This is the part you gotta say all that you're feeling, feeling
Carly Rae Jepsen,
Run away with me.
Anos depois, cá estou eu no mesmo banco que achei quando fugi da casa do Alex na fatídica e trágica noite em que o ouvi dizer em alto e bom som que não passaríamos de colegas. Parando um pouco para relembrar na reviravolta da minha vida daquele dia para cá, acho que foi exatamente aqui que eu descobri a verdade tão óbvia: Alex nunca seria meu. Eu só não estava preparada para admitir isso tão cedo, mal havia chegado à décima regra naquela época e assim continuei insistindo na ideia maluca de tê-lo para mim.
Agora vejo e admito uma coisa inegável: não importava as fórmulas mágicas ou truques infalíveis do Jiyong, minha conquista estava fadada ao fracasso desde o momento em que cruzei meu caminho com o dele novamente. Ele apareceu com a proposta tentadora de me ajudar, mas acabou confundindo, bagunçando e virando tudo de cabeça para baixo de vez. Como uma criança encrequeira que ele nunca deixou de ser. Já me considero acostumada a lidar com isso. Parece ser algo natural dele e, agora, pensando bem nisso, até pareço estar o elogiando de uma maneira desajeitada e fofa.
Eu o amo, mesmo com sua mentalidade de uma criança de cinco anos de idade. E dessa vez não irei reclamar da sua personalidade. Ela é tão cativante que também me conquistou aos poucos.
Lembro-me bem que a partir daquele dia e aquele momento de relembrar o passado, passamos a investir mais em nós dois até o terrível dia da nossa "separação". Foi tudo tão eletrizante e rápido que tudo parece ter acontecido em apenas algumas horas; em um momento felizes, no outro despedaçados, enganados pelo destino mais uma vez.
Nem mesmo o Alex me fez esquecê-lo. Nos reencontramos meses após sua partida e saímos uma única vez para jantar. Ele estava diferente, mais feliz do que jamais havia visto antes. Foi uma conversa interessante e libertadora. Ele recebeu uma proposta de emprego no Japão e estava animado com a mudança. Resolvi contar tudo à ele naquele mesmo dia, contei sobre minha história com o Jiyong e o manual de regras que usei para conquistá-lo. Alex não ficou bravo, apenas me confortou quando desabei ao falar sobre o Jiyong. Depois desse dia, infelizmente, não mantemos contato. Mas ainda tenho seu número e espero vê-lo novamente no futuro.
Mas o passado não importa agora. Tudo que penso é nas melhores palavras para usar quando - e se - Jiyong vier até aqui.
Estou disposta e entregue a isso, quero acertar tudo de uma vez e poder ser feliz ao seu lado. E espero que ele também queira o mesmo. É o que mais anseio.
Escolhi esse lugar, pois, secretamente, ele se tornou uma espécie de abrigo para os meus pensamentos contubados. Venho aqui pelo menos uma vez no mês e fico refletindo sobre, basicamente, tudo. É um momento de paz que me permito ter no meio da confusão. Analisando toda a situação por um outro ponto de vista, posso até dizer que era aqui que eu me permitia pensar no Jiyong quando a saudade apertava no meu peito e eu me perguntava por onde ele andava.
É, aqui é o lugar perfeito para declarar todo o meu amor por ele. Gritar em alto e bom som as três palavras que estão entaladas na minha garganta desde a época em que éramos apenas dois adolescentes.
Aperto meu celular contra as mãos, nervosa, já pensando em quando ele começará a tocar. Não demorará muito até notarem a minha ausência, a cerimônia vai começar em poucos minutos. Provavelmente mamãe já deve estar surtando no quarto daquele hotel. Se a April cética estivesse agindo agora, provavelmente eu daria para trás e voltaria ao hotel. A ideia de causar esse vexame à minha família e ao Joon Young me deixa mal comigo mesma. Mas decidi correr atrás da minha felicidade neste exato momento, e ela não pode esperar mais um segundo sequer. Já a deixei escapar por muito anos.
O sol hoje está ameno e a brisa fria vinda do mar bate contra minha pele e diminui a reincidência da força dos raios solares. Procuro afastar todas as negatividades dos meus pensamentos conforme o tempo vai passando.
Ele vai aparecer.
Essa é a certeza que eu tento impôr no meu coração. Depois de tanto tempo, ele não vai fugir novamente. Ele precisa saber do meu amor, preciso lhe dizer isso pelo menos uma vez.
