Ana Júlia de Aragón( com erro...

By TCarlos17

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Ana Júlia é uma jovem que vive na Espanha de 1864 e sonha em sair do convento para reencontrar seu grande amo... More

Capítulo 1
Capítulo 03
Capítulo 04
Capitulo 5
Capitulo 6
Capítulo 07
Capítulo 8
capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capitulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
capítulo 26
capítulo 27
Capitulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31

Capítulo 2

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By TCarlos17

  Não demora muito para chegar no porto, descemos da carruagem, os trabalhadores do porto pega nossas bagagens e coloca em um quarto com duas camas no convés do navio.

Nosso quarto não é muito grande, mas é confortável, duas camas, uma mesinha, um móvel de madeira com três gavetas, alguns vasos de flores e um banheiro com água para banho.

_ Ana que lugar lindinho, vou separar algumas roupas para usarmos durante a viagem, você quer algo específico?
_ Não, qualquer coisa serve,não sei se terei ânimo para participar do jantar.
_ E posso saber o porquê?
_ Talvez porque estou preste a casar com alguém que não conheço e nem mesmo estou apaixonada?

Minha amiga segura minhas mãos tentando me confortar e fala :

_ Ana você tem que entender que nós não casamos por amor, mas sim por conveniência.

Infelizmente suas palavras são verdadeiras , no contexto em que vivemos encontrar o amor é algo raro , normalmente casamentos são contratos entre famílias nada mais que isso .

_ Pode não ama-lo assim que lhe ver , mas com a convivência talvez aprenda a pelo menos gostar dele , é assim que funciona os casamentos.
_ Você está certa! Mas ainda assim não tenho vontade de sentar a mesa com ninguém.
_ Está bem não irei insistir , durante o horário do almoço Irei descansar  porque a noite quero conhecer muitas pessoas .
_ Pode ficar a vontade, não se preocupe comigo
_ Olha Ana eu realmente não irei lhe pressionar, sei que precisa passar um tempo só, então vou dá uma volta pelo navio.
_ E eu vou deitar um pouco.
_ Está bem , mas não pense besteiras.

Joana sai e me deito em minha cama , alguns minutos e me pego pensando sobre o sonho que tive, na verdade não fora exatamente um sonho, mas fragmentos de lembranças, lembranças essas que viraram feridas que insistem em não cicatrizar .

As lembranças de Alfonso são como um sonho distante mas ao mesmo tempo perto.
Não sei se serei capaz de esquecê-lo , o mesmo está gravado na minha alma e eu o amo tanto que chega a doer , foram tantos anos sem lhe ver , mas ele continua aqui em meu coração e sua lembrança me manteve viva e forte esperando o momento em que sairia do convento e correria para seus braços.
Infelizmente isso não será possível, cheguei em um momento em que já não tenho força para me manter firme, já não sou determinada como antes , talvez meu amor por ele seja impossível , infelizmente só me resta as recomendações e o bracelete que o mesmo me presenteou em meu aniversário.

Levanto-me vasculho minha mala a procura do bracelete, mas encontro os bolinhos de cacaú , coloco o mesmo em cima da cama e volto a procurar o bracelete, sacudo um vestido quando meu bracelete cai perto da porta , pego ele e o coloco .

Já de volta a cama com a caixa de bolinho e usando o bracelete começo a compara-los .

Amor ou conveniência?
Carinhoso ou rabugento?

Indago a mim mesma .

Posso até colocar em uma balança, mas a verdade é que não faço a mínima idéia de como será minha vida daqui para frente.
Cansada de me martirizar decido para de pensar tanto no passado como no futuro, simples levanto-me e caminho em direção a proa para deixar que o vento leve meus anseios, medos , inseguranças e preocupações.

