O Grande Rico Borelli. - I

由 GioDantass

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Kênia Martino: uma mulher treinada para matar e desestruturar impérios. Nascida no mundo do crime e criada po... 更多

PRÓLOGO
2 • Planos mirabolantes.
3 • Não a substime.
4 • Troca de alfinetadas.
5 • Curiosidade aflorada.
6 • Proposta indecente.
7 • Corpo exposto.
8 • Sem medo, só respeito.
9 • Negociações.
10 • Colar de rubi.
11 • O grande Rico Borelli.
12 • Armadilhas.
13 • Surtos repentinos.
14 • Destinos cruzados.
15 • O retorno.
16 • Meu filho.
17 • Eu aceito.
18 • Perseguição.
19 • Momento crucial.
20 • A marca.
21 • Futuros planos.
22 • Sócios.
23 • Lobo mal.
24 • Festa beneficiente.
25 • Assalto.
26 • Interrogatório.
27 • Traições.
28 • Ouro e dinheiro.
29 • Sequestro.
30 • Eu mato, não salvo.
31 • México.
32 • Casa comigo.
33 • Noite de nupcias.
34 • Fotografia.
35 • O mundo dá voltas.
36 • Matar ou morrer?
37 • O preço do amor.
38 • Sem arrependimentos ou remorsos.
39 • Julgamento.
40 • Nosso filho.
41 • Lembranças de um tempo distante.
42 • O beijo da morte.
43 • Derian Arlin.
44 • A volta dos mortos.
45 • Consequências fatais.
46 • O vencedor.
47 • Duas direções; duas vidas.
48 • Xeque-mate.
49 • Tempos desesperados.
50 • Um novo recomeço.
Epílogo

1 • A raposa e o lobo.

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由 GioDantass

Vagarosamente abriu os olhos ao sentir a forte pressão em seu peito. O intenso soco fora desferido no seu tórax, automaticamente grunhiu com dor, mas não alto o suficiente para atrair atenção. Risadas sádicas preencheram seus tímpanos. Lentamente abriu mais os olhos, respirando pausadamente para não transmitir a exaustão que lhe atingia. O corpo latejava, doía como consequência dos golpes que lhe fora distribuído. Sangue gosmento escorria pelo canto dos lábios.

Todo o seu interior protestava, mas não se deu por vencida.

— Acorda, tesouro. — uma das vozes murmurou bem próximo.

O cheiro do sangue morno inundou suas narinas, causando-lhe embrulho no estômago. Nunca se acostumaria com esse cheiro.

Filho da puta! — grunhiu, e novamente, fora nocauteada. Forçou um sorriso e cuspiu o sangue - dos seus lábios rasgados -, no chão. Contorceu o queixo, sentindo-o dolorido. — Você bate como uma mulherzinha! — o provocou com sarcasmo. Ficar calada em situações como essas nunca foi uma das suas maiores qualidades.

Mais risadas inundaram o espaço. Kênia limitou-se a erguer o olhar para examinar o lugar em que estava sendo mantida. Não se chocou ao notar um quarto de tortura (com muitos expectadores lhe assistindo). Como havia dito antes: Homens ao redor dos Borelli eram... cruéis.

A raiva pulsava em suas veias, entorpecia seus pensamentos mais turbulentos.

Estremeceu ao por os olhos na figura masculina no canto do cômodo. Sua presença trazia consigo inúmeras sensações.

Não pode conter o choque por encontrá-lo, sentado numa poltrona preta com as pernas cruzadas, e um copo de uísque em uma das mãos. Tinha os olhos fixos nela, o semblante neutro; indecifrável, mas o sorriso sádico causou-lhe uma onda de eletricidade. Não foi uma sensação boa, na verdade, foi assustadora. A cicatriz em sua bochecha aparentava maior ao ser vista a curta distância.

Rico possuía o que parecia ser algum tipo de tique nervoso. Em torno do dedo anelar havia um anel grosso de ouro com uma pedra preta, usava o polegar para girá-lo em volta do mesmo. Aquele simples e calculista gesto fazia com que ela especulasse os perigos que ele representava.

