Dois homens, um coração (Roma...

By Strange-Boy

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(COMPLETO E REVISADO) A vida não está lá aquelas coisas para Arthur Cavill. Com 24 anos de idade, ele acaba d... More

Prólogo
1 - O pior dia do ano?
2 - Sozinho
3 - Arthur volta a trabalhar
5 - Basta
6 - Um recomeço na vida
7 - Presos
8 - A Salvo?
9 - Tarde Demais
10 - O Impossível
11 - Sou uma boa pessoa quando você está perto
12 - Coisas inesperadas
13 - Boas ações
14 - Feliz ano novo?
15 - Nova vida, novas fases
Epílogo
Outras obras

4 - Não ouse

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By Strange-Boy

O dia estava sendo extremamente irritante. O senhor Mason toda hora colocava algum artigo a mais na minha mesa para eu traduzir. Só hoje acredito que foram mais de uns trinta. A pior parte é que cada um deles é longo. Além de tudo isso, ainda tive que ficar cuidando das traduções que estou fazendo para o site oficial da empresa e páginas de redes sociais. 

— Anda logo, Arthur, a gente não tem o dia todo! — Christopher gritava algumas vezes, ao ver que eu não era o robô ultrarápido que ele esperava que eu fosse.

Exausto, pude respirar fundo assim que deu a hora do intervalo. Levantei da cadeira e saí pela porta da minha sala, estava indo pegar um copo de café quando vi ele, em tamanha pressa, saindo do elevador e passando por mim em direção contrária. 

Esbarrou no meu ombro.

— Ei, cuidado! — exclamei e olhei pra trás. 

— O intervalo é para os fracos!   — Christopher disse em tom alto pouco antes de entrar em seu escritório.

Fiquei boquiaberto ao ouvir o que ele tinha acabado de dizer, mas não era nenhuma surpresa. Tudo de ruim poderia sair daquele estúpido. 

Acho que ele ser bem sucedido e bonito eram suas únicas qualidades. Óbvio, longe de serem as mais importantes em alguém. 

  ∞  

Ao chegar no térreo, Andrea sorriu pra mim. Dei a volta no balcão em que ela ficava e entrei na sala com acesso somente aos funcionários, logo atrás. Lá, pude finalmente beber um pouco de café para me manter acordado e focado. 

— Parece estressado. — Andrea comentou enquanto também pegava café. 

— Não sei até quando vou aguentar mais aquele estúpido. — revirei os olhos.

Andreia gargalhou.

— Enquanto estiver aqui, terá que aturar. — Sun, que também estava na sala, fez uma cara engraçada após comentar.

— Ou talvez não. — dei de ombros. 

Andrea e Sun se entreolharam.

— Bom, acho que já vou subir pra minha sala... — pensei em voz alta. — É melhor adiantar aquela pilha de trabalho.

— Mas já? Mal aproveitou seu intervalo. — Sun perguntou.

— Quero me livrar o mais cedo possível. O dia hoje está cheio. Com licença.

Me retirei do local e fui até o elevador. Apertei o botão para chamá-lo e enquanto esperava, meu celular tocou.

— Alô?

— Amour! Comment allez-vous?

— Mark. — soltei um riso discreto e olhei pro chão. — Seu francês está... melhorando. Estou bem, e você? 

— Pensando em você. 

— Jura?

— Sim. Por que não?

— Bom, é que... você não costuma me dizer essas coisas. Ainda mais me ligar pra comentar algo tão... banal.

— Deu saudade de falar com você e de ouvir sua voz também.

— Nossa, tem certeza que é o Mark que está falando? — ri levemente e entrei no elevador que tinha acabado de chegar. 

— O primeiro e único.

— Preciso desligar agora, mas adorei receber sua ligação.

— Bom trabalho pra você, Artie. Te amo, tá bem?

— Tá bem. — não contive o sorriso. — Obrigado... Também te amo.

Desliguei a ligação e em poucos segundos estava no décimo andar. Andei apressadamente para o meu local de trabalho e retornei a minha missão. 

Durante o restante do meu intervalo, terminei um dos artigos e cheguei na metade de outro. Estava orgulhoso da minha agilidade, mas mantive o foco para não ocorrer nenhum erro como da outra vez. De repente, o senhor Mason entra na sala e faz um olhar estranho pra mim.

