Crossroad (EM REVISÃO)

By burningtsky

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O que é pior, novas feridas que são horrivelmente dolorosas ou velhas feridas que deveriam ter sarado anos at... More

Prólogo
02 | Assombrada
03 | Fingimentos & egos inflados
04 | Primeiro erro
05 | Sorte no azar
06 | Passado atormentado
07 | Desafio
08 | Pecadores
09 | Xícara de açúcar
10 | Cicatrizes
11 | Chamas
12 | Regras
13 | Só se você me ensinar um pouco de francês
14 | Ainda sente o toque dele?
15 | Uma taça de vinho
16 | Três perguntas
17 | Qual deles?
18 | Eu quero você
19 | Nu e confuso
20 | Compaixão, não paixão
21 | Se divertiu sem mim?
22 | Terraço
23 | Você gosta dele
24 | Refri & garrafas de vodka
25 | Quero pintar você
26 | Cômodo lotado de quadros
27 | Conhecendo
28 | Qual é a sua?
29 | Homens são horríveis às vezes
30 | Eu quero fazer ela te odiar
31 | Se ele estiver me ouvindo

01 | Garrafa de água

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By burningtsky

"Acho que você não se importava, e acho que gostei disso
E quando eu me apaixonei, você deu um passo para trás sem mim
[...]
E eu percebo que a culpa é minha
Porque eu sabia que você era problema quando você apareceu
Tão envergonhada de mim agora"
— I Knew You Were Trouble,
Taylor Swift.

6 MESES ATRÁS.
ATLANTA, GEÓRGIA.

Levando em consideração o número de corpos dançantes soltos pela pista, a superlotação do lugar provavelmente já havia extrapolado. À essa altura, eu já não sentia mais os dedos dos pés e tampouco tinha controle sobre os movimentos que meu corpo executava.

— Vou pegar uma água — avisei minha amiga, berrando para que minha voz se sobressaísse à música alta.

Me esquivei das pessoas suadas que pulavam sem parar e cheguei ao bar. Sentei-me em uma das banquetas enquanto esperava o barman trazer a minha água, tirando os saltos dos pés e os abandonando no chão. Massageei as têmporas na tentativa, inútil, de aliviar a tensão que já se alojava naquela região depois das doses de tequila que eu havia ingerido sem moderação alguma.

— Aqui está — o barman estendeu a garrafa de água para que eu pegasse.

Antes que eu executasse tal feito, porém, uma outra pessoa tomou a garrafa das mãos do homem que me atendia, deixando a quantia exata de dinheiro para pagar a bebida em cima do balcão.

Ei! — exclamei, as sobrancelhas unidas em descontentamento. — Essa água é minha.

Girei o pescoço, encontrando um par de olhos azuis entediados me fitando.

Ele não disse nada.

Não esboçou nenhuma reação.

O salteador de águas apenas balançou a garrafa, o líquido se movendo como uma provação silenciosa.

Era ridículo. Sim, totalmente infantil e ridículo. Ainda assim – e talvez tenha sido pelo cansaço ou pela bebida –, eu não pude deixar de me sentir atingida.

Que metido — sussurrei, o âmago borbulhando em impaciência e os olhos, voltando-se para frente.

— Como é?

Me virei para encará-lo outra vez.

— Você é um metido — repeti, erguendo o queixo.

E um ladrão, quis acrescentar, mas fiquei quieta.

O estranho sorriu, as íris claras brilhando em pura diversão.

— Metido? — Questionou, entretido. — Eu só vou atrás do que eu quero.

— Admiro a força de vontade — zombei, forçando um sorriso. — Mas pegar aquilo que não te pertence só o torna um criminoso.

E então ele gargalhou. De verdade. Os dentes expostos e a cabeça jogada para trás.

Enruguei o nariz.

Ele definitivamente estava se divertindo mais do que eu.

— Me denuncie, então — disse, mas sua gargalhada ainda ecoava em algum lugar dentro de mim. — A polícia ficará comovida com a história de como um cara roubou sua água em uma boate.

Apertei os olhos, nada contente em estar sendo feita de boba.

— Quem sabe eu ligue mesmo — falei, dando de ombros.

O outro balançou a cabeça, concordando, enquanto abria a garrafa e virava um grande gole de água.

Seus glóbulos ficaram grudados aos meus o tempo todo.

— Só não esqueça de mencionar que eu paguei por ela, também — ele provocou, repousando a garrafa no balcão. — Pode ficar com o resto.

Encarei a garrafa de água à minha frente, intercalando minha atenção entre ela e o corpo parado ao meu lado.

— Você é mesmo um sem noção — conclui.

O outro anuiu, parecia não se importar com nada do que saía da minha boca.

— E você — começou, deslizando as orbes por cada detalhe meu —, não é nada.

No fim, ele ainda teve a audácia de piscar para mim antes de me dar às costas e andar para longe, como se fôssemos cúmplices. Pior ainda, como se fôssemos amigos.

