Em Meio a Tua Mente sem Lembr...

Von lovelyynie

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Park Jimin tinha muitas ambições, e apesar de seguir carreira como dançarino, ele levava uma vida relativamen... Mehr

✦ AVISOS ✦
✦ Capítulo 2
✦ Capítulo 3
✦ Capítulo 4
✦ Capítulo 5
✦ Capítulo 6
✦ Capítulo 7
✦ Capítulo 8
✦ Capítulo 9
✦ Capítulo 10
✦ Capítulo 11
✦ Capítulo 12
Parte II : Memória ✦ Capítulo 13
✦ Capítulo 14

Parte I: Lembranças ✦ Capítulo 1

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Von lovelyynie

Betagem por Jiminyelloww em parceria com WhalienProject


✦ ✦ ✦

Eram cerca de dez minutos andando da universidade até a estação de metrô mais próxima; trinta e cinco minutos dentro do mesmo até chegar na próxima estação e mais uns dez ou quinze minutos até finalmente chegar em casa, onde provavelmente o jantar já estaria pronto, como em todas as noites anteriores a esta desde que iniciei minha vida de universitário.

Eu me encontrava em meio ao percurso e a noite, que agora toma conta das ruas da grande cidade, estava bonita como sempre. O céu salpicado de estrelas e a lua, apesar de distante, parecia estar a poucos metros do chão bem cheia e brilhante, acompanhada dos postes de luz distribuídos pelas longas calçadas. Antes mesmo de dobrar a esquina, já ouço uma cacofonia de pessoas falando, vinda do interior da estação de metrô, se fazendo mais próxima. E junto a isso, os sons misturados dos vários painéis de informações que anunciavam inúmeras viagens ao mesmo tempo.

Desço as escadas, enquanto tomo em minhas mãos o cartão que eu iria usar para comprar a passagem e após realizar a compra, apresso meus passos até chegar no exterior da estação, onde o barulho dos trens indo e vindo estava bem mais audível. Minhas pernas doíam por conta do cansaço e a mochila pesada em minhas costas fazia tudo parecer pior então, assim que avisto alguns assentos vazios ㅡ um pouco afastados do portão de saída da estação, mas perto o suficiente de onde os trens paravam e esperavam seus passageiros irem até eles ㅡ caminho naquela direção e ali me sento.

Pego meu celular no bolso de meu casaco para ver as horas no mesmo momento em que ele começa a vibrar em minha mão, substituindo rapidamente o papel de parede junto das horas por um nome de contato familiar: "Mãe".

ㅡ Alô? ㅡ falo num tom de pergunta ao levá-lo até o ouvido, aguardando uma resposta da mulher do outro lado do aparelho.

ㅡ Onde você está? ㅡ Pergunta ela com um tom de voz preocupado.

ㅡ Já estou indo para casa, um pouco mais tarde porque tive uns trabalhos a mais para fazer na faculdade. Mas daqui a pouco estarei aí.

ㅡ Hum... ㅡ ela responde e dá uma pausa antes de continuar ㅡ apenas liguei porque fiquei preocupada, você nunca demora desse jeito...

ㅡ Tudo bem, mas eu já estou indo para casa, fique tranquila. ㅡ falo no mesmo instante em que percebo o metrô que eu tomo caminho, se aproximando. ㅡ Ah, tenho que desligar ㅡ digo, ajeitando a alça da minha mochila em um dos ombros enquanto caminho até o veículo ㅡ O metrô já está vindo, quando eu estiver quase chegando, ligo para você.

ㅡ Certo. Venha em segurança.

Desligo logo em seguida e corro a fim de adentrar o trem, que assim que para, mais pessoas se aproximam. Já dentro do mesmo, passo por algumas poltronas vazias mas decido andar um pouco mais até encontrar outras desocupadas um pouco para o fundo. Ao achar, sento em uma das poltronas de couro marrom que fica ao lado de uma das janelas, tiro a mochila pesada das minhas costas e a coloco em meu colo, ainda permanecendo com o casaco, pois apesar do calor que eu estava sentindo, com certeza o frio iria voltar por conta do vento meio úmido e gelado que entrava pela janela.