— Achei que tivesse ouvindo fantasmas fazendo barulho na sua sala, mas é você mesmo que está trabalhando. Seu intervalo ainda não acabou. — caminhou até mim. — Por que está aqui? 

— Bom... — pausei o que estava fazendo e olhei para ele. — O intervalo é para os fracos. 

Christopher resmungou e olhou pra cima, colocando as mãos no bolso. 

— Se está tentando puxar saco do seu chefe, não vai conseguir.

— Por que eu faria isso? Você não parece ser do tipo que se dá bem com alguém, no fim das contas. — comentei e voltei a escrever. Confesso que fiquei com vontade de rir.

— Escuta aqui. — Christopher olhou pra mim, furioso. — Exijo mais respeito. Eu estou no comando aqui.

— Me desculpe. — disse em tom irônico, respirei fundo e olhei pra ele de novo.

— Terminou mais alguma coisa? Vim buscar. 

Acho que ele não tinha percebido meu tom irônico, ou então resolveu ignorar.

— Sim. — entreguei um artigo para ele. 

— Só um!? — ele gritou e saiu caminhando rapidamente da sala. — Quero mais e pra ontem!

Revirei os olhos e continuei a escrever. Meus dedos já estavam doendo.

 Infelizmente, embora eu tivesse feito todo o esforço possível nesse dia tão cansativo e exigente, me atrasei por dez minutos. Peguei minhas coisas o mais rápido que pude, segurei o último artigo em mãos e saí correndo para o corredor.

Meu chefe estava indo embora e eu precisava entregar o último artigo pra ele. Vi ele entrando no elevador.

— Segura pra mim! Por favor, segura a porta! — gritei, mas Christopher nada fez. Apenas ficou me olhando, como se tivesse prazer em ver as portas do elevador se fechando e me deixando ali, humilhado e constrangido com a situação. 

Com raiva, procurei uma saída. Olhei para a esquerda e vi o lance de escadas. Desci dez andares correndo na maior velocidade possível. Ao chegar no andar térrero, parei diante do elevador que ainda não havia chegado. Sim, eu tinha sido mais rápido que ele. 

Com a respiração bastante ofegante, tentei me controlar, mas estava estressado.

O elevador apitou e as portas finalmente se abriram. Aquele imbecil me olhou dos pés a cabeça. 

— Está no meu caminho. — comentou em um tom tão... tão ridículo que eu mal posso descrever.

— O artigo. Está pronto. — entreguei a ele, forçando-o contra o seu peito. 

Christopher ergueu uma sobrancelha pra mim e segurou as folhas. 

— Não importa, está atrasado. Deveria ter entregado antes.  — comentou e saiu andando.

— Não deu tempo. Eu não sou um robô. — falei enquanto andava, seguindo ele pelo hall principal. 

— Arthur. — Christopher falou em um tom rude e parou de andar, apontando um dedo para meu rosto. — Você tem que se virar! Estou te pagando pra isso!

Respirei fundo e senti que ia estourar.

Realmente aconteceu.

— Não ouse apontar esse dedo pra mim!   — comecei a gritar logo antes de dar um tapa em sua mão, abaixando-a. Christopher arregalou os olhos pra mim com tamanha surpresa pelo ato inesperado.   — Já aturei demais os seus ataques e suas grosserias, mas não vou aturar mais nenhum segundo! Eu não sou quem você espera que eu seja, não estou aqui pra fazer as suas vontades e não vou ficar fazendo coisas impossíveis só porque você manda eu fazer!

De repente, um silêncio ocorreu no salão e todos olhavam pra nós dois, assustados.

— Quer saber de uma coisa? Eu não to nem aí pra sua empresa besta, ou você, ou qualquer coisa que eu tenha que fazer aqui! Só estou fazendo por causa do dinheiro, mas não preciso me humilhar! Então, Christopher...   — soltei um riso sarcástico. — Se está pensando que eu vou ficar me arrastando aos seus pés como se eu fosse inferior a você, está muito enganado. Ou você me trate com respeito, ou eu saio da ViennaLife.

Agora, eu só escutava a minha respiração acelerada e ofegante. A expressão de Christopher mudou para uma de fúria. 

— É bom que saiba respeitar seus funcionários também, não só a mim. Se faltar com respeito aqui, eu saio. Juro que eu saio.   — completei. 

