Alícia.
Acordo sentindo a leve brisa da janela bater em meu rosto, olho pro lado e não vejo Enrico, na certa já deve ter ido. Olho pro despertador ao lado, constando ser 6:00 am. E hora de levantar e ir pro infer...colégio. - tomo um banho rápido pra não me atrasar, visto um jeans escuro, uma blusa de frio branca, e minha Parker militar, calço meu vans preto, penteio o cabelo em um rabo de cavalo, passo perfume, pego minha mochila e tranco a casa. "Meu carro" parou de funcionar semana passada, me arrasto até o ponto de ônibus.
Meia hora depois já estou na escola, entro pela portão inicial indo até a entrada, Valeri paga esse colégio muito bem, ele é enorme e muito bonito, não tenho oque reclamar do visual. Vou caminhando normalmente e devagar, cada segundo a menos nessa escola já é uma beleza.
— Eai em Alícia! Você é uma delícinha... - Archie, do segundo ano fala. Ignoro - o total. Doque esse idiota tá falando?!.
Melhor ignorar mesmo.
O mais estranho é que parece que a escola toda esta me olhando, com seus celulares em mãos, todos me analisam, varios grupinhos cochichando algo e olhando em minha direção.
olhares de malícia, outros de deboche, uns de nojo e até mesmo uns com o olhar de pena... Mas que porra está acontecendo hoje, me pegaram pra burro hoje foi?. Bufo e continuo a andar.
— Você é uma puta Alícia...
— Tenho chance de trepar contigo também gostosa?...
Alexia e Diego falam juntos.
— Que porra é essa? Vocês são idiotas ou oque?. - pergunto já desesperada.
- Amiga, amiga... Calma respira. - Kíria vem correndo em minha direção.
— Kíria oque está acontecendo amiga? Porquê todos estão me olhando torno e falando nojeiras pra mim?. - uma lágrima ameaça sair mas ainda me controlo.
— Amiga eu não sei como te falar isso.. - a olho já impaciente e grito. — FALA LOGO ... Por favor só fala. - todos estavam rindo de mim, debochando, me julgando por não sei oque...
— Alguém.. um anônimo mandou um vídeo seu... E do Enrico fazendo sexo, pro grupo da escola. - Com os olhos cobertos por lágrimas, eu estava suando frio, minha respiração falhou por algum tempo. Eu não consigo acreditar.
— Co.. como assim? Quem foi? Porquê. - ela me olhava com a expressão preocupada, eu não conseguia raciocinar direito. Aquilo não podia estar acontecendo. — Eu sinto muito amiga... Vem vamos falar com o diretor. - nego com a cabeça, olho para os lados e todos continuam a rir e me xingar.
— Oque foi seus idiotas? Calem a porra da boca. Idiotas... - kíria grita, eu me encolho, não consigo me mexer.
Vadia... Coitada... Ela foi muito burra... - É oque eles diziam.
Quem poderia ser... Quem me gravou... Eu estava com um mal presentimento mesmo. Eu me lembro de ter visto olhos em nós ontem a noite, mas quem poderia ser, Enrico não foi, eu acho que não, ninguém mais foi em casa ontem a não ser Enzo... E porra Enzo foi em casa ontem. Não pode ser. Ele não seria capaz, seria?. Vago meus olhos por todos a procura dele e o acho, parado ao lado do portão, me olhando paralisado. Sem nem mexer um músculo sequer. Me fazendo acreditar que realmente possa ter sido ele.
Desvio o olhar do dele lentamente, ainda sem acreditar que possa ter sido ele quem me filmou e mandou pra toda escola.
Não pode ser.... Porquê Enzo?. Com essa perguntas em minha mente saio correndo dalí. Vou pra casa, ouço kíria me gritar e os idiotas gargalharam.
— Alícia..... - kíria tenta vir atrás de mim, me viro e apenas balanço a cabeça dizendo não e continuo a andar apressadamente. Ainda chorando entro no ônibus, choro baixinho para que ninguém possa me ouvir.
