Dois homens, um coração (Roma...

By Strange-Boy

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(COMPLETO E REVISADO) A vida não está lá aquelas coisas para Arthur Cavill. Com 24 anos de idade, ele acaba d... More

Prólogo
1 - O pior dia do ano?
2 - Sozinho
3 - Arthur volta a trabalhar
4 - Não ouse
6 - Um recomeço na vida
7 - Presos
8 - A Salvo?
9 - Tarde Demais
10 - O Impossível
11 - Sou uma boa pessoa quando você está perto
12 - Coisas inesperadas
13 - Boas ações
14 - Feliz ano novo?
15 - Nova vida, novas fases
Epílogo
Outras obras

5 - Basta

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By Strange-Boy

Eu passei o domingo todo sem receber uma mensagem do Mark. Óbvio, também não mandei nada de volta. Não é nenhuma novidade, certo?

"Jão - Aqui"

"Não há mais tempo pra se enfurecer

Quão forte e frágil foi o nosso ser

É que de fato foi tão bom te amar

Tão parecidos, nascidos no mesmo tom

...

E se eu tentar fugir de novo, qual vai ser meu preço?

De te entregar conforto e paz, mas eu sei ser inteiro

Quem diria que a gente chegaria aqui?"

De manhã, recebi uma mensagem do meu pai. Eu nunca fui de conversar muito com ele, nunca fomos íntimos. Ainda mais depois que minha mãe morreu... O fato dele não aceitar minha sexualidade nos distanciou ainda mais. Bom, agora que moro sozinho, não me preocupo com nada. Não sei o que ele pensa e sente ao certo, mas sinto que tenta uma reaproximação. Ou... será que é só para ele sentir que está cumprindo sua parte como pai?

"Filho, está tudo bem? Como está tudo aí?"

Escrevi uma mensagem muito breve, resumindo que eu tinha conseguido um novo emprego e estava feliz. A última parte era mentira, mas meu pai seria a última pessoa com quem eu gostaria de desabafar sobre o meu relacionamento homossexual. Fui tomar banho e chorar enquanto tentava me controlar e pensar positivo sobre eu e Mark. 

Depois do almoço, Selina me mandou uma mensagem também. Ela estava perguntando se eu gostaria de sair pra comprar uma roupa com ela. Como meu domingo se arrastaria até o jantar à noite, decidi ir pra ver se o tempo passava mais rápido.

— Então, amigo... É uma situação bastante complicada. — ela comentou comigo enquanto andávamos pela calçada, depois de eu ter explicado tudo o que havia acontecido com Mark.

— Sim, eu sei. De qualquer forma, vamos ver o que vai acontecer hoje à noite.

— Eu só desejo que o melhor aconteça pra você. 

— O melhor seria eu ficar junto com ele, né. — eu soltei um breve riso. 

— Talvez não, amigo.

— Hã? — me perguntei porque ela falaria isso.

— Talvez vocês não estejam funcionando juntos.

— Mas o melhor jeito seria se ele mudasse, pra gente continuar junto e...

— Artie. — fui interrompido por ela. — Escuta, você já tem 24 anos e sabe que a vida não é assim.

Eu respirei fundo. 

— Você tem razão, Sel.

— Vamos ver o que o futuro reserva pra você. Apenas tente não se preocupar tanto. Se for pra vocês ficarem juntos, ótimo! Se não...

— Pode dizer.

— Se não, você vai encontrar alguém. 

— É o que todos dizem...

— E é verdade mesmo. — ela disse com toda a certeza que tinha dentro de si.

— Ah, sei lá. — falei, querendo deixar o assunto de lado.

Selina olhou para uma vitrine e parou.

— É esse vestido aqui que eu queria. Não é uma graça?

— É sim, sua cara. — disse ao olhar, mas na verdade eu nem tinha notado muito, minha cabeça só estava preocupada com Mark, Mark e Mark.

Então, entramos na loja e Selina comprou o vestido no tamanho que serviu depois de experimentar vários no provador. Hoje, ela estava usando um casaco marrom, saia preta e botas, pelo frio que estava fazendo. Afinal, estávamos entrando no inverno.

Passeamos um pouco pela cidade, estávamos no centro. Passamos em frente ao prédio em que eu trabalhava.

— Você trabalha em um lugar super elegante e com cara de poder. — ela comentou comigo.

— E você não sabe o que aconteceu... — comecei, prestes a contar toda a briga que eu tive com o meu chefe.

— Meu Deus! — Selina ria depois que contei o fim da história. — Não acredito, Artie, você é impossível. Eu te venero.

— Eu tive que fazer isso. — eu ri. — Acho que ninguém, até hoje, teve a coragem. Outra coisa, mesmo que eu pudesse ser demitido eu não teria medo e faria também. Não ia aceitar ser rebaixado e humilhado assim em emprego nenhum.

