Pedro 💲
Puxei a Duda até a goma, tava minha mãe lá encolhida no sofá.
Mari: Tô com dor.- Murmurou com os olhos cheios de lágrimas.
Duda: Quer remédio tia?
Mari: Quero meu marido.- Fungou.
Peu: Tamo em guerra mãe.
Meu raidinho tocou e eu tirei o mesmo da cintura.
***
Lima: Cadê tu Peu?
Peu: Em casa velho, minha mãe tá com dor.
Lima: Dá remédio e vem.
Peu: Ela quer você.
Lima: É foda.
***
Ele desligou e eu olhei pra elas.
Peu: Vou buscar ele, relaxa.- Dei um beijo na testa dela.
Duda: Cuidado Pedro.- Dei um beijo na bochecha dela.
Mari: Vai com Deus, filho.- Deixou uma lágrima cair.
Peguei os dois fuzis e distravaei, fui pelos cantinhos até a 10 ontem a guerra rolava solta.
Tinha uns manos caidos já, assim como os botas.
Fui por trás e subi na laje, matei dois policiais que tavam aqui.
Ajoelhei e posicionei o fuzil começando a soltar bala.
É bala nós pm.
Bagulho sinistro, nós tá de boa aqui e em filho da puta tirar a paz dos moradores.
Mata geral, trabalhador ou não.
Mata adolescente com farda da escola.
Mas isso a mídia não mostra pô, mostra só a parte ruim da favela.
Cadê que tu vê falando o quanto nós é simples? Que independente de tudo, nós é uma família?
Pra mim, favela é só um país novo.
Com novas regras.
Mas fala tu, quem é mais bandido? Quem anda de terno e gravata ou quem te mostra um oitão?
Fica aí a questão!
Depois eles recuaram deixando só vários corpos no chão.
De traficante e de gente inocente.
Gente que só não tem um bom dinheiro pra ir morar em outro lugar.
Pros pm, se tu mora na favela tu não é honesto.
Meu pau no cu desses cuzão.
Minha favela defendo até o fim.
Peu: Vai pra casa, eu cuido aqui.- Falei pro meu pai.
Lima: Tá bem? Algum arranhão, tiro, dor? - Perguntou nervosão.
Peu: Tudo passou, vai pra goma.- Ele me abraçou e saiu montando na moto.
Subi pra laje da 10 e peguei o caderninho da caveira.
O caderno com o nome de geral que morreu.
Aí nós manda uma quantia pra família.
O foda é dar a notícia irmão.
Comecei a passear pelos corpos anotando cada um.
Loiro: E aí? - Parou do meu lado com as mãos na cintura e eu olhei pra ele suspirando.
Peu: Goiaba, gordinho e Denise foram um dos.- Ele passou a mão pela barba.- Que eu saiba, Denise chegava dessa hora da escola e sempre vinha aqui trocar uma idéia com o gordinho.
Loiro: E o Antônio? - Cocei o cabelo.- Ele tá na creche uma hora dessas, tem que pegar ele agora.
Peu: Pega lá e leva lá pra casa.
Loiro: Vou mandar alguém.
Peu: Manda alguém conhecido né, moleque ficar assustado se não conhecer quem for buscar.
Loiro: Claro moleque.- Pegou o raidinho.
Peixe: Cheguei numa hora ruim pra porra.- Parou do nosso lado de moto.
Loiro: Finalmente voltou, seu viado.- Sorriu abraçando ele.
Peixe: E aí sobrinho.
Peu: Fala cara.- Fiz toque com ele.
Loiro: Já que tu voltou, volta pro movimento indo pegar o Antônio, filho do gordinho.
Peixe: Cadê o gordinho e a Deni? - Me olhou e eu baixei a cabeça.- Não pô, zoeira? O moleque só tem 6 anos, como fica? Não tem ninguém sem ser eles, puta que pariu.
Peu: Vou dar um jeito cara, qualquer coisa fica lá em casa.
Peixe: Eu fico com ele.- Afirmou.
Loiro: É um filho, não é qualquer coisa não.
peixe: Eu tô ligado, filho sempre foi meu sonho. Eu vou cuidar dele com todo amor, sempre quis ter com a vadia lá, mas deu em nada.
Peu: Seguinte, pega e leva lá pra casa, chegando lá decide. Tem que conversar com o menino primeiro.
Peixe: Jaé cara.- Abriu mó sorrisão e saiu.
Continuei anotando os nomes, quando terminei levei pra boca principal e fui com o loiro pra casa.