Após o tempo suficiente para que todos os passageiros entrassem, sinto o metrô movendo-se suavemente pelos trilhos e aumentando gradativamente a velocidade, conforme vai deixando a plataforma.

• • •

O burburinho de falas, apesar de não tão alto, fez-me despertar poucos minutos antes de eu finalmente chegar ao meu destino. Abro os olhos lentamente e sinto de imediato as luzes do teto causando uma leve ardência em minha visão, embaçando minha retina ao mesmo tempo em que meus ouvidos desentupiam aos poucos enquanto eu piscava duas vezes para conseguir me livrar do desfocamento que as luzes provocam, assim, podendo abrir meus olhos por completo e sem mais desconforto

Quase todas as poltronas do metrô já estavam ocupadas, a não ser por algumas um pouco mais à minha frente. Ao meu lado, um senhor de meia idade parecia estar no décimo sono, e nada por agora iria acordá-lo. Ainda meio grogue, me acomodo na poltrona novamente e alongo os braços na direção do chão junto das pernas e em seguida, o pescoço. Faltam
entre quinze e dez minutos até chegar à próxima estação, onde eu desço. A junção das luzes que iluminam a cidade fora do trem e dentro dele, faziam com que o reflexo de tudo que estava do lado em que eu estava refletirem no vidro da janela ao meu lado, então eu conseguia ver quase tudo que estava do outro lado do corredor.

Ainda olhando os reflexos através da janela, corro meus olhos demoradamente por estes, até que, sem minha permissão, eles pararam em alguém cujo está sentado ao lado da janela do outro lado do corredor, em uma das poltronas um pouco à frente da qual eu estava. O rapaz tinha a cabeça apoiada na janela, junto aos seus pensamentos distantes dali, ao que parecia. Eu estava um pouco longe mas conseguia observar alguns detalhes da lateral seu rosto e na forma que ele parecia piscar pesadamente como quem está muito cansado.

A mandíbula era bem marcada e definida, os piercings de argola junto de uma simples corrente pendurada tomam conta de quase toda a cartilagem de sua orelha e combinam muito com ele. O cabelo tinha um tom bem escuro mas não chegava a ser preto. Estava meio bagunçado e parecia não ter visto uma tesoura a um bom tempo, mas a forma como alguns de seus fios estavam apoiados atrás de sua orelha ㅡ o que fazia os piercings ficarem à mostra ㅡ era bastante bonito. Além disso, parecia sedoso e de alguma forma me fez ficar tentado a tocá-lo. Sim, eu queria tocar no cabelo de um desconhecido e nem sabia o porquê de ele ter despertado esse sentimento em mim.

Depois de tanto olhá-lo incessantemente, me perguntei se ele sentia minha observação, pois eu estava a algum tempo fazendo isso. E por mais estranho que pareça, eu simplesmente não conseguia desviar o olhar. Então fechei os olhos, suspirei e tentei me concentrar afim de pensar em qualquer coisa aleatória, sempre olhando para frente, porque se eu olhasse para a janela, puff! Lá estaria o reflexo dele no vidro.

Continuei sentado, com os punhos fechados dentro dos bolsos do meu casaco, apertando-o e deixando o tecido do mesmo sair por entre meus dedos. Com as pernas estendidas e cruzadas, observava meus pés balançarem de um lado para outro, na tentativa de amenizar mais o frio que o vento vindo pela janela estava provocando. Me desperto dos meus pensamentos aleatórios no mesmo momento em que ouço uma voz vinda de uns dos painéis de informações, anunciando a próxima estação, na qual eu descia e de lá talvez chamaria um táxi para me deixar em casa. Ajeito-me pela última vez na poltrona, me desencosto da mesma e tomo em minha mão uma das alças da minha mochila, levando-a até um dos ombros.