E eu que não queria em hipótese alguma ser notada na escola, acabei que fui mais doque notada por todos... Odeio ser o centro das atenções, e agora fui.
Enfim chego em casa, jogo a mochila no chão da sala e os sapatos, corro pro meu quarto.. pra minha cama e ali me permito chorar descontroladamente.
Grito exasperada, tampando o rosto com o travesseiro. — Droga isso não pode estar acontecendo....
(**)
Choro por não sei quantas horas ali na cama, só sei que peguei no sono e quando acordei o sol já estáva indo embora. Olho no relógio, constando às 6 da tarde. Devagar levanto da cama e pego meu celular na mochila. 30 ligações perdidas e todas da kíria e mais várias msgs dela.
Ela liga de novo e dessa vez decido atender.
— Amiga... Até que enfim, porquê não me atendeu?.. amiga. - kíria fala rápido e vejo que está preocupada.
— calma! Eu dormi. Oque você quer?. - suei mais grossa doque queria. Não estava em um momento bom para conversas.
— Não fala assim comigo, eu só estou preocupada sua boba. - ela fala manhosa. - Eu sei, me desculpa, eu só não quero conversar sabe...
— Eu sei! Mas eu posso ir até sua casa, quero ficar com você amiga... Por favor. - Droga kíria.
Penso por alguns minutos, a linha do outro lado fica em silêncio, kíria está esperando uma resposta minha. Talvez eu precise de uma amiga agora....
(***)
Kíria veio pra casa assim que desliguei a chamada, ela não mora muito longe de casa, então veio rápido. Com vários chocolates e um pote de sorvete de morango ela veio calorosamente até a mim, kíria sabia que comida me deixava melhor... mas talvez hoje nem comida me faria sentir melhor. Só gostaria que tudo oque aconteceu fosse um pesadelo e que logo acordaria. Mas como nem tudo é como queremos... Aquilo realmente aconteceu.
— Isso é tão confuso sabe? Só nós duas sabíamos que Enrico estaria em casa na noite anterior. Aconteceu tudo tão rápido. - kiria concorda com a cabeça e pega mais um pouco do sorvete. — Me conta... Oque exatamente aconteceu na noite anterior?.
— Bom.. eu cheguei em casa, Enrico me ligou e combinamos de ficar em casa, ele chegou e nós assistimos filmes, comemos. depois as coisas esquentaram e fizemos amor ali no sofá mesmo. - kíria faz cara de reprovação e olha pro sofá que está sentada. Rio com sua cara de nojo.
— Não, não foi nesse sofá, foi aqui neste daqui que estou sentada, bobona. - falo me referindo ao sofá que estou deitada, ela faz expressão de alívio e volta a atenção pro seu sorvete.
— Continuando... A janela estava aberta, ele quis fechar, mas os clima estava tão bom.. eu estava no calor do momento, tava bom e eu pedi pra ele continuar e deixar pra lá a janela, ele concordou e ficamos por alí mesmo... - kíria ouvia cada palavra minha com atenção. — O mais estranho naquela noite e que já não é mais estranho agora... É que eu virei meu rosto pra direção das janelas e vi olhos nos olhando, eu achei estranho e falei pra Enrico ele disse que era impressão minha já que olhou pra janela e não viu nada, os olhos já não estavam mais alí. Ignorei aquilo e voltamos a fazer.. bom você sabe.
— Ual... Isso é... Confuso mesmo. Mas você não conseguiu ver nenhum rosto, não quis levantar e ir lá conferir?. - nego com a cabeça, amarro meus cabelos em um coque e volto a falar.
— Amiga, a luz estava apagada, tava escuro, eu apenas deixei a claridade do abajur. Esse daqui. - aponto para o pequena abajur branco, na estante rústica ao lado dos sofás. Bom e com certeza não daria pra ver muita coisa com a pouca luz que estava na sala.
— Entendo. Você vai falar com sua mãe? Vai na escola amanhã? Irá falar com o diretor. - pergunta e pergunta me deixando tonta com tudo.
