Sombras do Desejo (Romance Lé...

By CarolRosa86

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Paola é uma mulher de 22 anos que, devido a uma gravidez aos 17 anos, viu sua vida virar de cabeça para baixo... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52 - Final

Capítulo 12

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By CarolRosa86

Acordei com o Sol novamente nos meus olhos em plena manhã de segunda-feira, me sentindo destruída de ficar, mais uma noite, dormindo no sofá.

- Preciso dar um jeito nisso. - Falei passando as mãos no rosto e me levantando.

Como em todas as manhãs, me arrumei, acordei meu pequeno e o vesti, tomamos nossos cafés para podermos sair. A diferença dessa manhã foi meu "queridíssimo hóspede" atrás de nós feito barata tonta.

- Vai se sentar Anderson... você não pode ficar de pé. - Falei já sem paciência, enquanto ele estava atrás de mim.

- Eu não estou apoiando o pé no chão. - Respondeu me seguindo igual a um saci. - Quero saber se quer que eu faça algo para quando você voltar?

- Pelo amor de Deus... não toca em nada! - Falei levando as mãos a cabeça. - Isabel tá de folga e vai trazer seu almoço, não precisa vir para a cozinha.

- Mas...

- Não tem mas nem meio mas, Anderson... você não sabe nem fritar ovo, vai fazer o que aqui na cozinha?! Queimar tudo?! Não, obrigada! - Falei exasperada, pegando minha bolsa e a mochila de Gabriel para levá-lo para a creche. - Dá tchau para seu pai, já vamos.

Gabriel foi até Anderson, que nos olhava ainda de pé, e lhe deu um beijo na bochecha, vindo em seguida em minha direção. Peguei na mão do meu filho, fiz sinal de cabeça para meu ex e saí, pois não queria chegar atrasada no trabalho.

Não contei para vocês sobre minha ida na praia, né? Desculpem, sou esquecida e distraída demais. Então, foi maravilhoso! Meu irmão passou, como ele falou que faria, às 09:00 na minha casa para nos pegar. Aprontei tudo na noite anterior e deixei tudo certo para não haver contratempos.

Anderson, quando soube que sairia e deixaria ele sozinho em casa, fez o maior drama, dizendo que não poderia ir e ele ficar sem ninguém, pois poderia precisar de algo, etc. A verdade era bem simples: ele estava com ciúmes de eu ir e ficar de biquíni com vários marmanjos me olhando. Desde que o conheci, ele vivia dizendo que não gostava quando eu ia a praia, pois sempre tinha um cara para me olhar.

Quer saber? Problema dele, sou livre agora e desimpedida, posso ir onde quiser, quando quiser e como quiser. Não tenho que "agradar" ninguém. E também, não estava fazendo nada de mais, estaria com minha família curtindo um domingo de Sol.

Enfim... fomos a praia de São Conrado – eu queria ir para Copacabana, mas minha cunhada queria ir para essa, meu irmão dirigia, então, já sabemos quem venceu, né? - e passamos um dia maravilhoso.

Gabriel estava eufórico, não era a primeira vez que ele vinha a praia, mas toda vez que o levávamos, ele fazia uma farra tremenda. Comemos na areia, peguei um bronzeado ao lado de Vanessa, conversamos, rimos, ou seja, um domingo perfeito. Saímos de lá já eram quase 18:00. Eu sei, eu sei. Vocês devem estar se perguntando 'que tanto eles ficaram fazendo na praia?'. Gente! Vocês não estão entendendo, há mais ou menos um ano que não ia, queria aproveitar cada segundo, ainda mais agora que minha vida estava melhor que nunca. Entendem?

Mas, voltando ao momento atual, levei meu pequeno na creche e fui disparada para o trabalho. Tinha algumas coisas para arrumar para essa semana. Ainda bem que lembrei de avisar Fernanda da reunião que ela tem hoje cedo com o diretor daquela rede de calçados. Hoje ela teria um dia cheio.

Cheguei na empresa e, como sempre, fui para a minha mesa, preparar tudo para meu dia de trabalho. Organizei alguns contratos que Fernanda deveria assinar, verifiquei os e-mails, fiz o (sagrado) café que todos serravam. Já tinha virado rotina, tanto que agora o pessoal da operação trazia lanche, pó, açúcar. Eles me confidenciaram que não o faziam antes, pois tinham preguiça. Filhos da mãe.