Olho para o rapaz curiosamente adorável por uma última vez antes de tocar calmamente no ombro do senhor ao meu lado cujo havia acabado de despertar, pedindo-lhe licença e espaço para passar, logo indo em direção à porta de saída.

Enfim o metrô para por completo e as portas automáticas se abrem, permitindo que uma quantidade considerável de pessoas saísse, inclusive eu, que era levado pela multidão até me ver do lado de fora do veículo.

• • •

Há diversas formas das quais as expressões podem ser transmitidas. Através da fala, gestos, olhar, escrita, e a minha preferida dentre elas, é através da dança. Sempre fui apaixonado por dança, até mesmo antes de nascer. Mamãe sempre ri quando digo isso a ela, mas é a verdade.

Desde muito pequeno, a minha parte favorita do dia era quando minha mãe colocava um DVD ou em algum canal de televisão em que estava passando qualquer coisa relacionada a dança e sempre era algum desenho infantil daqueles em os personagens cantam músicas bobas, mas fofas, acompanhadas de alguma dancinha engraçada mas que na época, eu adorava. Quando completei meus nove anos, pedi para mamãe me colocar para fazer aulas de dança, disse à ela que qualquer uma estava bom e desde então não parei mais.

No começo, ela hesitou em pagar as aulas dizendo que era besteira e perda de tempo e dinheiro. Mas depois de me ter chorando por praticamente uma semana inteirinha pela casa, ela enfim cedeu e me colocou para fazer as aulas em uma escola especializada em Dança Contemporânea, após várias pesquisas sobre o assunto, encontrando sites e vídeos que falavam e mostravam um pouquinho sobre esse tipo de arte mais clássica que a fizera gostar bastante.

Apesar das dificuldades no começo, a Dança Contemporânea acabou se tornando minha grande paixão, despertando em mim mais interesse na carreira e superando todas as minhas expectativas. Tudo era incrível, muito além do que eu via nos programas de televisão e muito além de dar largos passos com pulos complexos no ar. Todas as vezes em que eu dançava, seja em apresentações ou até mesmo nos ensaios, sentia meu corpo leve como se ele estivesse simplesmente flutuando. Me entregava por completo a cada detalhe minucioso de cada movimento, permitindo-me esquecer tudo e todos que estavam ao meu redor, pois naquele momento só existia eu, a música, o palco e todos os mais variados sentimentos aos quais eu me permitia sentir. Era uma sensação incrível.

Após um certo tempo praticando e me dedicando somente a Dança Contemporânea, decidi que me daria a chance de aprender e praticar outros gêneros musicais. Fui do clássico ao Pop e até Hip Hop e, como todos os ritmos tem suas peculiaridades sendo totalmente diferente um dos outros, por algum motivo consegui me conectar com cada um deles, de formas diferentes é claro. Por isso, além das aulas de Dança Contemporânea que já fazia, aos meus quatorze anos comecei a praticar Hip Hop também, intercalando os horários. Em uma das minhas primeiras aulas durante dois anos praticando tal dança, após sair da escola já que esse era um dos meus únicos horários disponíveis, conheci Jung Hoseok, a pessoa mais sorridente e dedicada que eu havia conhecido em todos os meus dias desinteressantes cursando o primeiro ano do ensino médio.

Eu tinha acabado de sair de uma prova difícil ㅡ para qual eu havia estudado bastante então teria que me sair bem nela de qualquer maneira ㅡ e ainda estava suando e tenso demais. Como dançar sempre me fazia bem, assim como me deixava mais despreocupado, decidi que iria direto para o galpão de dança, onde minhas aulas aconteciam. Quando cheguei lá, já havia uma quantidade considerável de alunos esperando o professor que começaria a próxima aula, que dessa vez seria Hip Hop. Como os alunos e o professor da aula anterior já haviam ido embora e estávamos liberados a entrar na sala vazia, junto de outros alunos, entrei no lugar espaçoso, espelhado e congelante, muito congelante. Joguei minha mochila junto do meu casaco num canto qualquer e me livrei do tênis surrado, permitindo-me manter somente as meias nos pés, afinal, as mesmas facilitavam muito na hora da dança caso quiséssemos fazer algum passo que envolvesse um giro mais elaborado ou algum passo que necessitasse mais do uso dos pés.