Fecho os olhos e aproveito o clima fresco para relaxar e acalmar as batidas do coração. Encosto a cabeça no encosto do banco e rio com o pensamento sobre o que as pessoas que passam por mim devem estar achando desta cena.
Eu sou uma noiva em fuga. Esse fato me dá um certo frio na barriga e uma sensação de adrenalina correndo pelo corpo em grande quantidade. Como se eu estivesse fazendo algo muito errado, mas pelo contexto, muito certo ao mesmo tempo.
Minutos depois, mesmo de olhos fechados, percebo uma escuridão tomar conta do meu olhar. A luz solar não intercede mais neles e isso me assusta, tanto que eu abro os olhos rapidamente e acabo encontrando quem eu mais esperava. Ter a visão de Jiyong parado atrás de mim com um olhar sério, a gravata afrouxada e os cabelos bagunçados mexe comigo.
Ponho-me de pé e viro o corpo na sua direção. Meu peito sobe e desce num ritmo acelerado, posso até senti-lo apertar contra o tecido do vestido. Esse efeito toma conta de mim em questão de segundos.
Umideço os lábios e abro-os lentamente, na tentativa de ganhar tempo.
Jiyong também parece estar sem fôlego, como se tivesse vindo correndo até aqui. Ele enfia as mãos nos bolsos da calça social e espera uma reação.
Penso em mil formas de começar essa conversa, mas todas são descartadas antes mesmo de formar a primeira frase. Nada parece bom o suficiente para ser dito. Por isso, sem pensar duas vezes no que poderia acontecer, eu seguro a saia do vestido com ambas as mãos e corro na sua direção, contornando o banco e diminuindo o pequeno espaço entre nós. Quando chego na sua frente, envolvo seu pescoço com meus braços, elimino a distância entre nossos corpos e enterro o rosto na curva do seu pescoço.
Noto Jiyong ameaçar dar um passo para trás, surpreso. Mas ele não recua. E, assim, redendo-se ao meu toque, segundos depois ele envolve a minha cintura com seus braços e me traz para mais perto de si. Sinto sua respiração contra meus cabelos e suas mãos passearem pela região da minha cintura, como se estivesse me aquecendo perante o seu toque.
- Pensei que não fosse vir. - Admito, falando baixinho contra sua pele após um tempo.
Jiyong respira fundo e se mantém em silêncio.
- Tive medo de te perder mais uma vez - torno a falar. Sei bem que sou eu quem tenho muito a dizer desta vez.
- Eu recebi o seu bilhete. Vim o mais rápido que pude, bae - fala.
Ouvir o apelido que ele sempre me chamava me faz sorrir.
Mesmo contragosto, acho forças para afastar um pouco nossos corpos e encarar seu belo rosto. Seguro seu rosto entre minhas mãos e olho bem no fundo dos seus olhos. Pauso por um momento até juntar toda a minha coragem e falar, lentamente:
- Eu te amo. - Frizo cada palavra.
Nos seus olhos, vejo a passagem de um misto de sentimentos e um brilho toma conta das suas íris.
Levando uma lufada de ar para meus pulmões novamente, eu continuo:
- Estaria cometendo um grande erro se me casasse com outra pessoa. Desculpa perceber isso em cima da hora. Eu te amo, Jiyong - repito, causando-lhe o mesmo efeito de antes. - Sei que já passamos por muita coisa e fizemos muitas burradas no decorrer desses anos, mas não posso negar o que sinto por você. - Contraio os lábios e respiro fundo, meus olhos começam a marejar. - O tempo não pode apagar o que eu sinto por você, ele não pode apagar o que vivemos, ele não pode apagar nossa história. Eu desisti de tudo por você hoje, fugi da cerimônia pois nunca serei feliz ao lado de outra pessoa. Talvez tenham pregado alguma peça em mim durante todos esse anos - rio no meio de uma expiração -, pois até hoje eu nunca consegui achar alguém que fizesse eu me sentir da forma que você faz. Seu sorriso, seu beijo, seu olhar, sua confiança... tudo foi feito na medida certa para me manter presa à você para sempre. - Minha respiração pesa mais devido o discurso longo e depois vem a sensação de alívio. Aos poucos, vou tirando o peso do segredo de dentro do meu peito.
Ele me encara, boquiaberto, sem dizer uma palavra.