Os anos não apagaram o brilho do olhar intenso. Aqueles olhos que, por noites seguidas, lhe impediram de ter uma boa noite de sono.

O homem posicionou-se em sua frente, segurou firme em seu queixo, a dor era insuportável, mas manteve-se firme e não transpareceu dor. Sempre foi uma mulher calma e calculista, e precisava naquele momento de toda sua insanidade para sobreviver as atrocidades que – provavelmente - sofreria. Afinal, ela tentou matar o chefe, e já tinha matado alguns deles. Duvidava que não tivessem conhecimento de uma informação tão básica como essa.

— O que uma americana faz tão longe de casa? — questionou com o sotaque italiano. Kênia disfarçou a surpresa por não ter sido reconhecida.

Trocou um olhar rápido com Rico, ainda surpresa. Como era possível?

Ela havia mudado tanto ou ele que nunca a guardou nas memórias?

— Não sou americana, imbecil. — cuspiu.

O homem empurrou seu queixo para o lado com força e afastou-se, foi até seu chefe e sussurrou algo em seu ouvido, com os olhos vidrados nela, Rico concordou, e logo seu soldado retornava. A mesma estava em pé com os pulsos amarrados no alto, sendo segurada por uma corda presa no teto. Apenas as pontas dos pés tocavam o chão. Seus braços, ombros e costas doíam, assim como o nariz que deveria ter quebrado com um dos socos que recebeu enquanto estava desmaiada. Tudo estava um caos.

— O que irão fazer comigo? — indagou com um sorriso vacilante nos lábios.

Medo. Receio. Tensão. Tudo isso acumulado em sua mente.

O homem tornou a tocar seu queixo. Seus dedos ásperos lhe causavam enjoos, assim como o perfume italiano. Desprezava tudo que italiano usava: ternos, sapatos, relógios, perfumes... Tudo relacionado a eles. No geral, detestava a Itália ao ponto de nem querer colocar os pés lá. Mas a sede de vingança falou mais alto. Sempre gritou mais alto.

— Primeiro: Quem é você e de onde você é? — questionou, sério. Pelo olhar rígido dos homens ao redor, Kênia constatou que já não havia espaço para brincadeiras. Apesar dela não dar à mínima.

Contorceu-se, seus pulsos latejavam, e cada vez que respirava era como se as paredes internas do seu corpo pressionassem seu peito, dificultando sua respiração. Engoliu em seco com dificuldade para falar.

— Sou quem você quiser. — respondeu com outro sorriso vacilante. O homem lhe devolveu o sorriso, e junto dele um forte soco em seu rosto. Kênia respirou profundamente, contorcendo novamente o queixo, sentindo-o latejar. — Desgraçado!

Todos riram, com exceção de Rico Borelli, que manteve-se sério.

— Veja bem, tesouro, você tem o rosto muito bonito para apanhar. Não irá querer que eu o estrague, não é?

Olhou ao redor, para os homens que a observavam em silêncio, com os olhos tomados por ódio. Não iria baixar a cabeça para nenhum deles. Não retornou após tantos para ser humilhada.

— Vá em frente. — desafiou, provocativa.

Kênia não estava mais com medo. Durante sua vida, havia sido torturada inúmeras vezes, muitas durante seu rígido treinamento com Kai. Ele não mediu esforços para torná-la uma arma letal.

— Molto bene.

(Muito bem)

Ao ouvir sua resposta Kênia foi atingida por um gancho de direita, e então outro... mais outro, e muitos em seguida. A mulher nunca dava o braço a torcer, e muito menos fazia menção de suplicar pela vida. Apesar da força que o homem usava para machucá-la, ela nem ao menos se esforçava para tirar o sorriso dos lábios rachados. Deliberadamente sangue escorreu por seu corpo. Ela sentia o gosto metálico, o gosto do sangue quente descer pela sua garganta a ponto de se engasgar.

