saber que ele não era o único interessado por mais alguns minutos juntos. Assentiu, aceitando a carona para casa, se é que ele realmente fosse voltar naquela noite; afinal, ambos tinham o mesmo plano e, consequentemente, o mesmo desejo em suas cabecinhas.

O tatuado acompanhou o veterano até o estacionamento, levando a mala pesada ao seu lado. Encontrou seu carro, rindo baixo ao ver seu melhor amigo dormindo no banco de passageiro. Pediu para Jimin entrar no banco de trás enquanto guardava a mala e as mochilas no porta-malas para que o carro não ficasse muito cheio, e ele o fez.

Taehyung não percebeu a movimentação no automóvel, estava no décimo quinto sono após quase duas horas à espera do seu amigo. Mas, assim que Jeongguk entrou em seu carro, fechando a porta em um baque forte, o garoto de voz grossa pulou em seu assento com as mãos sobre o coração e os olhos arregalados.

— Porra, Jeongguk! Tá querendo me matar do coração, seu lazarento? — Gritou, batendo forte no peitoral do amigo, que apenas se contorcia em risadas.

— Já estava na hora na Bela Adormecida acordar, né? — Alfinetou, empurrando Taehyung de volta ao seu lugar.

— A Bela Adormecida não teria dormido se a Cinderela demorasse tanto para voltar! — Devolveu irritado. Kim formou um bico nos lábios e cruzou os braços, encarando a janela ao ser ignorado após sua provocação. Nesse momento, Jimin (que ainda não havia sido notado) pode ver um símbolo musical desenhado atrás da orelha do moreno, e uma cruz no pescoço do mesmo. Chegou mais perto para observar melhor o contorno da tatuagem, mas assim que sua respiração bateu no pescoço descoberto, Taehyung olhou para trás assustado, gritando ao seu melhor amigo novamente. — Quem é esse?!

Jeongguk apenas riu baixo, olhando de soslaio ao loirinho que havia pulado de volta ao banco com o grito assustado do moreno.

— Park Jimin, o capitão de quadribol do Lufa-Lufa. — Respondeu, citando as palavras anteriores do baixinho, que sorriu doce ao ouvi-lo. Taehyung estreitou os olhos, virando-se para encarar o menor no banco de trás, tentando saber que porras eles estavam falando.

— Ele tá vestido de Harry Potter?

Jeongguk não respondeu, somente revirou os olhos e suspirou, murmurando um único pedido: — Só cala a boca, Tae.

Após deixar seu amigo em casa, Jeongguk pediu para que Jimin sentasse ao seu lado no banco da frente, o que foi prontamente obedecido. O carro voltou a ficar em movimento, em um silêncio confortável, porém com uma tensão intensa entre eles. Não era algo ruim, e sim mais... sensual.

Estava claro o que sentiam e o que queriam, não precisavam dizer nada em voz alta, pois os olhares já diziam tudo. E, se não dissessem, a destra de Jeongguk sobre a coxa esquerda de Jimin, apertando e massageando a pele lisinha e macia e a mão de Jimin acariciando os fios da nuca tatuada, já falava por si só.

O ar já estava quente mesmo com o ar condicionado ligado e Jeongguk agradecia aos céus por ter comprado um carro automático, caso contrário não estaria sentindo a maciez da pele alheia sob seus dedos desenhados naquele exato momento. Jimin sorria e mordia os lábios para não arfar quando sentia a mão firme apertar a parte interna de sua coxa, descontando esse pequeno prazer com arranhões fracos na nuca e no pescoço todo pintado de desenhos.

Ah, como ele queria conhecer cada tatuagem daquele corpo, arrastar sua boca por cada pedacinho e conhecer todos os detalhes dos desenhos com sua língua...

E Jeongguk também não estava muito atrás desses desejos; não via a hora de ter aqueles lábios rechonchudos sobre os seus, e então acariciando sua pele e chupando todos seus pontos sensíveis. Assim como também não via a hora de marcar aquele corpo pálido com sua boca, fazendo tatuagens momentâneas em cores escuras por todo o pescoço, coxas e abdômen do homem ao seu lado.

— Para onde quer ir...? — Jeongguk perguntou, apertando levemente a coxa alheia.

— Hm... minha casa não. Meus pais e meu irmão mais novo estarão lá a noite toda. — Respondeu, mordendo levemente o próprio lábio; movimento que não passou despercebido pelos olhos atentos do mais novo.

— Podemos ir para a minha então. — Sorriu sugestivo, subindo sutilmente sua destra pela coxa alheia, em uma leve carícia. — Posso pedir para os meus "irmãos" saírem de casa pela noite, como eles sempre pedem para eu fazer quando levam companhia.

Jimin sorriu, lambendo os lábios enquanto descia a mão pelo pescoço alheio, arrastando-a pelo peitoral bem formado até que estivesse posicionada sobre a virilha do outro, que mordeu o lábio inferior ao observar o caminho pecaminoso que Park fazia.

Não disseram mais nada, ambos concordaram com a decisão rapidamente, pois o que eles mais queriam naquele momento era ficar sozinhos. Jimin dedilhou a virilha alheia cuidadosamente, em uma pequena, porém efetiva, provocação enquanto Jeongguk pedia, ou melhor, mandava seus amigos darem um fora do apartamento para que tivesse privacidade com alguém.

O Park ria baixo ao ouvir os resmungos de Jeongguk no telefone, sem parar de dedilhar aquela área sensível do corpo masculino. Sentia-se nas nuvens por ter um verdadeiro homão da porra ao seu lado para divertir-se consigo. Estava contando os segundos para chegar em um local mais privado e tirar toda aquela roupa desnecessária e descobrir cada tatuagem no corpo maravilhoso do Jeon.