— Você está se achando demais, garoto. — sua voz rouca finalmente comentou algo.

— Eu!? — ri alto.

— Posso demitir você agora mesmo se eu quiser e sabe disso.

— Sim, claro! Então faça isso. Vamos lá, não tenho medo. — sorri para ele e aproximei o meu rosto em uma postura desafiadora.

Christopher ficou em silêncio.

— Ah. — fiz uma cara de dó com todo o sarcasmo possível. — Você precisa de mim...

— Eu não, mas a empresa sim.— ele admitiu, fechando os olhos e tendo que encarar essa dura verdade.

— Não há muitos poliglotas em Vienna, não é mesmo? — suspirei. — Tenha uma boa noite, senhor Mason.

Comecei a andar em direção a porta principal, me sentindo triunfante. Ah! Que sensação de missão cumprida!

Hoje poderia dormir em paz. 

As pessoas começaram a aplaudir. Meu Deus, não estava acreditando naquilo. Comecei a rir. Olhei para trás e vi Christopher saindo pela porta que dava ao estacionamento, furioso. Em contrapartida, ver Andrea e Sun gargalhando juntas me alegrou novamente. 

∞  

— Nossa, seu chefe é muito ridículo! — Mark ria.

— É. — ri também. —Acho que depois de hoje ele vai ser menos insuportável.

— Eu espero que sim, amor. Mark passou o braço por trás de mim enquanto estávamos no sofá vendo nossa série preferida. Tinha acabado de contar pra ele sobre o meu dia. 

Mark estava se esforçando, parece. Porém, ao mesmo tempo, parecia estar desconfortável e fazendo algo contra sua vontade. 

 Está tudo bem com você? perguntei, preocupado.

 Sim, é só que... hoje é sábado e eu...

 Pode falar, Mark.

— Eu queria estar bebendo com os meus amigos.

Engoli seco ao ouvir isso.

— Mark, você já faz isso quase sempre. Já parou pra perceber quantos dias fica com seus amigos e quantos dias fica comigo?

— Arthur, você está sendo abusivo! — Mark se endireitou no sofá.

— O quê!? — me levantei, sem acreditar no que estava ouvindo. 

— É, Arthur! Está com ciúme dos meus amigos!

— Não estou! Eu sempre fui tranquilo com o fato de você ser amigo deles, estar com eles e sair com eles. Só estou dizendo que você passa mais tempo com eles do que comigo! Isso deveria ser equilibrado, Mark! — comecei a me estressar.

— Ora, e por quê!? Está bom assim. 

— "Está bom assim"? —  perguntei, boquiaberto. Não consegui achar mais palavras, só estava muito magoado por uma conversa tão breve. Saí da sala e me sentei na escada, abaixando a cabeça e inevitavelmente começando a chorar.

Mark se aproximou de mim. 

— Escuta, a gente pode conversar melhor. 

— Vai embora. — falei abafado. 

— Arthur, eu...

— Amanhã é nosso aniversário de namoro. — levantei a cabeça e olhei pra ele. — Você se lembrava disso?

— Claro.

Eu duvidei, mas fiquei em silêncio.

— Arthur, vamos sair pra jantar amanhã no restaurante que você mais gosta. Vamos conversar melhor. 

— Tudo bem. — disse, olhando pro lado. — Agora vai embora. Você não quer estar aqui. Não quer estar comigo. 

— Arthur...

— É a verdade. Só... vai embora.

Ouvi a porta batendo e quando finalmente olhei, ele já tinha ido. Eu só conseguia sentir raiva agora. Odeio me sentir assim, então o jeito foi aproveitar o meu sábado indo dormir pra ver se amanhã eu acordava me sentindo melhor.

Os pensamentos ainda martelavam na minha cabeça. Ele achou que eu estava sendo abusivo e não queria estar comigo. Ele estava desconfortável por estar aqui. Que namorado se sente assim? 

Meu amor por Mark é muito grande.

Comecei a pensar seriamente em terminar meu relacionamento com ele, mas por outro lado, ainda sentia esperanças de ter uma conversa que fosse solucionar essas coisas entre nós dois, durante o nosso aniversário no restaurante amanhã.

Que dia horrível... só acaba logo, por favor!

FIM DO CAPÍTULO

Próximo em breve.




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