Rafael narrando :
Poderia ter sido uma segunda feira de verão normal. Entretanto, mesmo depois de vários diálogos persuasivos com os meus pais, eles não queriam mudar de idéia.
"Já disse que iremos nos mudar e ponto. E você vai junto. Você não é mais uma criança Rafael. Precisa entender que isso é por causa do trabalho, vai facilitar pra mim e sua mãe."
Disse meu pai, depois da minha última tentativa para podermos ficar aqui.
Greg estava em um silêncio só, não falava nada, observava calado.
Não resisti e acabei entrando em um choro profundo. Greg veio na minha direção me deu um beijo suave no rosto e me abraçou. Ficamos em silêncio por vários e vários minutos até que separei o abraço. Olhei em seus olhos. Estavam brilhando. Ele queria chorar, no entanto estava tentando ser o amigo "forte" agora. Claro que não duraria muito tempo pois eu minha família e eu iríamos embora amanhã de manhã e com certeza ele desmoronaría também.
Meus pais já haviam resolvido tudo, minha transferência, matrícula no novo colégio. Enfim, tudo nas minhas costas e eu nem percebi.
Não estava acreditando que iria deixar Greg ali, sozinho... Claro que ele tinha mais amigos, no entanto eu era o único mais próximo.
Greg iria dormir na minha casa hoje, para podermos passar mais tempo antes da minha "partida". Estava tentando ver um lado positivo nisso tudo, mas estava difícil, muito difícil.
Greg e eu, saímos por volta das 17:55 para tentar esquecer um pouco oque havia acontecido mais cedo, mesmo sabendo que seria quase impossível.
Fomos em um mercado, compramos várias "besteiras" para comer.
Ele queria me levar em um lugar, segundo ele eu seria a primeira pessoa a qual ele levaria lá. Fiquei feliz com isso.
Esqueci de mencionar que estávamos com o carro do Sr. Augusto (Pai do Greg).
"Vou avisar minha mãe que vamos demorar a chegar." —Falei já retirando meu smartphone do bolso.
"Okay. Creio que você vai gostar do lugar. Lá é mais bonito à noite, por isso vamos ficar até tarde. Okay ?"
"Ta bom. Hmm... Você vai dormir lá em casa hoje ?"
"Talvez... "
°°
Greg colocou uma música e fomos cantando até chegar no local.
Tive que mentir para minha mãe, detestava mentir. No entanto hoje seria meu último dia com o meu melhor amigo. E também era uma mentira não tão mentirosa entendem ? Tinha um pouco de verdade.
Chegamos no lugar por volta da 20:43, era um pouco afastado, demoramos uma hora e meia para chegar eu acho, ou foi quase isso.
Saimos do carro e ele pediu para tapar meus olhos e esperar um pouco, foi o que eu fiz. Ele segurou minha mão com firmeza e começou a me guiar, ficamos caminhando um pouco, e logo depois me mandou abrir os olhos. Era um lugar lindo, nunca tinha visto um lugar tão maravilhoso quanto esse na minha vida.
"Uau, que lugar..."
"Lindo." —Greg disse me fitando, tenho certeza que fiquei vermelho. "Bom Rafa como eu te disse, você está sendo a primeira pessoa que trago a esse lugar. Sinta-se privilegiado." Falou rindo.
"Agradeço a consideração Greg, com certeza creio que sou privilegiado." —Disse com um sorriso, e logo depois acrescentei. —"Estou me sentindo especial."
"Talvez esteja se sentindo assim, por que você é."
Um silêncio constrangedor se formou ali, naquele ambiente. No entanto ele acabou me falando uma coisa engraçada que me fez rir. Acho que na verdade nem era tão engraçado assim, estava rindo de nervoso.
"Eii Rafa, o que acha de procurar estrelas ?" —Ele possuía em seu rosto a mais pura expressão de uma criança. Acabei sorrindo com isso.
"Acho que eu não tenho opção né ?" —Falei rindo.
"Não, claro que não."
Greg voltou em direção ao carro. Demorou alguns minutos, mas logo trouxe um grande lençol colorido consigo. Forrou o lençol no chão, e nos deitamos ali pelo que parecem horas, encantados com o brilho ao qual aquelas maravilhosas estrelas possuíam. As constelações dali, daquele ângulo eram tão lindas, nítidas.
