*P.O.V Megan*
O frio só aumentava, e Kyran que no começo quis dar um de machão teve que pegar um casaco nas suas coisas. E assim a gente continuava na mesma estrada, que parecia não ter fim.
As três da tarde, o carro já continuava com cerca dificuldade já que agora a estrada estava coberta pela neve, uma camada não muito fina.
-Precisamos comer. -disse.
-Pensou no mesmo que eu. -respondeu estacionando o carro.
Em uma das sacolas que estavam no banco de trás, ele pegou dois pacotes grandes de batatas chips, me entregando um.
-Esse é o nosso almoço? -perguntei.
-Nosso almoço e nosso lanche.- disse dando grande ênfase no "e". -Devemos economizar para o jantar, não tem nada aqui por perto. -finalizou.
-Não estou reclamando. -sorri. -Se minha mãe pelo menos sonhar que estou trocando comida saudável por besteiras....
-É eu sei.. -sorriu. -Eu vou continuar viagem, para não demorarmos.
Ligou o carro continuando nossa trajetória, com o pacote de batatas em seu colo onde a cada segundo enchia a boca, parecendo uma criança.
🌙
O relógio já marcava dez da noite, havíamos jantado pão com presunto e queijo, infelizmente frio. Uma tempestade de neve severa caia sobre nós. O carro quase nem andava mais, já que a camada de neve na estrada era grossa e fofa.
O ar condicionado do carro já não estava suportando o frio, e parou de funcionar, só piorando nossa situação. Pelo capô, observei que o preto polido havia dado lugar para o branco opaco. Estávamos sem saída.
-Terei que parar, não dá pra continuar. -disse tentando colocar o carro na beira do pasto.
-Não consigo ver nada. -olhei para onde a luz do farol batia, e tudo era branco.
-Eu sei. -suspirou e desligou o carro, ligando apenas o botão do pisca-alerta.
Soltei o ar que nem notei que estava segurando, e bati com as mãos nas minhas pernas.
-E agora? -perguntei.
-Esperamos até amanhã. -respondeu colocando as mãos de trás da cabeça relaxando no banco.
-Sei.. -o olhei incrédula. -Como pode estar tranquilo nessa situação?
-Ué.. Não há o que fazer Megan, você não quer que eu saia lá fora nessa tempestade pra limpar o caminho e morrer congelado, não é?
Revirei os olhos e comecei a pegar as malas e a colocar no chão de trás do banco onde eu estava, e as malas coloquei onde eu estava sentada e simplismente pulei para o banco de trás agora vazio.
-O que está fazendo? -perguntou me olhando curioso.
-Se é pra dormir no carro, que seja no conforto.
-Mas, e eu?
-Você pode deitar o seu banco e dormir aí mesmo, eu durmo com a cabeça pra cá.
-Ah, e o bom fica pra você?
-Sim.. O carro é meu. -sorri.
Kyran fez o que eu havia dito, deitou seu banco para trás, e eu deitei com a cabeça para o outro lado. Ele se deitou primeiramente virado para a sua própria janela, o que me fez sentir mais confortável.
Vesti mais uma blusa de frio, e uma calca por cima do short. Me deitei novamente e alí encolhida peguei no sono.
Ao que parece, pouco tempo depois acordei assustada com o assovio do vento. Olhei para Kyran que agora estava virado para mim, e então me sentei rapidamente.
-O que foi? -perguntou assustado.
-Você está virado para a minha bunda! -reclamei.
-Ah, para tá. -revirou os olhos e se levantou mechendo em sua mala.
Poucos minutos tirou outra blusa de frio de couro e vestiu. Me olhou e se deslocou de seu lugar, para se sentar comigo lá atrás.
-O que está fazendo? -perguntei.
-Calor do corpo humano, esquenta. -revirou os olhos. -Achei que estivesse na escola.
-Nossa, engraçado. -mostrei o dedo do meio.
Ficamos alguns minutos em silêncio enquanto o frio piorava, e os ventos se tornavam constantes. E isso me fez lembrar de minha mãe. Ri decepcionada.
