O amor é lindo nem? Eu sou uma coleccionadora de decepções, então tenho lá minhas dúvidas. Mas vocês devem amar e viver...
Piccolas do meu kokoro... Desculpem a demora e vamos a mais um capítulo arrasador de corações.
Votar e comentar não dói então façam. Sou grata a todas vocês pelo apoio e paciência.
Boa Leitura.
LIGHT
-Tomei a liberdade de falar com Gianna e ela já desenhou o meu vestido, está fantástico.
Ela está eufórica.
Estámos no La Plazza, um restaurante à beira mar que fica em Toscana. Kalahari dá grandes colheradas do seu sorvete de chocolate com hortelã enquanto eu apenas ouço ela falar sobre o casamento e pedir-me opiniões sobre sei lá o quê. Não consigo tirar da cabeça, o facto dela agir como se Bianca não tivesse quase me devorado na sala da minha casa, bem na sua frente.
Depois que Bianca foi embora, decidi convidar-llhe para almoçar; no seu dedo anelar direito tem uma prova de que ela é minha noiva, ou seja, eu sou dela e ela é minha, o que eu poderia fazer após ela ver-me nos braços de outra? Mesmo chateada ela não recusou o meu convite, e eu não procurei justificar a presença de Bianca, pois nem eu sei o que ela estava fazendo na mimha casa, bem na sala da mamma. Durante o longo trajecto de carro, Kalahari não pronunciou uma única palavra, mas após o prato principal decidiu falar sobre o casamento.
-Light. -chamou-me. -Light, estás a ouvir-me? -questiona irritada.
-Sí.
-Não estás, não. -Larga a colher de qualquer maneira sobre a mesa e bufa mais irritada ainda. -Estás a pensar nela.
Não foi uma pergunta, ela tem a certeza que meus pensamentos estão perdidos em Bianca. Mas como dizer-lhe que não.
-No.
-Sí. -retruca. -Pra mim já deu, leva-me de volta ao hotel.
-No. -Digo divertido. Será que ela está com ciúmes?
-Já disse-te uma vez, não seja monossilábico comigo e perdi o apetite. -diz enquanto abre sua carteira.
Sorrio, mas paro assim que seu olhar fuzila o meu. Mulher louca, penso.
-De que te ris? -questiona ainda irritada e bufando. O canto direito dos seus lábios está puxado para cima e seus olhos semicerrados. Seus grandes cabelos balançam pesados contra a direção que batia o vento fraco.
-Você disse que perdeu o apetite sendo que já terminou a sobremesa. -sorrio de lado, achando graça.
-Que seja. -pague a conta e vamos.
-Seja educada. -retruco, fitando-a atento.
-Arrependo-me de tê-lo pedido para que não fosses mlnossilábico. -reclama. O que faz-me rir. Essa mulher deve ser alguma feiticeira.
O amor e mais do que um simples eu te amo, o amor é o olhar, ás palavras não ditas, o sorriso e principalmente ás batidas que falham e o ar que falta quando colocas os olhos naquela pessoa especial.
Kalahari caminha rapidamente direção ao estacionamento. Apesar de chata é uma companhia suportável, talvez casar-me com ela não seja nenhum sacrifício. A mulher possui uma beleza peculiar, tem um senso de humor negro, mas ao mesmo tempo delicado, franze o cenho sempre que vai falar algo que reprove ou quando escuta algo não tão agradável para seus ouvidos. A observação é a base da convivência. Sempre achei que fosse casar-me com alguma italiana esnobe e cem por cento mimada, mas conhecendo minha mamma e sabendo que minha mamma me conhece apesar de não aceitar muito o que me tornei, claro que ela escolheria alguém que conseguisse lidar comigo.
Entro no estacionamento que está escuro demais, não vejo Kalahari em lado nenhum, o que deixa-me inquieto e talvez um pouco preocupado, talvez apreensivo. Antes estava mais claro. Tiro as chaves do bolso e meu celular juntamente com arma que está na minha cintura. O dispositivo de rastreamento ainda está a funcionar. Ela está bem a minha trás .
-Light.
Kalahari aproxima-se cautelosamente.
-Shhh. -Coloco o indicador na boca dela para silenciá-la. -Tem alguém aqui.
-O-oque? Como?
-Cala-te Kala. -ordeno.
-Não me dê ordens noivo. -retruca chateada. -Aquele carro não estava aqui quando entramos, aquele SUV também não.