Várias pessoas iam adentrando o local, estando elas sozinhas ou em grupinhos, mas não demorou muito para eu perceber vozes num tom maior se aproximando, o que significava que o professor havia chegado e já estava a caminho da sala principal. Após poucos minutos, o mesmo apareceu acompanhado de mais alguns alunos, entrando e meneando a cabeça brevemente como um gesto de cumprimento.

Após o que eu julguei ser um total de dez pessoas a mais adentrando o lugar consideravelmente cheio, o professor começou a falar, anunciando a chegada de um aluno novo: Jung Hoseok seria meu colega de dança. O garoto gentil nos cumprimentou e agradeceu pelas boas vindas, logo juntando-se ao nosso grupo. Não me lembro muito bem de como começamos a conversar, mas acho que foi algo sobre o meu tempo de dança, durante nossa pausa para descanso.

ㅡ Há quanto tempo está aqui? ㅡ ele perguntou, ou foi algo do tipo.

ㅡ Hum? Você quer dizer... Sobre o tempo literalmente, ou... Hã... Estudando aqui?

ㅡ A segunda opção ㅡ respondeu dando um sorrisinho fofo que comprimia os lábios, fazendo pequenos furinhos se formarem nos cantos inferiores de sua boca. Disso eu me lembro muito bem, pois Hoseok ainda tem essa mania, desde que nos conhecemos.

ㅡ Acho que desde meus treze ou quatorze anos, no caso agora, eu tenho dezesseis então... Tenho três ou dois anos aqui ㅡ concluí.

ㅡ Então você tem três barra dois anos de dança?

ㅡ Na verdade, eu iniciei minha quase carreira de dançarino aos meus doze anos. Então tenho... Acho que... Uns quatro anos no total ㅡ pendi minha cabeça para o lado, pensando se meus cálculos estavam certos. ㅡ Desculpa, eu sou de humanas - dei de ombros e ele riu, encolhendo os ombros e colocando uma de suas mãos em frente a boca. Sua risada era engraçada.

ㅡ Prazer, Jung Hoseok ㅡ ele estendeu a mão para mim em sinal de cumprimento e eu o fiz de volta, para que pudesse cumprimentá-lo também.

ㅡ Park Jimin. ㅡ num movimento rápido, meneei a cabeça para baixo como um gesto de cumprimento e então, sorrimos gentilmente um para o outro.

Depois desse dia começamos a passar mais tempo juntos, apesar de estudarmos em escolas diferentes. No começo da tarde sempre nos encontrávamos nas aulas de dança ou então, saíamos para algum outro lugar de lá, caso não estivéssemos em semana de prova, é claro.

Hoseok sempre foi uma pessoa muito divertida, até em meus dias não tão bons cujos ele sempre conseguia me arrancar um sorriso, me fazendo rir de alguma besteira que dizia. E apesar de sermos pessoas com gostos um tanto diferentes, ainda assim conseguíamos ter longas conversas sobre os mais variados assuntos, estas que nunca ficavam entediantes. Essa era só uma das coisas boas em ser amigo dele, que terminou o ensino médio dois anos à minha frente, por ser mais velho que eu a mesma quantidade anos, mas ainda assim, ambos combinamos de escolher o mesmo curso em uma mesma universidade.