Mas enquanto não chegavam na residência, a provocação corria a solta entre algumas conversas banais, porém boas o suficiente para se conhecerem melhor durante o caminho.

Em um dos assuntos aleatórios, Jeongguk acabou sanando as dúvidas de Jimin ao dizer que estudava Ciências da Computação na Yonsei University, mas estava na Seul's University porque seu amigo, Kim Seokjin, cursava culinária na instituição e ficou sabendo sobre a Feira Literária com temáticas diferentes, e ficou interessado. Jimin logo deixou escapar que nunca havia conhecido um prodígio de exatas todo tatuado como ele, e Jeongguk respondeu prontamente enquanto ria:

— Eu sempre tive muito interesse nessa área, principalmente na criação de jogos e websites, além de gostar muito de informática. Mas eu não sou muito fã de exatas não; na verdade, sempre fui inclinado às humanas, principalmente nas artes. Então, enquanto faço Ciências da Computação, tenho aulas de desenho em um estúdio de tatuagem de um amigo meu, que se formou em Artes pela Korean University.

Foi bem nesse momento que Jimin sentiu-se ainda mais intrigado pelo garoto. Aparentemente, ele tinha vários amigos próximos, e era muito esforçado em seus estudos para conseguir conciliar duas matérias totalmente distintas e se sair bem em ambas. De fato, parecia um prodígio que fazia tudo muito bem e com extrema facilidade.

Descobriu também que, nos finais de semana, Jeongguk tem ensaios de uma banda a qual ele é vocalista e baterista, o que fez com que Jimin ficasse ainda mais excitado de todas as formas possíveis. Não controlou seus pensamentos altos e a provocação.

— Dizem por aí que os bateristas são ótimos de cama...

Jeongguk, no entanto, apenas riu enquanto alisava a coxa alheia por baixo do shorts, respondendo simplesmente que ele descobriria naquela noite se os boatos eram reais. Mas também deixou escapar propositalmente que já quebrou diversas vezes sua bateria tamanha a força que exercia em suas batidas. E, droga, essa informação deixou Jimin tão necessitado por algo bruto que quase pulou no seu colo no mesmo instante.

Quando estavam parados em um sinal vermelho, Jimin lembrou-se do que Jeongguk disse sobre seus companheiros de casa e como os denominou, o que ocasionou em uma indagação curiosa e, talvez, intrometida. Não conseguindo ficar em silêncio por muito tempo, ele mordeu os lábios e arrastou a mão até a coxa alheia, pronto para questioná-lo.

— Posso perguntar uma coisa? — Pediu, chamando a atenção do motorista, que apenas assente sem tirar os olhos das ruas. — Por que disse "meus irmãos" com aspas antes?

Realmente estava curioso sobre aquilo desde o segundo que ouviu-o dizer daquela maneira. Quer dizer, ele nunca fala sobre seu irmão mais novo usando aspas ou em um tom debochado, enquanto Jeongguk disse como se fosse uma piada ou algum tipo de figuração.

Jeon olhou-se de soslaio e sorriu pequeno antes de responder.

— Porque eles não são meus irmão de verdade. — Respondeu, dando de ombros e, inconscientemente, arranhando levemente a pele alheia. — Não somos irmãos de sangue, mas de coração, entende? A gente se conheceu quando eu tinha uns quinze anos, eu tinha acabado de ser expulso de casa... eles são todos mais velhos e já haviam passado pela mesma situação que eu, mas por razões diferentes. Eles me acolheram e me ajudaram na escola e na faculdade, praticamente me criaram. São mais família do que a minha biológica.

Jimin não soube o que responder após ouvi-lo se abrir consigo. Nunca havia passado por algo parecido, pois sempre foi muito próximo de seus pais e era muito raro haver alguma desavença entre eles. Conversavam sobre tudo abertamente e se apoiavam em todas as situações possíveis; não havia segredo dentro da família. Eram uma família feliz, de fato.

Não sabia nem o que sentir em relação à Jeongguk por ele ter sido expulso de sua própria casa; só sabia que não era pena. Talvez compaixão... Realmente, não sabia ao certo. Mas, mesmo sem conhecê-lo profundamente, orgulhava-se de quem ele se tornou. Quer dizer, cursar Ciências da Computação, Desenho, tocar em uma banda e trabalhar pela manhã como atendente em um estúdio de tatuagem não era para qualquer um.

Estava feliz, entretanto, em saber que Jeongguk não esteve sozinho durante seus momentos ruins e sem esperança, pois havia um fiozinho dela com ele ao fazer novos amigos que, ao longo do tempo, tornaram-se irmãos para ele. Ficou muito feliz com isso, pois eles conseguiram dar a volta por cima e continuaram juntos apesar de todos os males que tiveram que enfrentar durante a adolescência e início de vida adulta.

Todavia, não disse absolutamente nada. Estava claro que este não era o assunto que Jimin, e muito menos o Jeongguk, queria para a noite tão especial. Por isso afastou todos os pensamentos de sua mente, e foi efetivo em sua tentativa de tirá-lo das garras de seus demônios internos. Acariciou a perna alheia com cuidado e sorriu pequeno, curvando-se para o lado apenas para deixar um beijo casto no canto dos lábios do outro, lambendo o maxilar travado lentamente antes de voltar ao seu lugar.

E, claro, não pode tirar o sorriso malicioso no rosto após ouvir o arfar e o gemidinho que Jeongguk soltou com sua atitude repentina.

Mal viam a hora de chegar em casa, sinceramente. Jimin estava contando os minutos para conhecer tudo em Jeongguk, mas principalmente seu corpo enquanto desfrutava de sua cama.

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