– Bom dia, linda.
– Bom dia – respondi, sonolenta.
Abri os olhos devagar, tentando ajustá-los a luz da manhã.
Will estava deitado atrás de mim com um braço em volta da minha cintura e dava beijinhos no meu pescoço.
– Eu vou tomar banho. – disse ele, enquanto se se levantava e ia em direção ao banheiro.
Sentei na cama e enquanto ouvia Will no chuveiro e fiquei pensando em como é bom tê-lo aqui. Eu me sinto segura com ele.
Eu não conseguia dormir bem durantes as noites que Kelsey passava com Josh.
Minha avó e eu nunca conseguimos explicar isso, mas depois que meus pais morreram, eu não consegui passar uma noite sozinha, eu sempre acordava gritando e chorando. Nós duas ficamos tranquilas quando eu soube que dividiria o quarto com uma garota na faculdade.
Kelsey sabia disso e quase desistiu de ir para Josh na primeira noite. Mas eu garanti que havia superado meu medo depois que cheguei aqui. Mas a verdade é que eu continuava não dormindo bem. Will acabou percebendo isso e me perguntou o que estava acontecendo. Eu expliquei tudo, não tinha porque esconder uma coisa que eu nem sei bem o que era; assim, ele se ofereceu para dormir aqui nas noites que Kelsey estivesse fora. Eu recusei, é claro. Eu sou virgem e eu sabia que uma coisa levava a outra. Esse seria um grande passo na nossa relação, o qual eu não estava pronta ainda. Ele entendeu meu receio, pois nós conversamos algumas vezes sobre isso, e disse que só iriamosdormir.
Depois de literalmente dormir durante uma aula, permiti que ele passasse a noite aqui. Ele dormiu num colchão improvisado no chão. Isso se repetiu algumas noites, até que depois de uma de nossas sessões de amasso, nós adormecemos na minha pequena cama de solteiro. A partir daí isso se tornou contínuo, já que Kelsey passa cada vez menos noites em casa. Algumas vezes eu também dormia no apartamento de Will.
Eu não sei como ele, realmente, se sente sobre o sexo. Na maioria das noites nós nos beijamos, ele ficava sem camisa e algumas vezes ele tirava a minha. Mas nunca passou disso. É uma das coisas que eu gosto nele, ele não me pressiona. Mas eu sei que ele tem necessidades, ele é homem. Contudo, eu não quero ter a minha primeira vez só pra atender as suas necessidades. Conversei com Kelsey sobre isso, pois estamos namorando pelo mesmo período (exceto os meses que ela conversou com Josh online) e ela já havia feito sexo com Josh. Ela me disse pra não me preocupar com isso, pois alguns caras são diferentes de outros, se ele não estava insistindo, eu não tinha porque me perturbar com esse assunto. Não sei quando Kelsey ficou tão especialista nesse tema, mas guardei o conselho.
– Baby, você pega minhas roupas? – Will gritou do banheiro.
Fui até minha cômoda, na gaveta em que havia reservado pra ele, peguei suas roupas e deixei sobre o balcão.
– Está aqui.
– Obrigado, amor.
Algum tempo depois, dentro do carro, já a caminho da faculdade, Will pegou minha mão e a beijou carinhosamente.
– Vou sentir saudade.
– Eu também. Vai me ligar todos os dias?
– Você duvida?
Will recebeu uma chamada do pai alguns dias atrás. Ele queria que o filho fosse passar alguns dias na administração da empresa da família, para ajuda-lo em certos negócios. Assim, Will estava indo passar duas semanas em sua cidade natal, há muitas horas de distancia.
*******
Na hora do almoço, fui até o refeitório. Peguei minha refeição e sentei em uma das mesas. Kelsey entrou logo em seguida e sentou-se comigo.
– Amy, Kieran foi um imbecil ontem? – foi logo me perguntando.
– Não. Mas eu não o vi. – olhei pra ela.
– O que? Como assim?
– Eu pedi que Will fosse lá por mim.
Kelsey bufou.
– Kieran deve ter adorado isso. – disse enquanto levava uma maçã à boca.
Franzi a testa.
– O que você quer dizer com isso?
– Nada. – disse balançando a cabeça – Will viaja hoje mesmo?
– Sim – respondi, soltando um suspiro longo.
– Owm... e você vai ficar bem?
– Claro, Kel. Vou sentir saudade, lógico. Mas, são apenas duas semanas.
– E as aulas?
– Ele já resolveu tudo. Adiantou a maioria dos trabalhos.
– Que horas ele vai?
– Logo depois das aulas.
– Certo. Hoje eu vou dormir em casa.
Inclinei a cabeça e fiz uma careta.
– Não precisa, Kel.
– Não é isso. Eu já estou há dias no apartamento deles. Kieran vai acabar achando que vou me mudar pra lá.
– Não se preocupe, ele adora você. O problema dele é comigo.
