Entre doses e mais doses de Whisky Meyer decidiu se juntar aos espectadores do meu show, ele estava vestido um terno caro todo preto, afrouxou o nó de sua gravata para ficar mais confortável, se sentou atrás de todos para facilitar suas idas e vindas do balcão onde Jhon servia todas as vezes duas doses de sua bebida preferida.
Quando chegou as três da madrugada meu repertório já estava completo então abri os pedidos de músicas para quem foi assistir meu show foi quando um de meus amigos August que eu havia convidado para o "ultimo espetáculo" levantou a mão e sugeriu que eu cantasse Comfortably Numb do Pink Floyd.
Ajustei o violão e me preparei para intro da musica, Meyer por sua vez pousou seu copo na mesa ao seu lado e fechou os olhos, eu pensei que estava entediado mas depois da primeira estrofe da música pude reparar que ele estava acompanhando o tempo da musica com batidas de pés.
Quando cheguei no refrão ele parou de bater um dos pés vestidos com um sapato preto brilhante e caro, abriu os olhos e começou a me observar, Jhon ajustou o jogo de luzes em azul, August se levantou junto com meus amigos e começaram a balançar os braços de um lado para o outro, Meyer não perdia nenhum detalhe de minha performace barata.
Finalizei a musica e iniciei novamente os pedidos e para minha surpresa Meyer ergueu seu braço exibindo um relógio que eu poderia apostar ser de ouro branco e pediu para que eu cantasse Love of my life do Queen.
Foi quando até Jhon se pousou no bar para me observar, todos obviamente ali já tinham ouvido falar de Meyer e eu estava com a responsabilidade dele sair satisfeito com o que ouvia aquela noite.
Os pedidos acabaram as quatro horas da manhã, agradeci a presença de todos e Jhon começou a fechar o bar.
- Parabéns Lauren, você estava ótima nessa noite... – disse August sorrindo como um bobo. – Tenho certeza que você vai voltar a tocar na semana que vem.
- Acho difícil August, a situação em casa está cada vez mais difícil, mamãe esta precisando de ajuda para sustentar a casa e eu não consigo muito dinheiro me apresentando no bar do Jhon. – Era infelizmente uma das verdades que eu tive que lidar quando Jhon cedeu o lugar para que eu passasse tempo fazendo a coisa que eu mais amava, cantar.
- Te vejo amanhã? – Perguntou August com esperança nos olhos mas inseguro com a resposta que eu poderia lhe dar.
- Claro. – Respondendo sorrindo
Me despedi de August abraçando forte e ele foi embora em seu ford ka preto.
August era um amigo de infância, conheci ele na terceira série, ele era aluno novo na escola e eu fui a responsável de apresentar a escola para ele, desde então nunca mais nos separamos, eu sempre ia na casa dele jogar vídeo game, ele por sua vez ia em casa brincar de boneca mas esse era nosso segredo.
Fiquei observando o carro de August sumir na avenida quando Jhon chegou ao meu lado com seu pano de sempre na mão esquerda e disse:
- Queridinha, Meyer quer falar com você.. – Eu pensava que Meyer já estava em sua cobertura na orla da praia mas não, ele estava ainda sentado no mesmo lugar, aparentemente mandando mensagem para algum de seus famosos contatos.
Entrei e comecei a guardar meu violão e arrumar as cadeiras, foi quando Meyer foi até Jhon e agradeceu e deixou uma gorjeta bem gorda que ele ficou sem graça pelo agrado.
Meyer se dirigiu a mim e perguntou:
- A quanto tempo você toca violão – perguntou Meyer olhando par ao violão com aparência velha.
- Fazem sete anos – Respondi fechando a capa que o protegia de qualquer queda inesperada.
Ele deu uma volta no palco e voltou novamente sua atenção para mim.
- Você toca e canta muito bem, já pensou em gravar alguma de suas músicas? – Questionou ele sem tirar os olhos de minha reação.
- Sim é meu grande sonho desde pequena.
- Certo, conversei com um amigo que cuida de um de meus estúdios, posso marcar para você gravar uma de suas musicas, o que acha?
- Seria maravilhoso Meyer, mas eu não tenho dinheiro para alugar um estúdio, como pode ver não ganho muito mas eu me divirto todos os finais de semana que eu venho aqui tocar. – disse sorrindo olhando para Jhon.
- Fica por minha conta, amanhã te espero no estúdio, escolha uma musica que você goste e vamos gravar a demo. – disse Meyer sorrindo – Eu estava em um dia péssimo, estou perdendo uma banda que está se desfazendo porque todos decidiram começar uma carreira solo... – Ele parou para se policiar sobre o que estava falando já que era confidencial respirou fundo e continuou - O que acha?
