Crossroad (EM REVISÃO)

By burningtsky

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O que é pior, novas feridas que são horrivelmente dolorosas ou velhas feridas que deveriam ter sarado anos at... More

Prólogo
01 | Garrafa de água
02 | Assombrada
03 | Fingimentos & egos inflados
04 | Primeiro erro
05 | Sorte no azar
07 | Desafio
08 | Pecadores
09 | Xícara de açúcar
10 | Cicatrizes
11 | Chamas
12 | Regras
13 | Só se você me ensinar um pouco de francês
14 | Ainda sente o toque dele?
15 | Uma taça de vinho
16 | Três perguntas
17 | Qual deles?
18 | Eu quero você
19 | Nu e confuso
20 | Compaixão, não paixão
21 | Se divertiu sem mim?
22 | Terraço
23 | Você gosta dele
24 | Refri & garrafas de vodka
25 | Quero pintar você
26 | Cômodo lotado de quadros
27 | Conhecendo
28 | Qual é a sua?
29 | Homens são horríveis às vezes
30 | Eu quero fazer ela te odiar
31 | Se ele estiver me ouvindo

06 | Passado atormentado

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By burningtsky

"Mamãe irá fazer todos os seus pesadelos virarem realidade

Mamãe irá colocar todos os medos dela em você

Mamãe vai manter você bem debaixo da asa dela

Ela não deixará você voar, mas talvez te deixe cantar"

— Mother, Pink Floyd.

As luzes coloridas eram visíveis até mesmo do lado de fora da casa e a música alta fazia com que eu tivesse a sensação de que o chão tremia. Os vizinhos não deveriam estar nada contentes.

Quando adentramos a casa, meus olhos traiçoeiros varreram o ambiente em busca de um alguém em especial. Avistei Hunter em meio aos amigos, com uma garota de cabelos cacheados.

Por que eu achei que seria diferente?

Cora seguiu meu olhar e começou andar em direção à eles, determinada.

— O que diabos você pensa que está fazendo? — Rosnei, em vão.

— Indo atrás de um pouco de diversão —ela deu de ombros, seus olhos focados nos garotos ao redor de Hunter.

E, facilmente, Cora já engatava uma conversa com um dos rapazes. A tamanha intimidade com que eles se tratavam me deixou chocada, mas não surpresa. Cora sempre teve essa facilidade em socializar com o sexo oposto.

Puxei o ar com força e levei meus olhos até o moreno que, por sua vez, mantinha suas orbes azuladas focadas em mim. A garota negra ao seu lado cochichou algo em seu ouvido, o que o fez desviar seus olhos dos meus para então os ter direcionados em sua direção. Ele sorriu, cochichando em seu ouvido de volta.

— Todos os banheiros estão
ocupados — um garoto alto se aproximou, as palavras deixando sua boca em um tom nada amigável. — Eu vou mijar na calça, porra!

Todos riram, o que pareceu o deixar ainda mais irritado. Quando ele pôs seus olhos em mim, no entanto, sua carranca sumiu e um sorriso sacana preencheu seus lábios.

— Zach Prescott — ele me estendeu a mão.

Seus fios castanho-claros quase alcançavam seus ombros e seus olhos esverdeados caíam perfeitamente bem em seu rosto bem desenhado. Apertei sua mão, fazendo o garoto sorrir ainda mais quando o nosso contatado se prolongou, seus dedos acariciando minha palma.

— Vou pegar alguma coisa pra beber — recolhi minha mão rapidamente, deixando Cora para trás ao sair andando pela casa.

Andei até a cozinha e peguei uma garrafa de vodka, sentando-me na bancada de mármore. Tirando a entrada e saída passageira de alguns jovens embriagados, o lugar estava vazio. Suspirei aliviada. Virei o líquido goela abaixo direto da garrafa e o arder do álcool logo se fez presente. Torci o nariz e dei outro gole. Inevitáveis flashes de memórias invadiram minha mente, se esgueirando pelas brechas de fraqueza e rasgando meu cérebro como lâminas.

Eu nunca havia entendido o porquê dela ter tirado a própria vida. Era informação demais para uma adolescente de dezesseis anos absorver. Entretanto, sua morte fora algo fácil de se superar, uma vez que ela já havia morrido para mim há muito tempo. Mesmo assim, naquele dia eu chorei. Lágrimas insensíveis e sem sentido escorriam pelas minhas bochechas enquanto seu caixão era enterrado, lágrimas que ela mesma me ensinara a derramar quando me fosse conviniente.

Ela era persuasiva pra caralho.

Que seu corpo apodreça, mamãe; que as larvas consumam seus restos mortais assim como você consumiu minha alma e apodreceu minha essência. - E, assim, eu me despedi dela.

Lidei com o luto de uma forma diferente, porém, não incomum. E é claro que eu tive a ajuda dele.

