Crossroad (EM REVISÃO)

By burningtsky

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O que é pior, novas feridas que são horrivelmente dolorosas ou velhas feridas que deveriam ter sarado anos at... More

Prólogo
01 | Garrafa de água
02 | Assombrada
03 | Fingimentos & egos inflados
04 | Primeiro erro
06 | Passado atormentado
07 | Desafio
08 | Pecadores
09 | Xícara de açúcar
10 | Cicatrizes
11 | Chamas
12 | Regras
13 | Só se você me ensinar um pouco de francês
14 | Ainda sente o toque dele?
15 | Uma taça de vinho
16 | Três perguntas
17 | Qual deles?
18 | Eu quero você
19 | Nu e confuso
20 | Compaixão, não paixão
21 | Se divertiu sem mim?
22 | Terraço
23 | Você gosta dele
24 | Refri & garrafas de vodka
25 | Quero pintar você
26 | Cômodo lotado de quadros
27 | Conhecendo
28 | Qual é a sua?
29 | Homens são horríveis às vezes
30 | Eu quero fazer ela te odiar
31 | Se ele estiver me ouvindo

05 | Sorte no azar

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By burningtsky

"As rachaduras não vão se consertar e as cicatrizes não irão desaparecer

Acho que eu deveria me acostumar com isso"

— Always, Gavin James.

Eu estava ciente do que o dia de hoje significava. E, levando em consideração o olhar acalentador que minha amiga me lançava vez ou outra, ela também sabia.

Eu geralmente não marco datas, tampouco o significado de cada uma delas.

Mas essa em particular era difícil de esquecer. Eu já havia tentando.

Já se passaram dois anos, mas as memórias ainda estão grudadas em minha mente como malditas sanguessugas; presas em minha carne, vivendo à mercê do meu sangue.

Cada mísero e doloso detalhe me faz sangrar.

A forma como seu corpo balançava ao ser pendido pela corda grossa e resistente. O tormento que preenchiam seus olhos, mesmo que esses não carregassem mais nenhum resquício de vida. O nó minuciosamente posto em prática, tendo sido perfeitamente feito para que não se desfizesse quando ela parasse de se apoiar no pequeno banco de madeira e passasse a ter todo o corpo sustentado pela corda enrolada em seu pescoço.

— Nós vamos hoje, certo? — Cora me trouxe de volta à realidade. Seu tom de voz era baixo e receoso.

Ela havia sido convidada para uma "pequena" festa em uma fraternidade e insistia para que eu a acompanhasse. Eu sabia qual era o objetivo real dela. Ela queria me distrair e ocupar minha mente o suficiente para que eu não pensasse em mais nada.

— Certo — confirmei.

Eu precisava mesmo me distrair e, fingindo não saber os verdadeiros intuitos da minha amiga, eu a deixaria fazer isso por mim.

[...]

— O vermelho ou o azul? — Cora segurava cada vestido em uma mão, os balançando.

— O vermelho.

Ela concordou e sorriu, começando a se despir e colocando o vestido vermelho escuro.

— Você vai usar o quê?

Dei de ombros. Não costumava ser muito seletiva com roupas e nem estava animada para tal coisa hoje.

— Um short jeans, uma blusa...

— Nem que a vaca tussa! — Cora me interrompeu.

Ela me lançou um olhar repreendedor, parando para pensar antes de sair do quarto. Quando voltou, alguns minutos depois, trazia consigo um vestido cinza cintilante de alças finas.

— Esse deve servir.

Após muita insistência vinda de Cora e muita resistência minha, coloquei o vestido. O tecido se ajustou perfeitamente ao meu corpo e ia até o meio das minhas coxas. Meus cabelos estavam soltos e o rosto livre de qualquer tipo de maquiagem.

Depois de muita discussão, convenci Cora de aceitar o fato de que eu usaria o meu querido e confortável all star invés de saltos finos que encheriam meus pés de bolhas. O vestido já estava de bom tamanho.

— Vou te esperar lá embaixo — falei, cansada de ficar sentada na cama enquanto Cora dava, em suas palavras, os retoques finais.

Por Deus! Ela está enfurnada no banheiro há dois séculos.

— Mais dez minutos! — Ela gritou de dentro do cômodo em questão.