Passei a manhã ocupadérrima, pois tinha muita coisa para fazer. Pelo menos distraía minha mente. Durante todo esse tempo, Fernanda não deu as caras, mas havia me mandando alguns e-mails solicitando algumas informações que precisava para a reunião.

Já eram quase 12:00 quando Larissa veio até minha mesa, sorridente como sempre.

- Tá ocupada, Paola?

- Estou terminando de organizar uma planilha, por quê?

- Nada de mais, só te chamar para almoçarmos juntas. - Respondeu me fazendo olhá-la, ela nunca chama ninguém para ir com ela, pois, pelo que ela me confidenciou uma vez, aproveitava para ver um rapaz com quem ela estava tendo um caso. - Não quero ir sozinha. - Completou.

- Mas e... - Sussurrei olhando em volta.

- Não me fala sobre isso. - Bufou. Pelo visto as coisas estavam ruins.

"Acho que não vai ter problemas, aliás, vai ser bom ter companhia para comer." pensei. - Deixa eu só salvar meu trabalho e responder um e-mail e já vamos. - Respondi sorrindo e recebendo dela um aceno de cabeça.

Terminei de ajeitar tudo, peguei minha bolsa e saí com Larissa. Ela disse que havia encontrado um restaurante ali próximo que era o famoso BBB (Bom, Bonito e Barato), o que minha carteira agradece.

Segui com ela e chegamos no local. Era um restaurante self-service, muito bonitinho e, pelo que notei, a comida parecia, realmente, boa. "Me lembre de agradecer a Larissa." pensei já pegando um prato para me servir.

Terminamos de arrumar nossa comida e fomos até uma mesa de canto, para podermos comer e conversar um pouco.

- Adorei o lugar. - Comentei com Larissa, que estava pedindo um suco para o atendente.

- Não é?! Eu descobri pelas minhas andanças por aqui... parece que abriram há pouco.

- Que bom que você anda mais que eu, assim tenho onde almoçar. - Fiz graça, fazendo ela rir.

Comíamos e conversávamos sobre todo o tipo de assunto que mulheres gostam, roupas, sapatos, maquiagem, casa, etc. Larissa é uma garota jovem, assim como eu e me surpreendi ao descobrir que ela faz faculdade de administração. Nem sei porque fiquei surpresa, afinal, era comum uma garota como ela pensar em estudar e melhorar seu currículo para no futuro ter algo melhor.

- Hoje parece que teremos um pouco mais de trabalho. - Ela comentou enquanto comia sua salada.

- Por que diz isso?

- Ora Paola... nem o Cláudio e nem a dona Fernanda ainda deram as caras, isso é sinal de trabalho extra. - Ela respondeu me fazendo rir.

- Realmente, sempre que eles "somem"... - Fiz sinal com as mãos. - voltam cheios de serviço.

- Mas não podemos reclamar, não é?!

- Claro que não... - Fiz uma pausa e a olhei.

- Quanto mais trabalho, melhor para a agência e mantemos nossos empregos! - Falamos juntas, rindo depois.

Apesar de pouco tempo nos conhecendo, já tínhamos nossas brincadeiras internas e, confesso, eu gostava de falar com ela, Larissa é uma garota inteligente, prestativa e muito divertida. Continuamos comendo depois da brincadeira, mas, ela que estava de frente para a entrada, de repente, arregalou os olhos e abaixou as vistas, parecendo querer se esconder de alguém.

- O que houve, Larissa? - Perguntei já pronta para me virar e ver quem era que tinha entrado. Quando a curiosidade bate, fico pior que a garota do filme Exorcista, devo confessar.

- Não olha... - Larissa me impediu um pouco alarmada, segurando meu braço.

- Por que?

- O Juliano... - Falou em um sussurro, com a mão sobre os olhos, formando como se fosse uma aba.

- Quem?! - Perguntei sem entender.

Larissa me olhou e bufou, rodando os olhos. - O cara que te falei... com quem eu tava saindo. - Explicou.

- Ah! - Exclamei entendendo. - Ele tá aqui?

- Sim... - Ela olhou disfarçadamente. - E tá com a piriguete por quem me trocou.

- Te trocou?! - Acho que estava meio lesa hoje, pois estava fazendo as perguntas mais impróprias. Nem preciso dizer que Larissa me olhou com cara de quem não gostou, né?

