-Mamãe , mamãe?
-Minha filha linda , saiba que você é especial , e
pode ser o que você quiser ,é uma verdadeira princesa , nunca desista dos seus sonhos, você quer , você pode ,você consegue.
-Eu sou uma plincesa mamãe, plincesa.
Isso era tudo o que eu me lembrava da minha mãe , a única lembrança, que me corroia por dentro , antes de perder meus pais para sempre , aquelas palavras tão doces ainda ecoavam em meus ouvidos , como se revivesse aquele momento , terno e ao mesmo tempo eterno.
Meu peito ardia como chamas e a minha garganta dava um nó por tentar segurar as lágrimas que inssistiam em cair . Sentada encostada na parede do meu quarto em meu peito contraia a última foto que tiramos juntos quando eu tinha apenas três anos de idade.
Meus sonhos foram rompidos , mamãe estava errada , eu não sou uma princesa, aliás elas não existem , tudo havia acabado para mim, diferente das outras garotas eu não acredito em conto de fadas.
Naquela noite ,naquela última noite , a noite que mudara a minha vida ,mamãe e papai estavam felizes ,imensamente felizes na verdade .
- Crianças vocês irão passar um tempo na casa da vovó, enquanto a mamãe e o papai estaremos fora .
- Vamos queridas ?
Mamãe colocou eu e minhas duas irmãs Melanie e Cloe no banco traseiro do carro , nós três estavamos com o cabelo preso em um rabo de cavalo , e vestidos rodados ,mamãe tinha bom gosto ,o meu era rosa florido , parecido com o de uma princesa como mamãe dizia que eu era .
Eu fui ao longo da estrada até a casa de vovó apreciando a paisagem , que era densa e vasta , apesar de estar entardecendo a luz do por do sol deixavam as flores e as árvores ainda mais belas.
Quando chegou a hora de meus pais partirem , eu fiz o que mamãe falou , para eu poder ficar mais tranquila e conseguir dormir , corri para o quintal da casa da vovó , e fiquei esperando até poder ver o avião dos meus pais naquela tempestade devastadora .
Meus olhinhos procuravam o avião dos meus
pais no meio de todo aquele imenso
céu, quando vi um ponto branco subindo e se destacando ao meio daquela paisagem, com certeza eram eles, dei um sorriso e me tranquilizei por saber que ali estavam eles, chegando na casa da minha avó eu brincava com minhas bonecas enquanto minhas irmãs brincavam entre si, imaginava nas minhas bonecas o mundo de princesa do qual minha mãe sempre falava, tudo era perfeito. Mais tarde naquela noite, não lembro por qual motivo, um pesadelo, talvez fome, despertei e fui para a cozinha, ali encontrei minha avó enfrente a tv e uma caneca quebrada no chão, ainda com a visão meio turva, limpei meus olhinhos e vi na televisão a imagem de um avião completamente destruído, oque me levou a perguntar:
- Vovó, esta tudo bem com a senhora?- ao se virar vi uma das imagens que jamais me esquecerei na vida, seus olhos vermelhos, e lágrimas e mais lágrimas correndo no rosto da minha avó, que rapidamente desligou a tv e me pegou no colo com voz meio trêmula dizendo:
- vai ficar t-tudo bem m-meu a-amor a vo-vovó esta aqui com você.
Eu não entendia oque estava acontecendo, logo meu avô também me pegou no colo e começou a me ninar, acabei dormindo mas meu pequeno coração experimentava pela primeira vez um sentimento ruim ,a tristeza . No outro dia todos estavam tristes, e eu ainda sem entender oque havia acontecido, continuava brincando com as minhas bonecas, mais tarde naquele dia minha avó me vestiu, um sapatinho branco, uma saia preta, uma blusa de manga longa que ficava coberta por uma blusa de frio rosa, e meu gorro.
No carro todos estavam em silêncio, minhas irmãs tinham tristeza no olhar, minha avó chorava muito, aquilo me fazia querer chorar também. Chegamos a um lugar calmo, onde todos aparentavam tristeza, pela primeira vez na minha vida minhas irmãs seguravam minhas mãos, quanto mais entrávamos, mais pessoas me olhavam e choravam, aquilo me assustava. Chegamos a uma sala, com as foto dos meus pais dentro de uma coroa de flores, minhas irmãs caíram em prantos e meus avós mal ficavam em pé por causa do choro, eu não sabia oque havia acontecido, eu não via nada, eu não entendia nada, até que meu avô me pegou no colo e ali foi a última vez que eu vi eles, minha vida perfeita acabara ali, pela primeira vez eu chorava de tristeza. Durante o enterro, a imagem dos meus pais pela última vez da pior maneira possivel ficou marcada em mim e me fez chorar muito, me fez correr até um canto para deixar que meu ser experimentasse da dor que afagava o meu eu e corrompia meu eu, para deixar que as lágrimas rolassem sobre meu rosto sem cessar , enquanto eu estava agachada aos prantos ,fui surpreendida por um garoto que estendeu a mão pra mim e me deu uma florzinha, apenas ele foi capaz de me fazer suportar tudo aquilo.
Quando voltei pra minha casa, não existia mais mundo perfeito, naquele dia aprendi duas coisas,
não existem princesas, príncipes, nem conto de fadas
E não existe um felizes para sempre porque afinal ninguém é para sempre.
Eu jurei para mim mesma que não queria fazer vocês chorarem ,mas escritor é assim mesmo , ama uma melancolia hahahahha , não me matem.