O Filho do Barão [COMPLETO]

By CupcakeeyV

253K 25.3K 5.2K

❕ LIVRO COMPLETO O FILHO DO BARÃO • DULOGIA SUBMUNDO Da Autora da Trilogia Bratva Copy... More

Sinopse
Prólogo
1
2
Reconfortante-3
Ultimato-4
Estrangeira-5-I
Estrangeira-5-II
Sentimental?-6
Fúria-7
GRUPO NO WHATSAPP
Kalahari-8
Herdeiros-9
O Amor-10
Tradições-11
Fúria 2 & TOC -12
Junto à Ele-13
Traição-14
Conflitos-15
Ameaça-16
Tatuagens e Cicatrizes-17
Entregue-18
Mudanças?-19
Kalahari Bonatero-20
Possessivo-21
A Baronesa-22
O Início-23
Perda-24
Dor da Perda-25
Verdades Ocultas-26
Minhas dores-27
Tatuagens-29
Cupcake & Manteiga-30
Medo & Culpa-31
Baronesa-32
Bicolores-33
Território Inimigo-34
Desabafo-35
Amizade e Lealdade-36
Kazama-37
Mamma mia-38
Bonnateros-39
Finale-40
Bónus: Com amor, Light Bonnatero
Agradecimentos
Novidades: Livros Novos
Faça parte do meu mundo

Traidores-28

4.4K 410 41
By CupcakeeyV

Perdoem-me pelo atraso para postagem... Estava muito dodói.

Deliciem-se e não esqueçam de comentar e votar OK?

Boa Leitura.


LIGHT

Eu não era um homem sentimental — seja por quaisquer motivos que fossem. Eu sempre fui uma criança inexpressiva e acabei tornando-me num adulto frio e desinteressado, no entanto a morte da minha irmã havia mexido comigo e isso era uma bela porcaria — ser emotivo era tudo o que eu não queria ser e nem precisava no momento. Era o meu dever proteger minha família, assim como todas as famílias aliadas.

O que eu havia feito? Nada aos olhos de muitos, no entanto o meu silêncio e a minha calma era uma enorme dor na bunda de Alexandre e do homem em que um dia eu confiei.

Mais merda para lidar e mais merda para limpar.

Estavam todos a olhar-me com o semblante impassível —estavam obviamente preocupados, uma vez que seus olhos os traiam da maneira mais clichê do mundo. Os olhos escondem a verdade da alma era a frase preferida de Atena. E eu estava decidido a colocar um ponto final do tamanho de Golias, talvez mais que isso naquela situação. Estava disposto a sacrificar todas as minhas peças para que a minha rainha ficasse protegida —e a minha rainha, não era apenas Kalahari, minha familia era a mimha rainha e eu faria um jogo diferente dessa vez. Sacrifique cem para salvar dez, era uma lógica estupida eu sabia, no entanto eu não iria cair mais nos famosos jogos da escolha.

Era simples: Escolha ou Morra!

Aquele maldito jogo, atormentava-me mais do que eu imaginei que faria. Ser pressionado a escolher uma presa para o abate, era de desumano e de certa forma horrível. Até que eu cansei-me de jogar e decidi tornar-me no mestre do jogo.

Alianças valem mais que mil moedas de ouro e as minhas eram alianças diferentes —os Beserkers eram todos diferentes.

Sentei-me no sofá negro que ficava na grande sala clara da casa, do meu lado direito estava Vicenzo, Kalahari sentou-se na mão da cadeira fitando a todos aqueles com atenção e calma, e eu sabia que quando ela entrava no seu modo falcão, ela tentava colocar todas as imagens da sua cabeça de modo a usá-las quando fosse necessário. Melissa e Giovanna olhavam para mim e Kalahari com curiosidade visível — não eram nem um pouco discretas. Os chefes das famílias, cujo medo chutara suas bundas pareciam insatisfeitos.