- Sim! Me trocou! - Respondeu irritada, abaixando a cabeça triste.

- Aí amiga... desculpa. - Falei sem graça. - Desculpa de verdade... estou só fazendo pergunta merda... me perdoa.

Larissa suspirou meio derrotada, apoiando os cotovelos sobre a mesa e levando as mãos ao rosto.

- Tudo bem... é que... é complicado para mim, sabe? - Respondeu com voz triste. - Eu sabia que ele era conhecido por ter várias namoradas, eu mesma já cheguei a dar uns foras nele várias vezes... - Suspirou novamente. - Mas, sei lá... tava carente e ele veio cheio de carinho, atencioso, acabei cedendo. - Voltou a levar as mãos ao rosto.

- Larissa... - Tentei dizer algo para confortá-la, mas, sabem quando nada vem a mente? Então! Não conseguia pensar em nenhuma palavra de conforto.

- Não... - Falou voltando a se recostar na cadeira. - Não tem o que ser dito... eu sabia que ele era assim, cedi e paguei o preço por acreditar que poderia ter algo.

Olhou na direção onde eles estavam e, aproveitando, nesse momento eu também virei e pude vê-los. Ele era um homem muito bonito. Cabelos negros bem aparados, barba por fazer, mesmo de roupa social parecia ter um corpo bem cuidado. Era o tipo bonitão, que sabia que era bonitão e se aproveitava bem disso. Ele estava acompanhado de uma loirinha, pela forma que ela falava e gesticulava, parecia bem jovem, mas era bonita também.

- Isso que dá me envolver com uma Fernanda de calça. - Larissa completou, me fazendo virar de supetão.

- Oi?! - Perguntei aturdida.

- Fernanda de calça, Paola. - Voltou a falar. - Ou seja, um galinha... É uma piada interna do pessoal da agência, esqueci que você é novata.

- Mas acho que já tenho tempo para saber algumas piadas internas, então me explica isso aí. - Pedi tentando manter minha curiosidade máster sob controle.

Larissa bebeu de seu suco e sorriu com minhas palavras. - Tá bom, mas fica entre a gente, se ela descobrir, do jeito que é, manda todo mundo embora. - Riu de sua colocação. - Então... rola uns boatos nos corredores da agência, que Dona Fernanda é lésbica...

- E daí?! - Cortei-a, afinal ela ser lésbica não é motivo para acharem que ela era mulherenga.

- Deixa eu terminar. - Larissa falou balançando as mãos. - Claro que ela ser lésbica não significa nada, mas... - Respirou fundo. - O pessoal disse que ela é do tipo femme fatale, daquelas que pega e não se apega. - Finalizou rindo e mordendo o lábio.

- Mas... - Tentei falar, mas não conseguia. Só conseguia pensar nas coisas que ela me fazia. Realmente, ela é uma mulher fatal.

- Eu sei... - Larissa sorriu "excitada". - Ela é tão séria, mas algumas pessoas já a viram muito bem acompanhadas em várias ocasiões e sempre de uma mulher diferente e do tipo mulherão, sabe?! Claro que podem ser só boatos, mas, já reparei que de vez em quando ela recebe umas visitas diferentes. - Concluiu.

Eu só a encarei sem nada dizer. O que poderia falar? Gente, eu tava transando com a mulher quase que diariamente. Tudo bem que isso não significava que ela era esse tipo de mulher, mas já era indícios suficientes.

Logo me veio a mente a imagem daquela mulher linda que apareceu aquela vez lá no escritório. Fernanda, pelo visto, havia discutido com ela, tanto que a mulher foi embora com a cara encharcada de lágrimas. "Será que era uma dessas garotas?"

Não sabia o que pensar sobre esse assunto. Na verdade não queria ligar para o assunto, mas estava meio impossível. Larissa e eu terminamos de almoçar e fomos de volta para nosso trabalho. Ela estava mais leve, acho que nada como uma fofoca para aliviar as tensões das pessoas.

Mas, posso ser sincera? Quando cheguei em minha mesa, as coisas que ela havia me dito, ficaram martelando na minha cabeça. Era como se uma porta que eu não queria que se abrisse, tivesse sido arrombada na minha frente, dando visão para algo que preferia não ver.

