Only God can judge you

By rakeool

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Um romance de faculdade. Nenhuma novidade. Acontece toda hora. Mas não com Lorena, cristã fervorosa que nunca... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capitulo 3
Capítulo 4
Capitulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Especial: They call you monster
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 16

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By rakeool

Acordei no quarto dela no dia seguinte. Havia ficado cansada depois de estudar, e acabei adormecendo ali mesmo. Ela ainda estava dormindo quando acordei, decidi fazer alguma coisa pra me distrair. Afinal, era um sábado, eu podia tirar um tempo pra relaxar.

Abri minha mochila, e peguei meu exemplar de "orgulho e preconceito", comecei a ler, mas minha cabeça doía. Levantei-me e fui até o banheiro botar minhas lentes de contato e bebi um copo d'agua.

Voltei e tentei ler de novo, "Bem melhor" pensei. Era raro eu sentir que realmente precisava de minhas lentes de contato para ler, mas as vezes acontecia. Fiquei ali lendo por um tempo, até que Jade acordou.

— Bom dia, lobinha. — Falou, se espreguiçando.

— Bom dia. — respondi, me permitindo um sorrisinho. Ela me devolveu outro, desviei o olhar

— O quê que você 'ta lendo ai? — perguntou, sentando-se ao meu lado.

— Ah, é orgulho e preconceito! — mostrei a capa do livro, animada.

Ela deu uma risadinha.

— Porque você 'ta lendo orgulho e preconceito? — perguntou — Tipo, é aquele tipo de livro que a escola manda você ler, mas você nunca lê realmente por que é chatinho.

Virei-me pra ela, boquiaberta.

— Como assim, "chatinho"?! — perguntei, incrédula.

— É, que... sei lá. — tentou se explicar — Não é que seja ruim, só é meio... — ela parou por segundo — ...entediante.

Fiquei em silencio um segundo, tentando assimilar aquele absurdo que ela havia acabado de falar.

— Como assim?! — falei irritada, aquilo era praticamente uma afronta — Orgulho e preconceito é meu livro favorito!

Ela arqueou as sobrancelhas.

— Serio? — perguntou, surpresa.

— Serissimo! — respondi — Essa é tipo, a quarta vez que eu to lendo esse livro.

Ela deu uma risadinha.

— Meu deus do céu...

— Você ao menos leu?! — indaguei, ela me olhava

— Na verdade... não. — admitiu, sorrindo.

Cruzei os braços, e balancei a cabeça em negação. Absurdo, pensei. Sinceramente um absurdo.

— Agora você vai ter que ler! — afirmei — Eu não quero nem saber! eu vou te emprestar, e você me devolve depois.

— Ah lobinha — ela se jogou na cama, contrariada — eu não quero ler orgulho e preconceito não. — respondeu

— 'Tá, mas o que é que eu tenho a ver com isso? — confrontei-a — Se você critica meu livro favorito, você pelo menos vai ter que ler ele! — completei — Eu vou te emprestar, e você vai me devolver sem nenhum amassado, ok?

Jade deu uma risadinha.

— Sim, senhora — brincou — você fica fofa quando 'ta mandona.

Revirei os olhos.

— Isso é o que? — contestei — Barraca do beijo?

— Merda, 'cê já viu... — respondeu, e me encarou por uns segundos sorrindo. Desviei o olhar tentando evitar de corar — 'Ta bom, eu leio...

— Pronto! — me adiantei, estendendo o livro pra ela.

— ...Com uma condição! — completou levantando o dedo indicador, arquei uma sobrancelha — Você vai ter que ler meu livro favorito também.

Parei por um segundo.

— E qual é seu livro favorito? — perguntei, sem conter o ar de desdém.

— O guia do mochileiro das galáxias! — respondeu animada — É de ficção cientifica.

Parecia bobo.

— ...É, nunca li ficção cientifica — admiti

— Então vai ler agora! — Ela se levantou — 'pera ai, deixa eu ver onde eu botei... — ela procurou numa mesa — ...Aqui!