Eu não os culpava. Eu estava igualmente insatisfeito e aquilo trazia um gosto amargo a minha boca.

—A que devo a honra de vê-los? —indaguei.

Eles estavam desconfortáveis. Eu estava entediado.

—Houveram uma série de contratempos. Os Capos estão apreensivos. —disse Enzo, sua expressão fechada e as linhas duras em sua face mostravam quão enraivecido ele estava.

—Os Capos de Seatle, Japão, Botswana e Brasil. —anunciou Kalahari, prestando atenção em cada movimento que ela e seus homens faziam.

—É um prazer finalmente conhecê-la Baronesa. —pronunciou o Capo Brasileiro.

Por algum motivo, o tom que ele usara ao dirigir-se á Kalahari, incomodou-me. Stanley Luis Albuquerque, mais conhecido como o Loiro Casanova era um dos meus melhores Capos —o que lhe garantira mais que apenas o comando de um país, mas também o subcomando dos casulos pertencentes a todos os países que encontravam nos países da América Latina, no entanto isso estava prestes a mudar caso ele não parasse de olhar e falar com minha mulher com o tom de flerte óbvio e podre. Torci meu dedo indicador, fazendo-o estalar e chamar atenção de Kalahari e Vicenzo.

Haviam limites que não podiam ser ultrapassados, e eu estava seriamente interessado em mandar alguém provar da própria merda.

—Eu penso que não estamos aqui para adulação gratuita, Senhor Albuquerque.—acautelou-lhe Kalahari. Mulher esperta. — No último mês houveram mais intercepções de cargas na sua região, que os últimos dois anos juntos e se bem me lembro, foi pela sua intrepidez e seu ânimo elevado para o negócio lhe foi a atribuído o comando dos negócios das outras famílias na sua região o que faz o meu marido querer saber o real motivo dos roubos das nossas cargas.

—Baronesa, se me permite dizer, a Cosa Nostra não nos tem facilitado a vida e tudo isso por causa de um simples desafecto entre os Kazama e o Barão. —afirmou ele, fitado Kalahari com um sorriso cínico nos lábios. —Meus homens foram mortos e tudo que vocês conseguem pensar é nos armamentos que por sinal eram Russos?

—Se eu fosse você, Senhor Albuquerque —pronunciou-se Enzo. —, calculava os efeitos das suas palavras de merda. A sua boca de merda podem causar-lhe.

—Eu não quis ser desrespeitoso. —Retorquiu ele, ainda olhando para Kalahari.

Estalei a língua, contando o número das pessoas que estavam na sala. Eu nunca fui um homem ciumento, mas por algum motivo eu não suportava outro homem olhando minha mulher com desejo ou apreciação.

—Os armamentos russos trouxeram algum problema para algum dos Senhores? —indagou Enzo, que pelo seu tom de voz estava extremamente irritado.

Hoje era o seu dia espinhoso. Mau humor era estava sobre sua aura.

—Estamos aqui por proteção e não trazendo rajadas de reclamações. —disse o Capo Japonês.

Sorri, lembrando-me das vezes que minha mãe puxara minhas orelhas, esbravejando uma sequência de conselhos dolorosos para o meu cérebro.

—Como diria minha mamma...

Um homem honrado e leal é o único que não merece morrer queimado. —eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar do mundo. Era a voz que eu mataria para ouvir.

A voz da minha mãe vindo do topo das escadas. O tédio abandonara o meu corpo — e não era um eufemismo.

Enzo abriu um sorriso preguiçoso sendo seguido por Kalahari e minha madrinha. Ao seu lado estava meu pai que olhava para todo o cenário anos 90 —mafiosos e traidores, que estava envolvido em torno de todos nós. Vários homens armados, chefes de crimes dentro de ternos feito sob medida para suas bundas sujas e todo o cenário perigoso que fazia-se sentir.