O vento forte sopra em meus cabelos soltando a fita que estava prendendo os mesmos e eles voam junto com a brisa do mar, os mesmos são longos e avermelhados , confesso que quando criança me envergonhava por ter os cabelos diferente e até mesmo das sardas em meu rosto , todos me olhavam com olhares de curiosidade e isso sempre me causava insegurança , eu me sentia feia e muitas vezes uma aberração.
Muitas vezes meus pais foram questionados sobre o porquê eu ser tão diferente deles , minha mãe e irmã sempre tiveram os cabelos negros como a noite, pele clara mas sem sardas , olhos castanhos enquanto os meus eram verde esmeralda e essa era a única coisa que  eu tinha em comum com meu pai.

Lembro-me  que  quando me sentia triste  ele falara que meus bisavós eram da Irlanda por isso que eu era diferente, na verdade nunca acreditei , mas foi quando cresci que  descobri o motivo da tamanha diferencia de semelhança, eu realmente fui irlandesa mas nunca fui filha deles, meus pais morreram quando ainda era um bebe e esse homem que hoje chamo de pai me adotou, talvez esse sempre fora o motivo de nunca ter me sentir parte da família.

Sou tirada de meus pensamentos ao ouvir uma voz suave e tímida.

_ Essa fita é sua senhorita?

Um lindo menino me olha com doçura e um sorriso lindo nos lábios, o mesmo segura minha fita , seus cabelos loiros e olhos azuis me encantam, eu diria que ele tem entre seis a sete anos.

Muito educado ele continua sorrindo.

_ Sim nobre cavalheiro, muito obrigada pela gentileza.
_ Não há de que.

Eu o cumprimento.

_ Qual a sua graça nobre cavalheiro?
_ Me chamo Diogo, e a senhorita? Como se chama?
_ Meu nome é Ana Júlia.
_ Que nome lindo!  Quando crescer gostaria de casar com uma mulher com uma beleza semelhante a sua e com essas mesmas manchinhas que a senhorita tem no rosto.

O garoto me olha com uma expressão tão carinhosa apontando para meu rosto e suas palavras me fazem corar , para muitas mulheres palavras como essas não significariam nada , mas para alguém como eu que sempre fui julgada pela aparência , elas simplesmente amenizam minha insegurança, mesmo vindo de uma criança.

_ Meu Deus que garoto mais simpático, muito obrigado doce cavalheiro, com certeza sua futura esposa será linda, ou melhor mais linda que eu, pois certamente casar com alguém de estonteante beleza só alguém muito bela.

Agacho para ficar na altura do garoto e afago seus cabelos, uma senhora aparece lhe chamando.

_ Diogo procurei você por toda parte!
Ela sorrir envergonhada e diz :
_Me desculpe senhorita pelo incomodo.
_ Que nada, seu filho é um doce de criança e um cavalheiro muito educado, sem falar que é uma ótima companhia.

Beijo o rosto do garoto e me despeço

_ Até mais Diogo.
_ Tchau Júlia, até meu casamento.

Dou risada com sua mãe.

_ Esse garoto não tem jeito!  Tchau senhorita.

Aceno para o garoto e sua mãe.

Depois desse encontro adorável sento no piso do navio tiro as sandálias e coloco os pés fora do navio, fecho os olhos sentindo a brisa tocar meu rosto e  pés.
Passo hora e horas sentada fazendo de tudo para não pensar no futuro, eu simplesmente não quero pensar no que está por vim, seja o que Deus quiser.
Depois de algum tempo tentando acalmar meus pensamentos, sinto pingo de chuva tocar meu rosto,  logos os mesmos ficam mais rápidos e fortes, abro os olhos e percebo que a noite já tomou seu lugar pois a escuridão toma conta do céu e não vejo nem mesmo uma estrela , pego meus sapatos, levanto-me e saio correndo, enquanto corro pela proa em direção ao convés minhas roupas ficam completamente molhadas o frio toma conta do meu corpo, caminho em direção ao quarto que está com a porta fechada, começo a bater freneticamente até finalmente ver a maçaneta girar .

Joana me olha da cabeça aos pés, meu vestido está colado em meu corpo, tenho alguns fios de cabelo grudados em meu rosto e sinto meu queixo bater .

_ Não acredito senhorita Marquesa! Olhe só para você, alguém de sua posição se encontra dessa forma, já imaginou o que a madre superiora diria se lhe visse assim?
_ Com certeza não diria que sou digna de um título de marquesa.