"Meu Deus Paola! Ela disse que te quer só para amante e, apesar dos pesares, você ainda nem sabe como sua vida está! Esqueceu que seu ex está na sua casa?" pensei levando as mãos a cabeça e massageando minha têmpora.

- Mas que buraco que eu fui me enfiar?! - Sussurrei fechando os olhos. Acabei de descobrir algo que, apesar de não ter que me atingir, me atingiu em cheio.

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Depois de um final de semana terrível, onde minha ideia de diversão se frustrou sem eu nem mesmo entender o porquê, estou eu aqui, me encaminhando para uma reunião com o diretor-geral da empresa de calçados com a qual estamos fechando um contrato de publicidade.

Gustavo é um conhecido meu das antigas. Estudamos juntos até o ensino médio, antigo segundo grau. Seus pais são amigos do meu pai, até porque trabalham praticamente no mesmo ramo. Enquanto os pais de Gustavo foram para o comércio de sapatos o meu estava bem nas lojas de departamentos.

A sede de sua empresa, pelo menos a administrativa, ficava no Rio, porém tinham lojas espalhadas por todo o Brasil. Conseguimos esse contrato apresentando para ele algo novo, focarmos a publicidade para os clientes de cada região, mirando na sua cultura e gostos, o que aumentaria seu alcance e faria o cliente se identificar.

Eu estava em casa no domingo a noite, totalmente entediada, assistindo uma série qualquer, quando meu celular vibrou anunciando uma mensagem e, quando peguei para ler, senti algo diferente, parecia que eu estava feliz só em ler o nome. Paola estava me avisando, como fez diversas vezes, sobre a reunião de hoje. Era estranho, mas fiquei excitada em ver seu nome e isso era diferente demais até para mim.

Estacionei meu carro e segui para o escritório dele, que ficava logo no centro da cidade. Logo que cheguei ele me atendeu, sempre sorridente. Gustavo não havia mudado nada de quando éramos adolescentes, mantinha o mesmo ar jovial e divertido, mas, não se enganem, essa visão amigável dele só vai até a segunda página, pois ele é muito exigente no trabalho e competitivo.

- Bom dia, Fernanda. Como está? - Cumprimentou-me assim que entrei, se levantando e vindo até mim.

- Bom dia! Estou bem, Gustavo. - Respondi lhe dando dois beijos no rosto. - E você? Vejo que está extasiante. - Comentei indo me sentar na cadeira que ele puxava para mim.

- Estou bem também e... sim, estou extasiante. - Respondeu já se sentando de frente para mim.

- Hmm... se não for intromissão demais, posso saber por que? - Perguntei curiosa, fazendo com que ele risse alto.

- Sempre curiosa. Mas pode sim, não é intromissão. - Recostou-se. - Além dos negócios estarem indo bem... - Ergueu a mão direita, mostrando uma aliança. - Estou noivo.

- Oh... ora, ora. Quem diria que alguma mulher ia te aturar... todo certinho. - Falei implicando e recebendo uma careta divertida dele.

- Pois saiba que ela é maravilhosa e tem muito bom gosto. - Respondeu dando um piscadinha para meu lado.

- Sei... - Sorri. - Mas noivados a parte, vamos ao que nos interessa agora: nosso trabalho. - Falei.

- Sempre direta, hein! Você tem que relaxar um pouco também Fê. - Gustavo comentou balançando a cabeça e rindo. - Mas, vamos ao que interessa então.

Ficamos, praticamente, a manhã inteira em reunião. Apesar de todo projeto de marketing já está pronto, Gustavo fez algumas solicitações de mudanças, para deixar mais com a cara da empresa dele. Tive que me virar do avesso para conseguir adequar ao que ele pediu. Fiquei a manhã inteira trocando e-mails e mensagens com Paola para fazer tudo o necessário.

Falando nela, estava sentindo falta de Paola. Sei lá, senti falta de seu sorriso de manhã, me trazendo o café e me passando a agenda, de vê-la trabalhando tão compenetrada, do seu cheiro. Bem que dizem que criamos hábitos, acho que, apesar do pouco tempo, estou me habituando a ela, vê-la e falar com ela durante a semana.

Quando, finalmente, saí da sede da Feet Street já eram mais de 14:00. Eu estava me sentindo bem cansada, afinal foi algo bem trabalhoso arrumar tudo, mas no fim, reforcei a conta que já tinha e ainda consegui autorização para um aumento no orçamento direto do cliente. "Preciso almoçar em algum lugar, estou sem o café" pensei olhando em volta.

