Quanto Tempo o Tempo Tem?

By passarinhou

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Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito. Ana é o... More

Prólogo
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By passarinhou


#elenunca

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Eu, Tempo, trabalho de diversas formas. Muitas vezes faço encargos junto ao meu amigo, o Destino, porém, o mesmo muitas vezes é surpreendido por "empurrõezinhos" que facilitam muito mais a 'minha vida'.

Do outro lado da cidade, naquele mesmo dia, duas Falcão e duas Caetano (mesmo que uma somente de criação) encontravam-se para almoçar juntas. As quatro conseguiram abrir espaço em suas agendas para um bem maior.

"Precisamos colocar a operação Juntar Anta e Burrinha em ação." Dizia Luana, enquanto olhava o cardápio.

"Quem é Anta e quem é Burrinha?"

O questionamento veio de Bárbara.

"Anta é a Ana por ter sumido por tanto tempo, Burrinha é Vitória por não perceber que ela voltou por conta dela."

"Burrinha e desacreditada. Você acredita que essa garota teve a indecência de me perguntar se eu achava que Ana ainda a amava?" Beatriz dizia, "A gente precisa fazer alguma coisa."

"O da casa, por favor" Sabra respondeu ao garçom, virando-se para as outras três, "Não acho que precise ser nada muito grande. Elas se amam, vão entender em algum momento que é pra elas ficarem juntas."

"E se não ficarem, vão passar no Cidade Alerta, que eu não quero ninguém chorando no meu ouvido." Luana replicou, "Ainda tem o idiota do ex-marido de Ana Clara."

"Ah, mas esse embuste ainda?"

"Não sei se ele vai largar o osso fácil. Tem cara de maluco. Sempre soube que era um bosta." Disse Bárbara, "Mas Ana Clara sempre achou que era uma boa opção. Ah, Bá, mas ele até que é fofinho. Ah, Bá, pelo menos com ele tenho segurança, me trata como uma princesa. Ah, Bá, o pau é fino mas o coração até então é enorme..."

"SEMPRE SOUBE QUE ELE TINHA O PAU FINO! Rafael perdeu a aposta..." Gargalhou Luana e as outras a acompanharam.

"Mas, sério, gente. Como vamos fazer isso?", perguntou Sabra, tentando parar de rir.

"Bom..."

.

No centro da cidade, onde estava localizado o Centro de Vitória, a cacheada terminava uma de suas sessões. Enquanto tirava a fantasia, viu seu celular apitar e o visor acender. Aproximou-se e permitiu-se sorrir com a mensagem que aparecia na barra de notificações.

[13:25] Ana Clara: Ei, Vi. Passando só pra saber se tua dor de cabeça já passou...

[13:26] Vitória F.: Oi Ninha. Passou sim.

[13:29] Ana Clara: Que bom! Até te inscrevi no Alcoólatras Anônimos...

[13:29] Ana Clara: Brincadeirinha :p (ou não!)

[13:30] Vitória F.: Ah, para, vai. Foi só um deslize :b

[13:31] Ana Clara: Cachaceira!

[13:32] Vitória F.: Consumidora.

[13:32] Ana Clara: Palhaça...

[13:33] Ana Clara: Estrela quer que você venha assistir o novo filme da Lego da Justiça com ela...

[13:34] Vitória F.: Estrela ou vc?

De repente, a loira pegou-se sorrindo. Sentia-se de idiota, porém, incrivelmente satisfeita com o rumo da conversa.

[13:34] Ana Clara: É. Eu também.

[13:35] Ana Clara: Mas não conta para ninguém!

[13:35] Vitória F.: Tudo bem. Seu segredo está a salvo. :p

[13:36] Ana Clara: Na minha casa, amanhã, ás 15h...?

[13:36] Vitória F.: Na verdade, pensei que, como já fui tanto para a tua casa, talvez vocês pudessem vir a minha. É bom para que Estrela se familiarize...

Quando viu, já havia digitado. Vitória surpreendeu-se até mesmo com ela mesma pela atitude, contudo, não estava arrependida. Se era pra começar uma vida nova e sem medos, que fosse, de fato, verdadeira.

[13:37] Ana Clara: Mesmo?

[13:37] Vitória F.: Mesmo.