Fito-a sem questionar sua alta memória para lembrar dos detalhes que passariam despercebidos à qualquer um.
-Eles provavelmente quebraram ás lâmpadas, visto que a energia de todo o restaurante está intacta. Quando entramos ás lâmpadas da ala sul estavam apagadas excepto as duas do centro e a última da última fileira, mas agora a segunda da primeira fileira está acesa e as outras apagadas. Presta atenção no brilho dos estilhaços. -sussura compenetrada. -Você tem uma arma certo?
-São cinco. -sorrio.
-Ah. -Ela franze o cenho abrindo a boca e fechando em seguida. -Você ao menos escutou o que eu disse? Estou tentando impressionar você com o meu alto intelecto em relação a cenas de crime e pré-crime, se é que isso faz algum sentido.
Bufo frustando. Torno a fitá-la mas desta vez entrego à ela minha arma. Kalahari aregala os olhos como se eu estivesse louco.
-O que...
-É uma glock, tem um alcance efectivo de cinquenta metros, é composta por três travas que serão desactivadas quando você puxar o gatilho. Você teve aulas de defesa e tiro, vai se sair bem.
-Mas e você?
A preocupação é evidente em seu olhar.
-Eu sei me cuidar. -beijo sua testa antes de alcançar os anjos da morte versão dois nas minhas botas. -Entre no carro e não saia de lá, não os deixe se aproximarem de ti. Por favor.
-E-eu...
-Você fez um óptimo trabalho. A Mamma ocultou a parte que você tem uma memória fotográfica. -entrego-lhe as chaves.
Kalahari murmura algo para si mesma, puxa-me pelo colarinho e cola sua boca na minha. Minha primeira reacção é tentar dar um passo pra trás para evitar que ela fizesse o que eu achava que faria de seguida, que foi morder meus lábios para que eu pudesse dar passagem à sua língua ávida. Ela cheirava a orquídeas. Orquídeas negras e outono. Puxei seu cabelo para ter maior acesso à sua boca, passo a língua por seus lábios macios e sedentos entrelaçado nossas línguas num beijo erótico e sensual.
-Mate-os e volte pra mim. -pediu assim que separamos nossas bocas pela falta de ar. -Por favor.
Não apenas sua boca, mas seus olhos também suplicam. É estranho ter alguém que não fosse da minha família que se importa tanto comigo.
-Vamos. -sibilo nervoso. Não deveria permitir que ela tivesse tanto controle sob meu corpo. -Fique a minha trás, o carro é a prova de balas e se eu não voltar em cinco minutos... quero que você vá embora.
Seu corpo estrece e ela para de andar. Estámos no meio do estacionamento e aqui somos alvos fáceis.
-Parou porque? -indago confuso.
-Quem você pensa que eu sou Bonatero? -questiona-me visivelmente chateada. -Você acha mesmo que eu vou embora sem você?
Que merda. Preguejei sabendo que aquela seria o início de uma discussão. Puxo-a para trás de um dos pilares que ficam no centro do grande estacionamento. O ódio e a raiva estão evidentes agora em seus olhos. Seu cenho não estava franzido como nas outras vezes, mas morde o lábio inferior enquanto tenta respirar com calma.
-Essa não é uma boa hora para uma discussão Kalahari. -repreendo-a, mas arrependo-me logo em seguida quando vejo seus olhos marejados deixarem de fitar-me para fitar o chão. -Ah não...
-É difícil para você entender que eu amo você... -Não foi uma pergunta. Exalo fechando os olhos. -Não sairei daqui sem você. Volta vivo para mim pois nem a morte vai tirar você de mim. Foram anos...
Suas palavras morrem quando colo minha boca na dela novamente. Estou a agir sem pensar e automaticamente. Vê-la chorar fez-me querer matar o mais rápido todos aqueles homens.
-Confio meu coração e minha vida a ti Light. Agora vá. Se você não voltar pra mim em cinco minutos...eu vou lá, acabo com todos e pego o que é meu de volta.
Foi inevitável não sorrir. Essa mulher é definitivamente louca. Abro a porta do carro esperando que ela entre e tranque. Eu te amo, sibila antes que eu me vire.