Jade estendeu um livro com capa de galáxia, com um robô e um trator amarelo na frente.

— É isso que eu vou ter que ler? — perguntei, de braços cruzados

— Aham — Jade confirmou, e me estendeu o braço com o livro.

Parei em silencio por um segundo. Depois suspirei e peguei o livro.

— 'Ta bom, 'ta bom... — conclui, peguei meu exemplar de orgulho e preconceito, e estendi pra ela. Ela pegou — Mas saiba que você 'ta muito mais no lucro.

Ela deu uma risadinha.

— Algum prazo pra terminar de ler? — Indagou, analisando o livro.

— Não sei — dei de ombros — eu leio rápido.

— Eu não — informou, olhei pra ela — mas eu posso tentar.

— Ok, então até segunda.

— QUE?! — Jade assustou-se — É muito pouco!

— Não é, se você se esforçar.

— Mas é fim de semana e... — ela parou e me olhou, depois suspirou — 'ta bom... até segunda então — abriu um sorriso.

Abri outro também.

— Ok, até segunda! — respondi, me levantando — E venha me falar sobre o quanto você amou o livro depois — falei passando pela porta — E não amasse meu livro!

• • •

Analisei a capa do livro, alem do fundo de galáxia o trator amarelo e o robô, havia os dizeres em letras amigáveis "NÃO ENTRE EM PANICO", eu me perguntava se isso fazia ao menos algum sentido para historia. Suspirei. "Certamente orgulho e preconceito é melhor que isso" pensei. Mas vamos lá, né...

Abri o livro com cuidado, e comecei a ler.

" Desde tempos imemoriais houve menos de meia dúzia de mortais cujas mentes foram capazes de contemplar o universo em sua totalidade: Einstein, Hubble, Feynman e Douglas Adams são os nomes que me surgem a cabeça..."

Lembrava desse ultimo nome de algum lugar, marquei o livro com o dedo e olhei a capa. "O guia do mochileiro das galáxias – Volume um da trilogia de cinco. Douglas Adams" Ah, o autor.

'Pera ai, trilogia de cinco?

'Ta bom então, né.

"...Destes poucos gênios especiais, Douglas Adams é, sem duvida, o pensador mais hilariantemente original, embora seja consenso geral que Einstein era melhor dançarino de funk"

...

QUE

Comecei a rir, o que era aquilo? Continuei lendo.

Aquilo que eu estava lendo na verdade, era só um prefacio, e no final falava que o autor tinha morrido. "Que pena" pensei, e continuei novamente a ler.

A historia desenrolou-se com um personagem chamado Arthur Dent, do oeste da Inglaterra (eles não especificavam muito, mas a julgar que era a oeste e no interior, era perto de onde meu avô morava) que estava muito bravo por que tinha acabado de descobrir que sua casa estava prestes a ser destruída por tratores amarelos, para a construção de desvios.

Mas sua casa não era a única coisa que seria destruída para construir um desvio.

O planeta terra também estava prestes a ser destruído, e o único que sabia alguma coisa disso era seu amigo e.t (que Arthur não sabia que era um E.t) Ford Preferct.

Continuei lendo, eu realmente não esperava por isso, muito bom. Fiquei lendo deitada em minha cama, as vezes era meio confuso, mas era bom. E algo que eu não esperava, era engraçado. Eu nunca teria imaginado que um livro de ficção cientifica seria tão engraçado.

"É o livro favorito da Jade, claro que é engraçado" pensei.

E o livro tinha uma tiradas muito inteligente ao mesmo tempo, tipo, era meio cínico, e muito engraçado mesmo. Eu não esperava que eu fosse gostar, mas agora, nem queria parar de ler.

• • •

POV JADE

Estava ali, sentada na cadeira da escrivaninha do meu dormitório, lendo o livro com cuidado pra não amassar. A historia era interessante, mas a leitura de fato não era muito leve. A maioria dos personagens eram bobões, tipo, submissos, chatinhos e tal. Ai vinha a Elizabeth (claramente era a melhor personagem) que era toda fodona e fora da caixinha. Não tinha como negar, o livro era bom.