Lembro-me perfeitamente de quando o hyung conseguiu uma vaga na faculdade de dança. Era uma sexta feira, finalzinho de tarde, decidimos que depois de ele ter me convidado para ir até a sua casa comemorar sua aprovação, junto de sua família, sairíamos a noite para então comemorarmos com mais "liberdade", digamos assim. O crepúsculo que se surgia era ao mesmo tempo sufocante e libertador, por alguns pontos específicos nas ruas não terem mais tanto espaço para o tráfego de pessoas. Foi uma noite bem agitada. Fomos em algumas casas noturnas que ficavam localizadas em algumas vielas ㅡ a maioria delas com acesso gratuito ㅡ mas pelo fato de o fumo ser totalmente liberado na maioria delas, o cheiro de cigarro exalava por todos os cantos e era forte e sufocante demais, então decidimos procurar outros lugares e meios de diversão.

O que eu mais gostava em nosso bairro era o fato de nunca nada ficar entediante, pois sempre havia pessoas para conhecer e coisas diferentes para fazer para todos os gostos, além dos lugares sempre movimentados em qualquer hora do dia, incluindo à meia noite. Por esses motivos, todas as noites ㅡ ou quase ㅡ eu gostava de sair para comer ou fazer alguma coisa. O que nunca mudava é que pelo menos por uns dez ou quinze minutos, eu gostava de ir à um lugar perto do centro da cidade para ver grupos, festivais de dança. Na noite em que eu estava com Hoseok e decidimos ir à qualquer outro lugar, dei a ele a ideia de irmos até o centro ver se alguns desses grupos cover que organizam círculos de dança no meio das ruas e pessoas se amontoam para prestigiar, se apresentavam. Então ele concordou e assim o fizemos.

O local estava realmente lotado e o círculo familiar se formava em volta de pessoas dançando músicas que vinham de pequenas caixas de som, no meio do mesmo. Foi tudo muito rápido quando eu me peguei cedendo aos pedidos de uma garota que insistia muito para que Hoseok e eu fossemos dançar no meio do tal círculo carregado de muita gente. Uns dias depois ele me contou que havia dito à garota que éramos dançarinos ㅡ também disse que achava que tivéssemos levemente alterados, pois ele não lembrava de muita coisa e eu também não ㅡ por isso ela insistiu tanto para que fossemos dançar, e apesar de que, lembrar desse dia me fazia ficar envergonhado, não me arrependo de tal ato, pois os aplausos e elogios no final tornaram esse momento inesquecível e bastante significativo.

Saindo de meus pensamentos e andando agora pelas ruas do bairro ㅡ após ter saído do metrô e desistido de chamar um táxi ㅡ percebo que a noite está bonita demais para ser desperdiçada. Lojinhas de conveniência com seus portões escancarados, músicas ecoando pelas ruas e pessoas tocando e cantando ao vivo pelas calçadas, grupos de amigos se divertindo enquanto caminham, casais aproveitando a noite enquanto tiram fotos em alguns pontos mais iluminados, tudo isso me faz ficar tentado a chamar meus amigos para fazermos alguma coisa do tipo, apesar de ter dito à minha mãe que já estava indo para casa.

Tomo mais uma vez o aparelho telefônico em minhas mãos para verificar as horas e faz quase uma hora desde que ela havia me ligado. Uns minutinhos a mais de atraso não iam fazer mal a ninguém, pensei. Era quase primavera aqui, mas ainda haviam resquícios do inverno passado, porém ainda assim, decidi comprar um sorvete. Após pagar pela sobremesa, torno a caminhar em passos curtos e demorados pela calçada e um pouco mais à frente, avisto um grande grupo de pessoas juntas em um círculo que está praticamente tomando conta da rua inteira. Já sabia do que se tratava.