O estacionamento é extenso, há vários carros, várias placas de avisos e escuridão. As facas numa mistura de titânio e ouro brilham na escuridão. Ando pelo corredor extenso que serve de passagem para os carros que entram saem, do lado esquerdo e direito há varias colunas que vão do chão ao teto. Olho para trás e vejo que estou à alguns metros de distância de Kalahari, olho para meu relógio de pulso e vejo que já está escuro lá fora. Meu celular apita em alerta. Os batimentos cardíacos de Kalahari estão elevados á um nivel um pouco fora do normal.
-Vocês podem sair. -enuncio calmo e controlado. Sempre controlar as emoções, isso foi me dito durante oito anos, mas de alguma forma não funciona direito quando trata-se de uma certa negrinha gostosa.
Quero enfiar uma faca nos meus olhos, cortar meus pulsos e sangrar até a morte. Maldita mulher.
Lentamente os cinco homens que estavam estrategicamente posicionados caminham em minha direção. Todos armados.
-De quem é o aviso? -indago pacientemente.
Eles se entreolham assustados e sussuram alguma coisa entre si.
-Senhor...
-De que maneira vocês acham que isso irá acabar? -indago mais uma vez caminhando até a minivan que sei que pertence a eles e encosto-me nela. -falem logo. Não posso deixar minha noiva esperando por muito tempo. Ela é incrivelmente irritante.
-Senhor... Nos não sabíamos que é o senhor. -O homem que reconheço como sendo o braço direito de Zander diz assustado. -deram-nos apenas a placa do carro com ordens para matar a mulher e o homem que estavam neles. D-desculpe senhor.
-É isso Senhor. Não sabiamos que se tratava do senhor... Por favor tenha piedade.
Gargalho passando o dedo sob a faca na minha mão.
-Eu não sou piedoso. -sibilo entretido com a minha faca. -Ou eu sou?
Os homens balançam a cabeça várias vezes em negativa. Patéticos.
-Estou decepcionado com vocês. -faço a minha melhor cara de decepção, inclinando a cabeça para o lado e sorrindo. -Você...-aponto para o rapaz que parece ter a metade a minha idade. -Qual é seu nome rapaz?
O rapaz arregala os olhos engolido em seco.
-F-felipo senhor. Felipo. -gagueja amedrontado.
-Felipo, você sabe quem eu sou certo? -questiono brincalhão.
-S-sim senhor.
-Eu lhe pareço piedoso? -Sorrio de lado, olhando para o relógio. O coração da minha menina continua descontrolado. -Responda Felipo, mas dessa vez reponda como um homem.
-Não Senhor. -responde com firmeza.
-Claro que não. -sorrio gostando da sua atitude. -Quantos anos você tem Felipo?
Os outros homens me olham com grandes pontos de interrogação na cabeça, como se eu fosse algum louco. E eu sou... Muito louco.
-E-eu t-tenho 15 anos senhor.
-Ah. 15 anos...Felipo Galari hoje é a noite da tua iniciação certo? -indago ja sabendo da resposta um pouco óbvia, pois diferente de todos até seus fios de cabelo estão trémulos.
O pobre rapaz arregala os olhos após ouvir seu sobrenome.
-Senhor, se me permite dizer...
-Não permito Ben. -corto-o fazendo todos estremecerem. -mas eu digo, eu conheço todos vocês, cada um de vocês até aos ossos, então não venham pensar que podem abrir suas malditas bocas para falarem comigo.
-Perdoe-me senhor.
-Pois bem Felipo, você terá sua iniciação. -cantarolo apontado para o homem à sua esquerda. -Quero um tiro certeiro no coração desse homem e por favor não exite. Não quero ter de levar-te a minha sala de jogos
Todos eles arregalam os olhos. O homem conhecido como Angelo dá dois passos para trás, numa tentativa de fuga, mas Felipo destrava a arma disparando uma única vez no peito do homem que esbugalha os olhos cuspindo sangue, caindo no chão gelado em seguida.
-Bravo bambino. -aplaudo feliz e eufórico. O tiro foi lindo e limpo. -Ben vem cá.
O homem forte e com barbas grandes caminha até mim com receio. Seus passos antes firmes tornaram-se descordenados. O medo tira a força interior. Somos humanos cuja a mente é repleta de poréns.
-Vamos brincar de tiro ao alvo. -digo. -Você Felipo deverá acertar de raspão a orelha esquerda do Ben sem alvejar-me, estarei bem atrás dele.
O rapaz olha-me como se eu estivesse vestido como um nariz de palhaço brilhante, com direito a pirucas coloridas e sorriso largo.
