O preço de amar a Cristo

By filhadatrindade

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O primeiro livro se chama "O preço de ser cristã". Leiam primeiro ele e depois aqui. Agora, de volta ao Bra... More

Prólogo ❤
Capítulo 01 - Eis-me aqui, Pai ❤
Capítulo 02 - Eu vou ficar com você ❤
Capítulo 03 - Era ele ? ❤
Capítulo 04 - As marcas vão continuar ❤
Capítulo 05 - Felicidade que não consigo conter ❤
Capítulo 06 - Doeu mais em você ❤
Capítulo 07 - Você vê em mim o que tem em você ❤
Capítulo 08 - Prisioneira do seu olhar ❤
Capítulo 9 - Até flores serem jogadas no meu caixão ❤
Capítulo 10 - Teu é o Reino, o poder e a glória ❤
Capítulo 11 - Eu vou lutar por você ❤
Capítulo 12 - Você não olhou para trás ❤
Capítulo 13 - Aliança ❤
Capítulo 14 - Olhar esperançoso ❤
Capítulo 15 - Para lembrar ❤
Capítulo 16 - Vocês vão incendiar ❤
Capítulo 17 - Sangue do meu sangue ❤
Capítulo 18 - Fragmentos ❤
Capítulo 19 - Não tenha medo ❤
Capítulo 20 - 70x7 ❤
Capítulo 21 - Dança sensual ❤
Capítulo 22 - Ela me refez ❤
Capítulo 23 - Equilíbrio ❤
Capítulo 24 - Se eu soltar essa mão... ❤
Capítulo 25 - Eu serei a própria cicatriz ❤
Capítulo 26 - Maldito homem que confia no homem ❤
Capítulo 27 - É isso que Deus quer? ❤
Capítulo 28 - Você está pronta? ❤
Capítulo 29 - Amor em segundo plano ❤
Capítulo 30 - Seja feita a Tua vontade ❤
Capítulo 31 - Adeus, meu amigo ❤
Capítulo 32 - Deus, porque me abandonou? ❤
❤ Aviso ❤
Capítulo 33 - Alto preço ❤
Capítulo 34 - influência sobre mim ❤
Capítulo 35 - Remando para o lado certo ❤
Capítulo 36 - Cova do leão ❤
Capítulo 37 - Somos realmente felizes? ❤
Capítulo 38 - Esperança de algo novo ❤
Capítulo 39 - Para a honra Dele ❤
Capítulo 40 - Você tem chance ❤
Capítulo 41 - Obrigada, meu Deus ❤
Capítulo 42 - Que os céus se abram❤
Capítulo 43 - Ele é o tempo ❤
Capítulo 44 - Me dê mais amor por Ti ❤
Capítulo 45 - Eu sinto falta Dele ❤
Capítulo 46 - O Senhor vai dar vitória❤
Capítulo 47 - A vitória tem um preço ❤
Capítulo 48 - Uma ilusão perfeita ❤
Capítulo 49 - Ele nos lava dos pecados ❤
Capítulo 50 - Dependente do seu amor ❤
Capítulo 52 - Me sinto tão viva ❤
Capítulo 53 - Eu vou ir até você ❤
Capítulo 54 - Me mostre a Tua luz ❤
Capítulo 55 - Faça Teu milagre ❤
Capítulo 56 - Sou feliz ao Teu lado ❤
Capítulo 57 - Uma vida sem Ele ❤
Capítulo 58 - Cantinho o céu ❤
Capítulo 59 - Espera por mim ❤
Capítulo 60 - Preso a um amor ❤
Capítulo 61 - Uma bela primavera ❤
Capítulo 62 - Tudo pelo seu bem ❤
Capítulo 63 - Por que? Porque eu preciso dele ❤
Capítulo 64 - O resto da minha vida ❤
Capítulo 65 - O dia que eu fiquei curioso sobre você ❤
Capítulo 66 - Nos tornaremos um ❤
Capítulo 67 - Você vale a pena ❤
Capítulo 68 - Eu não me arrependerei { Último Capítulo } ❤
Epílogo ❤

Capítulo 51 - Ele morreu por você ❤

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By filhadatrindade

Oi amoras, tudo bom? Bem, eu vou colocar essa notinha aqui porque eu sei que nem todos lêem as notas finais e essa é MUITO importante, então leiam.