O caso era que depois dali ainda teria que ir no lugar que não queria de jeito nenhum: Na empresa da minha família.

Minha irmã, Helena, entrou em contato pedindo uma avaliação para melhoria na publicidade das lojas, pois essas tinham perdido um pouco sua gama de clientes. Para dizer a verdade, não queria ir lá, mas como era um pedido da minha irmã, resolvi atender. Claro que se ela quer usufruir dos meus trabalhos, terá que fazer uma contratação formal, nunca é ruim para minha empresa ter, mal ou bem, uma rede como as lojas gerenciadas pela minha irmã como cliente.

Corri, comi algo e depois fui correndo para o escritório de Helena, que ficava num prédio, onde, no térreo, ainda funcionava a primeira loja montada por meu pai. Ali servia como uma encubadora, onde eram lançadas as novidades, sejam elas em produtos ou métodos, para depois levarem para as outras, assim era fácil ter os resultados necessários para as avaliações.

Cheguei no prédio, na Tijuca, e fui direto para o andar da diretoria. Helena havia sido colocada no cargo de diretora-geral pelo meu pai há pouco mais de um ano, quando terminou sua especialização em Gestão de Varejo, pela FGV de São Paulo e trabalhava arduamente para mostrar seu potencial, buscando elevar o nome das empresas da família.

Assim que entrei, já me deparei com o "amontoado" de funcionários, cada um de um setor diferente. Ao sair do elevador, pude sentir o olhar de cada um deles em cima de mim, o que, confesso, me incomoda, pois sabia que me olhavam por eu ser a filha mais velha do dono daquilo tudo.

- Boa tarde, Helena se encontra? - Falei ao me aproximar da mesa da secretária dela, que já me olhava assustada.

- Boa tarde... só um minuto, vou avisar que a senhora está aqui. - Respondeu pegando o telefone apreensivamente e discando o ramal da minha irmã, que não demorou a atender.

Agradeço por ela ter consegui falar rápido e Helena está livre, não tive que esperar muito e logo já estava dentro da sala da minha irmã, com ela grudada no meu pescoço, beijando minha bochecha e me puxando para sentar no sofá com ela.

- Que bom que você pode vir, Fernanda. Precisava mesmo da sua ajuda. - Falou me olhando animada.

- O que você quer exatamente que eu te ajude, Helena? - Perguntei indo direto ao ponto.

- Aff Fernanda. - Ela bufou se "jogando" no sofá. - Dá para relaxar um pouco... claro que quero falar sobre negócios, mas dá pelo menos para perguntar como eu estou?! - Falou indignada.

Sorri diante da reação dela. Ok! Devo admitir que não custa ser um pouco mais cortês com ela – e mais educada também, diga-se de passagem.

- Tá bom... desculpa, é que estou cansada e saída de uma reunião longa e trabalhosa com o Gustavo. - Tentei me explicar.

- Gustavo Leão?! - Helena perguntou me encarando e eu só balancei a cabeça positivamente, apoiando meu cotovelo no encosto do sofá e a cabeça na mão. - Ele ficou noivo daquela reporte esportiva, ele te falou, né?

- Falou, mas não entramos em detalhes, eu estava atolada e...

- E deu um chega pra lá no coitado quando ele tentou falar algo. - Helena me interrompeu rindo. Realmente ela me conhece.

- Espertinha. - Falei rindo. - Mas como você tá?

- Estou cansada, mas bem. - Helena respondeu. - O papai que está doente. - Completou.

- Hmm... o que ele tem? - Perguntei displicente fazendo Helena rodar os olhos.

- Dá para fingir preocupação pelo menos... Droga Fernanda! É seu pai também.

- Não disse que não estou preocupada, só que, pela forma que você falou, não deve ser algo sério. - Respondi sem mais, dando de ombros. Eu tinha motivos para não me descabelar pelo meu pai e ela sabia bem disso.

- Não parece. - Ela retrucou. - Você tem que deixar essas coisas para trás, ele se arrepende...

- Já deixei para trás, Helena... e não quero falar sobre essas coisas, aliás, estou cheia de coisas para fazer na agência, então, vamos ao trabalho. - Disse a cortando. Não era um assunto que eu queria reviver em minha mente e vida. Passado é passado e é lá atrás que essas coisas devem ficar, não ser revividas sempre.