-Brincadeirinha. -sorrio. -Mate-o. Tiro limpo na cabeça.
Seguro o homem numa chave de braço enquanto o mesmo se debate. Estamos a quase oito metros de distância do Felipo que está com as mãos trémulas. Brincar de vida ou morte sempre foi meu jogo preferido. Isso faz me lembrar de quando a mamma colocava-nos para dormir e sempre antes de apagar a lâmpada sorria e dizia: Todos dias são dias de adorar a Deus, ele que eu o dono da vida e o senhor da morte, ele guia-nos e consola nossos corações aflitos e nossas mentes conturbadas.
-Senhor se eu errar...
-Se você errar, você vai matar-me e depois você vai morrer mas antes disso verá toda a sua famíla morrer aos teus olhos. -incentivo.
Felipo destrava a arma novamente, engolindo em seco e apertando o gatilho. O silêncio reina pelo lugar e o som do tiro ecoa podendo ser ouvido pelo estacionamento inteiro. Olho novamente para o telemóvel e percebo que os batimentos de Kala estão ainda mais acelerados, ás câmeras estrategicamente posicionadas dentro do carro, mostram que ela segura um terço escuro e parece orar.
Sorrio. Hoje estou todo sorrisos.
-Perfetto! Foste fantástico Piccolo mio. -Aplaudo deixando o corpo de Ben cair no chão. -Quero você na mansão Bonatero amanhã. Limpem essa merda.
Passo por eles entregando ao Felipo, meu lenço branco com as minhas inicias bordadas nele. De longe pode notar-se o suor que escorre de sua testa que é resultado do nervosimo causado pelo pequeno incentivo para apertar o gatilho.
-Ah. E mandem os meus comprimentso ao Claude Trichet. -digo sem me virar e continuo caminhando. -Diga á ele para tentar outra vez, pois está tudo na minha mente ainda.
Os demónios que habitam em nós tornam-nos humanos. Não há luz sem escuridão, são como duas linhas pararelas que mesmo indirectamente vão pela mesma direção. Cabe a cada um de nós escolher qual a direção certa a seguir e de que lado caminhar. Pelo silêncio da escuridão ou pelo brilho da luz. Sou o contrário do que a minha mamma acha ou achou a vida toda. Eu não sou uma luz.
-Ah Light graças a Deus. -Kalahari abre a porta do carro, correndo na minha direção e atirando seu corpo contra o meu. -Faltava quarenta e seis segundos para eu sair a tua procura. Eu amo-te.
Eu amo-te. Uma frase simples e curta, capaz de fazer um estrago enorme ou talvez confortar corações e trazer felicidade. Inexistente.
-Você está bem? -pergunta depois de algum tempo. -meu silêncio a deixa desconfortável.
Aceno que sim enquanto ela passa a não pela minha face, fazendo com que meu corpo fique rígido. Diferente das outras não sinto-me desconfortável e incómodado, mas sim necessitado. Tenho de mantê-la distante, fora adrenalina e acontecimentos demais para um só dia.
Kalahari retira alguns fios de cabelo que tapavam meu olho esquerdo fitado-me e trazendo sua boca em direção a minha.
Recuo segurando seus braços. Prendo a respiração e evito fitá-la ou confrontá-la, pois será pior para mim e para meu membro que está alegre demais para uma mulher que recuso a tocar tão intimamente.
-Não. -digo frio, colocando-a de volta no carro dessa vez no banco do passageiro.
-Light...
-Vamos embora Kalahari. -corto-a. -tenho muito o que fazer.
Ela acente triste. Droga, o que estou a fazer? Pergunto para mim mesmo antes de colocar o pé no acelerador e sair do estacionamento deixando alguns sentimentos confusos na escuridão dele. Onde devem ficar-na escuridão.
Durante muito tempo ouvi pessoas dizerem que eu devo permitir-me sentir, por mais que seja algo totalmente novo e fora dos meus costumes. Gostar de alguém e sentir o suficiente para construir uma relação não faria mal a mim ou a minha mente. Mas ai que se enganam. O amor está na mente e não no coração e deste modo, torna-nos ainda mais vulneráveis. O amor é algum tipo de dor prazerosa que envolve vários sentimentos ao mesmo tempo.
Aaah e o que acharam hein... Hein???
Aaaah esses beijos... Estou surtando.
O Light pareceu um tanto quanto misterioso nesse capítulo nem? Mais do que já é.
Votem minhas bambinas