Como alguns sabem eu tenho um grupo de Whatsapp de interação com os leitores e eu mando spoilers sobre o que vai rolar no livro e tudo mais, mas eu estou me vendo obrigada a vir aqui pedir POR FAVOR que quando vocês, aos que estão no grupo, lerem um capítulo, PAREM de falar sobre pontos importantes no grupo. ISSO É MUITO DESANIMADOR! Sério gente. Eu gosto de manter o mistério da história, não é para ter mais leituras ou coisa do tipo, é porque é mais emocionante assim. Eu fico horas escrevendo um capítulo e irem colocar as coisas mais importantes dele no grupo desfaz todo o meu trabalho em alguns segundos.

Eu amo todos vocês, muito mesmo, mas por favor, não façam mais isso. Se quiserem comentar sobre a parte importante do livro comigo, me chama no privado que eu vou te responder ou chama alguém que leu para comentar.

Espero que compreendam. Vamos ao que interessa:

Alana narrando.

Aos poucos tudo foi voltando ao normal. Se é que dá chamar assim. Meu irmão estava morto e eu ainda não podia acreditar nisso e mesmo se estivesse vivo, ficaria o resto da vida atrás das grades.

Lorena e Arthur vão se casar, o que é uma vitória para quem acompanhou a história dos dois.

Blanca e Alex agora estão em uma segunda lua-de-mel, em Londres, o lugar que Blanca sonhava em conhecer. Eu tive que dar uma dica a Alex sobre isso e parece que ele concordou comigo.

George voltou a Portugal para seguir novamente em missões, como nunca devia ter parado, mesmo chateada com ele, eu o perdoei, afinal, eu sei como é amar alguém e sei que Deus vai preparar a pessoa certa para ele.

Karen estava tendo alta do hospital então eu resolvi fazer uma visita antes disso e dar meu apoio a ela para procurar seu filho, afinal, ela estava viúva e sem dinheiro. Por isso, Diego e eu nos unimos para pagar as despesas do hospital.

— Você tem certeza que não quer carona? – Marcos me perguntou, pela milésima vez.

— Tenho sim. O Diego vai me encontrar lá no hospital e vai me trazer de volta, não se preocupe. – Disse. — Ah, obrigada por estar cuidando da casa dos meus pais. – Dou um abraço rápido nele.

— Eu pensei que você voltaria a morar lá – Comentou, enquanto eu arrumava minha bolsa.

— Não. Acho que eu me prendi demais naquele lugar porque meus pais moraram lá, mas aquele não é meu lar. É só um local que me lembra coisas ruins, amargas. – Ele balançou a cabeça sem dizer mais nada. — Você pode ir buscar Maressa no colégio mais cedo hoje? Ela estava doentinha quando acordou, mesmo assim insistiu em ir ver o filme que a professora ia passar lá. Eu já avisei que ela vai sair mais cedo. – Expliquei.

— Claro. Busco sim. Tenha um bom dia, Alana. Que Deus te guarde. – Ele me olhou bem, podia jurar que via gostas de lágrimas em seus olhos.

— Não se preocupe. Eu sei que Ele está comigo. – Coloquei a mão no ombro dele. — Ah, meu uber. – Dei sinal para o carro e entrei nele no mesmo instante.

Não demorou a chegar no hospital. Dei meu nome na recepção e fui levada ao quarto onde Karen estava internada, ela estava sentada na cama olhando alguns papeis que eu imaginei serem fotos.

— Toc-Toc – Disse batendo de leve na porta.

Ela sorriu ao me ver, mas parecia ainda ter dificuldade de se mover.

— Entra Lana – Eu fiz o que ela pediu e sentei na cadeira ao lado dela.

— Como você se sente? É o dia da sua alta! – Disse.

— É um pouco assustador, mas... Eu estou bem só de pensar que vou ver meu filho. Shawn está me ajudando muito nisso, olha só... – Ela me mostra as tais fotos. — É ele na escola da Suíça. Parece tão feliz.