Eu espero pacientemente. Noto nesse meio tempo que o tempo fecha e ameaça chover com nuvens cinzas sobre nós.
Colo sua testa na minha, fecho os olhos por um curto momento e abaixo o olhar logo depois. Encaro seus sapatos brilhantes e limpos fazendo contraste com a bainha já suja do meu vestido.
Quando penso ser rejeitada, Jiyong segura meu queixo e ergue meu rosto novamente. Nossos olhares se encontram e basta isso para eu perder o chão e meu mundo parar. Algo neles mudam, eles me dão a esperança que ia aos poucos perdendo.
- Você... - Jiyong engole em seco - você me ama? - sua voz sai sôfrega, quase como se ele estivesse com dificuldade para pronunciar a última palavra.
Sorrio de lábios cerrados e assinto.
- Sim, Kwon Jiyong. Eu te amo mais que tudo nesse mundo.
Antes que eu pudesse adicionar qualquer coisa a esta declaração, Jiyong cola seus lábios aos meus. Ele os explora com cautela e delicadeza, quase como se temesse que algo desse errado se fosse rápido demais. Seus dedos pressionam meu queixo na medida certa e eu, quando entro no ritmo e assimilo o que está acontecendo, espalmo minhas mãos no seu peito. Sinto as batidas aceleradas do seu coração sob meu toque enquanto nos entregamos à esse tão esperado momento.
Quando nos separamos por falta de ar, nos encaramos em puro silêncio. Extasiados. Necessitados. Afetados. Poderia dar várias sensações para o que esse simples olhar significa, mas nada chegaria aos pés.
Como já era esperado, água começa a pingar nas nossas cabeças e, em questão de segundos, chuva forte passa a cair sobre nós. Mas não mexemos um músculo, não procuramos fugir dela. Em vez disso, sob a chuva, Jiyong abre o sorriso mais encantador e suave que já vi e diz:
- Eu te amo, April Ackles. Te amo com toda a certeza da minha existência. Te amo como jamais amarei outra pessoa.
Gotas d'água descem pelo seu rosto e o deixam mais tentador do que o normal. Suas palavras fazem faíscas pinicarem pelo meu corpo e o queimarem em sensações novas. As clássica borboletas também voltam a aparecer. Eu sorrio em resposta e roço meu nariz ao seu, aproveitando o momento. O frio da chuva não me incomoda nem um pouco e acho que posso dizer isso por nós dois. Estamos satisfeitos na condição que estamos.
- O que faremos agora? - ele pergunta contra meus lábios, atento a eles.
Paro para pensar numa resposta, torcendo a boca por um momento, e não demora muito até eu abrir um sorriso travesso e dizer:
- Vamos fugir.
Jiyong solta uma gargalhada divertida.
- Fugir? - ele prende-me mais a si.
- Sim! - respondo animada e em seguida olho para o céu e grito: - Vamos para bem longe daqui!
Jiyong beija meu pescoço e isso provoca uma risada surpresa em mim.
- Tudo bem. - Logo depois, Jiyong olha para o céu e grita: - Eu vou fugir com a mulher da minha vida!
A felicidade crescente dentro de mim me deixa radiante. Como uma semente adormecida durante todo esse tempo esperando sua hora chegar, sinto-me crescer, desabrochar e brilhar com ele por perto.
Jiyong é o meu sol. É para ele que eu desabrocho e mostro-lhe meu melhor.
Enfio as mãos entre seus cabelos e o puxo para um beijo rápido. Quando nos separamos, me solto do seu aperto e estendo a mão na sua direção.
- Você me permite te guiar? - pergunto, deixando um tom enigmático pairar na minha voz.
Jiyong coça a nuca, desconcertado, sorri e finalmente entrelaça seus dedos aos meus.
- Me leve para onde quiser, bae. Sou todo seu para sempre - responde, sua voz é profunda e melódica.
Meu rosto cora sobre a intensidade do momento, a intensidade dele.
Assim, sem pensar duas vezes, eu seguro sua mão firmemente e começo a correr na chuva com ele me acompanhando, finalmente com a certeza de que achei a mais pura felicidade ao seu lado.
***
Tradução de frase:
"Esta é a parte em que você tem que dizer tudo o que está sentindo, sentindo".
*morta com esse gif, é isto kkkkkk*
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Beijos amores e até o próximo (e último) capítulo.