Parentesco

Oleh BrunaCeotto

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HISTÓRIA VENCEDORA DO WATTYS 2019 NA CATEGORIA YOUNG ADULT! 🏆 Artur é tudo o que um jovem sonha ser e não te... Lebih Banyak

(PARENTESCO)
parte I: desvios
1.01: bianca
1.02: artur
1.03: artur
1.04: bianca
1.05: artur
1.06: bianca
1.07: artur
1.08: bianca
1.09: bianca
1.10: artur
1.11: bianca
1.12: artur
1.13: artur
parte II: tormentas
O AUTOR: BRUNO CRISPIM
CAPA NOVA ♡
2.01: bianca
2.02: artur
2.03: bianca
2.04: artur
2.05: artur
2.06: artur

(prólogo)

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Oleh BrunaCeotto

Bom, não é segredo para ninguém que o meu irmão é um babaca.

E eu nem me sinto a pior pessoa do mundo por fazer essa afirmação. Não é como se ele fizesse questão de parecer um cara legal de vez em quando, pra te dar aquela duvidazinha do "será que ele não vale nada mesmo?". Não é como se ele se importasse o suficiente com o que as pessoas vão pensar dele, porque, no fim do dia, todo mundo vai pensar a mesma coisa.

O seu primeiro pensamento quando se depara com um garoto como o meu irmão é: se ao menos eu fosse como ele.

O que é totalmente irônico, porque, como eu disse, ele é um babaca. Pensa na pessoa mais imbecil que você conhece, multiplique pela mais egoísta, e lá está ele, no auge de sua glória e medalhas de jiu-jitsu.

Seus talentos incluem destruir corações e só pensar no próprio umbigo.

E medalhas. E boas notas.

Como alguém tão arrogante, esnobe e cabeça dura consegue ser o "rei do baile" no colégio, isso eu nunca vou entender. Meu irmão é irritante como uma aula de botânica avançada, e o sorrisinho torto que crava suas bochechas toda vez que consegue arrancar um revirar de olhos de alguém é a prova de que ele se orgulha disso. Vive se vangloriando de seu maior dom: irritar tantas pessoas quanto seu alcance lhe permitir.

Isso porque eu nem mencionei a sua irresponsabilidade inerente, e o modo inconsequente como ele lida com, bem... tudo.

Inconsequente, sim! Não dá para fazer o tipo de merda que ele fez sem ser inconsequente.

Mas a personalidade escrota do meu irmão nunca impediu nenhuma garota (ou garoto, se vamos ser sinceros aqui) de se atirar em cima dele.

E essa é a provável razão de você estar aqui.

A questão é que você pensava tudo isso antes, e está com vergonha de dizer só por causa do acidente. Está tudo bem, eu pensava isso também. E vivia dizendo para ele. Ele é quem nunca me ouvia. Não precisa ter vergonha.

Não foi você que só escutou a razão quando ela te arrancou uma perna.

Ah não. Não, não não.

Você não está com pena dele agora.

Pode ir esticando essa testa e engolindo essas lágrimas de simpatia e piedade. Ele não merece.

E não merece a sua defesa, também. Eu sei que você provavelmente já está tirando suas conclusões precipitadas, achando que eu só sou uma irmã caçula azucrinante disputando atenção com meu irmão-ídolo agora que ele não é mais idolatrado por ninguém.

Do coitado, incompreendido, punido pelo resto da vida por uma merda que fez em questão de segundos.

Coitado.

E agora você está pensando no que eu disse. E vai ignorar o que ouviu por aí, e me perguntar se ele está solteiro.

Eu sei. Eu conheço essa cara. É a cara que todas as garotas fazem para o meu irmão desde que passam a distinguir meninas de meninos.

Eu vou te poupar do suspense desnecessário e dizer de cara: eu não sei se ele está solteiro.

Como assim, você vai indagar. Não existe meio-termo para estar solteiro. Ou você está, ou você não está. Sutilezas à parte, eu não sei. Não é porque ele é meu irmão que eu sei de tudo o que se passa na cabeça dele.

Sinceramente, desconfio que nem ele saiba.

Quem me dera... quem nos dera se a vida fosse assim, preto no branco.

É complicado, e ainda assim você quer saber. E quer saber antes da próxima aula.

Tsc, tsc.

É que ele estava no meio de um triângulo amoroso que acabou meio de repente. Ou não acabou. Talvez não tenha acabado, eu não sei.