– Eu não diria problema. – ela resmungou.
Encarei-a.
– Vai ficar falando em códigos ou me dizer o que está havendo?
– Ah. Não é nada demais. Kieran é um boçal ás vezes, mas ele tem um bom coração.
– Ainda não vi esse lado bom.
Nesse momento, Will se aproximou de nós.
– Oi Kelsey.
– Ei, Will. Me diz uma coisa, como será ficar duas semanas longe da nossa garota?
Revirei os olhos.
– Maçante. – respondeu ele.
– Boa resposta.
– Oi, gente. Eu estou aqui, caso vocês não tenham percebido. – disse eu, enquanto erguia as palmas das mãos e acenava.
Os dois riram.
Will sentou-se ao meu lado.
– Amor, eu vim me despedir, a propósito.
– Vou deixar vocês sozinhos – Kelsey disse com uma piscadela e saindo em seguida.
– Agora? – perguntei a Will – pensei que você mais tarde?
Tentei esconder minha decepção, mas foi impossível.
– Desculpa, baby. Meu pai ligou agora pouco e pediu que eu fosse o quanto antes.
Encostei minha cabeça em seu ombro. Ele afagou meu rosto.
– Você vai ficar bem? – perguntou.
– Sim.
Ele me beijou.
– Eu te ligo mais tarde.
– Dirija com cuidado.
Ele sorriu e me deu um ultimo beijo.
*******
Quando saí da faculdade, liguei para Kelsey.
– Oi, nerd.
– Será que algum dia você vai parar de me chamar assim?
– Nunca. – ela começa a rir.
– Eu sei – rio – vamos fazer alguma coisa hoje?
– Hum... desculpa, Am. Josh fez esse jantar pra comemorar nossos dois meses juntos.
– Ah. Não... claro... é que você tinha dito que viria pra casa hoje. Tudo bem.
– Eu ainda vou. Mas, depois.
Entendi. Ela viria só por minha causa mesmo.
– Kelsey, eu já disse que não precisa vir. Eu vou ficar bem. Com certeza, Josh vai querer comemorar a noite toda.
Ela ri.
– Eu não duvido disso. Eu chego às onze, ok?
Desisto de contestar.
– Ok. Beijo.
– Tchau, nerd.
Algumas horas mais tarde, depois que cheguei em casa, Will me ligou. Disse que fez boa viagem e que já estava com saudade. Fiquei feliz em ouvir isso, eu sentia falta dele também, principalmente agora.
Olhei o celular e vi que tinha uma mensagem de Kelsey.
*Vou demorar um pouco mais.*
*Já estou de pijama. Quando vc chegar estarei dormindo.*
Escrevi, na esperança de que ela desistisse de voltar hoje. Eu não queria atrapalhar a noite especial deles. Ela não respondeu. Provavelmente desligou o celular. Olhei no relógio, que marcava 23:11.
Deitei na cama e tentei pegar no sono. Antes mesmo de minhas pálpebras abaixarem, um som muito alto me fez pular da cama. Era como uma sirene soando e parecia ser em todo o prédio. Abri a porta e vi as outras meninas correndo em direção à saída. Sem saber o que fazer, eu as segui. No corredor tentei perguntar alguém, mas elas estavam gritando e correndo, foi impossível obter qualquer informação. O alarme continuava alto em meus ouvidos.
Ao chegar lá fora vi que algumas garotas choravam e outras falavam ao celular. Eu estava perdida. Avistei uma menina que morava no meu andar, Maureen.
– Ei, Maureen. Você sabe o que está acontecendo?
– Aimee. Olha – ela apontou pra umas das janelas que ficava dois andares acima do meu.
Fumaça preta estava saindo pela janela. Minha nossa. Era um incêndio.
O corpo de bombeiros chegou nesse instante e os homens entraram correndo no prédio.
– Meu Deus! - disse eu, colocando as mãos sobre a boca.
– Onde está Kelsey? – Maureen perguntou.
– Na casa do namorado. Vou ligar pra ela.
Lembrei que meu celular ficou no apartamento.
– Maureen, por acaso você está com seu celular.
– Sim. Toma.
– Obrigada.
Digitei o numero de Kelsey, mas caiu direto na caixa postal. Tentei o numero de Josh, não sei como consegui lembrar em meio a essa confusão, mas também estava desligado. Minha ultima alternativa era o telefone do apartamento deles. Kelsey havia feito com que eu decorasse para possíveis emergências. Bom, essa era uma emergência. Eu só torcia para que ela ou Josh parassem o que estavam fazendo e um deles atendesse. Eu sentia um arrepio na espinha com a possibilidade de ouvir a voz de Kieran do outro lado. E se ele fosse grosseiro comigo? Se bem que, a essa hora, era pouco provável que ele estivesse em casa.
Respirei fundo e digitei o numero.
Quatro toques depois, alguém atendeu.
– Fala.
Droga. Era Kieran.