Observei suas costas largas até que ele saísse do estabelecimento, sumindo porta afora.

Então, voltei meus olhos até o resto de água que o estranho havia deixado para mim, bufando em frustração.

As pessoas desse lugar não sabem o que é educação?, me perguntei.

De repente, todo o meu bom humor havia evaporado e eu só queria estar na minha cama quentinha em East Point, minha cidade natal. Lá as pessoas são muito mais hospitaleiras, certamente.

Apanhei os saltos do chão e adentrei a
multidão novamente, disposta a encontrar Cora. Percorri os olhos por todos os lugares, entretanto, os esbarrões que eu recebia dos corpos embriagados e animados dificultavam minha busca. Demorei alguns instantes para encontrá-la, por fim reconhecendo suas madeixas azuladas mais ao fundo da boate.

Para minha total infelicidade, ela se agarrava a um garoto ruivo quase como se estivesse disposta a unir-se ao garoto.

Bufei pela trigésima vez naquela noite, reunindo todo o resto de paciência que me sobrava, e marchei em direção aos dois. Empurrando as pessoas ao meu redor, andei à passos firmes e decididos até os fundos do lugar, pronta para acabar com aquela lambança.

Literalmente lambança.

Quando finalmente os alcancei, cutuquei Cora. Uma, duas, várias vezes, obrigando-a a desgrudar-se do ruivo.

— Estou indo embora — falei, alto e decidida.

Eu esperava que ela me acompanhasse. Afinal de contas, nós havíamos chegado ali juntas.

Porém, tudo o que minha amiga fez foi sorrir maliciosamente e murmurar um "não espere por mim", dirigindo-se ao rapaz de cabelos alaranjados no momento seguinte.

Não me dei ao trabalho de bufar dessa vez.

Apenas girei sobre os calcanhares e, sem alternativa, andei até a saída da boate. Fazer isso era tão típico de Cora. Ela me convidava para sair, usando argumentos como "vai ser legal" e "vamos nos divertir muito", mas, no fim, sempre acabava me deixando sozinha por um par de bolas qualquer.

Dessa vez não seria diferente.

Inspirei fundo assim que pus os pés na rua, enchendo os pulmões de ar limpo e fresco. Lugares lotados com toda certeza não são o meu forte.

Qual é, Evans — uma voz masculina chamou minha atenção. — Você sabe que não é bem assim.

Meus olhos se vidraram na cena que se estendia à minha frente quase que automaticamente.

— Me diga como é, então — o ladrão de águas erguia um outro rapaz pela gola da camiseta, imobilizando-o enquanto o encurralava na parede.

Bom, o humor dele não era dos melhores.

— Era só uma brincadeira — o outro argumentou.

O moreno empurrou o rapaz com força, fazendo-o bater as costas contra a superfície de concreto e, em seguida, cair no chão.

— Dê o fora daqui — ele instruiu. — E é melhor que eu não tenha que olhar para você outra vez.

O outro se levantou, recuperando-se e alisando a camiseta amassada, sibilou um pedido de desculpas e saiu à passos curtos e apressados, sumindo em meio à escuridão de uma rua vazia.

Que pena, pensei. Eu esperava um pouquinho mais de ação.

O moreno, antes de costas para mim, virou-se em minha e franziu o cenho ao me ver ali, parada o encarando.

Ali fora, onde as luzes não eram tão esparsas, eu pude realmente enxergá-lo.  Desde os fios escuros bagunçados e o porte atlético, até as esferas claras e azuis como o céu em um dia ensolarado.

Tudo nele gritava confusão.

Pestanejei, saindo de transe e engolindo em seco quando, depois de limpar as mãos na calça jeans, ele começou a andar até mim.

— Você não deveria ficar aqui fora sozinha — avisou, parando bem à minha frente.

Deus, ele é alto.

Cruzei os braços sobre o peito, tentando disfarçar a sensação estranha que tomava conta de todo o meu corpo.

— E você deveria, sei lá, cuidar da própria vida — rebati, arqueando as sobrancelhas em desafio.

Ele grunhiu.

— Você é insuportável.

— E você — fiz uma análise minuciosa sua, exatamente como ele fizera comigo momentos antes —, não é nada.

Assim que reconheceu suas próprias palavras, seus lábios curvaram-se em um sorriso discreto. Ele curvou a cabeça em reconhecimento e, então, passou por mim, o ombro esbarrando delicadamente no meu, e adentrou a boate sem olhar para trás.

Sorri para o nada, me sentindo vitoriosa por ter levado a última palavra, e agradeci aos céus por não ter que lidar com aquele garoto outra vez.

Ao menos, naquela noite, eu achava que não.

N O T A S
Já chegou chegando, né?! Hahaha, esse é o nossa Hunter, pessoal :p

O que acharam do primeiro capítulo?

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