— Meu sobrinho puxou os olhos da mãe. É lindo. – Seus olhos brilharam.

— Assim que eu puder vou pegar o primeiro voo para lá. – Falou.

— Faz bem. – Dou força a ela.

— Mas estou com medo dele não querer me ver, faz tantos anos... – Seu semblante entristeceu.

— Eu também tive medo dos meus amigos não quererem me ver e aconteceu isso de primeira. Eles estavam com raiva, rancor e medo. Mas aos poucos acho que conseguir reconquistá-lo. Amor é assim: Se conquista. – Dou de ombros e ela sorri novamente, cheia de esperança.

— Obrigada por isso. Deus te colocou na minha vida. – Eu cheguei mais perto e a abracei sem apertar muito. — Eu peço perdão por tudo que meu medo fez você passar.

— Eu já disse que não sou ninguém para te perdoar, mas se é isso que quer ouvir. Vá tranquila atrás do meu sobrinho, eu não tenho magoa de você.

— Obrigada. – Seus olhos brilharam.

Ficamos um tempo conversando. Ela realmente estava feliz com as fotos que Shawn mandou para ela. Eu adorei ouvir sobre esse sobrinho que nunca imaginei que fosse ter um dia. Sai do hospital com a promessa que ela voltaria em breve para me visitar e assim que conseguisse se aproximar dele, o traria para me conhecer.

Olhei a hora no celular e como esperado, Diego estava me aguardando na frente do hospital. Corri para entrar no banco do carona e coloquei o sinto.

— Oi, estranho – Dei um selinho nele, mas ele não parecia exatamente feliz. — O que foi?

— Eu queria passar mais tempo com você hoje, mas preciso conversar com Arthur. – Ele me disse, entristecido.

— Não se preocupe com isso, temos todos os dias da nossa vida para ficarmos juntos. – Acariciei sua nuca, enquanto ele dirigia.

— Não vai ficar chateada por eu não poder ir te buscar na escola hoje? – Eu disse que não com a cabeça.

— Eu peço o Marcos para ir me pegar, não se preocupe – Sorrio.

— Arthur começou a trabalhar na mesma delegacia que a Cecilia, como estagiário. – Eu fiquei feliz com a informação que Diego me deu.

— Ele me mandou mensagem falando. Estou feliz por ele.

— Eu também.

Depois de conversas aleatórias, finalmente estávamos na porta da escola. Eu pude ver de longe que Marcos também estava lá, provavelmente para buscar Maressa, então mandei uma mensagem para ele do carro pedindo que esperasse.

— Até mais tarde – Dou um selinho em Diego e coloco a mão na porta para abri-la.

— Alana – Ele pega minha mão e me puxa para um abraço forte.

— Porque isso assim tão de repente? – Perguntei, mas abraçando-o de volta.

— Não sei, só me deu vontade. Vai com Deus. – Ele me soltou então eu apenas me despedi dele com outro beijo e fui encontrar minha filha.

— Mamãe... – Ela me abraçou quando percebeu que eu estava por perto. — Você veio dar aula?

— Sim... E eu tenho sorte de você estar aqui para nos vermos um pouco. Que tal depois da aula brincarmos? – Perguntei e ela se animou. — Obedeça a tia Sabrina em casa hein? – Ela apenas concordou e voltou a me abraçar.

Coloquei ela dentro do carro com Marcos e acenei para ela enquanto ele dava partida e sumia na esquina.

Cheguei na sala de aula e senti um clima diferente. Todos estavam mais quietos que o normal me esperando. Catarina estava fixada em seu caderno, assim como André e Paulo que nem ao menos estavam juntos.

— Boa tarde – Cumprimento.

Alguns respondem outros não dão importância.

— Tem alguma coisa de errado? – Coloco meu material em cima da mesa e sento-me na cadeira.

Ninguém me responde.

— Catarina? – Ela me olha, um pouco entristecida.

— Não aconteceu nada professora, o clima só está assim hoje. – Disse e voltou a olhar seu caderno.

Foi então que diante dos meus olhos percebi um homem no fundo da sala, vestido de preto, mas como um relance ele sumiu na mesma hora. O que aquilo significa? Eu não sabia dizer.