Você quer saber a história toda, né? Não precisa revirar os olhos para mim, nem franzir a testa tentando disfarçar o seu constrangimento. Eu vou te contar. A história toda, mesmo.

A gente se encontra depois da aula, e eu te falo.

Depois você me diz se ainda quer saber do meu irmão.



Duas semanas atrás

Abro os olhos e o sinal está verde.

Checo se ela está acordada. Ela pisca para mim. Então, me abraça apertado e apoia a cabeça nas minhas costas. Logo, seus braços relaxam.

Balanço a sua perna.

- Eu tô bem... – me diz, ficando ereta na minha garupa.

Finjo que acredito e acelero a moto.

Não foi uma noite agradável. Nem para mim, nem para ela. Muitos gritos. Muita bebida. Muita desconfiança. Pouco afeto.

Queríamos aproveitar tudo o que a juventude pode nos oferecer. Mas fomos infantis. E recebemos uma noite de desencontros e chances desperdiçadas.

Daqui a pouco o sol nasce. Enfim, um novo dia. Em menos de cinco minutos a deixarei em casa e fico livre. Se depender de mim, nunca mais ouvir a sua voz. Nem pelo telefone.

Uma luz intensa me traz de volta.

Mas a cabeça demora a entender.

São faróis que me ofuscam a vista?

Adrenalina chega no cérebro.

Consigo ver com mais clareza.

Um carro vem na minha direção.

Ele não está freando.

Ainda não me viu.

Está rápido demais para que eu consiga fazer alguma coisa.

Não vamos escapar.

Só posso decidir se encaro os faróis ou se viro o rosto para não ver nada.

Meu corpo assume o comando.

Minha mão age sozinha.

Num reflexo de última hora, acelero o máximo que posso.

Não é o suficiente.

A moto é atingida na traseira.

Além do impacto do carro, sinto as mãos dela abandonando a minha cintura.

Tento segurá-las.

Não consigo.

Ela desaparece. Sugada pela escuridão.

Então, o mundo vira o próprio Caos.

Não consigo entender onde fica o chão. Onde está o céu.

Só registro sons.

Gritos arrancados da goela.

Metais amassando.

Dor e destruição.

E a agonia dos pneus.

Mas já é tarde para frear.

Estamos todos mortos.

Abro os olhos com dificuldade. A força se esvai. Preciso me concentrar para não desmaiar. Minha mente quer se desligar. São as dores que me mantêm acordado. São também a prova que não vou acordar de um pesadelo.

De todas elas, é a da minha perna direita que grita mais alto. A moto está em cima dela. Eu estou preso no chão.

Tento levantar a moto. Não consigo. Puxar a perna é ainda pior. Preciso de ajuda. Preciso que alguém me solte. Preciso de uma ambulância.

Lembro dela. Giro o meu torso para procurá-la. Ela não está mais na garupa.

Aonde ela está, meu Deus? Pelo menos, ficou com o meu capacete. Ele vai ter que protegê-la.

Olho em volta. Logo atrás de mim, vejo uma mulher. Caída. Os cabelos pretos tapando o lado do rosto que não está no chão. Seu corpo, uma ruína. Tem sangue demais do lado de fora. Os espasmos das pernas são seus únicos movimentos. Ninguém sobreviveria a esses ferimentos.

Mesmo assim, tento gritar o nome dela. Não consigo. A dor não é só física. Intimida o estômago. Embola o peito. Sufoca a garganta. O que sai é um sussurro.

Não pode ser ela!

E não é. Ela não tem cabelo preto.

Perto do corpo, um carro batido numa árvore. O para-brisa destruído e caído para frente. A mulher foi arremessada por lá.

Dentro do carro, o motorista agoniza. É uma cena triste, mas a minha preocupação não está nesse casal infeliz.

Minha visão fica vermelha.

Limpo com o braço o sangue que escorre da minha testa.

Continuo procurando.

Vejo uma outra pessoa caída. Bem longe da moto. De capacete.

Só pode ser ela. Tenho que ir até lá para ajudá-la.

Antes, tenho que sair debaixo da moto.

Tento puxar a perna, me desprender.

Vomito. Sangue e bile escorrem pelo peito.

Não desisto.

Mas mudo de plano.

Levanto a moto alguns centímetros.

Só para ver os restos esmagados do que já foi a minha perna direita.

Então, sucumbo.

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