Helena, transparecendo contrariedade com minha atitude de colocar uma pá de cal na história, suspirou pesadamente, mas nada disse.

Ficamos a tarde conversando e analisando algumas coisas para melhorar a "imagem" e publicidade da empresa. Superficialmente, fiz um planejamento para levantarmos algumas informações necessárias para pensarmos uma estratégia de divulgação, porém, fiquei com Helena de trabalhar isso junto à minha equipe da agência, além de, obviamente, ela ver com o conselho a provação dos serviços da minha empresa. "Não vou fazer de graça, tenho uma agência para tocar."

Quando saí do escritório de Helena já eram quase 16:30, fico boba de perceber como o tempo tem se esgotado com tanta facilidade, a ponto de nem percebermos ele passando.

Corri para a agência, me sentindo moída, cansada e totalmente sem vontade de fazer nada mais. Não entendo bem, mas estava um pouco pilhada, pois estava pegando mais trabalho que eu podia aguentar. "Acho melhor contratar mais algumas pessoas."

Assim que cheguei no meu andar, segui para minha sala, precisava ver algumas coisas sobre a agenda da semana, pois eu sabia que estava lotada e eu precisaria me coordenar para atender a toda a demanda. "Maldita hora que Cláudio foi para São Paulo." pensei, mas, não havia o que se fazer, seu pai estava doente e passou por uma cirurgia, não seria correto ele não estar presente.

Mas, apesar do cansaço e das dores de cabeça, assim que cheguei na antessala, já a vi. Paola estava compenetrada na tela do computador. Fiquei a olhando por alguns poucos minutos, a forma como ela passava a mão pelos cabelos, pegava a caneta e fazia alguma anotação, parava para pensar. Vê-la me deu um pouco de calma.

- Boa tarde, Paola. - Falei me "anunciando" ali, a fazendo se virar para me olhar.

- Boa tarde, Fernanda. - Já falou se levantando e pegando a agenda para me seguir. - Sobre a reunião de amanhã... - Ela falava, enquanto eu entrava na minha sala e jogava minha bolsa na mesa.

Eu ouvia sua voz às minhas costas e algo se remexia em mim, eu precisava senti-la, então, num gesto rápido, me virei e a agarrei, precisava beijar sua boca e tê-la para mim, para expurgar meus "problemas".

- Fernanda... a agenda... - Ela tentou falar, mas tomei sua boca em um beijo sôfrego e ansioso. Precisava daquilo urgentemente.

No começo, Paola tentou de todas as formas resistir, antes de tudo ela era profissional, mas logo pude sentir seus lábios, tão famintos quantos os meus, se mexendo em um compasso perfeito comigo. Nossas línguas se cortejavam e nosso desejo de uma pela outra estava em nível extremos.

- Senti tanta falta de sua boca... - Sussurrei entre o beijo. - Do seu corpo...

Meu corpo já estava quente e eu queria mergulhar no dela, nos fundir em um só ser, dominado pelo prazer e tesão. Encostei-a na porta e passei a tranca, não queria que ninguém nos incomodasse agora, era nosso momento e eu mataria quem ousasse chegar perto daquela sala.

Passei a beijar e lamber o pescoço de Paola, que erguia a cabeça e suspirava pesadamente, enquanto arranhava minha nuca com cada estímulo que lhe dava. Levei as mãos ao seu traseiro firme e bem "formado" e apertei com vontade, logo sentindo suas pernas ao entrono de minha cintura.

Não pensei mais, a carreguei até nosso sofá – sim, nosso, pois ali já havia se transformado no nosso espaço, não só meu – e a tumbei lentamente sobre ele, enquanto devorava seu pescoço, tomando os devidos cuidados para não deixá-la marcada.

As mãos de Paola passeavam pelas minhas costas, sentindo meu corpo. Ela estava de blusa social, com somente três botões na parte superior, além de uma calça jeans que me enlouqueceu quando vi, pois deixava suas pernas e bunda mais torneadas.

Estava tão desesperada por tê-la que não aguentei e ergui sua camisa, levando junto seu sutiã e dando de cara com uma imagem que me fez salivar. Ela exibia uma marquinha sexy de biquíni, o que deixava seus seios mais desejosos ainda.