Já estava grogue, quase desmaiada, quando a voz aveludada de Rico soou um pouco distante.

— Já chega!

O homem esguio - com o semblante apático - se colocou de pé, deixando o copo sobre uma mesa redonda ao lado da poltrona e dirigindo-se até seu homem. A mulher em sua frente poderia ser destemida, e muito insana para gostar de apanhar sem ao menos interceder por algo que lhe ajudasse, mas Rico Borelli não dava ponto sem nó, justamente por isso não a mataria, ainda. Planos mirabolantes passavam em sua mente.

— Está tudo bem, chefe? — André perguntou ao se aproximar.

— Está sim. Só não quero ela morta antes de descobrir o que fazia naquele galpão, e como entrou. — proferiu, sério. Rico abotoou o terno Armani tranquilamente. A calmaria que exalava era assustadora. — Não quero que a torturem até a morte. Não agora.

Stefano riu e balançou o ombro da mulher, que estava meio inconsciente, porém com o sorriso debochado nos lábios. Um sorriso que perceberá que fazia parte da sua máscara de mulher implacável.

— Veja só, chefe! Ela está inteira. Aposto que aguenta mais um pouco. — brincou. Rico ergueu um lado das sobrancelhas, indiferente. Odiava ter que repetir as palavras.

— Eu já disse que não! Por acaso não ouviu? — questionou com o tom mais agudo. O homem deu um passo para o lado, distanciando-se de Rico. — Não quero que a torturem mais. Entendeu?

Ele quase nunca perdia o controle. E quando perdia, era melhor que estivessem distante o suficiente para não serem afetados por sua fúria, foi isso que Stefano pensou ao dar um passo para o lado. André colocou a mão no ombro do amigo, numa forma de mantê-lo calmo.

— Quando Petrus chegar teremos as informações que precisamos. Não se estresse com isso. Ninguém irá tocar nela.

O riso abafado de Kênia fez com que se calassem e a olhassem, curiosos. Estava irreconhecível, poderia sentir o inchaço em seu rosto, o mesclar de cores se espalhando rapidamente na pele por conta dos hematomas.

— Acham mesmo que saberão quem sou apenas num inútil papel? Ou quem sabe, se seus homens forem tão esperto quanto dizem, um pen-drive. Vocês são uma piada! — desdenhou.

Rico a fitou determinado a desafia-la. Ele gostava de como ela os enfrentava, como pensava e agia, gostava ainda mais de imaginar o momento que aquela máscara cairia.

— Saiam. — ordenou com seriedade no olhar e um sorriso sádico nos lábios.

Todos o fitaram confusos, mas não ousaram contestar. De um por um foram saindo, aos poucos a sala foi esvaziando, deixando apenas Rico e Kênia a sós. Frente a frente. O lobo e a raposa. Ele não se aproximou dela, ou tornou a olhá-la. Rico lhe deu às costas e dirigiu-se à mesa onde ficavam as garrafas de Jack Daniel's; sua bebida preferida.

— Não tem medo da morte, estou certo? — indagou passivo, ao se servir o uísque.

A postura ereta, agindo elegantemente, o olhar, sorrisos e até seus movimentos eram minimamente calculados. Impulso não fazia parte do seu estilo de vida. Se havia algo que Rico Borelli não era, era imprudente. Ele sempre pensava antes de agir.

— A morte seria apenas um bônus se eu tivesse conseguido te matar.

Rico pressionou os dedos em volta do copo, mas não se abalou. Virou-se para encará-la nos olhos.

Era isso que ele queria compreender... O ódio que fluía por trás das suas irís escuras, a raiva e a determinação para lhe matar que até a impedia de raciocinar. Ninguém em sã consciência teria coragem para bater de frente com ele sem ter recursos ou aliados.

Quem eram os aliados de Kênia Martino?