Começamos a sorrir imaginando a madre

_ Mas falando sério, o que ouve com você?
_ Eu estava na proa e de repente começou a chover ,  tentei correr mas como pode perceber não deu tempo e  fiquei totalmente encharcada.

Ela me olha levantando uma sombrancelha.

_ Pode pegar uma toalha para mim por favor?

Joana vai até às malas e pega uma toalha e coloca sobre meus ombros.

_ Obrigada amiga não sei o que seria de mim sem você.
_ Também não sei como você sobreviveria.

Ela sorrir e diz :

_ Você vai jantar?
_ Não, vou me banhar e depois descansar.
_ Tá certo, mas irei trazer algo para você.

Não respondo , mas sei que se lhe contrariasse ela traria do mesmo jeito.

Joana sai, me banho  visto minha camisola e adormeço.

Já se passou-se dois dias de viagem, até que o capitão bate a nossa porta , estamos terminando de colocar na mala as roupas que havíamos tirado, Joana se levanta para abrir a porta.

_ Bom dia senhoritas, sejam bem-vindas ao Novo mundo, estou passando só para dizer que iremos chegar as margens em uma embarcação menor que sairá daqui a pouco.
_ Obrigado capitão já estamos prontas, será que o senhor poderia enviar alguém para nos ajudar com as malas?
_ Claro senhorita, já irei mandar um jovem para ajuda-las.
_ Muito obrigada!

Joana me olha com um sorriso.

_ Amiga está na hora , vou fazer algo em seu cabelo e lhe ajudar a trocar suas roupas.
_ obrigada Joana.
_ Ei que desanimo é esse?
Sorria, estamos no novo mundo.

A verdade é que mesmo que estivéssemos na Prússia, eu não estaria feliz.

Joana escolhe um vestido cor de vinho com as mangas caídas deixando meus ombros nus , com algumas fitas pretas na cintura e como o clima aqui é mais quente que a Espanha , decido não usar luvas, ponho meu colar de esmeralda que ganhei do bispo Alfredo em meu aniversário de vinte anos, meus instintos me diz para usar o bracelete que ganhei do Alfonso , olho para o mesmo um pouco insegura mas decido seguir meus instintos.
Solto os cabelos deixando os mesmos  caírem sobre as costas e ombros , uma flor rosa na lateral da cabeça.

Respiro fundo pego minha sombrinha e caminho em passos firmes atrás da Joana, na lateral da embarcação tem uma pequena escada que leva para um pequeno barco a remo, todos descem e acomodam as malas, no topo da escada tento ver as margens do mar, percebo vários comércios, pessoas se abraçando, crianças brincando na praia, barcos ancorando no porto, vejo  também plantas exóticas e o verde se sobressaindo na paisagem.

_ Senhora? Vamos?

Gentilmente um jovem negro estende sua mão para que eu desça, pego-a e entro no barco, sento-me de costas para as margens, abro minha sombrinha, e passo todo o trajeto observando as ondas do mar que tocam suavemente nossa pequena embarcação.

Quando finalmente nosso barco ancora em um dos porto Joana desce e o jovem negro que me ajudou anteriormente estende sua mão novamente , quando tento alcança-la outra mão é estendida .
O jovem rapidamente tira a sua deixandl a outra me guiar, sem falar uma só palavra e olhando para a barra da minha saia para as ondas não molha-la sou guiada para fora do barco, já fora do mesmo levanto o olhar e vejo o dono daquelas mãos.

Ele é alto com uma barba muito bonita lhe dando um toque másculo, seus cabelos negros se amoldura  perfeitamente em seu rosto, olhos azul-claro são receptivos e desafiadores , nariz afilado, lábios carnudos embora ressecados pelo sol, sua pele bronzeada mas logo deduzo que também seja consequência do clima da ilha , todavia esteja com terno percebo seu corpo bem definido, sem falar que ele tem fortes mãos, o mesmo me olha e logo em seguida seus olhos percorrem meu corpo parando meu bracelete que está perto da mão que devo ressaltar que ainda continuam segurando a minha continua , gentilmente um sorriso se forma em seus lábios e posso perceber algumas covinhas em seu rosto que fazem meu rosto corar.