Dei minha aula e tudo correu bem, os alunos se animaram um pouco mais e eu fiquei em Espirito de oração, eu não sabia o que tinha de errado com o dia de hoje, mas certamente a um céu de bronze sobre mim e há algo de estranho. Como se o inimigo estivesse rodeando a escola.

Eu estava ouvindo algumas vozes de longe. Mas como estava apenas como um zumbido no meu ouvido eu podia jurar que tais vozes eram coisas da minha cabeça, assim como um dia, no passado, eu ouvi, milhares e milhares de vezes.

Olhei para a porta da minha sala, espremendo os olhos, esperando que algo ou alguém se movesse, mas nada. Fui até os vidros da janela da sala de aula, onde eu podia ver todo o pátio – pois era no segundo andar – e estava sem movimento. Estranhei o fato do portão estar meio aberto, mas, provavelmente, era hora da troca.

Os alunos ainda estavam copiando o que eu tinha passado no quadro, com seus olhinhos bem atentos, sem perceber nada de estranho. Com certeza era coisa da minha cabeça. Eu já passei por isso antes, as coisas não mudariam de uma hora para outra. A recuperação para alguns pode ser de sete meses, mas a de outros – eu, por exemplo – pode levar sete anos ou até um ciclo de vida.

Isso me apavora. Em pensar que, talvez, eu possa novamente estar tendo visões ou ouvindo algo que não é real novamente. Isso mexe com todo meu íntimo e sinto meu corpo tremer de leve. Depois de olhar bem firme para os lados e confirmar que nada estava acontecendo, vou até a cadeira e me sento, esperando que o primeiro aluno jogue a bolinha de papel ou me entregue o caderno.

Ouço mais um barulho, porém, vindo do andar de baixo. Atento meus ouvidos, espremendo meus dedos contra a palma da minha mão, esperando que não fosse somente eu que estava ouvindo. Olhei para os alunos: nenhum sinal de que tenham escutado.

— Acabei professora – Catarina, uma das alunas, arrastou seu caderno pela mesa até a minha frente, com os olhos desviando-se para a janela.

— Pode sentar Catarina. – Digo, levantando o canto do rosto, tentando sorrir.

— Prof. – Ela virou-se de volta para mim.

Minha expressão era claramente de dúvida, então ela chegou mais perto de mim e se inclinou chegando o mais perto que pode sem que a mesa a impedisse. Parecia que queria me contar um segredo de estado.

— O que foi Cat? – Sussurrei para ela. Ela parecia querer um incentivo para falar.

— Você ouviu esse barulho? – Desconfiada, ela olhou para a porta e parecia que sua respiração estava ficando mais agitada.

Ela se afastou de mim e, correndo, voltou para seu lugar com os olhinhos azuis piscando sem parar.

Um disparo. Com certeza eu ouvi. Todos na sala começaram a tremer de medo e entre os gritos de susto alguns correram, se ajuntando entre si e outros vieram para detrás de mim.

Com certeza tinha algo de errado na escola. Prontamente me coloquei de pé, tentando esconder os alunos atrás de mim, mas obviamente, era inútil.

A taquicardia começou a me tomar, parecia que meu coração estava saindo para fora do meu corpo. Não por mim, mas por eles.

Mas um disparo. Mais gritos.

Eu não podia controla-los totalmente, mesmo que pedisse para que se aquietassem sempre teria um que, em desespero, iria gritar, gemer, ou chorar de medo. Era compreensível essa reação deles.

Eu tinha que pensar em algo. Eles não podem sair daqui machucados ou mortos. Olhei para todos os cantos da sala, até os que eu não conhecia. Eu precisava, urgentemente, pensar em algo. Antes de tudo, fui até a porta e a tranquei com chave e coloquei uma cadeira em baixo da maçaneta.

As lágrimas queriam preencher meus olhos, mas eu segurei firme. Se eu chorasse como ia dizer a eles para não fazer isso? Preciso ser o exemplo.