-O que tá pensando? -Kyran perguntou colocando as mãos nos bolsos.
-Minha mãe, sempre coloca uma cobertinha dobrada no porta malas.
-E por que você não trouxe aqui pra dentro? -perguntou zangado.
-Porque eu tirei ela quando levei o carro pra lavar.
-Ah. Você é bem sonsinha né. -riu.
-Idiota, sonsinha é sua mãe!
-Eu vou dizer isso à ela. -sorriu me olhando, mas logo desviou.
-Você nunca falou de sua família. -afirmei.
-Sim. -disse.
O olhei cerrando os olhos, e ele riu, sabia que não era essa a resposta que eu queria.
-Meu pai é o Alfa da minha cidade, você sabe disso suponho. Ele é um cara gente boa, mas quase não fica em casa. Minha mãe sempre ficou em casa, cuidando de mim e dos meus irmãos. Ela é um amor.
-Quantos irmãos você tem? -perguntei.
-Tenho dois irmãos, são gêmeos, e uma irmã. Todos eles tem 17 anos. -disse e me senti confusa.
-Então são trigêmeos.
-Não. É... Os dois são gêmeos, ela é.. Adotada. -sorriu.
-Ah, isso explica. -sorri. -Mas, e você? Tem quantos anos?
Ele sorriu sem graça e me encarou nos olhos. Sinceramente não entendi o problema em perguntar a sua idade.
-Por que não quer falar?
-Não.. Não é isso.
-É o quê então?
-Porque está tão interessada em saber sobre mim? -perguntou sorrindo abertamente enquanto eu não sabia o que fazer.
Aquilo era verdade, mas nem percebi isso. Aliás, era só curiosidade.
-Nada ué.. Se não quiser falar não fala.
Disse e me endireitei no banco olhando para frente. E após alguns minutos de silêncio, ouvi sua voz como um sussurro.
-21.. Eu tenho 21.
Eu o olhei rapidamente, e o vi sorrir.
-Eu tenho 16, bom só até semana que vem. -me animei sentando virada pra ele.
-Jura? Que dia?
-10.
-Hm.. E vamos ter festa? -perguntou.
-Sinceramente, eu não sei. Só se a minha mãe ou minhas tias inventarem alguma coisa. -sorri.
-Sim, elas vão inventar. -riu.
-O quê? Como você...
-Eu ouvi elas comentarem.
-Estava ouvindo conversa dos outros?
-Não foi culpa minha, eu estava passando pela porta da cozinha e elas estavam lá. -ergueu as mãos em sinal de inocência.
Ele então se abaixou, e pegoi de baixo do banco do motorista uma garrafa de wisky. Ele destampou e bebeu do bico mesmo, e minutos alí olhando tomei a garrafa de sua mão e dei um longo gole.
🌙
Sorri de seu jeito criança, mas logo o que me chamou atenção foi seu sorriso. Agora, o que me chamava atenção eram seus lábios rosados e ao erguer os olhos percebi causar o mesmo efeito, pois seus olhos estavam vidrados em minha boca.
E com apenas um movimento ele se aproximou, e assim, só assim senti o toque de seus lábios. Era tão.. Macio, doce e amargo ao mesmo tempo pelo gosto da wisky. Minhas mãos de imediato subiram para sua cabeça, onde encontrei seu cabelo meio grande liso e macio ao toque.
Logo senti suas mãos acariciando minha cintura, e assim me deu impulso. E sem pensar muito bem já estava encaixada a seu corpo, sentada em cima dele, nos levando a aprofundar o beijo. Assim que nossas línguas se tocaram, um arrepio de subiu pela espinha, e alí continuei aproveitando o momento.
Em questão de segundos, senti suas mãos entrar dentro de minha blusa foi aí que o pingo de consciência que me restava gritou, me fazendo tirar suas mãos de lá.
-Espera. -pedi ofegante. Mas não adiantou muito, voltamos a nos beijar.
-Espera. -pedi novamente minutos depois, o empurrando e saindo de cima dele.
-Desculpa. -pediu sem me olhar.
01/06/18