- Puxa não posso acreditar - Eu disse animada quase desacreditando e procurando câmeras escondidas. - Que horas eu posso ir?
- Você decide o horário, pegue este cartão... – disse ele abrindo sua carteira e retirando um cartão preto com um tigre dourado estampado em alto relevo com um endereço atras e seu numero pessoal de telefone.
Eu não pude acreditar que aquilo estava acontecendo , finalmente uma gravadora entrando em contato comigo, olhei para Jhon sem acreditar. Meyer se despediu e entrou em sua Ferrari e tomou seu caminho de casa.
- Puxa vida queridinha... – disse Jhon terminando de secar os copos usados na noite anterior. – Me prometa que se ficar famosa vai me dar uma mansão em beverly hills?
- Largue de ser idiota Jhon, só vou gravar uma musica, isso não quer dizer que eu vá virar uma cantora famosa... – por mais que eu pensasse que essa era minha chance de finalmente brilhar eu mantive a calma afinal eu e Meyer não tínhamos conversado nada sobre carreira e sim sobre Demos.
Continuei guardando minhas tralhas e Jhon começou a lavar o chão encardido, comecei a ficar nervosa, ansiosa e muito feliz que ia entrar em uma gravadora então perguntei ao Jhon.
- Acha que serei famosa? – Abri um sorriso e fiz uma pose de pop star.
- Sem duvidas, ou você acha que vou disponibilizar esse local para qualquer cantora? – Ele respondeu dando risadas.
- Jhon... pode terminar de guardar isso, eu quero muito contar para minha mãe... – Ele abriu um sorriso.
- Vamos, corra conte para sua mãe. – Disse Jhon batendo palmas sem som.
Sai correndo do palco sai do bar e entrei no portão ao lado, subi as escadas que me levava para cima do bar e abri a porta de casa, minha mãe estava sentada assistindo televisao.
- Você desafinou na sua terceira musica. – disse ela rindo e me chamando para sentar ao lado dela, fui e me coloquei ao lado dela ainda com o cartão de Meyer na mão. – Porque demorou para subir?
- Mãe você não vai acreditar, o Meyer da gravadora Tigers estava no meu show. – Eu disse aos prantos. – Amanhã preciso ir lá, ele disse que vamos gravar uma Demo.
Mamãe e eu comemoramos e não conseguimos dormir após o show, ficamos acordadas até as dez da manhã da segunda feira imaginando e conversando sobre como sera que era o estúdio da Tigers, eu precisava preparar uma musica para apresentar a Meyer na terça feira, escolhi uma musica que escrevi em meus dias escuros de bulliyng na escola.
Eu e mamãe acordamos as cinco da tarde, ela colou uma roupa de ficar em casa e acordou Jhon, pediu a chave de seu carro para ir ao restaurante comprar a nossa ceia e claro alguns maços de cigarro e vinho branco seco.
Jhon sem exitar se levantou e vestido de seu pijama acompanhou minha mãe ao restaurante, eu decidi ficar em casa para treinar a musica para não errar ou errar o minimo possível dentro do estúdio. Fiquei sozinha por algumas horas, desci no bar do Jhon com as chaves entrei e peguei o violão e fiquei tocando sozinha e cantando algumas musicas que eu conhecia.
As oito August chegou e entrou pela porta lateral do bar e se sentou na minha frente
- Está tudo bem? - Perguntou ele carinhoso.
- Você não vai acreditar... Meyer quer que eu grave uma musica no seu estúdio sem custo nenhum de aluguel.
- Poxa vida Lauren! – Disse August se levantando em um pulo e me abraçando forte.
- Trouxemos comida. – Disse Jhon anunciando sua chegada– Vamos você precisa comer e amanhã eu mesmo vou te preparar para se apresentar amanhã na Tigers.
Jhon era um homem bom, de grande coração que sempre viveu em Los Angeles mas tem uma amizade quase milenar com mamãe, ele sempre a ajudou em tudo que ela precisou e ela por sua vez o ajudou quando mais precisou.
Jantamos nós quatro lembrando de quando eu tinha doze anos e cantava em frente ao Teatro e arrecadava cem dólares por semana, depois do jantar ficamos na varanda da sala olhando as luzes do centro de L.A, bebendo e fumando alguns cigarros.
August se despediu de mim exatamente a meia noite e me deu um beijo na bochecha e foi embora. Eu me sentia muito feliz por estar realizando um de meus maiores sonhos.