— Escutem bem. – Pedi a eles silêncio, depois de alguns segundos, os últimos murmúrios de choro foram se silenciando e eu respirei fundo. — Façam um círculo e deem as mãos. Precisamos orar e pedir a Deus que nos ajude. Só Ele pode.

— Isso é piada? – Eles começaram a resmungar pelos cantos. — Eu sei que a senhora adora isso de orar, mas nossa vida está em perigo agora.

Eles continuaram o resmungo, então eu tentei fechar meus olhos por um instante. Eu não conseguia ver nenhuma saída a não ser essa. Só Deus pode nos ajudar agora, mais ninguém.

— Vamos fazer isso. Se a prof. está dizendo, é porque é nossa única chance. – Catarina se pronunciou já pegando em minhas mãos.

Alguns suspiros. Reviraram os olhos. Reclamaram. Porém estávamos ali depois de alguns minutos, orando. Pedindo a Deus em voz baixa que nos livrasse, se fosse da vontade Dele.

— Levantem-se agora! – Me assustei com a porta voando para o chão.

As crianças, correram para o fundo da sala e se ajuntaram. Observei que alguns ainda estavam de mãos dadas e outros ainda murmuravam algo que parecia ser uma oração.

Apenas continuei segurando, bem firme, as mãos dos dois alunos ao meu lado apesar de um deles tentar se desprender, eu ainda o apertei e enfim ele desistiu de sair. Quando olhei novamente, percebi que alguns alunos ainda estavam de joelhos comigo, sem se mover um musculo.

— Não está me ouvindo falar? – O homem, que tinha alguns fios ruivos e sardas no seu rosto se aproximou com sua enorme arma apontada no meu rosto.

Meu coração só sabia bater cada vez mais rápido. Um acesso de medo fez eu deixar as mãos dos alunos escaparem das minhas, mas eles permaneceram parados juntos comigo.

— Eu ouvi bem. Não estou surda. – Respondi, inclinando minha cabeça para o lado para desviar sua arma de mim.

Bufei. Meu olhar tinha que ser firme, eu não podia ter nenhum tipo de demonstração de medo, eu não podia recuar. Eu precisava passar o máximo de segurança para aquelas pequenas pessoas que estavam apenas começando suas vidas.

— Porque fez eles orarem? Agora terei que matar todos. – O moreno que estava na porta inclina sua cabeça para fitar as crianças no fundo e já prepara sua arma. — E eu ainda tinha impressão que aqui teria alguma salvação. – O moreno continuou.

— Tem salvação aqui, para todos eles. E para mim também. Eu não vou negar a Jesus só porque tem uma arma de fogo na minha cara. – Falei com o tom de voz debochado. — Vocês são os únicos que irão saber como é o inferno e os que habitam lá. – Trinquei os dentes, falando o mais baixo possível, apenas para o ruivo com sua arma em cima de mim, poder ouvir.

— Porque está falando assim comigo? – Ele agarra meu queixo e me dá uma bofetada.

Isso doeu, claro que sim, mas depois da primeira bofetada, as que vem depois são como um arranhão e não como um espinho cravado em seu peito.

— Você é uma vadia. Isso sim. – Ele continuou segurando meu queixo e, um arrepio na espinha me tomou, quando ele começou a me devorar com seu olhar de cima a baixo. — Nós poderíamos nos divertir com ela antes, não acha?

— Eu acho que você deve acabar com isso logo. Antes que as sirenes comecem a vir. – O moreno, porta, rosna.

Não. Eles não podem fazer mal a essas crianças. Por favor, meu Deus, salve-nos agora. Salve-os. Que a vida deles seja poupada e a minha seja tomada em troca.

— Tanto faz. É só levantar o vestido dela e abrir meu zíper. – Eu continuei imóvel, tentando, com todas as minhas forças, não demonstrar um pingo de medo. — Você não vai se negar?

Apesar de parecer forte, naquele momento eu estava tremendo, mas eu sei que o meu Redentor está comigo. Ele jamais me abandonou nos momentos que eu mais precisei, não seria agora que isso aconteceria, pois, minha confiança está totalmente Nele.

— Você não pode me tocar. – Minhas mãos se moviam em espasmos.