— Você está certo. Se todos fizessem isso, acho que seriam obrigados a mudar. 

Finalmente, a noite estava chegando.

— Sel, eu preciso ir embora agora.

— Ah, sim, o jantar com Mark, né...

— Aham.

— Olha, Artie, te desejo o melhor, como já tinha te falado antes.

— Obrigado, Sel. — suspirei. — Acredita que ele nem me mandou mensagem hoje?

— Nossa, sério?

— De novo. E não é a primeira vez que faz isso.

— Nem a terceira e nem a décima, né, amigo.

— Pois é. Ele nem pra me desejar um feliz aniversário do nosso namoro.

Selina fez uma cara de dó para mim e me abraçou forte.

— Te amo, menino. Depois me conte tudo, tá bem?

— Tá bem, eu também te amo. — sorri. 

Cheguei em casa umas 18h. 

— Quer saber? Vou ligar pra ele. — decidi, falando sozinho comigo mesmo.

Apenas com um pouco de coragem, peguei o meu celular e realizei a ligação. Demorou um pouco, estava prestes a desistir, mas então ele me atendeu.

— Oi.

Meu coração disparou, estava muito acelerado. 

— Oi, Mark. — respondi, tentando não tremer ou ficar mais nervoso do que eu já estava. 

— Pode falar. 

— Então, você... — fui interrompido assim que ouvi uma gritaria, gargalhadas e confusão.

Calma aí, Arthur.

Demorou alguns segundos, ficou mais silêncio como se ele tivesse ido pra outro lugar.

Você está em casa? — perguntei.

Não, eu estava jogando futebol com meus amigos, mas pode falar.

Então, fe... — ia desejar feliz aniversário para nós, porém, desisti. Nem ele se esforçou para dizer nada. — Quero dizer, hoje vamos jantar mesmo?

— Ah, o jantar... Sim, claro. — respondeu, ainda seco. 

— Que horas?

— 21h, pode ser? 

— Sim. Naquele restaurante, certo? 

— Isso.

— Tá ok, tchau.

— Tchau. 

Eu me arrependi de ter ligado, mas pelo menos confirmei o jantar. Mark estava muito esquisito, acho que isso não daria mais certo, então foi aí que comecei a me preparar para o pior. Tem horas que a ficha da gente não cai. 

Eu sou corajoso, forte, independente e garantido, mas tenho minhas fraquezas no amor. 

E eu amava Mark.

Passei o restante da noite assistindo série, tentando me distrair, tirando o fato de mal conseguir prestar atenção no que estava acontecendo. 

Deu 20h.

Tomei um banho rápido e escolhi uma blusa de botões e mangas na altura dos cotovelos. Ela era azul marinho e tinha um padrão de bolinhas brancas como estampa. Vesti uma calça social preta e sapatos. Respirei fundo ao olhar no espelho e pentear meu cabelo.

Por último, borrifei meu perfume preferido algumas vezes. Era o mesmo perfume que Mark sempre disse adorar. Não pude evitar de sorrir levemente ao lembrar disso.

Saí de casa e poderia pegar um ônibus até o restaurante, mas preferi ir andando por ser perto. Ao chegar no local, que estava um pouco cheio, fui cumprimentado pelo garçom, que me levou até uma mesa para dois como eu havia explicado a ele. Tinha me preocupado com a hora e felizmente consegui chegar a tempo. Em dois minutos seria 21h em ponto.

De início, pedi uma bebida como entrada. Fiquei enrolando por meia hora. Não era surpresa porque eu já esperava que Mark fosse atrasar. Comecei a ficar furioso quando deu 22h e nenhum sinal dele, nenhuma mensagem sequer. Pensei em ligar, porém me segurei. Não consegui segurar até 22h10. 

Peguei o celular e liguei. Fora da área de cobertura. Que merda, Mark! 

Precisei me levantar e ir ao banheiro lavar meu rosto. Quis chorar e graças a Deus consegui segurar. Me olhei no espelho enquanto respirava lentamente, tentando me acalmar. Alguns homens que entravam ficavam me olhando de forma estranha como se eu fosse um maluco.

Talvez eu fosse.

Ajeitei meu cabelo e voltei a sentar na minha mesa. O garçom veio perguntar se eu queria alguma coisa. Pra não ficar feio, pedi mais uma bebida. Não ia pedir nenhum prato. Estava tão nervoso que estava me dando náuseas. Se eu tentasse comer alguma coisa, simplesmente não desceria.

O restaurante estava esvaziando aos poucos.

23h30 e nada de Mark. O local estava mais vazio ainda. Os garçons me olhavam de cara feia sem entender nada, até que um deles chegou pra mim e perguntou:

— Senhor, está esperando alguém?

— Sim, sim, eu estou.

— Ok, com licença. — ele sorriu e se retirou.