Se havia algo que estava claro naquele momento, era que a tensão instalada naquela sala podia segurar uma bala de grosso calibre. Minha mamma estava em torno de um terno negro caro, seus cabelos da cor do fogo davam-na um ar ainda mais perigoso, enquanto meu papà estava na sua tipica calça jeans desbotada e camisa pólo negra, seus olhos azuis podiam ser comparados aos de um Deus, que olha para sua criação com orgulho. Estavamos de torno de bundas sujas, que sempre foram uma dor na mente de todos nos e no momento o meu maior problema era segurar-me ao ponto de não deixar meu ciúme, tomar conta da cabeça ao ponto de fazer-me enfiar minha faca profundamente no coração de um maldito Casanova que não conseguia segurar seu pau nas calças.

—Mais reclamações Senhor Albuquerque? —questionei-o.

Eu fui criado para tirar vidas e eu estava nesse momento, sentindo os efeitos da falta de sangue em minhas mãos. Eu era um filho da mãe viciado e que estava agora num estagio frenético de abstinência.

—Nenhuma outra. —murmurou a contra gosto.

—Vejo que presa pela sua vida. —pronunciei-me. Enzo sorriu, enquanto seus dedos digitavam furiosamente em seu telemóvel e Kalahari respirava fundo.

A tensão estava em alta. O clima pesado e o meu humor azedava a cada palavra pronunciada pelo homem arrogante e petulante a minha frente.

—No entanto, o Senhor Casanova não explicou porque raios, as nossas armas foram parar nas mãos da Máfia Irlandesa. —Enzo ainda sorria, enquanto sua atenção estava completamente no seu telemóvel. —Segundo o meu amigo de informações no FBI, as armas russas que estavam sob sua responsabilidade, estão agora sob a responsabilidade da alfândega e se da sua bunda magra não adivinhar aonde, eu mesmo cortarei sua garganta.

—E-Eu...

—V-Você? —balbuciou Vicenzo. —Se há algo sobre traidores que eu adoro e adirmiro, é a corajem de aceitar o convite para sua execução como quem aceita o abraço amigável de uma Jibóia. Em outras circunstâncias eu diria que você se parece com a Eva, no entanto a Eva foi esperta o suficiente para convencer Adão a dar uma trincada mortal naquilo que era proibído. Mamma eu posso matá-lo?

O homem a minha frente esbugalhou os olhos e pude ver dentro deles o medo. A sujeira de baixo do seu tapete, era nada mais e nada menos que um caminho sem volta ao inferno —no exacto momento que ele havia apertado a mão do inimigo e planeado a melhor forma em desestabilizar o centro do submundo, ele tornara sua vida um fio curto e pouco resistente. Não haviam segredos que podiam ser escondidos eternamente e nem mentiras, cujas bundas fossem maiores que a verdade e eu sou a prova disso.

Eu sempre fui.

Mamma queria sangue, eu queria e todos aqueles que sentiram a dor da perda naquela sala o queriam — não mudaria nada, todos nos sabiamos, no entanto eu dormiria sabendo que menos um lixo anda sobre a terra.

Se eu era um? Claro que era, no entanto eu não era um traidor —por assim dizer. Tudo que eu fazia era ocultar verdades e evitar a todo custo o caminho sem volta da mentira. Tirar a camisa —no sentido literal, seria revelar um mar de segredos e abrir feridas e não eram apenas as minhas.

Meus pais estavam agora sentados ao lado de meus padrinhos. Assim como eu, e a morte estava em torno da aura do meu pai que olhava para aquele homem, cuja traição custou-nos uma vida. A vida daquela que era a minha confidente e irmã. Quão filho da puta ele era e quão sujo era todo aquele esquema de armas, dinheiro, mortes e traição. Naquele momento eu soube o que era sede pela vingança, eu nunca quis vingar-me dos homens que tornaram-me no monstro que tornei-me, pois eu sabia que em parte era algo que sempre fez parte de mim, por mais que a dor cortante rasgasse minhas entranhas e tirasse o inferno fora de mim, àquilo tornara-me alguém capaz de descinir sede de vingança e sede por sangue.