— Haha. – Riu debochadamente, mordendo seu lábio inferior em seguida. — Você está dizendo que vai cair fogo do céu? – Continua com seu tom de desdém.

— Se quiser ser idiota e arriscar. Vá em frente – Eu pego a mão dele, que permanecia pousada em meu queixo e a afasto bruscamente.

Viro meu corpo e vou até as crianças, abraço calorosamente, as crianças, soltando um: "Vai ficar tudo bem". Com minha visão periférica percebo os dois se olhando com uns olhares inquisidores.

— Vocês precisam se confessar a Jesus e aceita-lo agora em suas vidas, ok? Vocês aceitam? – Disse rápido e baixo para eles, que balançaram suas cabeças concordando. Sorri. Eu via sinceridade em seus olhos.

Então um deles apontou e disparou contra a criança que estava em baixo da mesa no fundo da sala. A criança deu um grito e chorou forte.

Todos tremeram, eu senti. Eu também tremi. Fechei meus olhos e depois de alguns segundos que pareceram eternos, os abri. E fiquei aliviada ao ver seu corpo se movendo irregularmente em baixo da mesa, então ele correu até mim, segurando forte minha mão.

— O que houve? – O moreno cerrou os olhos para o ruivo. — Você errou a merda da mira?

— Eu não sei o que aconteceu. – Não resisti sorrir de canto, eu sabia que o meu Pai tinha sido o autor disso.

— Você, professora. Venha aqui. – O moreno com seus olhos penetrantes veio até mim e arrastou-me com toda a força para o lado de fora. – Joga essa merda de gás aí dentro e que eles morram logo! – Rosnou ele para o ruivo.

Pegando-me pelo pulso, ele, que continuava com seu olhar intacto, me empurrou contra a parede e começou a descer seu zíper e, na primeira tentativa, rasgou todo o meu vestido. Agora eu estava intimamente exposta.

Eu só queria fugir daquela situação, mas minha confiança está em no Deus que tudo pode. O Deus altíssimo.

— Qual seu nome? – Ele riu de canto.

— Alana. Alana Sanchez.

— Você é a irmã do... – Ele suspirou, como se sentisse orgulho. — Como pode isso? – Começou a gargalhar alto. — Bem, não me interessa mais. Eu vou fazer você não esquecer disso nunca.

Talvez eu jamais fosse esquecer. Talvez eu não durasse tanto assim. Talvez esquecesse na manhã seguinte.

Na minha cabeça passava várias possibilidades, uma delas era a morte. Eu não tinha mais medo da morte como antes. Eu, provavelmente, há algum tempo atrás, pediria ao Senhor Todo-Poderoso que me deixasse viver para realizar o que eu ainda não pude, mas agora, não. Se é da Tua vontade, Pai. Me leve. Eu só tenho a ganhar com isso.

— Mas... Para não dizer que sou uma pessoa horrível... – Coçou a garganta tirando-me dos meus devaneios — Você pode deixar de servir a Jesus agora e entrar para nossa causa. Você tem potencial.

— Uma borboleta jamais poderia se transformar em uma cobra cheia de veneno, assim como uma cristã de verdade jamais se virará contra o Deus Altíssimo. – Torci meu rosto, tentando demonstrar todo nojo que tinha dele.

Foi então que ele ergueu minhas mãos, segurando-as ainda mais forte. Rindo alto, ele continuava. Alana só pensava em como se sentiria em paz com Cristo dali por diante, pois, ela não o negaria.

Jamais. Nos últimos sete anos não tinha feito isso e não faria isso agora.

— O que foi que você disse? – Seguiu rindo de mim.

— Eu não vou negar a Jesus. Nunca. – Reiterei.

— Pronto, joguei. Aquelas crianças vão morrer em questão de minutos. – Olhei para o lado, aonde o ruivo saia da sala e as lágrimas caíram dos meus olhos, pois eu não podia fazer nada agora.

Só Deus poderia.

Ele me olhou nos olhos e então reconheci ele.

Flash back on – Referente ao capítulo 10 do livro 2.

— Licença? – Um homem de cabelos ruivos me despertou.

Seus olhos eram verdes com esmeralda e ele era bem mais alto que eu.