[13:38] Ana Clara: Então por mim tudo bem. Tudo bem para você, né?

[13:38] Ana Clara: Por que para mim está.

[13:39] Ana Clara: 100%.

[13:39] Vitória F.: Meu Deus. Sim, Ana, por mim tudo bem, hahahh

[13:39] Ana Clara: Que bom. Agora, irei parar de tomar seu tempo. Beijo, Vi. Até amanhã.

Vitória queria dizer que Ana estava fazendo tudo, menos atrapalhando. Queria dizer que poderia passar o dia conversando com a morena que não se cansaria. Porém, achou melhor não exceder alguns limites. Então, apenas bloqueou seu celular e jogou em algum canto da sala, praguejando com um sorriso bobo entre os lábios:

"Idiota. Mil vezes idiota, Vitória Falcão."

.

Mônica havia percebido a diferença comportamental da filha desde que chegou em Araguaína. Quando conversava com Ana Clara por telefone ou vídeo-chamada, era possível ver o quão cansada e infeliz a mesma estava. Hoje, podia sentir um novo começo se aproximando.

A mais velha sempre soube que a cabeludinha de Isabel Falcão era o grande amor da vida de sua filha. Desde antes, quando observa o cuidado e o zelo de ambas uma com a outra.

A mulher confessa que no início foi um tanto quanto difícil aceitar.

A primeira vez que viu uma demonstração real fora quando acabou vendo pela fresta da porta, Ana dar um beijo acanhado nos lábios da loira. Naquele dia, Mônica encolheu-se, indo de encontro ao seu santinho e rezou para que, se aquilo fosse real, que sua filha e Vitória não sofressem num mundo tão cruel em que o diferente é sempre ruim.

Quando Ana contou que estava namorando um rapaz que conheceu na faculdade, ela e até mesmo seu marido sabiam que não vingaria. E vingou até mais do que esperavam, com um casamento relativamente longo e uma linda filha, que hoje, era a maior preciosidade da vida de Mônica.

Nunca deixou de rezar o seu santinho. Pedia para que os céus iluminassem sua filha e a presentassem com sabedoria e juízo para que conseguisse tomar as decisões certas.

Sentia que, talvez, aquele fosse o início de tempos bons na vida de todos.

A partir de agora, sem exceções.

.

Ana Clara mexia em seu computador enquanto lia as papeladas do divórcio. Havia recebido dois e-mails: Um do advogado de Maicon, e outro do próprio. Descobriu que Maicon não queria aceitar o divórcio pois poderia manchar sua reputação rente à empresa e se perguntou em que momento o homem tornou-se tão amargo.

Enquanto lia e relia toda aquela papelada, sua mente transitava entre sua filha incrível – e que aquele projeto de pai havia perdido total direito de vê-la tornar-se uma mulher – e em quem ela acreditava ser a mulher de sua vida.

Não tinha dúvidas ou espaços em sua mente (e coração) de que era aquilo que ela queria pelo resto da sua existência: Uma casa confortável, um quintal para Estrela brincar e anos incríveis ao lado da loira mais linda que ela já havia visto.

Discou os números do escritório de advocacia que a representava e tratou de agilizar com ainda mais avidez o processo de divórcio.

Ela não pararia sua vida mais uma vez.

.

Tenho frases guardadas que fiquei de dizer quando fizesse sentido. Sei que a vida é rápida e as vezes acabamos não nos atentando aos detalhes e a pressa para encontrar o pra sempre é tão mais afoita que a vontade de aproveitar o agora. Mas calma! Você já parou pra pensar que não seria o que é hoje se, pequenas coisas que fazem você ser você, não existissem? Se o moço não vendesse picolé no sol de rachar toda tarde, se o cachorro da vizinha não corresse atrás do entregador de pizza todas as noites, se o vizinho não colocasse a música tão alto...

Ana e Vitória são as apaixonadas mais cativantes que tive a oportunidade de conhecer. De longe, vi o desenrolar de uma história que poderia encantar milhares de pessoas somente com seus pequenos detalhes.

Se podemos nos cativar com os pequenos nuances das histórias de terceiros, por mais que lindos...

Por que não nos cativar com os pequenos detalhes da nossa história?

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