Massageio minha têmpora para eliminar a tontura, pelas minhas contas, é a terceira de hoje, espero que eu chegue em casa inteira.
-Quer companhia pra casa, Emma?
Ainda me recuperando, olho para o novato que aparece ao meu lado.
-O que você quer? Tá carente? Precisa de um ombro amigo ou o que?
-Um homem não pode mais ser cavalheiro com uma dama? Ou isso ficou para o século passado também?
Ele diz revirando os olhos e eu começo a caminhar, deixando-o pra trás, mas ele me segue
- Por que você não senta comigo e com o pessoal amanhã? Pra não ficar sozinha. -ele pede.
-Não, mas agradeço.
Falo sem o olhar.
-Você precisa dialogar mais.
-Estou economizando para uma data especial.
Falo sentindo uma certa fraqueza nas pernas, acho que está na hora de eu pedir um carro para meu pai.
-Você parece minha vó andando. -Ele zomba.
-Muito cavalheiro você.
-Vamos de carro, o meu está bem ali.
Ele diz apontando pra um mustang, UM M U S T A N G. Eu não entendo sobre carros, mas esse parece "coisa" demais para o garoto ao meu lado.
Olho para ele boquiaberta.
-Fazer o que né, precisei sair com o mais simples.
Ele zomba e eu o olho indignada, indignadíssima aliais, o mais simples, e eu pensando em pedir um fusca para meu pai.
-Exibido e desumilde
Falo ainda encarando o carro
-Vamos? -ele sugere.
-Você por acaso comeu cocô para achar que eu vou entrar no carro com um completo estranho?
Falo começando a caminhar novamente
-Você sabe meu nome, eu sei o seu, isso não basta? Até te dei a metade do meu sanduíche.
-Eu sinceramente acho você muito maníaco e ainda tá fazendo questão de falar comigo, mais estranho que isso, seria você está fazendo isso porque não quer nada em troca. Paro de caminhar e olho na direção dele - O que você quer?
Falo com a mão na cintura.
-Tá, você venceu.
Ele levanta aos mãos para o alto em forma de rendição.
-Uma amiga que não esteja interessada em meu corpinho lindo e sexy?
Reviro os olhos e volto a caminhar.
-Tá, só falei isso pra não deixar em branco, mas to fazendo isso porque....eu quero.
-Você que sabe.
Falo o ignorando, andando com minha respiração pesada e minha cabeça doendo, quando é que fiz 90 anos pra não caminhar nem 10 metros e já está quase sem ar?
-Acho que você deveria ir a um médico, seu pulmão parece horrível.
O olho indignada pela segunda vez hoje.
-Vamos ir de carro, ostentando minha riqueza e chegar viva, cheia de ar em casa, ou quer ir se Arrastando até sua casa?
Paro e olho para o carro e depois olho para a estrada.
-Ta bom, aqui tem câmeras mesmo, pelo menos vão saber quem foi que jogou meu corpo por aí.
Ele arregala os olhos..
- O que? Você realmente não tem senso de humor.
Falo indo em direção aquela belezura de carro.
- Em todas minhas viagens, você é a pessoa mais estranha que eu conheci.
Ele diz destravando o carro, abrindo a porta pra mim.
-Então quer dizer que você viaja muito?
Falo admirando o carro por dentro.
-Meus pais se mudam a cada anos, alguma coisa haver com a empresa deles e eu particularmente gosto muito, já conheci um monte de lugares, mas aconteceu um problema na viagem anterior e eu tive que vim pra cá com o ano terminando.
Ele diz ligando o carro e dando partida
-Percebi.
-Pode parar de ficar namorando meu carro? -ele pede.
-Pode parar de estragar o clima ?- retruco.
-Preciso saber onde você mora
-Ah, bom, eu esqueci o nome da rua, então vou conduzir você.
Bom, depois de andar em círculos duas vezes seguidas e entrar em algumas ruas erradas, a gente finalmente consegue chegar na frente da minha casa.
Não foi tão ruim quanto pensei.
-Pensei que você era pobretona, eu estava enganado.
Ele diz saindo do carro, abrindo a porta pra mim, enquanto admirava a casa.