— Jade? — chamaram

Levantei minha cabeça, PJ e Tiffany estavam sentados na cama de baixo da beliche, Tiffany dedilhando o baixo, E PJ me encarando.

— Eai

— O que você ta lendo ai? — perguntou, curioso.

Marquei a pagina com dedo, e mostrei a capa.

— Orgulho e preconceito.

Os dois pararam em silencio, assustados.

Você 'ta lendo orgulho e preconceito?! — PJ indagou, surpreso.

— Você ta doente??? — Tiffany se pronunciou.

— Pois é — PJ completou — além de você estar lendo sem ninguém ter que mandar, você ta lendo justo orgulho de preconceito. — deu uma ênfase no final — Tipo, esse livro realmente é muito bom, mas você lendo-o?!

Dei uma risadinha.

— É pra uma aposta que eu fiz com a Lorena — falei — ela queria que eu lesse o livro favorito dela, mas eu disse que só lia se ela leu o meu também.

Tiffany deu uma risadinha, quase que imperceptível.

— Eu não imagino ela lendo o guia do mochileiro das galáxias — disse ela

— É, eu também não. — completou PJ — Orgulho e preconceito, caramba.

Ele pareceu analisar a situação por um instante , e senti que mesmo que por um segundo, ele simpatizou com Lorena. Ela estava me fazendo ler orgulho e preconceito, era realmente impressionante.

— Eu não acredito que ela te fez ler esse livro, e eu não — declarou, ofendido.

Eu lembro de ter batido boca com ele uma vez por ter criticado orgulho preconceito, sem nunca ter lido. "E sabe porque você não quer ler esse livro, também? Por orgulho e preconceito!" Lembro dele ter falado.

— Porque com ela pedindo você lê?! — Perguntou, injuriado.

Dei uma risada maliciosa.

— Por que será?

PJ revirou os olhos, Tiff deu uma risadinha.

— Você pelo menos 'ta gostando do livro? — Tiffany perguntou

— Sim — Confirmei — É meio chato de ler, mas é bom.

— O que você não faz pra pegar uma garota, não é mesmo? — PJ se encostou na parede atrás da cama.

Dei uma risadinha, "Eu não quero pegar ela" pensei. O que era estranho. Normalmente, eu não estaria lendo um livro contra minha vontade por causa de uma garota, nenhuma outra tinha tanto poder em mim assim, mas ela tinha. Tinha alguma coisa nela que era diferente, eu nunca havia gostado de ninguém que nem eu gostava dela. Eu me sentia tão... bem junto a ela, sei lá.

Eu gostava do jeitinho que ela pronunciava "Chermont" com raiva, do jeito que ela jogava o rabo de cavalo pelo ombro quando estava concentrada, do jeito que ela sorria, quando eu contava alguma piada que ela não quisesse admitir que achou graça. Sentia vontade de fazer piadas pra sempre, só pra continuar vendo aquele sorrisinho no rosto dela.

E achava muito estranho o jeito que eu ficava reparando essas coisas nela.

O que diabos deu em mim?

De repente, ela já não conseguia mais sair de minha cabeça. Eu me pegava pensando nela nos momentos mais aleatórios, ou lembrando dela por qualquer besteira. Era uma vontade insaciável de estar com ela, era de contar nos dedos as horas que faltavam para vê-la, era de ler um livro que eu nunca imaginei que ia ler, só pra agrada-la.

Eu sinceramente não sei o que tinha acontecido comigo, que sempre fui tão apegada a minha liberdade, e agora sentia que estar "presa" poderia não ser uma idéia tão ruim, se fosse com ela.

"Eu... acho que eu 'to apaixonada" pensei, e aquela era, sem duvida, a coisa mais louca e estranha que já havia passado na minha cabeça.