— Mas não conseguiu. — afirmou o óbvio. Bebericou o álcool, que desceu queimando sua garganta. — Como se sente? Não vitoriosa, creio eu. Uma assassina tão temida não conseguir terminar um trabalho deve ser devastador. — concluiu, divertido.— Seus clientes devem estar decepcionados. Penso até que devem estar se preparando para por sua cabeça a prêmio. Se já não colocaram.

Kênia quase engasgou-se com o próprio sangue ao ouvir as palavras do homem em sua frente. Ele sabia quem era ela? Por que todo aquele teatro?

Odiava não conseguir desvendar o que se passava por detrás daqueles olhos cinzas. Toda aquela calmaria era uma camuflagem para o caos que habitava no seu interior, disso ela sabia.

Pessoas não camuflam suas emoções a menos que tenham algo sombrio a esconder.

— Então sabe quem eu sou. — concluiu, impressionada. Rico deu de ombros.

— Sempre sei quem quer me ver morto, mia bella. Como acha que cheguei ao topo?

Novamente o sorriso em seus lábios rachados se desfez. Ele não lembrava dela. Como não?

Kênia fechou os olhos por alguns segundos e permaneceu presa em sua mente por um determinado período de tempo.

Passado; lembranças ; sentimentos. Novamente a confusão tentava se ponderar dela.

— Matando quem ousasse se impor contra você. — replicou com desprezo. Afirmou, deixando outra vez o copo de lado.

A postura inabalável irritava Kênia de uma forma estranha. Ela não via a hora de cortar sua garganta e poder assisti-lo morrer, bem na sua frente.

— Também. Mas não faço só isso. E vejo que me conhece bem. — analisou, desconfiado. — Você me olha como se me reconhecesse a décadas... Parece me conhecer bem.

Ela soltou uma risada abafada.

Você não faz ideia. — pensou.

Rico enfiou as mãos no bolso interno da calça e a observou minuciosamente. Kênia Martino era uma mulher bonita, possuía traços de uma beleza incomparável, mas não foi isso que lhe roubou a atenção, e sim a coragem para tentar lhe matar. Poucos tentavam, e os que tentavam, não acabavam vivos para contar histórias. Se questionava como uma menina tão jovem exercia de uma coragem tão grande. Seu único erro naquele momento foi não reconhecê-la.

— O que fará agora? Irá me matar?

Ele riu, e negou.

— A morte é uma dádiva para pessoas como nós. — disse entre um sorriso maroto. — Você tentou me matar, e quase conseguiu, por dois segundos estou aqui. Irá sofrer muito por isso. E mesmo, como falei, a essa hora sua cabeça deve estar sendo colocada a prêmio.

Kênia estremeceu ao ouvir as palavras do homem, que soavam como um decreto.

— Não tenho medo de você. — afirmou e forçou um sorriso. Kênia tentou se mexer, o corpo começou a protestar. — Nada em você me assusta, ou causa medo.

Rico aproximou-se dela e tocou seu lábio inferior, onde um corte aberto dava espaço para o sangue sair. Ele era alto, o corpo largo e sem músculos exagerados, o terno escuro era como uma armadura. A fragrância forte do perfume italiano, Kênia o conheceria entre muitas outras fragrâncias, mas diferente do que seu capanga usava, esse não lhe causou ânsia.

A verdade é que Rico Borelli seria incapaz de causar ânsia em qualquer mulher.

— Sei que não... — murmurou tranquilamente, e a encarou profundamente. — Não quero seu medo, mia bella. Quero sua dor. Quero que sofra como nunca sofreu na vida.

Sorriu, pois Rico não fazia ideia de como ela já havia sofrido na vida. Tortura física jamais iria ser comparada com a dor emocional. E mesmo que ele não lembrasse, ou soubesse, Kênia o faria pagar por seus pecados. Chegaria o momento em que Rico Borelli se curvaria e finalmente lidaria com as consequências dos seus atos. O passado retornou, e com ele, o preço de todo sangue derramado no caminho.

Havia chego o momento do acerto de contas. Kênia Martino estava de volta.

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