Inara [DEGUSTAÇÃO]

By TatianeXimenes

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DISPONÍVEL NA AMAZON 📍 amazon.com.br/dp/B081ZGPM1H Após a descoberta da doença de seu filho, Jack, Inara uma... More

Personagens principais
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4

Capítulo 2

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By TatianeXimenes




— MAMÃE, POR QUE VOCÊ ESTÁ MACHUCADA?

Era a primeira vez que seu filho a via com aqueles hematomas. Ao chegar pela manhã apenas dispensou dona Odete e lhe preparou o café da manhã, Gal ficaria até ela chegar do trabalho.

— Ela caiu — Gal se apressou.

— Você não vai sair hoje a noite novamente, não é mesmo?

— Não meu amor, mas nós precisamos conversar.

— NÃO VAI? Como assim Inara??

Ambos olharam para Gal.

— Eu vou procurar outro emprego Gal, isso não é para mim.

— O que não é para você, mamãe?

— Inara, você ganhou mais de 3 mil em um dia, com um cliente.

— Se despede da tia Gal, Jack — Inara deu um leve tapinha nas costas de Jack, o fazendo caminhar até Gal e lhe dá um forte abraço.

Gal pegou sua bolsa e caminhou junto a Inara até a porta.

— Amiga, esse dinheiro é sujo. O que eu passei lá não tem explicação. Hoje eu me abri para o senhor, ele irá me enviar uma luz. Eu sei disso.

Gal balançava a cabeça de forma negativa freneticamente.

— Você tá bem louquinha, tome um banho que eu estarei lá te esperando.

Assim ela abriu a porta e saiu.

— Não me espere, Gal...

— O que você ia me dizer, mamãe?

— Você não esquece mesmo as coisas em...

— Meu amor, a mamãe precisa arrumar um outro trabalho.

— Mas eu quase não te vejo mamãe, não precisa. Eu prefiro que a senhora fique comigo.

Inara apertou-lhe o nariz e sorriu.

— Um dia será só nós dois meu anjo, sem preocupações.

— Nós dois e mais uma irmãzinha. Eu fico muito sozinho aqui.

— Meu pequeno sonhador...

Eles se abraçaram e ali ela sentiu que estava fazendo a coisa certa. Tudo voltava ao normal.

***

— Malika??? Onde você está Malika?? Não faça esse pobre homem ir atrás de você.

Birkan procurava a garota desde cedo, mas não obtinha retorno.

— Senhor, não a encontramos em lugar nenhum.

— Vasculhem esse inferno de cidade. Tragam a minha filha de volta, ou matarei todos vocês!

Passaram-se horas.

— Senhor Birkan, encontramos o celular dela próximo aos muros.

— Vocês se enganaram, Malika não tem celular.

— Perdão senhor, mas este é o celular que sua filha sempre andava em mãos. Talvez não seja dela, mas podem haver pistas.

— COMO ELA ESCONDIA UM CELULAR DE MIM??? VOCÊS QUEREM ME ENLOUQUECER??

Birkan levantou-se da poltrona descontrolado.

— Calma senhor, não pode se alterar, lembre-se da sua saúde — Disse uma das empregadas.

— Vasculhem esse bendito aparelho, tragam minha filha de volta.

— Claro, com sua licença.

Ainda que Birkan fosse cego, seus empregados lhe faziam a reverência de sempre.

O tormento desse dia sem sua filha lhe deixou a beira da morte. Um médico foi solicitado para ficar na casa e cuidar do mesmo. A viagem de volta a Síria foi desmarcada.

— Senhor Birkan, descobrimos o paradeiro da sua filha.

Seu advogado ficou responsável por cuidar de tudo.

— E por que ela não está aqui? Por que não sinto seu cheiro de flores?

— Ela fugiu Birkan.

— Impossível, ela ia casar-se dentro de uma semana.

— Encontramos mensagens em seu celular. Ela conversa com duas amigas, elas combinaram várias coisas e formas. Ela tentou fazer com que uma mulher se passasse por ela. Ela não queria se casar pelo jeito.

— Como ela acha que eu ia acreditar que essa mulher era ela?

— A intenção era fazer o senhor Benjamin acreditar.

— Está me dizendo que minha filha me traiu? Que se desfez de sua religião e crenças? Ela quer arruinar o meu nome, o nome da nossa família... — hesitou por um instante. — Ela quer me matar, ela quer me matar!! — esbravejou.