— Sim? – Ele sorriu assim que o respondi.

— Onde fica o prédio de administração? – Questionou ele, olhando para alguns papeis em sua mão. — Eu estou completamente perdido.+

— Ah, é logo ali. – Aponto para o prédio bem atrás de mim.

— Obrigado. – Ele sorri.

— De nada. Deus abençoe – Digo, enquanto ele passa por mim.

— O que disse? – Fez-me virar para ele novamente.

— Deus abençoe.

— Você precisa de foco aqui e não da benção Dele, mas agradeço pela informação. – Pressionou os lábios e voltou para seu caminho.

Flash back off.

O gemido de dor e gritos dentro da sala me puxaram de volta para a realidade, onde eu percebi que a minha volta durante todo esse tempo, existem pessoas que apoiam tal causa como meu irmão. As crianças choravam e eu num ato corajoso, ou idiota, tentava me livrar das mãos do moreno. Eu só queria poder fazer alguma coisa para tirá-las de lá.

Eu não me importava com como eu estava vestida agora. Eu só precisava de uma oportunidade de tirar eles dali. Enquanto eles gritavam, atingindo meu coração de dor, ouvi em outras salas o mesmo acontecer, mesmo que um silêncio tenha se formado aos poucos em alguns pontos.

Eles estavam morrendo e eu não conseguia fazer nada.

— Chega disso – Ele me puxou com mais força e colocou a arma na minha boca. — Eu só vou brincar um pouco com você e então, acabamos. – Ele sorriu malicioso.

Então ouvi mais passos subindo a escadaria. No fim do corredor aquela sombra, em meio a tanta fumaça, se aproximava de nós, com o mesmo tipo de roupas que esses dois usavam. Usava mascara de gás e apenas seus olhos estavam a mostro, pois ele cobria seu cabelo com uma touca preta. Ele chegou mais perto e encarou a nós dois quando percebeu a situação.

— O que você pensa estar fazendo? – Perguntou.

— O que? Vai defende-la? Ela é da mesma corja que todos eles. Então não vale nada.

— Pode até ser isso, mas eu disse que eu cuidaria dela, então sai de perto. – Eu apenas fechei meus olhos e senti suas mãos me largando e meu corpo encontrou o chão.

Peguei os restos da minha roupa que foram rasgados e tentei me cobrir ao máximo.

Meus ouvidos estavam atentos ao pedido de socorro daquelas crianças.

Deus, por favor, não deixe que eles morram. Faça com que eles resistam até o socorro chegar. Eu lhe peço.

— Vão terminar o serviço! – O homem que acabara de chegar dá uma ordem que de imediato é atendida.

— Por que estão fazendo isso? Qual é o sentido de tanto ódio por um Deus tão bondoso? – Sinto as gotas de água formarem-se no canto dos meus olhos e eu solto o ar que tinha prendido sem perceber.

— Ele pode até existir. Mas não é justo. É bondoso com uns e terrível com outros. Qualquer um que segue essa crença de um Deus invisível é sem noção e não merece viver. Deus não merece seguidores fieis. Ele não merece tanta devoção. – Rosnou, enquanto ajeitava a arma que tinha em suas mãos.

— Ele morreu na cruz por pessoas como você. Ele morreu pelas pessoas que o crucificaram, humilharam, cuspiram Nele. Apenas por amor. Por amor... Ele te salvou.

— ELE NÃO SALVOU NINGUEM. APENAS FEZ CENA! – Ele agachou e segurou meu rosto com apenas uma mão, impedindo-me de falar, pela força exercida.

— Hum... Está me machucando! – Minha voz sai embargada e as palavras confusas.

Ele me solta e ouço uma risada por trás de sua máscara.

— Isso pouco para o que você merece. – Disse perto de mim. 

Continua....

E houve trevas sobre toda a terra, do meio-dia às três horas da tarde. Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: "Eloí, Eloí, lamá sabactâni?", que significa "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?" 
Marcos 15:33-34

🌻Nota da autora🌻

O que vocês acham disso?
Finalmente chegou esse dia... o dia do massacre.

Deus abençoe e...até a próxima ♥️

🌻🌻🌻🌻🌻🌻

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