• • 

POV Lorena

Estava sentada em minha cama, lendo, ainda estava no inicio. Cheguei na parte em que Arthur e Ford estavam na nave dos vogons, sem entender nada do que eles falavam. Então Ford mostra a Arthur o chamado "Peixe Babel", que era um peixe que quando você o colocava em sua orelha, ele basicamente fazia que você compreendesse imediatamente tudo que fosse lhe dito em qualquer língua.

"Ora, seria uma coincidência tão absurdamente improvável que um ser tão estonteantemente útil viesse a surgir por acaso, por meio da evolução das espécies, que alguns pensadores vêem no peixe-babel a prova definitiva da inexistência de Deus."

...

Ok, isso provavelmente é a coisa mais ilógica que eu já ouvi.

"O raciocínio é mais ou menos o seguinte: 'Recuso-me a provar que eu existo', diz Deus, 'pois a prova nega a fé, e sem fé não sou nada.'

Diz o homem: 'Mas o peixe-babel é uma tremenda bandeira, não é? Ele não poderia ter evoluído por acaso. Ele prova que você existe, e portanto, conforme o que você mesmo disse, você não existe. .'

Então Deus diz: 'Ih, não é que eu não tinha pensado nisso?' E imediatamente desaparece, numa nuvenzinha de lógica."

Parei por um segundo, lendo e relendo aquilo.

QUE ABSURDO!!!

Fiz o sinal da cruz, olhando indignada pra aquilo. Como que aquele livro idiota ousava tentar provar a "inexistência" de Deus?!?!?

Com raiva, joguei o livro pra longe na cama, e fiquei ali de braços cruzados, emburrada. Não acredito que a Jade me fez ler esse livro sabendo que tinha isso! Continuei assim por alguns minutos, encarando o livro na beirada da cama.

Depois de alguns minutos resistentes, peguei o livro e voltei a ler.

POV Jade

Virei a noite tentando ler, mas as vezes ficava muito chato. Eu tinha parado um pouco depois da parte do baile (por acaso, eu odeio o Darcy), eu não sabia realmente qual era a previsão pra acabar de ler... mas certamente não era até segunda.

Senti meu celular vibrar.

[11:43 PM] Lobinha: oi

Acabei de ler

[11:43 PM]: WTF

N deu nem um dia ainda :v

[11:44 PM] Lobinha: eu avisei que eu lia rápido

Além de que, o livro só tem 200 paginas

[11:44 PM]: Vdd

O que achou?

[11:44 PM] Lobinha: Só vou te dizer quando você acabar de ler

[11:45 PM]: Espertinha

Ah

Eu n vou conseguir ler até segunda-feira

Só dizendo

[11:45 PM] Lobinha: >:(

Você é lenta.

Dei uma risadinha, mas era verdade, não existia chance alguma de eu terminar de ler aquilo até segunda (E em outras circunstancias, era chance alguma de eu ao menos terminar de ler aquilo) Mas bem, eu havia prometido, então eu ia ler.

• • •

Não vou mentir, eu demorei uma semana pra ler. Logo na segunda-feira, ela me devolveu o livro e falou pra eu terminar de ler logo. Aposto que irritei-a com a demora, mas não tinha jeito, o livro era muito maior também.

E ele era na verdade, muito bom mesmo.

Claro que a leitura era pesada e chatinha, mas a historia era boa, boa mesmo. Eu gostei.

Havia terminado de ler no meio da aula de Anastacia, fui até meu dormitorio, e liguei pra ela.

— Alô? — ela atendeu

— Eai, terminei de ler.

— Finalmente, né — respondeu, emburrada

Sorri

— Ok, você primeiro — falei — o que você achou?

— Ah... bem... — ela ficou em silencio fazendo um suspense. Merda. — ...Eu amei!

Suspirei, aliviada.

— Ai, que susto. — ouvi ela rindo do outro lado da linha

— Serio, eu gostei muito — falou — principalmente do Arthur e do Marvin

— O Marvin é muito bom.