Birkan decretou que ela fosse procurada por todo o planeta, inclusive no fundo do mar. Para ele, como pai, se ela teve coragem de lhe deixar a beira da morte, que era o que aconteceria já que ele não tem outra filha para dar como esposa, ela teria a capacidade de morar embaixo do mar. Tudo para Birkan se tornou possível. E por isso ele saiu de casa pela primeira vez com seus seguranças e motorista.

***

Hoje Inara estava de folga, ela aproveitou para distribuir seus currículos e voltou a tempo de preparar o prato preferido de Jack.

— Essa comida tá cheirosa, chega às vermes ficam fazendo barulho.

— Que nojo menino, para com isso — Inara riu e bateu com o pano de prato na mesa onde o garoto estava sentado.

— Mamãe...

— Não me venha com mais nojeiras, Jack — disse Inara risonha, de costas para a criança.

Jack desmaiou no mesmo instante, levando consigo a toalha de mesa ao qual se agarrou com força ao começar a sentir a tontura tomar conta de si. Foi muito rápido.

— Jack, filho. Fala comigo!! — Inara desesperou-se e sacudiu o menino.

Levantou correndo, abriu a porta e gritou por socorro.

— Por favor, me ajudem!!!

Voltou até Jack e o pegou no colo. Ele pesava tão pouco. Inara chorava compulsivamente. Ao colocá-lo na cama buscou pelo álcool e passou por seu nariz. Com a mão livre acariciava seu cabelo. Orava para que Deus a ajudasse.

João e Almira, seus vizinhos, logo apareceram.

— O que aconteceu, Inara?

— Por favor, me ajudem a levá-lo ao hospital.

— Claro, vou tirar o carro.

Jack aos poucos retornava, mas não estava bem. Ele escutava tudo ao seu redor, queria falar, pedir para que sua mãe não se preocupasse, mas sua voz não saía.

Do outro lado da rua os homens de birkan lhe dizia o que estava acontecendo.

— Siga-os.

João deixou Inara e Jack no hospital.

— Inara, me ligue caso precise de algo. Não poderei ficar contigo.

— Não se preocupe. Que Deus lhe pague, eu serei eternamente grata.

Jack foi chamado e atendido assim que fez a ficha.

— Ele precisa de uma transfusão urgentemente!!

O choro de Inara parecia não ter fim. Ela não podia acreditar naquilo. Jack tomava os remédios direitinho.

— Faça o que for preciso, doutor. Eu dou a minha vida por meu filho.

— Vamos levá-lo.

Jack foi transferido para outro setor. Os médicos analisaram sua ficha, o tipo sanguineo, sua identificação e o componente sanguíneo. Avaliaram seus sinais vitais e então aconteceu a transfusão. Não foi necessário exames demais visto que Jack fazia seu tratamento neste mesmo hospital. O doutor permaneceu na sala por cerca de 20 minutos, avaliando as mudanças no corpo de Jack, como sua temperatura, como o sumiço de algumas manchas, possíveis tremores e dor.

— Doutor, ele vai ficar bem, não vai?

— Claro Inara, vamos pensar positivo. Caso não haja melhora, precisará fazer uma transplante de células-tronco. Agora descanse, ele só deve acordar amanhã.

— Como???

— Saia um pouco, vá comer algo e retorne. Não pense nisso agora.

— Como não vou pensar doutor, é a vida do meu filho...

— Tome um café e se preocupe apenas com a recuperação dele.

— Eu não sei como vou pagar essa transfusão, imagina todo o resto.

— Sinto muito.

O médico saiu do quarto, os deixando. Inara caminhou até o filho e lhe acariciou os fios de cabelo, chorando. Fechou os olhos e começou a orar.

Duas horas depois sentiu fome e saiu do quarto. Foi até a lanchonete e pediu por um café e um misto. Estava sentada em uma mesa quando Birkan apareceu com um dos seus seguranças.

— Com licença, tem alguém aqui? — Ele se referia a cadeira vazia que o segurança já havia lhe dito haver.

— Não, senhor.

Birkan sentou-se.

— Sabe quem sou?

— Não...

Ela começou a ficar intrigada. Do nada parecia que todos a conheciam. Algo veio em sua mente como um relâmpago. As vestes de Birkan lhe denunciava, será que tinha algo haver com a mulher daquela proposta?