— Uma pergunta de cada vez kíria eu em. E sim terei que falar com minha mãe, preciso ir embora daqui, e não falarei com o diretor, não pretendo, valeri fará isso. - Não, não me julgue subconsciente. Eu não estou fugindo... Só pensa comigo com qual cara aparecerei naquela escola agora.? Sou a "puta" pra eles, vou ser julgada e ridicularizada até o fim das aulas.
— Então está fugindo...? Não é assim que se resolve as coisas amiga, você sabe disso. - concordo com a cabeça.
— Eu sei amiga, não fala como se eu não soubesse. Eu não quero e não posso voltar pra lá depois doque aconteceu hoje. Tenta me entender.
— Mas falta pouco pro ano acabar e já vem a formatura, não precisa ir embora, vai estudar onde, nenhuma escola aceita alunos no meio do ano. - Isso ela tem razão... Mas eu darei um jeito. Sei que tem.
Depois de muito conversar eu finalmente consegui com que kíria concordasse comigo, e como uma boa amiga ela está aqui me ajudando a ter uma idéia do que farei daqui pra frente.
— E se você morasse com alguma tia, até acabar o ano?.
— Não tenho nenhuma tia próxima a mim kíria, e eu não quero ir pra muito longe daqui, não sei oque fazer.... Vou enlouquecer droga. - fala colocando as mãos no rosto, não quero chorar, mas algumas lágrimas saem involuntariamente.
— Ei calma amiga! Vai dar tudo certo.. é uma pena eu não ter uma outra casa em outra cidade pra voc... ESPERA! - Kíria grita abafada e eu arregalou meus olhos a espera doque a mesma vai dizer. Kíria se levanta da minha cama e vai até a escrivaninha, pega seu celular, disca algo e leva o mesmo até o ouvido.
— Oi vovó, ainda está precisando de alguém pra te ajudar nas vendas?. Eu tenho uma amiga... Será que ela pode morar com a senhora até o final desse ano, ela precisa muito... Eu te conto os detalhes assim que chegarmos aí. Ok?... Obrigada vovó, também te amo. - A olho sem entender nada, kiria estava falando com a vó Betina, sua avó mae de seu pai, dona betina é um amor, a conheci no verão a quatro anos atrás, papai ainda estava vivo, e depois de muito custo convenci ele e valeri a me deixar passar o verão de outubro em sua fazenda, ela mora em uma linda e pequena fazenda em Batavia que é uma cidade localizada no Estadoamericano de Nova Iorque,.
— Prontinho! Sua amiga aqui lhe arrumou uma boa moradia, você adorou não é mesmo?.
Pirou menina. Penso me sentando na cama.
— Amiga... Mas é longe daqui, eu disse que não quero ir pra longe, só vou morar em Nova York ano que vem. Não sei se valeri vai gostar dessa idéia. Tenho certeza que não.
— É oque temos minha querida, ou você fica na fazenda da minha avó ou volta pra escola amanhã mesmo. - caramba, não tenho outra solução não é? Ou é isso ou nada.
— Tudo bem eu vou. Só preciso falar com valeri primeiro. - falo já pegando meu celular, mas kíria o toma da minha mão, resmungo um "Ei".
— Calma. Você não é nenhuma foragida, não precisa fazer as coisas às pressas, podemos ir devagar amiga.
Ela tem razão, eu estou tão abalada com tudo que aconteceu, e triste que não consigo raciocínar bem.
— Tá certo, eu só não consigo pensar direito, preciso relaxar... - passo as mãos no cabelo e no pescoço.
Vou ao banheiro tomar um banho quente e demorado, me permito chorar baixinho, estava segurando o choro enquanto estava na frente da kíria, não quero me mostrar fraca nem mesmo na frente da minha amiga... Eu sou assim, não permito que vejam meus sentimentos mais profundos. Dês de a morte do papai eu me fechei completamente.
(**)
— Eu liguei pra minha mãe, ela concordou com que eu dormisse aqui com você... Me desculpe eu tive que falar, ao contrário ela não deixaria. - as vezes tenho inveja da relação que kíria tem com seus pais. Ela tem um irmão pequeno de oito anos, mas a atenção dos pais é voltada para os dois, eles são amorosos e compreensíveis, uma verdadeira família. A qual eu não tive a oportunidade de ter por um bom tempo.