— A cada palavra que ele falava, eu ria, serio. — respondeu — o livro é muito engraçado.

— De nada — respondi, rindo

— 'Ta, 'ta, 'ta — ela respondeu, impaciente — e você???? O que achou???

— Ah, bem... — pensei um pouco — A história é boa.

— ... Só isso?

— Bem, eu posso ser sincera? — perguntei, receosa

— Pode... — respondeu, desconfiada

— Bem... — falei, com cuidado — eu achei a leitura meio chata.

— ...

E ela desligou.

Rapidamente, liguei de novo.

— Não! — falei rindo — calma, deixa eu explicar!

— COMO ASSIM CHATO?! — indagou, indignada

— Eu não disse que era chato! Eu disse que a leitura é chata!

— E que diferença faz?!

— É que tipo... — pensei em como falar aquilo, para não ofende-la — a leitura é cansativa, mas a historia em si é dahora.

Ela ficou em silencio.

— Ah, vai! — falei — eu gostei, lobinha, é serio.

— ...mesmo?

— Sim

— Então 'ta bom... — declarou ela, calma — qual sua parte favorita?

— A Elizabeth acabando com o Darcy no baile, quando ele fala de poesia — respondi — nossa, eu odeio o Darcy

— Porque?! — ela perguntou, surpresa

— Por que ele é embuste! — respondi — ele é 'mó babaca com a Elizabeth o livro todo, pra só no finalzinho começar a ser ok.

— Mas ele se redimiu! — disse ela, aborrecida.

— Com ela, não comigo. — respondi, me sentando na cama — ele é babaca.

— No inicio, sim — declarou — quem é seu personagem favorito?

— Elizabeth, claro. Ela é a única personagem que eu gosto mesmo.

— Serio?!

— Sim — falei — eu também meio que gosto do pai dela, mesmo com o favoritismo.

— Mas... você não gostou de mais ninguém?!

— Não

— Nem da Jane?

— Nada contra, mas ela é meio bestona.

— E a Lidya? Kitty? Mary? — disparou suas perguntas

— Engraçadinhas, mas muito chatas. — falei — Elas só falam de homem, é insuportavel. — revirei os olhos — E a Mary é muito renegada, não tenho opinião formada.

— Nossa... — ela falou

— E você? De quem você não gostou?

— Eu esqueci o nome dele agora... — ela falou — É aquele com duas cabeças e o nome estranho.

— Zaphod... — me forcei a lembrar — ...Beeblebrox?

— Esse mesmo!

— Por que você não gostou dele?! Ele é foda.

— Ele é muito chato, isso sim. — respondeu, indiferente — Toda hora ele fica se achando, eu não aguentava quando ele aparecia.

— Eu achava ele o cara.

— Ai ai viu — respondeu — Mas serio.

— O que?

— Eu 'to muito feliz que você leu! — respondeu animada, depois conteu-se — É que orgulho e preconceito é muito importante pra mim, e eu tipo, me identifico muito com a Elizabeth!

Dei uma risadinha.

— Você e ela não tem nada a ver — falei — Na verdade, você 'ta mais pra um Darcy.

— Que?! Eu não tenho nada a ver com o Darcy!

— Não parece muito, mas se fosse pra ser um dos dois, você 'ta mais pra Darcy. — declarei — tipo, ele é conservador e tal.

• • •

POV Lorena

Eu me identificava com a Elizabeth por um motivo que ela não podia saber.

A Elizabeth desde o inicio do livro, se recusa a casar só por dinheiro, afirmando que só se casará por amor, por mais que isso a contrarie. E mesmo com sua mãe insistindo, ela não casa com ninguém que a mãe gostaria que ela se casa-se, afirmando que só ira casar quando estiver apaixonada.

E aquilo, era tudo que eu mais queria. Se eu tivesse só um pouquinho da coragem que ela tinha, eu poderia ter falado pra minha mãe que eu não gostava do André, e que por mais que ela quisesse, eu não iria namorar com ele. E talvez, se eu tivesse feito isso, tudo estivesse mais fácil hoje.