Nunca fora pela vingança e sim pelo que eu acho certo, essas foram as palavras de Apollo quando eu confrontei-o sobre as mortes. O hilário era que Apollo Drakos, era aquele em que eu confiava minha vida. Éramos todos Beserkers, na qual vidas interligaram-se e alianças formaram-se.

Eramos todos seres perdidos que juntos encontraram pelo que lutar e a quem porteger.

Apollo Darkos, assim como Apollo Bonatero, mostraram-me pelo que eu devia lutar, mesmo eu sabendo que os ideiais não tão limpos de Darkos fossem uma dor na bunda de muitos de nós. Saber agora que um dos nossos vendeu a localização da minha irmã para Alexandre, tirava o inferno fora de mim. Tirava o pouco da sanidade que estava no fundo daquilo que eu chama de consciência intacta, que já não estava tão intacta assim.

Com quantos golpes profundos de uma faca, faziam uma alma pode abandonar um corpo. Eu estava louco, e talvez mais doente do que imaginara. Essa fora a mesma questão que fiz a mais de 15 anos atrás, antes de mandar o Senhor Rabbit para um lugar melhor sem quaisquer razões aparentes. Eu sempre fui um assassino que agora estava prestes a pagar pelos litros infinitos de sangue que deixei deramarem sobre terra.

—Nós sabemos Senhor Albuquerque. —Disse Kalahari. —Sabemos que a sua conta engordou uma centena de milhões e que vieram das contas especificamente dos Kazama.

O homem sorriu nervoso. Se eu fosse ele estaria pedindo a quem quer que fosse, para que sua morte fosse rápida e indolor, no entanto—sua sorte era o seu azar. Eu o queria bonitinho fatiado a sabor traição e vendetta.

—O que você achou que aconteceria? — o que eu sabia sobre o meu irmão Vicenzo, era que ele tinha a cabeça centrada sobre seus ombros, não se permitindo passar dos limites e muito menos deixar suas emoções transbordarem, assim como eu era antes de perder minha irmã. —Você simplesmente vendeu a localização de uma Bonnatero, sabendo que aquilo a mataria. Sério, no que você estava pensando?

—Oh. Eu acho que ele não estivera pensando na sua família. —murmurou Gianna. —Homens como ele pensam apenas nas suas próprias bundas. Tolinho.

Gianna caminhou em passos lentos até ele, o som delicado dos seus passos ecoava pelo cómodo, assim como os batimentos disparados do homem morto que estava trémulo. Puro exagero meu.

Minha irmã gémea estava com os olhos serenos e era o mesmo olhar que Giordana fazia quando chateada —mesmo em seus piores dias, seu olhar era como o mar e com um véu de céu. Gianna passou os longos e delicados dedos pela face do homem que prendia a respiração e não olhara para ela em momento algum. Minha irmã sorriu e afundou seus dedos no cabelo do homem, cujas feições estavam ainda mais assustadas.

Os seus homens nada podiam fazer.

—A mulher que você levou num caminho curto até à morte... —sussurrou, próximo ao ouvido do homem, que agora fitava-me com mais medo ainda. —ela era exactamente como eu.

O pomo de Adão daquele, cuja confiança de várias famílias lhe foi atribuída, baixou e subiu engolido secamente. A nossa atenção estava em torno dos movimentos sensuais executados pela minha irmã e por isso, a minha vontade de matar aquele homem haviam ido de cem ao infinito.

—A mulher que você levou até a morte lentamente e da pior forma possível, tinha o meu rosto, as nesmas maçãs faciais, os mesmos olhos que eu. —disse Gianna. —Ela tinha o mesmo cabelo cor de fogo que eu compartilho com a minha mamma e a mesma vontade de viver que tem uma menina de 5 anos, os sonhos de uma adolescente e a força de vontade de uma leoa. Até isso você tirou dela, a sua maldita força de vontade. Olhe para mim, veja se há algum traço disso em mim ou na minha mamma e nos meus irmãos.

