O Túmulo de Jeremy Rily (Livr...

By paulo_ashford

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Há duas crianças sentadas sobre o gramado em uma tarde de sol. São idênticos, a não ser os olhos. Ambos têm t... More

hey
prólogo
parte 1
Quinze horas antes do acidente.
Treze horas antes do acidente
Dez horas antes do acidente
Seis horas antes do acidente
Quarenta minutos antes do acidente
O acidente
parte 2
Crepitando
Perseguição
Possessão
idi... bobo
Em carne e osso
O corvo foi real
O Túmulo de Jeremy Rily
Na chuva
parte 3
Não é capítulo
armas, brigas e frio
Eu não sei
cavar duas covas
Lugar escuro
Imortal
dois corpos
fase 2
parte 1
enlouquecendo
bom humor
Hotel
seremos um
eu o odiava por isso
eis o plano
a raiva
parte 2
apenas uma brincadeira
Fragmentando
fora da pista
passos largos
escuridão de puro silencia
a cabana
Sede de sangue
passos quebrando os gravetos
Ainda é pouco
epílogo
queridos leitores
novidade

o que fazer?

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By paulo_ashford

Eu estava de frente para o espelho do banheiro mais uma vez. O corpo molhado, a toalha enrolada em torno da cintura, os cabelos encharcados jogados para trás me sentindo  exausto de tudo aquilo.

Catarina.
Otto.
Odete.

Onde esses três poderiam estar agora? Deveriam estar planejando o próximo passo, eu sabia que cedo ou tarde eles iriam aparecer, eu só não tinha certeza de se estava preparado para isso.

Eles estavam atrás de mim, Calebe ficaria bem se eu estivesse longe. Sim. Eles não iriam atrás dele, mas deixar Calebe sozinho era um convite ao desastre, ele se envolveria em problema rapidamente devido o seu temperamento. Eis a grande duvida, comigo ele poderia ser morto pela minha família louca, sem mim poderia provocar a própria morte em uma briga qualquer.

-- Eu te odeio Calebe. – Reclamei em voz alta.

Eu não o odiava, mas naquele momento eu estava com raiva, como ele pode acreditar que eu iria concordar em matar alguém? Como ele pode ter essa ideia para começo de conversa? E eu não estava nada feliz por ele ter me chamado de assassino, ao mencionar que eu matei Odel. Sim, eu a metei de fato, mas eu estava apenas me protegendo.

Eu estava me protegendo.

Ela iria me manter lá até os outros chegarem e sabe lá o que iriam fazer comigo. É claro que eu poderia ter usado a influencia para apenas faze-la se entregar a policia, ou esquecer caminhar por mil quilômetros como punição pelos seus crimes, mas convenhamos, o mundo esta bem melhor sem Odel, e estará ainda melhor sem o resto deles.

Eu queria mata-los e eu faria se a oportunidade aparecesse, mas naquele momento eu tinha medo. Medo por mim. Medo por Calebe. Medo por Kim e Theodor.

Calebe tinha razão nós precisávamos sair urgentemente daquela casa, mas eu não sabia o que fazer com os dois policiais. Kim pareceu ter acreditado na historia, mas o menor ainda se mostrava incrédulo. Eu tinha medo dele tentar alguma coisa, o próprio Kim poderia estar fingindo acreditar somente para ser solto.

O que fazer?
O que fazer?
O que fazer?

Vesti outra roupa de Ed. Uma calça de malha azul e um moletom enorme vermelho.

Desci as escadas e me deparei com Calebe sentado no sofá conversando com os outros dois, que ainda estavam algemados. As coisas entre eles pareciam estar melhor.

-- Oi. – Falei ao me sentar no braço do sofá.

Calebe me olhou e eu não soube decifrar a sua feição.

-- O que você acha de soltarmos os caras? – Falou me fazendo duvidar se ele estava realmente bem. Como assim soltar os caras, minutos atrás ele queria mata-los? – Eles precisam de um banho e nós temos as armas.

-- Você tem certeza? – Perguntei incrédulo.

-- Não, mas eles não podem ficar algemados para sempre, foi você quem disse.

Bem... Nós tínhamos as armas e vantagem dos dons. Eles estavam exaustos e desarmados, isso sem contar que Calebe estava totalmente recuperado, em caso de outra briga ele se sairia melhor do que a ultima vez.

-- Tudo bem.

Calebe se levantou ameaçando os dois caso tentassem alguma coisa. Depois de tirar as algemas, ambos massagearam os punhos.

-- Acho bom tomarem um banho. – Falei olhando para as roupas sujas de lama. – Calebe leve Kim até o banheiro e pegue algo para ele vestir no guarda roupas do Ed, eu fico aqui com o Theodor.

Nós não deixaríamos eles circulando por ai sem nossa supervisão. Apesar de termos libertados os dois das algemas, ainda estávamos inseguros quanto ao que poderiam fazer contra nós.

Calebe saiu com Kim e eu fiquei ali sentado em silencio observando Theodor, que também não tinha muito a dizer.

Depois de alguns minutos calados.

-- Qual é o seu poder? – Theodor perguntou tentando quebrar o gelo.