Sua voz me faz tornar do meu pequeno momento de avaliação.

_ Marquesa é um prazer lhe conhecer.

A sua voz ? Ela é terna e ao mesmo tempo tem um toque de sensualidade.

Não sei explicar exatamente a sensação que estou sentido, são vários sentimentos de uma só vez e estou neste exato momento me perguntando se ele é meu futuro esposo ou um servo dele.

_ Sou o Conde de Agramontt, mas pode me chamar de Alexander.

Olho ao redor, meus olhos procuram a Joana que logo a ver sorrindo.

Eu o cumprimento e falo.

_ O prazer é todo meu, pode me chamar de Ana ou de Júlia, na verdade tanto faz.

Educadamente ele me leva em direção a várias pessoas e começa a me apresentar , elas se encontram um pouco distante da margem, decoro apenas alguns nomes e rostos, não estou conseguindo pensar direito não sei o que está acontecendo comigo, de repente sinto o mundo girar aperto a mão do Alexander que me olha preocupado.

_. Algum problema Júlia?
_. Desculpe não estou me sentindo bem.

Minha voz sai quase como um sussurro, sinto que estou perdendo o controle do meu corpo, minhas pernas perdem as forças e não consigo mais segurar a sombrinha que está em minhas mãos, sinto meu corpo despencar e cair sobre algo que não sei definir o que é e a escuridão toma conta da minha visão.

Sinto minha boca seca e amargando, abro os olhos lentamente, minha visão está um pouco turva , tento me levantar mas sinto uma forte dor na cabeça, coloco as mãos tentando diminuir a dor mas é em vão, levanto lentamente olhando ao redor e percebo que estou em um quarto deitada em uma grande cama coberta por forros de seda vermelha com alguns jarros com flores silvestres nunca visto antes, no canto do quarto tem um grande roupeiro com uma mesinha ao lado percebo também que as paredes do quarto tem alguns detalhes de flores desenhadas, que me encantam a delicadeza de cada uma delas, desço da cama e piso sobre um lindo tapete persa, fico pensando se estou na casa do Conde.

Saio do quarto para explorar o lugar, caminho por um longo corredor e avisto uma escada subindo para um segundo andar, quando começo a percorrer a escada, escuto algumas vozes, paro um pouco para ver se consigo identificar alguma delas, mas só reconheço uma que com certeza deve ser a do Conde, além da dele ouço mais duas vozes uma mulher e um homem, percebo também que a voz do Conde está alterada e que as outras está tentando lhe acalmar, me aproximo um pouco mais para saber o que estão falando.

_ Padre falei que queria a Marquesa Victória!
Somente Victória  , eu não compreendo o que essa mulher está fazendo aqui, deixei bem claro para o senhor.
_ Sei dom Alexander, eu também não esperava por isso, expliquei muito bem ao Marques quando enviei a carta, o que posso fazer filho?
_ Eu não sei padre só resolva isso logo!
_ Alexander meu filho escute sua mãe, Deus faz tudo conforme sua vontade, e você tem que aceitar.
_ A senhora também não mãe, você sabe melhor que ninguém que eu queria a Victória, não vou me casar com essa mulher!
_ Filho você sabe que se a mandar embora você estará manchando a reputação dessa pobre jovem?
_ Eu sei padre, mas o que posso fazer?

Fico perplexa com o que acabei de ouvir, lagrimas insistem em correr dos meus olhos.
como o papai pode fazer isso comigo? E agora o que vou fazer?
Se ele me mandar embora irá manchar minha honra, se eu ficar serei infeliz com um homem que não mim deseja, e novamente serei uma intrusa .

O que vou fazer?

Perco o controle das minhas emoções,  minhas mãos começam a tremer, tento conter as lagrimas e novamente sinto-me perder o controle do meu próprio corpo e sou tomada novamente pela escuridão .

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