Senti um arrepio percorrer meu corpo, após sentir o toque de Greg sobre minha mão.
"Quando estou cansado de tudo, a única coisa capaz de me tranquilizar é você Rafa, e esse lugar."— Confessou ele. —"Até hoje, eu não sabia ao certo qual sentimento possuía por você, mas hoje descobri e infelizmente não temos muito tempo para aproveitar juntos. Tudo parece tão perfeito quando estou com você, ou quando venho aqui e fico olhando as estrelas."
Ficamos nos encarando. Estava muito nervoso pelo motivo de que Greg era meu amigo, e acabará de confessar que tinha um sentimento maior que amizade por mim. No entanto pode parecer errado, mas estava com muita vontade de beijar ele, sentir seus lábios nos meus.
Ele foi aproximando seu rosto lentamente do meu, e susurrando me pediu para relaxar. Com certeza ele percebeu meu nervosismo. No entanto eu não conseguia falar nada, nenhuma palavra era capaz de sair da minha boca, as palavras estavam presas. Fechei meus olhos e em questão de segundos tive o prazer de sentir seus lábios macios e quentes, tocando os meus. Meu subconsciente só sabia dizer "Caralho, ele beija muito bem".
Nós nos afastamos um pouco ofegantes por conta do beijo. Não pude deixar de perceber o sorriso de canto em seu rosto. Ele parecia feliz e eu também.
"Eu sempre quis, fazer isso."
Demos um selinho, e logo ele voltou a observar as estrelas.
"Observar o céu é a melhor forma de observar nossa alma." —Sussurrou.
"É uma boa forma de entender quem somos." —Falou, virou o rosto para mim me fitando, fiz o mesmo.
"Não sabia que você entendia sobre isso."
"Estou aprendendo agora."
Ficamos em um silêncio extremamente confortável, cada um perdido em seus próprios pensamentos, sejam os do céu, sejam os da alma. Depois de algum tempo senti um frio percorrer por meu corpo, Greg notou e me puxou para um abraço, nossos rostos estavam afastados por poucos centímetros, pude sentir sua respiração calma, e ritmada fazendo cócegas no meu rosto. Ficamos ali, ouvindo o barulho das aves, o barulho dos galhos por conta do vento.
"Obrigado." —Acabei dizendo com um sorriso no rosto. Olhei novamente para o céu, agradecendo por aquele calor crescendo ali, no meu peito, espalhando pelo o meu corpo lentamente.
Ali me senti confortável, seguro. E foi quando ela passou.
"Você viu, você viu." —Greg berrou ao meu ouvido.
"Sim." —Afirmei lentamente com a cabeça, sem tirar os olhos do local onde a estrela cadente havia passado. Tive tempo de fazer um desejo por milésimos de segundos que durou aquele momento.
Paz.
Foi o que pedi. Me sentir calmo era como eu queria me sentir todos os dias dali para frente. Sentir aquela paz interior, amor próprio, calmaria de uma alma feliz, sem ter que sentir uma guerra sendo travada entre seu corpo e sua alma era o que eu realmente estava precisando.
Greg, se deitou no meu ombro, o silêncio voltou a reinar naquele ambiente, mas era um silêncio bom sabe, um silêncio a qual eu precisa.
Bocejei, com sono e me peguei olhando para Greg. Ele estava com os olhos fechados, ainda com um sorriso no rosto, ahh aquele sorriso. Com o passar do tempo sua feição relaxou completamente, indicando que ele havia adormecido .
Senti meus olhos arderem e pesarem, logo fui sentindo meus olhos se fecharem, senti aquele aperto bom no coração, aquele aperto que me deixava feliz, me senti em paz.
Meu desejo havia-se realizado.
[...]
Bom pessoal, aí está o segundo capítulo. Espero que gostem. Como disse no capítulo passado, votem e comentem pois preciso saber que tenho leitores para continuar postando.
Gratidão. Bjão e até o próximo capítulo que só sai sábado que vem ! Hahaha
Me sigam no Instagram : @woody_silvah
Responderei a todos !