-- O que? – Fingi desentendimento, eu não queria falar justo sobre aquilo com alguém que sabe menos do que eu.

-- Você disse que os... Bruxos como você têm dons... Qual é o seu? – Ele insistiu.

-- Eu... Não sei bem como funciona tudo isso... – Eu tentava evitar o seu olhar curioso. – Eu, meio que... Hipnotizo as pessoas. Foi o que eu fiz com aquele outro policial.

-- Bem que Kim falou que o policial Borges não iria ser simplesmente dominado por um garoto, como ele falou para o delegado em seu depoimento depois da sua fuga. – Ele disse pensativo. – Então você faz as pessoas dizerem o que você quer que elas digam... Tipo controla as ações dos outros... Por que não faz isso com agente?

-- Eu não sei como isso funciona. – Falei serio, eu realmente não queria falar sobre aquele assunto com ele, principalmente pelo modo que ele me olhava. Era evidente que ele me achava um completo maluco. – E também não quero deixar vocês desprotegidos a mercê de Catarina e do Otto. Eu não sei o que pode acontecer com vocês agora que sabem sobre os bruxos. Não quero me sentir culpado pela morte de dois idiotas, que simplesmente não sabem ficar na sua.

Ele não insistiu mais. Acho que a rispidez em minha voz surtiu o efeito desejado.

Minutos depois Kim desceu com Calebe em sua cola, eu quase ri da forma em que o meu amigo se comportava. Parecia um carcereiro levando o presidiário para a sela. Depois foi a vez de Theodor subir com Calebe, eu insisti para levar o baixinho, pois ele já havia cuidado do grandão, mas Calebe sabia ser mais teimoso do que o normal.
Agora de frente para Kim, eu me encontrava envolvido no mesmo silencio de anteriormente. Eu não tinha muito a ser dito.

-- Olha... – Kim começou. – Nós não temos motivos para confiar um no outro, mas eu não acho que você seja quem eles procuram. Digo... O cara que matou aquelas crianças na escola, com certeza não teria pensado duas vezes antes de matar nós dois aqui. Não estou dizendo que acredito totalmente na sua historia, afinal eu seria louco se acreditasse assim de primeira... Mas estou disposto a te dar meu voto de confiança.

Ele estava usando uma calça jeans e uma camisa gola polo preta, que ficava um pouco apertada nele, marcando os músculos nos braços.  Os seus olhos verdes me fitavam com aquele ar de seriedade que somente pessoas muito bem disciplinadas sabiam ter.

-- Seria pedir muito para que você acreditasse cegamente em tudo o que eu disse, quando até mesmo eu duvido. Mas... Eu agradeço a confiança.

-- O meu dever é promover a justiça... E não acho que você seja uma má pessoa.

-- Obrigado. —Agradeci ao perceber que estava sendo sincero. -- Kim... Eu não sei se é seguro pra vocês dois voltarem para a cidade, mas também não quero ter de forçar vocês a ficar... A questão é que conosco vocês não estão seguros o suficiente, mas estarão melhores do que sozinhos. Eu não sei quais as consequências pra vocês agora que sabem sobre os bruxos.

Ele assentiu.


-- Ele é um bom amigo. – Ele sorriu se referindo a Calebe. – Disse que se eu fizesse algo contra você ele arrancaria a minha cabeça.

Eu ri. Calebe e seu temperamento alterado.

-- Bem... – Pensei antes de continuar. Calebe e eu éramos amigos? Nos conhecíamos a tão pouco tempo, mas já devíamos tanto um ao outro. Ele salvou a minha vida e eu salvei a dele e agora estávamos os dois escondidos dos Rily. Nós nos dávamos bem, e eu confiava nele. – Nos conhecemos há pouco tempo, mas as coisas funcionam entre agente, sabe? Cuidamos um do outro.

-- Eu e o Theo nos conhecemos há pouco tempo também... Eu gosto de trabalhar com ele, apesar de ele ser um pouco cabeça dura. – Ele riu. – Mas é muito inteligente. Aquela coisa de um ser os músculos e o outro o cérebro...

-- Entendo.

-- E essa sua família... – Ele falava calmo. – Catarina pareceu tão convincente quando esteve na delegacia e no hospital.

-- Você a conheceu?

-- Sim.

A amaldiçoei em silencio, Catarina realmente conseguiu estragar a minha vida de todas as maneiras. Ela matou o meu pai, meu melhor amigo, meu mordomo, que era como um segundo pai, tentou matar Calebe e prendeu a lembrança de um psicopata a mim.

Eu odiava Catarina Rily.
Eu odiava todos os Rily.

-- Ela foi convincente quando fingiu que eu era importante pra ela. – Falei enfim.

-- Você tem alguma ideia sobre o que vamos fazer agora?

-- Tem uma cidade chamada Nebulosa... Eu não sei exatamente onde é, mas Calebe sabe. Estaremos seguros lá.

-- Quando partimos?

-- Tenho que falar com Calebe sobre isso. Não sei o que fazer. Eu estou realmente perdido.

-- Não se preocupe. – Ele se inclinou em minha direção e me olhou nos olhos. – Vai dar tudo certo.


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