Minhas pernas ficavam balançando pelo nervoso e eu não parava de me coçar. Toda essa agonia estava me dominando por mais que eu lutasse contra ela a cada segundo. Tinha ligado pra ele várias vezes e o mesmo problema persistia: fora da área de cobertura. Me perguntava se ele tinha desligado o telefone ou então estava sem sinal mesmo. 

Acho que ele não vem.

Meia noite.

Sinto uma mão repousando no meu ombro. "Mark!?" 

Eu pensei em dizer "Finalmente!" assim que eu me virasse.

Era o garçom.

— Senhor? — perguntou.

O restaurante estava vazio. Só haviam funcionários e eu, Arthur Otário Cavill.

— Sim?— falei após engolir seco, com o coração acelerado até agora.

— Lamento, mas terei que pedir sua conta. O restaurante está na hora de fechar.

Olhei pra baixo e afirmei com a cabeça. O garçom se retirou para pegar minha conta e fiquei esperando. Eu não estava acreditando em nada. Tudo parecia surreal. Como Mark foi capaz de fazer isso comigo?

— Aqui está. — o garçom volta com a minha conta.

Peguei o dinheiro e coloquei em cima da mesa.

— Fica com o troco. — pedi.

— Obrigado, senhor! — ele respondeu, empolgado.

Me levantei e não sei como, pois mal sentia as minhas pernas. Conforme fui caminhando até o lado de fora, meu corpo foi se acalmando assim que percebeu que de fato não haveria mais Arthur e Mark. Eu estava começando a me conformar e a abraçar a realidade. Olhei pra trás. O restaurante realmente estava fechando. O que aquelas pessoas pensaram de mim? 

"Coitado, esperou por alguém que nunca veio..."

Não estava com vontade de chorar. Acho que já não haviam mais lágrimas. De qualquer forma, por dentro, eu estava muito mal. Comecei a caminhar de volta para a casa.

Não muito longe do restaurante, me deparo com uma cena difícil de acreditar. Era o bar que Mark gostava sempre de ir com os seus amigos, e ele estava lá. Rindo, conversando com eles, se divertindo.

Meu coração apertou. Será que ele fez isso de sacanagem? Ou será mesmo que foi capaz de esquecer o jantar, o namorado, tudo, apenas pra ir se divertir com os amigos? Eu não quis falar nada, apenas me virei pra ir embora.

— Arthur! — escuto alguém me chamar. 

Parei de andar e virei para trás. Era Mark e seus amigos estavam atrás dele também.

— Arthur.  — ele disse, preocupado. — Meu Deus, meu Deus, me desculpa! Eu... eu me esqueci completamente.

— Para com essa merda, Mark! —  o empurrei com as duas mãos. — Não me interessa se esqueceu ou não, mas eu não acredito que você sofra de amnésia. 

— Eu... eu não tenho isso, eu...

— Ah, chega. Já chega. Foi bom você ter vindo aqui, só pra você ficar sabendo que acabou tudo. Acabou mesmo. E não tem volta!— já estava gritando.

— Arthur... — Mark começou a chorar tanto que chegava a soluçar, mas eu não conseguia mais sentir nenhuma pena.

— Chega, Mark. Para com isso, já basta. Você me machucou demais. Eu não mereço isso. Mereço muito mais! 

— Eu não faço de propósito, eu juro... — ele se embolou nas palavras da forma que estava chorando.

— Se me amasse de verdade, tenho certeza que não me esqueceria dessa forma! Você prefere seus amigos, prefere... ah, sei lá. Só aproveita essa vida agora, tá bem? Você não estava preparado para um relacionamento.  — terminei de dizer e me virei pra continuar a andar de volta pra casa. 

— Mark, o que houve? — escutei Kenny perguntar, assustado, enquanto Mark chamava meu nome repetidamente.

Eu simplesmente ignorava e continuava a andar.

— EU ME ESQUECI DO NOSSO ANIVERSÁRIO, PORRA! ESQUECI DO JANTAR, ESQUECI DE TUDO! — Mark gritava com os amigos que insitiam em saber o que tinha acontecido.

— Meu Deus, Mark, você precisava ter sido mais... — Kenny aconselhava, enquanto não consegui ouvir o resto por estar me distanciando.

Abaixei a cabeça e segui andando pelas ruas até a minha casa.

 "GARBO - até te esquecer"

Eu te amei como ninguém

Te amo agora, mas você acabou com tudo

....

Não vou chorar, só vou dançar

Sinto a brisa leve me tocar

Nosso amor o vento já levou

Se eu sentir saudade de você, vou dançar até te esquecer

...

Se eu te disser o quanto te amei

Você vai se arrepender

Não vai me encontrar, eu desapareci

E vou dançar até te esquecer"

FIM DO CAPÍTULO

Próximo em breve!

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