— Se você acha — dei de ombros, era melhor não explicar

— Agora eu parei pra pensar em uma coisa...

— O que? — perguntei

— Você 'ta no seu dormitorio?

— Sim, porque?

— Então porque a gente ta se falando por telefone?! — questionou — a gente 'ta a um andar de distancia!

Pensei por um instante

— Verdade

— 'To descendo ai, ok? — ela falou, ouvi passos do outro lado da linha

— ESPERA AI — Falei alto — Meu cabelo 'ta um desastre, me deixa arrumar primeiro!

Ouvi uma risadinha do outro lado da linha

— 'Ta bom, dou cinco minutos ai eu desço.

— Ok, tchau.

— Até

Desliguei o celular e fui correndo pro banheiro, me olhei no espelho, meu cabelo estava solto e bagunçado. Peguei minha escova e procurei uma xuxa, mas eu não achei. Procurei mais um pouco mas aparente não tinha nenhuma das minhas SETE XUXAS (uma pra cada dia da semana) ali.

— Diana — sai do banheiro — 'Ce viu minhas xuxas?

— Ah — ela se virou pra mim, estava sentada em sua escrivaninha — A Zoey pegou elas emprestadas hoje mais cedo, ela queria fazer um penteado.

— Com as sete xuxas?! — indaguei, assustada

— Aparentemente, sim — ela abafou uma risadinha.

Eu me pergunto que tipo de penteado é esse.

Enfim, voltei ao banheiro e me contentei em ficar de cabelo solto. Penteei meu cabelo, e parti-o de lado, até que ouvi batidas na porta.

— JÁ VAI! — gritei, saindo correndo do banheiro pra abrir a porta.

Jade pareceu surpresa por um segundo

— Você 'ta de cabelo solto! — ela falou

— É, culpa da Zoey — cruzei os braços

— Que gracinha! — Jade falou, e apertou minhas bochechas com as duas mãos.

— Ai Jade! — reclamei — 'Ta doendo!

Ela sorriu.

— 'To brincando, lobinha. — respondeu, ela deu um passo a frente, e passou uma das mãos da minha bochecha até meu cabelo. Senti meu corpo congelar. — Você fica muito linda de cabelo solto, sabia?

Senti meu rosto inteiro corar. Merda. Merda. Merda.

Observei-a sorrindo, aquele sorriso lindo desgraçado, senti meu rosto queimando, e notei que por nossa proximidade, nos poderíamos muito bem nos beijar. E por um momento, tive que resistir ao impulso. Eu queria beija-la, queria muito mesmo. Tentei controlar a vontade, engoli em seco:

— É... sabe, eu tenho que ir — falei, mas pra onde? Eu já estava no meu dormitório. — eu preciso me encontrar com a Zoey, preciso falar com ela.

— Ué — ela disse — Mas...

— É que eu tinha esquecido! — Dei uma risadinha nervosa — É que... eu já 'to atrasada, sabe? É, pois é, então eu tenho que ir, tchau!

E sai em disparada pelo corredor, para que ela não pudesse disse mais nada. Parei nas escadas do primeiro andar. Ai, merda.

O que foi aquilo?

Eu realmente quis beija-la, queria muito, o que foi que deu em mim?!

Senti a culpa queimar dentro de mim, junto com uma vontade de chorar, eu realmente gostava dela? Eu não posso gostar dela, não posso mesmo. Senti meu estomago revirar, eu não queria chorar, então lutei contra a vontade. Comecei a me sentir muito mas muito mal mesmo, de um jeito que eu nunca tinha sentido comigo mesma. Porque isso tinha que acontecer justo comigo? Eu não poderia ficar com ela nem se isso fosse a coisa que eu mais quisesse no mundo, e pra falar a verdade, eu acho que era.

Eu só queria não ter que me sentir assim.

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