—Eu...

—Olhe para mim. —gritou Gianna, puxando o cabelo do homem forçando-o a levantar sua face e deixando seus olhos fitarem os dela. —Não seja um filho da puta covarde. Olhe para mim, olhe para o que você fez, olhe para todos nós e veja como todos aqui querem uma parte suculenta do seu corpo. Você achou que sua porcaria estava bem escondida? Que Kazama fosse de confiança? Que vendendo armamentos que são da família conseguiria dinheiro o suficiente para fugir? Você é tolo e homens tolos são como lixo acumulado.

—Uma vez no submundo, para sempre no submundo. —disse mamma.

—Eu o Capo dei capi, o Barão da Família Bonatero e o irmão gémeo de Giordanna Bonatero, o condeno a morte por traição directa a famiglia.

—Não... Não... Por favor. —berrou. —Piedade por favor... Piedade.

—Não há piedade para quem vende sua própria famíla, eu sinto muito se o seu pai não lhe ensinou que a famíla é para ser horanda e protegida e não destruída, no entanto eu o fiz bem para os meus bambinos. —pela primeira vez meu pai pronunciou-se. Sua mandíbula estava dura e um par de veias saltadas em torno do seu pescoço.

—Não façam isso. —choramingou de joelhos. Kalahari mataria-me depois. Seu tapete caro ostentaria agora, uma bela mancha de sangue.

—Eu acho melhor você gritar mais alto traidor. —zombou Enzo, engatilhando sua arma assim como todos os Bonnateros na sala.

Assim funcionava a Vendetta.

—Vocês não podem fazer isso. Não tem o direito. Eu não sou o único traidor aqui. —ele disse, fitando-me.

Sorri. —Sim você não é o único traidor aqui, e eu sei disso. — Ergui a sombracelha.

O maldito era corajoso.

—Você é um cachorro sortudo. —brincou Enzo.

—Não faças essas comparações Enzo, os cachorros são criaturas lindas, honestas e leais. —returcou Kalahari. Ela sorria assim como meu irmão. Eu gostava da ideia deles darem-se bem.

—Você livrou-se da fogueira. —anunciou Vicenzo. Pelo seu tom não estava nem um pouco satisfeito.

—Não fratello. Definitivamente ele não livrou-se da fogueira. Estejam certos de não alvejarem alguma área vital, teremos churrasco daqui a trinta minutos. Ou menos.

—Vocês deveriam saber que eu não sou o único traidor aqui. —gritou ele novamente —Vocês...

Kalahari grunhiu, acertando precisamente o ombro do homem. — Stai zittoCale a boca. Ela sempre pronta a proteger-me.

—O homem tem uma grande boca afinal. —Enzo chutou seu rosto, fazendo-o cair duro no chão coberto pelo tapete. —Eu sinto muito pelo tapete Kala.

—Eu estava mesmo pensando em substituí-lo. —a morena deu de ombros, guardando sua arma.

Eu tinha bons e sólidos motivos para enfiar uma bala na cabeça do homem que olhava para minha mulher em súplica —Porcaria. A minutos atrás seu olhar era de pura cobiça e malícia, mas a dor trás para fora a nossa verdadeira face, os nossos piores medos e tentativas frustrantes de ver-se longe daquele que pode ser o lugar onde seu corpo quente ruíra. Se eu estava com pena dele? Não, mas eu estava em dúvida o que não era bom para mim. A sentença já havia sido declarada e eu mesmo o fiz, no entanto o facto dele chamar-me de traidor mesmo que indirectamente, mecheu mais comigo do que eu imaginei que um dia o faria, a verdade é que eu não passava de mais um lixo, assim como o lixo que estava caído e sangrando no meio da grande sala de estar da casa.