Revirei os olhos. Ela já havia dito isso, há, pelas minhas contas, uns trinta minutos atrás.

Entrei no elevador e, enquanto o mesmo descia, tentei não pensar nela. E nele.

"Vamos amor, experimente. Eu juro que toda essa dor vai embora", as palavras de Nick ecoavam em minha mente. Tão vividas que era como se o próprio, em carne e osso, estivesse as sussurrando em meu ouvido.

Sua voz me deixa tão perturbada quanto suas palavras.

Ele tinha razão, entretanto. A dor ia embora. Mas, no fim das contas, ela sempre voltava. Cada vez mais forte.

Andei até a parte externa do prédio, me deparando com a figura do rapaz moreno encostado na parede de concreto com um cigarro entre os lábios.

Ou era muita coincidência, ou ele estava mesmo me perseguindo.

Ele vestia uma camiseta preta que destacava seus braços definidos e deixava algumas de suas tatuagens à mostra. Quando notou minha presença, focou seus olhos em mim, escorregando-os pelo meu corpo enquanto soltava, calmamente, a fumaça do cigarro pela boca.

— Parece que estou sempre no lugar certo, na hora certa.

Revirei os olhos com a sua cantada cafona, escutando sua risada macia preencher meus ouvidos em seguida. Jogando o resto do cigarro no chão e pisando nele para o apagar, o moreno começou a andar em minha direção.

— Você pode ferrar o seu pulmão à vontade, mas não deveria levar o meio ambiente junto — o repreendi, fazendo seus passos até mim cessarem e suas sobrancelhas se juntaram em sinal de desentendimento.

Apontei para o cigarro que ele tinha deixado no chão e ele soltou uma risada baixa. Arqueei as sobrancelhas e, bufando, juntei o cigarro do chão e o joguei no lixo.

— Essa merda demora de três à cinco anos para se decompor, sua chaminé ambulante.

— Chaminé ambulante? — Ele achou graça.

Estava prestes a fazer um seminário explicando sobre como o câncer pulmonar afeta mais os fumantes passivos do que os próprios ativos quando o barulho de saltos altos ressoou pelo lugar. Desviei meus olhos do garoto e os foquei na minha amiga que, por sua vez, tinha os olhos focados em Hunter.

— Com licença — ela falou, incerta. Seus pensamentos depravados eram palpáveis —, estou interrompendo alguma coisa?

Quase engasguei com sua suposição descarada, lhe lançando um olhar repreendedor.

Coraline! — Minha voz saiu por um fio.

— Infelizmente, não — arregalei ainda mais meus olhos com a fala do moreno. Ele apenas deu de ombros. — Vejo vocês por aí.

Sua casualidade e indiferença me davam inveja. Ele simplesmente não se importava e, por mais que aquilo me irritasse um pouco, também fazia, porém, com que eu o admirasse.

Não que ele fosse digno de admiração, é claro.

— Se você tiver essa sorte... — o lado sedutor de Cora havia sido ligado e o tom de voz que ela usava agora denunciava tal feito.

Hunter soltou um riso nasalado, levando as mãos aos bolsos da calça jeans e balançando a cabeça. Ele sabia o efeito que causava nas garotas.

Típico.

— ...E nós esse azar — completei a frase da minha amiga.

Um sorriso esperto se iluminou em seu rosto e ele deu passos vagarosos até mim, parando ao meu lado perto o suficiente para que eu sentisse sua respiração quente se chocando contra o meu rosto.

— Você não irá se considerar tão azarada quando estiver embaixo de mim —sussurrou em minha orelha, seus lábios a tocando de leve. — Ou em cima, você escolhe.

E então, ele se distanciou sem esperar uma resposta, a qual com certeza viria se ele esperasse o meu cérebro raciocinar o que havia acabado de acontecer.

Uma resposta nada agradável, digamos.

— Quem é ele? — Minha amiga perguntou assim que o garoto entrou no carro e deu partida no mesmo.

— De verdade? — Olhei para Cora, que apenas confirmou com a cabeça. — Eu não sei.

Mas eu estava instigada a descobrir.

Não sabendo, ainda, que nutrir qualquer tipo de interesse por você, Hunter, seria, de longe, o maior azar da minha vida.

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