(Tem duas mídias, e na imagem, é o Boyce antes do acidente e a música que faz referência ao capítulo)
Era tarde da noite quando Nahan adormeceu. Os meses se passavam rápidos, fazendo que Zayn pedisse aos céus que ele fosse devagar. Nahan já ocupava o berço, quando o mesmo olhou para a janela.
A chuva caía como aquela fática noite. Era noite, era maldita.
Havia trovões e raios, que faziam Zayn se recolher na cama, assustado. Ele pensava naquela noite, quando Boyce saiu de casa e não voltou. Era uma noite como esta que ele viu ele despedir com a vida, e a tristeza inundou a vida de Zayn. Ironicamente, era o aniversário de morte dele naquela data...
Tinha noites em que o vento era tão frio
Que, na minha cama, meu corpo congelava
Só de ouvi-lo
De fora da janela
O vento batia na janela, e então ele fechava os olhos. Boyce havia partido fazia tanto tempo mas tinha noites que Zayn se imaginava com ele ainda. A tranca da janela não batia mais, não havia mais o carpete rasgado e nem o silêncio rígido dos vizinhos. Não havia mais roupas espalhadas e lanches em fast-foods. Zayn aconchegou-se na cama e tentou dormir, mas sabia que iria chorar pelo vazio da sua cama.
No andar debaixo, aquela figura misteriosa aparecia e olhava para cima, pois se permitiu que ele visitasse aqueles que o amavam.
Tinha dias em que o sol era tão cruel
Que minhas lágrimas viravam pó
E achava que meus
Olhos secariam para sempre
Ele encarou aquela estante de livros. Zayn ainda adorava ler, e por isso, a estante estava lotada. Ele sentiu que poderia tocar naqueles livros, como fazia antes... De sentir a poeira deles, de escutar a risada dos clientes que entravam e saiam de sua vida, quando ele tinha uma.
Eu parei de chorar no instante que você partiu
Não me lembro onde, quando ou como
E destruí cada lembrança do que houve entre nós
Zayn pensava em Liam, e ao mesmo em Boyce. Os olhos castanhos em sua mente, se transformavam em azuis. Em sonhos mais distantes, ele se imaginava com Boyce ainda, o mesmo tocando sua barriga e chamando Nahan para andar com ele pelo parque, mas Zayn não deveria.
Deveria destruir as lembranças, mas como destruir algo que estava tão vívido em sua lembrança?
Mas quando me toca assim
Quando me abraça assim
Tenho que admitir
Está voltando tudo para mim
Quando te toco assim
E eu te abraço assim
Não sei o porque
Mas tudo está voltando para mim
Tudo está voltando, voltando para mim agora
Zayn escutou um barulho e então, se levantou. Enroscou-se no seu roupão de seda e saiu do quarto. A queda de energia banhou a casa em luz de velas. Ele passou pelo quarto de Nahan. A porta estava aberta e ele então, o viu.
Poderia ser apenas um sonho, ele pensou. Mas suas pernas travaram, seu sorriso alargou. O sangue ficou gelado e seus olhos arregalaram-se.
Se fosse um sonho, ele gostaria de apreciar.
Boyce estava ali.
Houve momentos de ouro
E houve clarões de luz
Houve coisas que não faríamos de novo
Mas sempre pareciam certas
Houve noites de um prazer eterno
Mais do que qualquer lei permite
Baby, baby
Ele usava as roupas da noite do acidente: A jaqueta escura, os jeans rasgados. Seus cabelos curtos e seus olhos azuis. Ele estava molhado, como se a chuva daquela noite que sua vida foi arrebatada, jamais se secasse.
Zayn se aproximou. Boyce apenas sorriu e estendeu suas mãos geladas para ele. Ele brilhava, como uma miragem bela, em um sonho perfeito.
As mãos de Zayn passaram entre os dedos dele, e ele se afastou.
Já não vivia mais.