Covarde. Essa palavra reverbou diversas vezes em minha mente. Medroso. Como eu o poderia ser, uma vez que meu medo havia ficado no porão húmido e escuro de uma mansão luxuosa? Olhei a minha volta, e de alguma forma senti-me dar um passo atrás em minha decisão. Porém tudo girava em torno da maldita Vendetta.

Enzo atingiu-o com um tiro certeiro no joelho fazendo-o gemer de dor —eu queria poder sentir muito, mas eu não o fazia. Eu pude sentir a adrenalina tomar conta do meu corpo, a minha respiração antes regular, soar como um estrondo duas vezes mais rápido e meus reflexos multiplicarem-se na medida em que os homens a nossa volta, olhavam para a cena à nossa frente com medo e um pouco de pena.

Aquele que trai não merece perdão, somos feitos de lealdade e morreremos nela.

Bati a cabeça na parede invisível erguida em mente e gritei apenas para que eu ouvisse. Chega de mentiras, chega de histórias mal contadas, chega de pesadelos e bem vindo a guerra entre máfias. Por vezes, mentimos na esperança de que uma mentira possa proteger uma dúzia de verdades, no meu caso seria uma estrondosa verdade. O que me fez assim, estava também a destruir minha família e o que eu poderia fazer? Eu era um merda de um Barão, e naquele exacto momento eu tomara a decisão que mudaria minha vida.

A vida de todos.

Meu pai olhou-me com preocupação visível, eu poderia dizer que ele sabia exactamente o que acontecia dentro da minha mente, no entanto era uma decisão minha mesmo que tenha sido por culpa de todos aqueles que vieram antes de mim incluído ele. Pietro Bonnatero, sabia exactamente quem era o Capo da Cosa Nostra, ele o poderia matar assim como o Capo da Cosa Nostra o poderia de igual forma matar —não apenas a ele, mas toda sua família. Eu era um Alfa, fui criado para ser um e eu o seria, no entanto não da forma que todos queriam.

Meu pai afundou a lamina brilhante e afiada no abdómen do homem que gritou contorcendo-se em seguida, ainda insatisfeito girou a faca causando ainda mais dor e agonia. O que eu sabia sobre Pietro Bonnatero era apenas uma dúzia a mais daquilo que ele realmente era —como dizem poe ai, filho de peixe também é um e eu era exactamente como meu pai, mesmo que ele tivesse apenas deixado sua época de gloria no passado e tornando-se o grande patriarca bondoso, antecioso e amoroso. Já minha mãe apenas aproximou-se do homem cuspindo na sua cara e afundando o bico fino dos seus Scarpins, na bochecha dele.

—Ainda assim, a morte é pouco para você. —disse ela. Seu tom de voz nivelado, não demonstrava emoção ou ódio, era sereno e talvez automático.

Todos os Bonnateros presentes deviam deixar impregnadas no corpo do homem que estava quase inconsciente e chorava pedindo perdão as suas marcas. Kalahari estava tensa, e eu sabia que ela não estava habituada a presenciar coisas como aquelas. Eu queria perdoá-lo. Eu queria contar a verdade, mas não podia. Tudo que eu podia fazer era deixar que ele fosse queimado assim como eu decretei.

A verdade é que eu não era um mocinho e nunca o seria. Eu era frio, vil e com um grande desejo de vingança. Se eu mataria meus irmãos? Claro, eu o faria. Se eu mataria meu pai? Claro que eu o faria. Matar família para salvar família.

—Levem-no. —ordenei.

Meu pai aproximou-se fitando-me. Seus olhos azuis pareciam dois pedaços de céu num dia ensolarado e a sua mandíbula dura, deixavam-no ainda mais parecido comigo.

