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Agora minha rotina era pegar carona com Jonh para ir à escola, ficar vendo séries e sair toda sexta e quinta, fora os sábados e domingos que eu tenho que escutar os gritos deles no videogame ou assistindo alguma partida de futebol enquanto gritava...

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Agora minha rotina era pegar carona com Jonh para ir à escola, ficar vendo séries e sair toda sexta e quinta, fora os sábados e domingos que eu tenho que escutar os gritos deles no videogame ou assistindo alguma partida de futebol enquanto gritavam com a televisão, como se por telepatia os jogadores fossem ouvi-los.

Eu particularmente amo estar com eles, mas agora eu desejo em meu coração nunca ter tido a oportunidade de conhecer o Jonh, agora ele é só mais um para dizer adeus. Eu já tinha aceitado que meu pai iria sofrer, mas agora tem o Jonh e eu me vejo totalmente perdida em não aceitar mais minha morte, mas não é algo que eu possa fugir, eu ainda não contei e eu realmente não quero contar.

-Você está bem? Emminha? Tá mais pálida que o normal.

Assim que Jonh fala meu pai me olha com o típico olhar de preocupação como se eu fosse ir embora a qualquer momento, dou um sorrio fraco a ambos.

-Nunca estive melhor.

Pior.

Minto para os homens da minha vida, eu quero fingir está bem, amanhã será o baile de formatura. A formatura em si foi ontem e amanhã será o baile, Jonh está mais que animado, ele está radiante. E eu estou sentindo meu corpo morrer aos poucos, sei que falta só um mês e isso me apavora ao extremo.

Me encolho nos braços do Jonh e tento focar no filme, mas posso perceber o olhar do meu pai sobre mim e sei o que significa "conte pra ele logo" e eis aqui minha resposta "Eu não consigo"

-Vou te pegar as 19 horas amanhã, tchau, Emminha.

Ele se levanta, deixando um beijo na minha testa e acena para meu pai.

-Tchau, babaquinha.

Ele ri e vai embora, olho para meu pai que está com o mesmo olhar de antes

-Não me olha assim, pai. É tão doloroso pra mim quanto irá ser pra vocês.

Ele não diz nada, apenas concorda e volta a prestar atenção na tv. Suspiro e vou subir a droga daquelas escadas indo em direção ao meu quarto, me jogando na cama. Não vou me impedir de chorar, me levando com o rosto molhado pelas lágrimas, tiro minhas roupas e olho meu corpo, não está tão ruim, mas as marcas são como um bilhete que me lembra todo santo dia que já está chegando minha hora.

Me jogo novamente na cama e abafo meu choro com o travesseiro.

(...)

Me olho pela décima vez no espelho com o vestido que meu pai comprou parar eu ir ao baile, ele é vermelho como o sangue, com uma fenda enorme e um decote não tão indecente graças aos meus poucos seios, eu me sinto tão mulher, tão....

-UAU

Meu pai diz entrando no quarto, eu concordo, usei até um pouco de maquiagem.

-Você está identica a sua mãe.

Meu fim Onde as histórias ganham vida. Descobre agora