Conheci Nicholas Larsen alguns meses depois. Ele fora gentil e um tanto persuasivo, como ela era. Mas o que me fez considerar suas ideias e atos imprudentes fora o jeito como ele me olhava. Diferente dos outros, Nick não me direcionava olhares inundados de pena. E, claro, ele me apresentou uma solução.

A sensação de entorpecimento que a heroína me proporcionava era satisfatória, mas não duradoura. Os resultados eram catastróficos. A droga me destruiu, assim como o nosso relacionamento fizera.

Algo havia acontecido, eu tinha certeza. Ele vivia nervoso, era notável. As marcas roxas que ele passara a deixar pela meu corpo não negavam o que já era evidente. Algo estava errado. Ele usou e misturou coisas demais em um curto período de tempo.

Imagens dele espumando pela boca e convulsionando me acertam em cheio.

Overdose por substâncias químicas.

O hospital era gélido e o cheiro de desinfetante forte fazia minhas narinas arderem em protesto quando eu o deixei aos cuidados dos médicos.

Não o vi mais desde então, tampouco sei se sobreviveu.

"— Não acha que deveríamos parar? —Questionei enquanto o observava enfiar a agulha em meu braço, relaxando instantaneamente ao sentir o líquido escorregar para dentro da minha corrente sanguínea. — Isso vai acabar nos matando.

Seus olhos cor de mel encontraram os meus, suas pupilas dilatadas em êxtase.

— Nós já estamos mortos, você não vê?"

A garrafa de vodka estava quase no fim e minha garganta já não queimava mais. Ri comigo mesma. No fim das contas, ainda sou uma viciada de merda.

Pulei da bancada, me desequilibrando assim que pus meus pés no chão. Tudo girava.

— Vamos com calma aí — mãos fortes seguraram-me pela cintura e meus olhos logo encontraram a imagem desfocada de Zach.

— Não com pressa — retruquei.

Ele riu, balançando a cabeça negativamente. Seus olhos foram de encontro com a garrafa de álcool em minhas mãos para então se focarem em mim novamente.

— Você está bêbada — ele concluiu.

Cruzei os braços, divertida.

— Estou ligeiramente ofendida com sua dedução — brinquei.

— Não estou deduzindo nada — a garrafa de vodka fora tirada da minha mão apenas para que o garoto de cabelos compridos a levasse até a boca, tomando o restando do líquido em um único gole. — Estou constatando um fato.

Soltei uma gargalhada fraca, concordando com a cabeça.

— Você é diferente dele — Zach inclinou a cabeça para o lado, franzindo as sobrancelhas loiras em pura confusão. - Hunter. Você não é nada como ele.

Ele riu.

— Você não me conhece — ele afirmou —E nem a ele, eu imagino.

Dei de ombros.

— Já tenho o suficiente.

Suas orbes esverdeadas me analisaram com atenção, sua língua umedecendo seus lábios rosados chamando minha atenção.

— Tem certeza de que não precisa de mais? — Ele aproximou-se com cautela. —Você precisa de argumentos para constatar um fato.

Ri, me afastando dele.

— Eu prefiro deduzir — pisquei um olho, arrancando uma risada do loiro.

Engoli com força a bile que subia pela minha garganta e esfreguei as pálpebras que pesavam mais a cada segundo que se passava.

— Vamos, sua amiguinha Caroline está logo ali — ele repousou a mão no fim das minhas costas, me guiando até onde Cora estava.

— Coraline.

— O quê?

— É Coraline, não Caroline — expliquei.

Zach deu de ombros, demonstrando toda sua indiferença em relação ao nome correto da minha amiga.

Cora repousou os olhos em mim assim que nos aproximamos do grupo de amigos outra vez, suas íris brilhando em repreensão.

Ela esperava algo diferente vindo de mim hoje?

— Não estou me sentindo muito bem, vamos para casa? — Cora pareceu desapontada mas concordou, entendendo meus motivos.

— Vamos andando, então.

— Cora, fique — a voz grave de Hunter fez minha amiga cravar os pés no chão e um sorriso maroto surgir no rosto do garoto com quem ela conversava anteriormente. — Eu dou uma carona para ela. Já estou indo embora, de qualquer forma.

— Nem pensar — neguei. — Não vou pegar carona com um bêbado.

Zach riu.

— Você realmente não conhece ele.

Fiz careta para o seu comentário e, por um breve momento, me senti mal por supor as coisas prematuramente.

— Não vou ser educado e oferecer duas vezes, Hawley.

Eu não queria arrastar Cora para casa quando era perceptível que ela estava se divertindo e queria continuar ali. Se sentir um peso, ou um incômodo, é péssimo. Acenei para minha amiga, indicando para que ela ficasse, e segui o garoto moreno até seu carro.

Zach tinha razão. Eu não conhecia você de verdade, Hunter, e, talvez, teria sido melhor se as coisas tivessem permanecido desse jeito; se eu fosse totalmente ignorante em relação à você.

Porque, no fim das contas, o conhecimento em demasia nos enlouquece.

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