Diário da Emma:
Não é sobre eu ser forte, nem sobre não sentir toda essa dor, não é sobre não sentir medo, é sobre aceitar.
Eu vi minha mãe morrer aos poucos, vi ela desistir de viver, vi ela deixando de brincar comigo pra ficar deitada, vi ela dizendo que não tinha mais forças, vi o sofrimento dela, e eu não quero ser como ela.
Eu aceitei o meu destino desde o momento que eu soube....talvez uma semana depois, mas isso não importa, eu não poderia deixar a doença vencer sobre mim, e eu viver "por ela" e eu desistir da minha vida para "matar ela" o que seria impossível ou um milagre, ambos acontecem, mas eu não seria mais uma sortuda, eu sinto isso.
Se não pode contra seu inimigo, junte-se à ele não é mesmo? E assim farei até meu último suspiro, mesmo quando o medo possuir meu corpo, eu continuarei, mesmo quando o cansaço impedir que eu ande, eu vou continuar, mesmo que minha base trema, eu continuarei de pé, terei uma morte digna e feliz, sei que Jonh e meu pai sofrerão, mas nada que não iriam aguentar. Espero que Jonh encontre alguém que o faça mais feliz, mais que eu já fiz em alguns meses, mas espero habitar em sua mente como uma boa lembrança e um aprendizado também, não sei como, até agora não fiz nada de útil e se existe um céu, estarei lá feliz em vê-lo feliz.
Espero que meu pai encontre alguém também, não quero que ele fique sozinho, ele é um homem forte, perdeu a mulher e vai perder a filha pela mesma merda de doença e ele nem demonstra o quanto está quebrando por isso, mas eu sei, sei toda as vezes que ele se tranca no banheiro e chora.
Enfim, sentir toda essa dor, medo, frio, cansaço é um puta estresse, ainda mais pra subir a merda daquela escada, mas tudo bem, subirei ela até meu último suspiro, ansiarei pelo meu milagre, caso ele não vir, O milagre já tinha vindo e eu nem saquei, bom, to viva, isso é um milagre.
Bom diário, vou ir a minha primeira festa com o Jonh, talvez eu beba, nunca bebi, bom, tudo tem sua primeira vez.
Até mais
Ass: Emminha.