Mas isso não impediu Boyce em olhar para o berço. Lá estava o fruto de seu amor com Zayn, adormecido. Zayn se aproximou mais um pouco e então, pode sentir que ele emanava uma aura boa.
— Deus me permitiu te ver, pela última vez? — Zayn perguntou, quando Boyce ainda olhava para o garoto. O espectro ergueu os olhos e então, sorriu.
— Boyce, fale comigo... — Zayn pediu, e já sentia as lágrimas em seus olhos — Meu amor, fale comigo...
Mas se eu o beijo assim
E se você suspira pra mim
Isso foi há muito tempo
Mas está voltando tudo
Se me deseja assim
Então precisa de mim
Isso já estava morto
Mas está voltando pra mim
Eu não resisto
E tudo volta pra mim
Mal posso me lembrar
Mas está tudo voltando pra mim
Mas está tudo voltando
Ele apenas olhava para Zayn, e seus olhos que estavam mais azuis da última vez, fizeram Zayn o encarar.
— Deus, me deixe tocá-lo, por favor...
E Zayn foi á frente e então, sentiu-se a maciez da pele de seu falecido marido, o coração em falta em seu peito. Molhado, Boyce apenas o apertou entre os braços.
— Zayn... — A voz dele saiu — Me desculpe...
Haviam ameaças vazias e mentiras
E quando tentou me machucar
Eu te machuquei ainda mais
E mais profundo
— Eu sinto sua falta, eu sinto sua falta... — Zayn repetia — Porque você teve que ir, Boyce?
O rapaz nada mais disse, mas ergueu a cabeça de Zayn, e então encarou suas íris castanhas e sorriu.
— Eu te amo, Zayn.
E de repente, em prantos malditos, Zayn começou a chorar. O espectro o guiou pelas mãos, para fora do quarto.
Eles desceram as escadas, a chuva despencando de maneira rude e bruta. Eles foram até a estante de livros, onde Boyce havia passado mais cedo.
Lá, os livros estavam jogados no chão, mas Boyce havia colocado quatro livros encima da mesa de centro, deixando uma caneta balançando.
A chuva estava tempestuosa, quando ele parou na frente de Zayn. Fez um carinho com as costas dos dedos, no rosto de seu eterno amor.
O silêncio fez com que Zayn o sentisse cada vez mais perto, mas tudo poderia ser apenas um sonho.
A janela da sala se abriu com a força do vento e então, Boyce e Zayn se olharam pela última vez. O sangue começou a escorrer de uma ferida inexistente da testa de Boyce e o mesmo se afastou lentamente de Zayn, enquanto ele desaparecia. As feridas tomavam seu corpo, e ele teve um flashback de sua morte, e Zayn o chamava, mas sem sucesso.
Pela manhã, Zayn despertou-se na cama de seu quarto. Abraçado á foto dele e de Boyce, que ficava no criado mudo, ele esfregou os olhos e então viu o sol bater na janela de seu quarto.
— Boyce? — Ele chamou — Boyce?
Ele ainda segurava a foto quando desceu as escadas. Poderia ser apenas um sonho, ele imaginou. Devo ser sonâmbulo, ou algo do gênero.
Ele ia voltar para a cama, quando seus olhos pairaram na mesa de centro. Quatro livros estavam abertos ali, encima dela.
E uma caneta balançava com o ressoar do vento.
Zayn se aproximou, desconfiado. Ele pegou a caneta, e a sentiu molhada. Os livros estavam abertas em páginas aleatórias, e cada um deles, tinha uma palavra grifada.
Quando Zayn leu apenas as palavras grifadas, começou a chorar instantaneamente.
Então não foi um sonho.
Nunca foi um sonho.
No livro, as palavras grifadas formavam a mais verdadeira frase que Boyce deixou naquela madrugada.
Eu sempre te amarei.
-x-
Vai ter mais uma atualização nessa noite, lá pelas meia noite.
O capítulo que eu trouxe foi em homenagem á Celine Dion.
Vocês terão um capítulo especial da relação de Zayn e Boyce no meio da história.