Resolvi me aproximar mais e assistir a pelo menos uma apresentação enquanto terminava a sobremesa de baunilha em minhas mãos. Era um trio cover de música pop, tendo como dançarinos uma moça e dois rapazes. Abrindo espaço entre as pessoas, tento me aproximar um pouco mais do círculo, procurando alguma área em que eu conseguisse prestigiar melhor a apresentação. Os movimentos dos dançarinos eram bem firmes e controlados, o que fazia com que tudo fluísse perfeitamente bem. Vez ou outra, a única moça do trio dava passos um pouco mais à frente ㅡ afastando-se de onde os rapazes estavam ㅡ e iniciava uma dança um pouco mais provocativa e sensual, fazendo a multidão vibrar, soltando gritos acompanhados de aplausos e assobios agudos. Para mim na realidade, só está sendo muito engraçado, mas de um jeito bom.

Desvio por uns breves segundos meus olhos do trio dançarino no meio do círculo e passo a observar as pessoas que formam o lado oposto do mesmo, as quais não estão muito longe deles, mas a uma distância considerável. Algumas riam e cochichavam umas com as outras sobre a apresentação, outras só estavam observando quietas enquanto cantavam a música cujo estava sendo performada, além das que gritavam elogios aos dançarinos e o resto que fazia o mesmo que eu, só assistiam a tudo sem falar nada.

Em um movimento fluído, minha visão se direciona a alguém que está com os braços levantados e com celular em mãos, filmando a apresentação que agora está prestes a chegar ao fim. Talvez ele fosse conhecido dos dançarinos ou de algum deles, ou apenas uma pessoa qualquer que sentiu vontade de filmar, da mesma forma que eu senti vontade de tomar sorvete no frio. Insistentemente, continuo observando a tal pessoa cujo ainda está com seu celular nas mãos, gravando os últimos segundos da apresentação e depois de segundos, ele desce os braços junto de seu aparelho telefônico e começa a digitar alguma coisa no mesmo.

Uma expressão mínima de surpresa perpassa meu rosto e eu preciso estreitar os olhos para ter certeza de o que eu estou vendo é real.

Era o rapaz do metrô.

O mesmo rapaz que eu vi sentado um pouco à minha frente a uns minutos atrás estava aqui, e era exatamente para ele que eu estava olhando fixamente. Como eu não o vi sair do trem? Como eu não o vi chegar até aqui e não o encontrei no meio do caminho?

Sem desgrudar os olhos do celular e lentamente, começa a se retirar do círculo, do outro lado da calçada. Com certeza ele está indo embora, e eu, sem pensar muito, começo a abrir espaço entre as pessoas aglomeradas e dou início a um andejar arriscado.

As calçadas estavam incrivelmente apinhadas e por esse motivo, vez ou outra eu o perdia de vista mas logo conseguia localizá-lo novamente, me esforçando muito para não me distrair com qualquer coisa que esteja acontecendo ao meu redor. Você está mesmo seguindo um desconhecido? É serio que você está seguindo uma pessoa, Park Jimin? Paro para pensar um pouco e ter consciência do que estou fazendo, mas ao perceber o rapaz seguindo o mesmo trajeto que eu faço quando vou andando para casa, dou de ombros e continuo o acompanhando, afinal, é apenas isso que estou fazendo e não o seguindo realmente.

Ele então finalmente cessa o que estava fazendo no aparelho telefônico e o guarda no bolso de seu casaco, logo em seguida, aumentando a velocidade dos seus passos. Bufei. Teria de me esforçar duas vezes mais para conseguir acompanhá-lo. Conforme o amorenado tomava caminho, seu cabelo fluffly balançava de uma forma completamente adorável, como se ele estivesse dando mini pulos, e eu me contive para não sorrir.

ㅡ Oh, desculpe

O silêncio é repentinamente quebrado no exato momento em que sinto algo bater bruscamente contra o meu corpo, me deixando atônito. O garoto de fios loiros se desculpa inúmeras vezes, mas interrompe a si mesmo no exato momento em que me reconhece. Era Hoseok hyung, que arqueava as sobrancelhas em uma expressão de surpresa.

ㅡ Oh, Jimin?! O que faz por aqui? ㅡ pergunta, soltando uma risadinha e colocando a mão em frente a boca, após dizer meu nome.