—Cada um escolhe o caminho que acha mais viável e fácil trilhar, eu escolhi o meu e claro que não foi a melhor decisão que tomei em torno de mim mesmo —riu sem emoção. —, mas quem eu poderia culpar além de mim? Eu estava pronto para tomar o meu maldito lugar e salvar vidas, no entanto escolhi sua mãe e com isso todos vocês, então não sinto-me culpado por isso Light e tu não te deves culpar por tirar a vida de um homem que contribuíu activamente para morte daquela que foi gerada contigo e com a tua outra irmã. Tudo gira em torno da maldita Vendetta e eu fui fraco para acabar com o maldito ciclo vicioso, porém eu sempre soube que tu és o único que pode fazer isso. Tu és um Bonatero, sujo ou não tu ainda és e além disso és um Beserker. Deixe o Alfa que está dentro de ti, sair. Tú és o Capo dei capi e eu amo-te. Perdoe-me por ter sido fraco.

Ele segurou minha cabeça de forma carinhosa, deixando um beijo afetuoso e fraternal em minha testa.

Sorri. Sim eu malditamente sorri, enquanto um homem ardia na grande fogueira no pátio da minha maldita casa. Que seja sangue quem foi feito de sangue e que nasça das cinzas quem morreu nelas.

Estava na hora de deixar o meu Alfa sair. Ser aquele, cuja missão era matar sua família e fracassou. Pesquei o meu telemóvel, discando o número daquele, cuja lealdade sempre fora inquestionável. Àquele que deveria ser o inimigo, no entanto era mais irmão que meus próprios irmãos.

—Mikhailkov —chamei-o —, você pode ser o Deus que tanto queria ser. Escolha e não morra.

Hunter gargalhou do outro lado do telemóvel. Maldito filho da mãe bem humorado. Sua gargalhada que poderia ser descrita como contagiante, ecoou no meu ouvido por alguns segundos. Isso é o que difere-me dele. Hunter sempre fora bem humorado e um distribuidor de sorrisos ambulantes, enquanto eu não sei exactamente o conceito de bom humor, mas também somos iguais quando trata-se de ter sua própria diversão à base de torturas e alegria nos gritos sôfregos. Hunter era definitivamente o rei das torturas.

—Você esqueceu-se da palavra chave irmão. E já agora, eu também amo-te e estou com saudades de olhar para sua cara de merda. E você não manda em mim italiano bonito. —disse ríspido, mas eu sei que um sorriso cínico e preguiçoso enfeitava seu rosto.

—Não chores por atenção russo idiota, eu poderia dizer que amo-te, no entanto estou mau humorado. Seja um bom arco-íris e não reclame.

—Eu vou arrancar seu figado, caderno de desenho. —grunhiu.

—Escolheu?

—Claro. Compre o caixão para o seu Sottocapo.

Sorri, encerando a ligação. Que começassem os jogos. Eu estava pronto para ganhar.

Gostaram? Curiosas? Com duvida? Kkkk eu também...

Hahahha... Não fiquem perdidas... Kkkkk. Deixem suas curiosidades e obrigada pela leitura.

Capo dei capi—Chefe dos chefes
Ventetta—Vingança
Fratello—Irmão
Stai Zitto—Cale a boca

Continue Reading

You'll Also Like

1.4M 123K 53
Ele é rude e ela um amor. Será que a doçura de uma moça conquistará o coração de um bruto? "Quando olhei para trás, avistei um homem alto e de ombro...
70.3K 1.9K 9
Criada sob os muros de um convento, a sua origem nunca passou pelos seus ouvidos, sua vida nunca sobressaiu aquelas paredes e tudo que sabe é que est...
892K 64.1K 37
CONCLUÍDO!! A Família Angelo é a máfia mas poderosa e temida da Itália , comandada pelo filho mais velho Antony O tipo de ser humano que não tem d...
40.9K 2.9K 21
Eloah, uma empresária conhecida em todo o país, com uma vida regada a bebidas, muitos homens a cama, mas infeliz, conhecendo um homem que faz suas or...