Não suportei só olhar e admirar aquelas lindas obras. Levei minha boca, sequiosa, até seu seio esquerdo, lambendo, chupando e dando leves mordidinhas, o que a levou a loucura.

- Fernanda... - Chamou-me entre suspiros e gemidos contidos. Sua voz me entorpece, sua entrega me domina mais que eu a ela.

- Você é muito gostosa... você me deixa louca... - Sussurrei sem parar meu ato.

Paola se retorcia embaixo de meu corpo, me prendendo com suas pernas e forçando minha cabeça para aumentar o contato de minha boca com sua pele. Cada gesto dela, cada gemidos, cada vez que me arranhava e pedia para ir mais forte, estava me deixando mais louca e com a libido mais alta.

- Me deixa... me deixa te sentir... - Paola, numa atitude nova, me pediu, me levando à perder o juízo.

Abri afoita meu cinto e os botões da minha calça, pegando sua mão e colocando por dentro desta, para que ela sentisse como eu estava por conta dela. Paola fitou meus olhos e, ainda tímida, mexeu seus dedos levemente sobre meu clitóris, me fazendo suspirar pelo contato.

- Mais forte... aperta... - Falei começando a rebolar lentamente com seu toque, aumentando a pressão de seus dedos.

Paola, respondendo aos meus comandos, pressionou mais, me levando a loucura. Eu estava muito molhada e, era estranho, pois era só uma leve masturbação de dedos inexpertos, mas que estavam me fazendo sentir algo novo, uma sensação que nunca senti antes em todas as minhas fodas.

Desesperada, beijei seus lábios e aumente meus movimentos, sentindo seus dedos resvalarem pelo meu sexo encharcado. Não demorei a sentir a explosão do prazer me tomar. Meu corpo começou a estremecer e eu ficar entorpecida. Derramei-me com seus estímulos, deixando meu corpo, enfraquecido, desabar sobre ela.

Afundei meu rosto em seu pescoço, sentindo minha respiração pesada e meu coração palpitando forte em meu peito. Não tinha forças e minhas pernas estavam bambas, era inexplicável como ela conseguiu me deixar assim, só com toques leves.

Senti seus braços ao entorno de meu corpo e afagos nos cabelos. O que foi me ajudando a relaxar lentamente, me recuperando do gozo maravilhoso que tive.

- Você foi maravilhosa. - Sussurrei erguendo a cabeça e dando um selinho nela, vendo como ela sorria diante das minhas palavras.

- Que bom que gostou. - Ela respondeu sorridente. - Mas, agora... - Mexeu-se deixando meu corpo de lado e se erguendo, enquanto eu fiquei observando ela arrumar suas roupas e ir até minha mesa. - Que tal trabalharmos? Eu não faço horas extras. - Falou já com a agenda em mãos e me fazendo rodar os olhos.

- Não acredito nisso. - Falei deixando meu corpo cair sobre o móvel. - Logo depois do que fizemos...

- Eu sei... mas é que precisamos terminar de coordenar essa semana... - Cortou-me explicando. - Prometo que te compenso depois.

"Opa... isso me interessou." pensei me virando para olhá-la, já com meu sorrisinho safado presente em minha face.

- Compensa, é?!

Paola sorriu sem graça, acho que teve ciência do que eu estava falando e que deu mancada ao falar o que falou.

- Saiba que, se você vai me compensar, eu faço isso. - Falei apontando para a agenda.

- Vamos trabalhar, por favor?! - Ela falou tentando contornar a situação.

- Não, não, não... você falou que me compensaria. - Sentei-me e a fitei intensamente. - Então, quero ser compensada depois de trabalhar.

Paola rodou os olhos e bufou. Ela havia perdido e tinha que aceitar. - Tá bom! Agora podemos?!

Sorri vitoriosa e me levantei, indo até ela e lhe dando um beijo cheio de desejos, que ela não recusou.

- Agora sim, podemos trabalhar. - Falei a soltando, para provocá-la, e indo para minha mesa.

Passamos o resto daquelas horas de trabalho, programando minha semana que seria cheia e tumultuada. Paola é uma pessoa, como falei, muito profissional e isso me encanta. Eu a olhava me explicando tudo e sentia só vontade de agarrá-la e fazer sexo com ela até nenhuma de nós duas aguentar.

"Estou me viciando nela." pensei. Mal sabia eu que era mais uma dessas coisas que nos faz perder a cabeça e enlouquecer. 

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