— Tudo bem amiga... Você está com fome? - pergunta e a mesma balança a cabeça. — Tá, vou fazer uma macarronada oque acha?.. Tem vinho também.
— Acho ótimo, estou precisando de um vinho mesmo... Aliás "estamos" Precisando não é?. - Ela dá ênfase no estamos, e eu concordo, quero mesmo beber.. e em casa não tem coisa melhor.
— Ok então vamos lá... Pega o molho na geladeira e o champion por favor.. - assim ela faz. Me ajuda a preparar a macorronada.
Estamos na mesa comendo, na verdade mais tomando vinho doque comendo.
— kíria, você ficou na escola não é mesmo, depois que eu saí correndo. Os burburinhos cessaram depois que sai?. - Ela nega.
— Na verdade não amiga, eu não queria falar mais sobre isso, eles aumentaram ainda mais a fofoca, queriam saber quem era, disseram que ele não é da escola, vieram me perguntar quem era o cara que você estava, eu já mandei se ferrar claro. Depois não aguentei, parecia a fofoca do ano, tive que ir embora depois da quarta aula. - ela fala e limpa uma lágrima minha que saiu. — Eu sinto tanto amiga. Se eu pegar quem fez isso com você eu juro que mato. - fala entre dentes, me arrancando um sorrisão com essa forma protetora dela ser. Kíria se tornou a melhor pessoa desse mundo pra mim, eu a amo de verdade, ela é mais que uma amiga pra mim.. é uma irmã que nunca tive.
— Eu amo você... sabe disso não é? - ela faz que sim e né abraça.
— Eu também Alícia.. você é muito importante pra mim, não suporto que te deixem triste. - sorrio a abraçando mais forte. — Mas me conta... Enrico... Você ligou pra ele?.
— Pois é Enrico... Não, não liguei pra ele, não sei oque pensar, passou a possibilidade dele ter alguma coisa haver com isso... Passou. Mas não tem como, ele não conhece muitas pessoas daqui, não estuda na nossa escola. - falo e ela concorda.
— Realmente. E também ele não está no grupo da escola, o anônimo mandou o vídeo e saiu em seguida do grupo, ele/a é um aluno/a. Estava no grupo saiu e voltou como anônimo, depois saiu do anônimo e não sei de mais nada... - poxa minha amiga pode trabalhar no FBI.
A olho surpresa.
— Fala sério! você sabe que não saio do grupo da escola, gosto de estar por dentro de tudo que se passa com os "populares" rick lookwood está lá entre eles. - Rick lookwood é uma paquera de kíria, os dois ficaram ano passado e até então ela criou uma paixão platônica por ele. Mas ele é o estilo mulherengo é amigo do Enzo. Os dois são farinhas do mesmo saco. Então a ignora pois sabe dos sentimentos de minha amiga por ele.
— Eu sei kíria.. - reviro os olhos. — Não estou pensando que seja você. Calma. Você daria uma boa FBI . - rimos juntas. kíria nem pensa nessa possibilidade, de ser uma investigadora, ela quer cursar direito, sonha em ser uma grande promotora, e eu apoio minha amiga, ela é inteligente e muito esforçada, apesar da suas malícias e brincadeiras na escola, Alícia leva muito a sério seus estudos.
— Tá, vamos descartar Enrico disso, então... Você tem uma ideia de quem seja?. - faço que sim e a mesma arregala os olhos e franze o cenho.
— Enzo Foster. - com a mão na boca kíria se espanta, ia falar algo mas a campainha toca. — Quem será a essas horas?. - sussurra e eu falo que não sei. Kíria levanta da cadeira e vai até a porta, olho no vão da fechadura e para por alguns segundos. Faço um gesto com a cabeça pra que ela me diga algo.
— É Enzo. - sussurra ao lado da porta me olhando, não sei oque responder.
Oque ele está fazendo aqui?. Cretino bastardo.
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