-Meu pai é rico de berço, mas prefere viver como se não fosse para que eu aprenda bons valores e bla bla bla bla. -suspiro.
-Eu tenho valores e sou podre de rico.
Ele diz e eu olho para o Mustang dele.
- Nada humilde também, obrigada pela carona e...
Antes que eu terminasse minha frase, a porta é aberta e meu pai nos olhos com os olhos entreabertos, mas que merda.
- Olá rapaz, é namorado da minha filha?
Ele anda até o meu lado apertando a mão do John, nossa, como eu queria conhecer Jesus agora, óbvio que meu pai iria fazer alguma graça.
-PAAAI
Ele me olha com um sorriso no rosto.
-Sua filha infelizmente me rejeitou, senhor. -ele leva a mão ao peito, como se estivesse lamentando. -estou amargamente magoado.
Ele completa com um tom brincalhão.
-Eu não mereço isso.
Falo bufando.
-Sou o senhor Jacob, pode me chamar de Jac.
-Bom, eu sou só o Jonh
-Quer entrar meu jovem? Nunca conheci nenhum amigo da minha filha,seria uma honra
-Não, ele não quer pai.
Falo antes que o jonh diga alguma Coisa.
- Na verdade, eu quero sim, senhor Jacob.
Me encontro bufando pela décima vez quando meu pai insiste em contar sobre como eu chorei quando ele chegou de papai noel quando eu tinha 5 anos e como me tornei uma pessoa sedentária aos 10.
-Ah, então por isso que ela anda que nem uma coroa.
Jonh diz e meu pai me olhar com um olhar cheio de preocupação e eu ignoro, não preciso disso nessa altura do campeonato.
-Foi um prazer conhece o senhor, mas acho melhor eu ir.
-Graças a Deus
Falo e meu pai me repreende com o olhar
-Venho te buscar amanhã para irmos juntos. -Jonh diz e eu levanto as sobrancelhas.
-não pre...
Meu pai me interrompe:
-Ela vai adorar.
- Então...Até amanhã, Emma.
Jonh diz e eu aceno com a cabeça, observo meu pai o levar até a porta e apertar a mão dele, eu eu o encaro
-Não me olha assim, apenas me empolguei.
Reviro os olhos.
-Por que chegou tão cedo?
Pergunto mudando de assunto.
-Não mude de assunto, Emma, sua respiração piorou? Tá com muita fadiga? O que acha de irmos ao médio? -ele pede cheio de preocupado.
-Pai, se for pra mim morrer, eu quero morrer em paz.
Respondo, mas logo me arrependo quando vejo o olhar perdido do meu pai, vou até ele e o envolvo em um abraço.
-Desculpa pai, perdão, mas eu não quero viver tudo o que me resta em um hospital, não é mais algo que podemos fugir.
Ele apoia o queixo na minha cabeça.
-É difícil ter que dizer mais um adeus, ainda mais quando é a sua única família.
Deixo uma lágrima solitária cair, eu sei o quanto doei perder a mamãe e agora, não consigo imaginar a dor dele ao me perder.
-Viva por nós papai, viva por nós.
Falo desmanchando o abraço e indo em direção às escadas
-Emma?
-Oi pai
O olho.
-você contou a ele?
Suspiro.
- Não é algo que saímos contando pra todo mundo que acabamos de conhecer.
Digo tentando demonstrar que isso não me abalava nenhum pouco, parece que deu certo, j que meu pai sorri.
-Tudo bem, vou pedir pizza.
Sorrio e balanço a cabeça negativamente, volto a minha maratona de escadas, levo uns 3 minutos pra subir aquilo tudo, ótima hora pra ter um elevador em casa.
Quando finalmente chego no meu quarto, não penso duas vezes antes de me jogar na cama. Meus olhos vão automaticamente para a fotografia do móvel ao lado. Meu pai, minha mãe e eu. Lembro que foi aniversário da mamãe e mesmo já estando doente, escolheu comemorar. Foi um dia incrível e se eu pudesse voltar no tempo para aproveitar tudo de novo, eu com certeza faria isso.
Mas como não é possível, apenas aceito meu lindo destino.
Ninguém disse que duraria para sempre, não significa que não tentamos chegar la.
Lewis capaldi | Forever .