ㅡ Dando umas voltas, chegar cedo em casa não é algo para se desejar todos os dias ㅡ respondo, logo notando a presença de uma pessoa ao lado de Hoseok. Min Yoongi, o fulano que meu hyung ficou super empolgado em me apresentar; longa história. Trocamos apenas um "oi" e ele esboçou um sorriso fraco.

ㅡ E vocês, o que fazem por aqui uma hora dessas? ㅡ questiono, dessa vez me direcionando aos dois.

Hoseok encara o chão.

ㅡ Viemos tirar fotos. ㅡ Yoongi responde rapidamente e logo em seguida, olha para Hoseok como se estivesse esperando que ele concordasse.

ㅡ Ok ㅡ respondo, arrastando a palavra em desconfiança.

Um breve silêncio se instala. Fazem quase dois meses que conhecemos Yoongi e que o incluímos em nosso grupo de amigos. Mas mesmo assim, ainda é estranho para mim quando ele está nos acompanhando e principalmente, quando por algum motivo tenho de ficar a sós com ele. Não é que eu não goste de sua presença, apenas ainda não "pegamos intimidade", como Hoseok dizia. E eu concordava, é uma coisa normal e em alguma hora talvez possamos nos entender.

ㅡ E então ㅡ proferi, num tom de pergunta ㅡ Vocês já estavam indo ou ainda vão ficar por aqui?

ㅡ Na verdade, estávamos indo comer alguma coisa. Mas se você quiser e puder, pode vim com a gente.

Concordo com o convite e então começamos a caminhar rumo à lanchonete mais próxima. Conversamos sobre os assuntos mais aleatórios possíveis. Yoongi falou pouco, mas conversou mais do que a última vez em que saímos, o que foi uma pena porque não pude ficar por muito tempo, teria de voltar para casa o mais rápido possível pois estava muito cansado. Me despeço rapidamente dos meninos após o encontro curto e termino meu trajeto de volta para casa, andando mesmo.

Chegando finalmente, encontro apenas meu pai na sala, assistindo à algum programa na tv. Disse que minha mãe estava exausta demais e por isso já havia ido se deitar, então nos despedimos com um "boa noite", comigo subindo direto para o meu quarto.

Assim que adentro o lugar desprovido de luminosidade e gélido, com um click rápido no interruptor ao lado da porta ㅡ acendendo as luzes ㅡ jogo a mochila num canto qualquer do chão e me livro de algumas peças de roupa ao mesmo tempo em que me dirijo ao banheiro. A água que caia em filetes fortes, assim que entrei no banho morno, era quase suficiente para fazer meu corpo inteiro relaxar e, após uma ducha demorada, eu estava pronto para dormir. Afinal, minhas pernas estavam exaustas e meu corpo inteiro estava pesado.

Deixo algumas coisas para terminar de arrumar no dia seguinte e me jogo na cama espaçosa, macia e gelada, com os lençóis recém trocados. E apesar de a minha mente acomodar um turbilhão de coisas, meus olhos pesam demais em meio aos pensamentos. E eu os permito fecharem.

✦ ✦ ✦

Vocês não tem noção do tempo que eu tô enrolando pra escrever/postar isso, sem contar com as minhas crises diárias de criatividade, mas espero conseguir desenvolver toda a história lindinha que tá na minha cabeça, aqui no wtt;

Enfim, como é a minha primeira fanfic e eu sou uma pessoa flop demais, queria pedir um favorzinho bem simples pra vocês: votem na fic, e se puderem, compartilhem muito; comentem se estão gostando e se não estão gostando tbm, pra eu poder saber se devo continuar :))

Qualquer erro que vocês notarem, peço mil perdões e juro que vou tentar melhorar💗

Acho que é isso por enquanto, espero muito muito muito que vocês gostem porque eu realmente quero continuar, beijos e até a próxima att💗💗

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