— Birkan Demir. Seu filho está doente?

— Sim, senhor.

— Inara, por que não aceitou a proposta de Malika?

Aquela frase a fez arregalar os olhos.

— A religião de vocês é muito rígida. Eu não posso perder o meu filho.

— Você irá perde-lo. Não tem condições de pagar esse hospital.

— Eu vou da um jeito.

— Eu posso pagar. Se aceitar casar-se no lugar da minha filha, seu marido custeará todo o tratamento do seu filho.

— Por que faria isso?

— Pelo meu nome. Minha palavra — fez-se silêncio. — E pela minha filha. Eles irão caçá-la e matá-la.

— Se eles podem fazer isso com ela, imagine se descobrirem a verdade. Eu não posso viver sem o meu filho.

— Eles jamais tocariam no seu filho. Não há como descobrirem, a não ser que conte.

— Se tem uma coisa que eu sempre soube é que mentira tem perna curta senhor.

— Não na nossa religião. Qualquer um que apresente algo contra a mulher de Adbulaziz sem provas é morto. Estou fazendo isso pela minha filha, talvez pudesse fazer pelo seu também.

Inara engoliu em seco. A proposta parecia mais tentadora agora, estando em um hospital.

— Eu não sei.

— Pense. Só estarei nesse lugar até depois de amanhã — mentiu e estendeu a mão com um cartão de visita onde estava seu número pessoal. — Melhoras para o seu filho.

Birkan estava se levantando quando o médico chegou às pressas, o que fez Inara se levantar também.

— Inara, o corpo do Jack rejeitou o sangue. Precisamos fazer a transfusão agora mesmo.

Em choque, Inara respondeu com uma cambaleada e caiu sentada mais uma vez. Tudo ficou turvo, mas não desmaiou. Uma enfermeira que comia ao lado lhe ajudou a tomar um pouco de café para acordá-la de imediato com o choque térmico que seria causado. Despertou aos poucos e olhou para Birkan, que ainda estava ali.

— Eu aceito.

***

Inara sabia que estava se metendo em uma roubada. E das grandes. Mas não conseguiria voltar a se prostituir, assim como não conseguiria pagar todo o tratamento de Jack. Foi a alternativa mais plausível e rápida.

Birkan acompanhou a luta de Inara durante os dias em que Jack permaneceu no hospital. Um segurança ficou para não haver a possibilidade dela fugir quando o garoto melhorasse, assim como para protegê-la, visto que aquela informação, compartilhada entre os dois, não podia vazar.

Assim que Jack teve alta eles foram para a casa em que Birkan estava hospedado. Ali Inara iria aprender tudo o que fosse necessário para torna-se uma mulher de origens muçulmanas. Mulheres foram chamadas para ensiná-la. Assim como uma enfermeira foi contratada para cuidar de Jack, que mesmo de alta precisava ficar na cama.

— Senhor Birkan, tem certeza que isso não tem como dar errado?

— Está pensando em voltar atrás?

— Não, não a essa altura do campeonato. O senhor ajudou a salvar a vida do meu filho.

— Então pode começar a me chamar de pai, precisará se acostumar.

— Tudo bem, pai... — era tão estranho para ela. Depois de anos, ter um pai. — Mas e todas essas pessoas, não acha que eles podem dar com a língua nos dentes?

— Vai ter que tomar cuidado com as gírias... E não, o destino deles é muito pior do que imagina.

Por um momento ambos ficaram em silêncio. Birkan tomando seu chá, enquanto Inara o fitava.

— Conte-me sobre ele, sobre a relação que ele tinha com sua filha.

— Eles nunca se viram. Não depois de adultos.

— Hm... E como faremos com relação ao Jack? As mulheres não precisam casar-se virgem?

— É o ideal. Mas o Alcorão incentiva os homens a tirar viúvas e divorciadas como esposa. As mulheres não devem ficar sem um lar — tomou mais um gole do chá antes de continuar. — Vou fazer como a Malika queria, direi que o filho não é seu de verdade. Que você só quer testar o amor dele.

— E se eles não aceitarem?

— Saberemos isso hoje à noite. Mas não acredito que um Abdulaziz voltaria com sua palavra.

— Perdão entrar nesse assunto, mas você tem notícias da sua filha?

— Que Alá a proteja, ainda não descobriram seu paradeiro. Mas estamos perto de encontrar as mulheres que desvirtuaram a minha menina.

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